Histórias de paradinhas

Histórias de paradinhas

Ela voltou, e está causando a maior polêmica. Popularizada por Pelé nos anos 60, a paradinha na hora de cobrar o pênalti andou meio esquecida. Agora, tem sido usada com freqüência neste Brasileiro. Às vezes vale, às vezes não — e ninguém entende por quê. A paradinha consiste em travar a corrida antes de bater na bola na hora de cobrar o pênalti. Geralmente, o goleiro se mexe para um dos lados, e aí é só tocar para o outro. Segundo o ex-goleiro Lalá, reserva de Laércio e, depois, de Gilmar no grande Santos de Pelé, a paradinha foi inventada nas brincadeiras entre os jogadores daquele time, que aconteciam logo depois dos treinos. Quem gostava muito de usar a paradinha para divertir-se às custas do próprio Lalá era o lateral Dalmo. Pelé observou a jogada. E um dia resolveu aplicá-la nos jogos para valer. ***************************************************************************
No dia 6 de fevereiro de 1962, o Santos enfrentou o River Plate, em Buenos Aires, durante uma excursão à América do Sul. Acabou perdendo por 2 a 1, mas naquele jogo teve um pênalti a seu favor, cobrado por Pelé pela primeira vez com a paradinha.O árbitro argentino Aurélio Bossolino não só invalidou o lance como marcou falta contra o Santos. Algum tempo depois, a FIFA pronunciou-se considerando errada a atitude do árbitro, por ter beneficiado o infrator. Porém, durante um bom tempo, não mais se pronunciou sobre o assunto paradinha. ***************************************************************************
Bossolino era considerado um árbitro imparcial, independente. Tão imparcial e independente que muitas vezes não interessava tê-lo apitando certos jogos. Foi o que aconteceu em um certo Brasil x Uruguai, disputado no Pacaembu, pela Copa Rio Branco, em 1967.Premeditadamente, o então presidente da Federação Paulista de Futebol, João Mendonça Falcão, mandou buscar o árbitro argentino de carro. E orientou para que o motorista ficasse rodando com ele pelas ruas da cidade, indefinidamente. Com isso, Bossolino acabou se atrasando, e quando chegou ao Pacaembu a partida já estava sendo apitada por um de seus auxiliares, o brasileiro Romualdo Arppi Filho. O Brasil ganhou por 2 a 0.
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Ainda sobre a paradinha: também é falsa a idéia de que a FIFA um dia a tenha proibido ou liberado. O assunto só foi tratado em deliberação do International Board após a Copa do Mundo de 1998 e antes da Eurocopa de 2000, quando se definiu que na hora da cobrança do pênalti o goleiro poderia se movimentar, desde que em cima da linha do gol. Pelo princípio de isonomia, procurando dar a mesma vantagem para os dois lados, o atacante também passou a poder fazer o seguinte, conforme explicita o texto das leis do futebol:“UTILIZAR FINTAS DURANTE A EXECUÇÃO DE UM TIRO PENAL PARA CONFUNDIR OS ADVERSÁRIOS É PARTE DO FUTEBOL E ESTÁ PERMITIDO. NO ENTANTO, O ÁRBITRO DEVERÁ ADMOESTAR O JOGADOR SE CONSIDERA QUE ESTA FINTA REPRESENTA UM ATO DE CONDUTA ANTIESPORTIVA”.Mesmo assim, a regra não fala explicitamente da paradinha, mas, sim, de “fintas”. E como definir o que é finta e o que é conduta antiesportiva? Durma-se com um barulho desse…

Por Celso Unzelte

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