Edson Arantes do Nascimento – Pelé

Nesta data, Edson Arantes do Nascimento está completando 75 anos de idade. Desta forma, achei de grande valia publicar o texto de Silvestre Gorgulho, que conta fatos pitorescos ligados a ele e, sobretudo, a origem do apelido PELÉ.

 

PELÉ: A HISTÓRIA QUE FALTOU

Silvestre Gorgulho (outubro de 2004)

 

Uma foto importante e histórica, pois mostra o time do Vasco da Gama de São Lourenço no seu campo de futebol, tendo ao fundo o tradicional Hotel Brasil, em frente ao Parque das Águas.

Na foto, dá para identificar, de terno, os médicos e apoiadores do Vasco, Rafael Reis e Emílio Abdon Povoa. Ainda, Gradim (cabisbaixo) ao lado de Dondinho (pai de Pelé) e Cotti. Agachados: o treinador Egídio, Pessoa, Perrucha e Maximiliano. No centro, sentado e de camisa branca, Bilé, o goleiro celebridade.

Entre inusitado e único, Pelé virou apelido, nome, sobrenome, substantivo e adjetivo.

Se o apelido de família de Edson Arantes do Nascimento era Dico, de onde veio o apelido Pelé?

É essa história que sempre ouvi de meu pai, Miguel Archanjo Gorgulho, 87 anos, e que até hoje mora na minha terra natal, em São Lourenço, no Sul de Minas.

“No final de 1942,  um grupo de empresários aqui de São Lourenço criou um clube de futebol chamado Vasco da Gama. Logo no início de 43 começou a contração de jogadores para formação do time.

O Vasco nasceu grande. O J. Pimenta, um português dono do Hotel Miranda, o Ari Lage, do Hotel Brasil, o Dr. Eurípedes Prazeres, o Dr. Emílio Póvoa, o Dr. Rafael Reis, muita gente apoiava o novo time de São Lourenço para contrapor com o Esporte Clube de São Lourenço, que era o bicho-papão da cidade.

O pessoal dos cassinos ajudou muito. Fomos atrás de um campo para treinar e acabamos conseguindo uma área ao lado do Hotel Brasil, onde está hoje o Parque das Águas II. Campo pronto, time formado, o Vasco começou a ganhar e a fazer um sucesso tremendo!

Tudo começou nesta data: 4 de julho de 43. Nesse dia, o Vasco de São Lourenço foi a Três Corações jogar com o Atlético de Três Corações. Jogo duro: 1 a 1. Nós tínhamos um goleiro muito bom, o Bilé. E o ATC tinha um atacante muito bom, o Dondinho.

Acabou o jogo e fomos conversar com o Dondinho para trazê-lo para o Vasco. Conseguimos. No meio de julho o Dondinho [João Ramos do Nascimento] veio com a família. Era dona Celeste, o Jair [Zoca] e o Edson Arantes do Nascimento [Dico]. Veio também um irmão da dona Celeste, o Jorge Arantes. A irmã caçula de Pelé, Maria Lúcia, nasceu aqui em São Lourenço.

Com o Dondinho, veio também o Fuad e o Gradim. O time base do Vasco era: Bilé, Nhozinho, Cotti, Maximiano e Antônio Moreira. Zé da Bola, Gradim ou Carlito, Dondinho (pai do Pelé), Fuad, Didi, Geraldão ou Macuco.

O primeiro jogo do Dondinho pelo Vasco de São Lourenço foi contra o Cruzeiro, lá em Cruzeiro (SP). Ganhamos e não me lembro de quanto. O segundo jogo, eu me lembro, foi dia 4 de setembro contra Lambari. Ganhamos de 8 a 0. O Dondinho fez 4 gols.

O Vasco tinha um time muito bom. Ganhamos do Smart e do Yuracan, de Itajubá, do Atlético de Três Corações e até da Seleção de Três Corações, agora com Dondinho jogando por São Lourenço. O Dondinho resolvia lá na frente e o nosso goleiro segurava tudo lá atrás. Era o Bilé.

O Vasco tinha um quarteto – melhor, um sexteto – que desequilibrava qualquer partida. Bilé, Dondinho, Pessoa, Gradim, Coti e Zé da Bola.

O garotinho Dico ficava na beira do campo e sempre dizia que era o Bilé. Mas, como grande parte das crianças na sua idade, o filho do Dondinho trocava o B pelo P. Então ele dizia: chuta aí para o Plé. E a criançada pegava no pé dele. Fazia questão de chamá-lo de Plé. Ele não gostava. Ele queria ser chamado era de Bilé.

E o negócio de chamar o garotinho de Plé foi ficando sério. Quanto mais o menino achava ruim com o novo apelido, mais a criançada pegava no pé. Começou no campo do Vasco, depois era na rua, depois era no trem…

O Vasco  durou mais alguns anos e acabou. Acabou porque os times de fora vieram buscar os melhores jogadores. O Rio de Janeiro levou uns dois, o Bauru veio aqui e levou, em agosto de 1945, três de uma vez: o Pessoa, o Dondinho e mais um que não me lembro. O Dondinho, além de jogar bola, era pintor. Eu sei que prometeram para ele um contrato com o Bauru Futebol Clube e um emprego na Prefeitura de lá.

No final de 45, tentamos ainda reerguer o Vasco de São Lourenço. Mas não teve jeito. O Bilé passou a jogar  no Esporte de São Lourenço e depois foi para São Paulo. Dizem que foi para a Portuguesa, não sei.

Com o Dondinho, acabamos por perder totalmente o contato. Naquela época comunicação era difícil. Tanto com ele como com a família. Só depois, em 1957 e 58 é que voltamos a ouvir falar no filho do Dondinho. Não mais como Plé,  mas como o consagrado Pelé”.

Mas aí já é uma outra história…

 

Um comentário em “Edson Arantes do Nascimento – Pelé

  1. Sergio Mello

    O Pelé como jogador foi mito… O melhor de todos, inclusive, um pouco na frente do Garrincha. ponto!
    O Edson deixou a desejar como pai, ministro e cidadão!
    Mas não se deve misturar as sintonias!
    Então parabéns ao Pelé!

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