Fim do Municipal adulto?
Para entender melhor a importância do Campeonato Municipal de futebol (categoria de adultos), é preciso voltar algumas décadas atrás. Lá nos primórdios da organização dos clubes e do próprio esporte da cidade, os dirigentes brigavam em torno da organização de uma competição e o bairrismo era um fenômeno muito forte, a ponto de criar rivalidade entre torcedores. Só que, quando Euclides Raeder resolveu elaborar uma entidade que fosse capaz de tratar os campeonatos oficiais imaginou também que Petrópolis – devido a extraordinária capacidade de revelar bons jogadores – criou o que chamados hoje de Liga Petropolitana de Desportos, em 1918, e desde então vem cumprindo o seu objetivo, dando ênfase ao chamado futebol amador adulto.
Os campeonatos de adultos, da década de 20 do século passado até o final de 80 eram muito disputados e emocionantes. O apoio a esta categoria rendeu, inclusive, alguns títulos estaduais amadores como o primeiro, em 1944, quando o Petrô detonou os seus adversários de fora e se colocou como uma verdadeira potência esportiva. O clube viria, em 1989, a conquitar a Copa dos Campeões Municipais, da Federação de Futebol do Rio. Com o passar dos anos, a crise que atingiu em cheio praticamente todos os clubes da cidade refletiu também na chamada “categoria top” do futebol da cidade. Muitos filiados resolveram apostar no trabalho das categorias de base.
Nos últimos seis anos, o que se vê é um declínio do Campeonato Municipal. Aquela que foi concebida como “categoria top” está desaparecendo. É uma parte importante do desporto municipal que está indo embora. Os clubes – tem todos, diga-se de passagem – perderam a capacidade de investir nos marmanjos, empobrecendo uma parte importante do futebol. O pior é que, segundo alguns dirigentes de clubes, a tendência é cada vez mais apoiarem as divisões de base do que propriamente um time de futebol adulto. Primeiro porque é mais barato se investir em garotos e, em segundo lugar há leis que favorecem apoiar a garotada. Caso um clube venda um jogador da categoria de base lhe é assegurado uma porcentagem sobre o negócio.
Neste ano, a LPD fez a sua parte e abriu inscrições para o Municipal de futebol adulto, mas apenas dois clubes manifestaram-se em favor da inscrição na competição. Como é quase impossível se fazer um evento com dois times, a entidade máxima do desporto municipal deixou de lado o seu plano de se fazer a chamada “categoria top”. Neste vácuo a Coloral Sports vem fazendo, com sucesso, os seus campeonatos contando com jogadores ligados às comunidades. É uma forma de aproveitar os jogadores que não encontram espaços em eventos oficiais e decidiram apostar nos eventos organizados por Coloral, que até paga prêmio em dinheiro.
Assim, é possível ainda ver os craques jogando em gramados petropolitanos, ao invés deles escolherem outras regiões para fazerem seus jogos.
Fonte:Tribuna de Petrópolis