O FUTEBOL NA VILA SÁ – O MALOCA E O PALMEIRAS
A Vila Sá era parte integrante dos loteamentos surgidos a leste dos trilhos da estrada de ferro sorocabana que seguiam em direção a Salto Grande. Compreendia as terras pertencentes a família Sá situadas entre a Vila Inglesa, a fazenda de Horácio Soares, as terras de Ângelo Christoni. Ainda na década de 40 já eram vendidos lotes aos imigrantes que chegavam à cidade. A rua mais antiga é a rua Rui Barbosa, antigamente apenas uma estrada que dava acesso as terras de Ângelo Christoni e ao relogio do ponto da E.F. São Paulo –Paraná.. Depois vieram a Cristóvão Colombo, a Doze de Outubro (nova via de acesso às terras do Christoni, a Sete de Setembro e por último a 14 de Julho. Essas vias eram ligadas pelas ruas Campos Sales, Bandeirantes, Prudente de Moraes e Marechal Deodoro.
No início toda a área loteada na região ficou conhecida como Vila Nova e depois Vila Margarida, até que fossem separadas no mapa de acordo com o antigo proprietário das terras. Assim, hoje pode-se ver no mapa da cidade a existência da Vila Sá, Vila Margarida, Jardim Brasília e Jardim Bela Vista onde foi construída a primeira Escola Artesanal da região, chamada por muitos de Escola Industrial, com cursos especiais de preparação profissional para jovens, rapazes e garotas, separadamente.
O MALOCA F.C.
Começou ali na Vila Margarida. No mesmo campo onde treinava e jogava o Paulista, um grupo de pessoas que se reuniam freqüentemente no bar do Joel Rodrigues dos Santos, na rua 12 de outubro, foram convidados pelo sr. Dorian Correia da Silva para formarem o seu time de futebol. Ele tinha a camisa e a bola e arrumava os jogos para o time. Era uma época em que a música alegrava o ambiente nas reuniões. Ao redor do bar do Joel ainda havia poucas casas. A hoje Vila Sá ainda estava nascendo, isso por volta de 1954.
Inspirados em uma das músicas mais ouvidas da época, Dorian e seus amigos resolveram batizar o novo time com o nome de Maloca F.C. homenageando o grupo “Demônios da Garoa” e sua música “Saudosa Maloca”.
Com esse nome o time participou de um torneio na Fazenda Santa Rosa em Chavantes e conseguiu o seu primeiro título.
Quando resolveram se inscrever na Liga Ourinhense de Futebol para disputarem campeonatos na cidade, mudaram seu nome para Vila Margarida F.C. que também conseguiu um título de um quadrangular do qual participaram o São Cristóvão, o Vila Perino F.C. e um time da Prefeitura Municipal.
Entre os amigos de Dorian que faziam parte do time do Maloca, estão figuras bastante conhecidas como Joel, Joaquim Zóia, Américo que depois organizou o time infantil da S. E. Palmeiras, Roldão – motorista de praça, Lázaro, o caveira, Sotero Pires, Edson Ferreira, o vinte, o Alonso Alaniz Macedo, o Piche, o Aladim, o Silvestre o Aníbal Malaquias todos capitaniados pelo técnico André Moya
O FLAMENGO DO DAVANSO
Também o Moacir Davanso, de tempos em tempos reunia um grupo e formava um time ao qual chamavam de Flamengo. Não tinha história ou estrutura. Em cada jogo uma formação diferente. Em uma delas figuram jogadores ou pessoas bastante conhecidos não só da Vila Sá, como da Vila Margarida, da Vila Inglesa, mas também de outros lados da cidade, como o Samir Roberto Cury, o Carlos Bertagnoli, o João Batista Forti – o cebola, o Antonio Fiorini- o Toninho baú -, os irmãos Wilson e Joel Rosa, Daniel Leite, Joel Crivelari, Célio Del Ciel, Mario Tupiná, Zuim, Célio Fiorilo, Alonso, Miltinho e outros. Na Vila Perino e Vila marcante também apareceram times com os mesmos nomes e características que chegaram a disputar o campeonato varzeano antes de 1957.
A SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS.
Na década de 40 se estabelecia na rua Bandeirantes, esquina com a doze de outubro, o ferroviário Ezequiel Rodrigues dos Santos. Chefe de numerosa família, logo construiu na esquina um anexo onde instalou um Bar (com duas portas) e um pequeno armazém onde se podia comprar todo o necessário para uma refeição e até mesmo outros artigos. A responsabilidade de cuidar de tudo isso recaiu sobre um dos filhos – Joel Rodrigues dos Santos. O local logo se tornou o ponto de encontro dos moradores do bairro que tomavam sua cerveja ou refrigerante, jogavam dominó e faziam suas compras para o lar. Conforme aumentava o bairro, hoje chamado de Vila Sá, aumentava também o número de freqüentadores, ainda maior com a presença de outros que vinham da vizinha Vila Margarida e vila inglesa. Esses freqüentadores constituíram o time de futebol do “Maloca”, registrado na liga varzeana como Vila Margarida F.C. e finalmente fundariam a Sociedade Esportiva Palmeiras já nos idos de 1956. Joaquim de Matos Mariano, um imigrante português (Baixo Alentejo), funcionario da empresa Dias Martins (distribuidora de alimentos) já fazia parte do grupo convidado pelo Joel Rodrigues dos San-tos. Devido ao seu dinamismo foi o escolhido para ser o presidente do novo clube cujo nome escolhido foi S.E. Palmeiras (deveria ser Palestra). Organizou-se uma diretoria com elementos das principais famílias residentes no bairro, como os Moia, Canizela, Lopes, Tupiná Malaquias e outras. No conselho figuravam Ho-rácio Golfetti, André Lopes, Ezequiel Rodrigues dos Santos e Jairo Correia Ainda nesse ano o então prefeito José Maria Paschoalik determinava a construção de um parque infantil onde era o campo da A.A. Paulista o que aca-bou com esse time.
A nova diretoria do recém criado Palmeiras teve então que providenciar um novo campo. Na quadra acima do parque uma quadra loteada mas ainda desocupada foi a solução. Por razões politicas não contaram com o apoio da prefeitura de Ourinhos. A ajuda veio de outra Prefeitura, a de um município do vizinho estado do Paraná – Carlópolis. Em 1963 esse campo também desapareceu quando os proprietários dos lotes resolveram construir suas residências.
Já em 1957 importantes cidadãos lutavam para se criar na cidade uma Liga de Futebol devidamente filiada à Federação Paulista de Futebol para se oficializar os campeonatos que se realizavam na cidade. Isso foi conseguido mas apenas a partir de 1959 o campeão ganhou o direito de participar do campeonato amador estadual. O novo time, Palmeiras, foi o campeão nos três primeiros campeonatos – 1957, 1958 e 1959. Ganharia depois os títulos de 1961 e 1962. O titulo de campeão de 1960 ficaria com a A.A. Ouro Branco e ao Palmeiras o titulo de vice.
O ano de 1959 foi marcante na história do clube. Além do titulo de campeão em 1957 e 1958, inaugurava-se no dia 14 de maio a sua sede social, instalada em um barracão de madeira cedido pelo comerciante Tufik Zaki próximo ao Bar. Ainda nesse ano já era realizado um concurso para a escolha de uma rainha para o clube. O concurso foi através da venda de votos e não de uma banca de examinadores. Terezinha Dadona, Terezinha Lantman, Terezinha Moia, Edi Lopes, Emer-cilia Rodrigues ( Nenê irmã do Joel) e Alzira Savi foram as garotas que concorriam. Emercilia foi a vencedora. Ainda nesse ano conquistaria o título de campeão amador já com a Liga devidamente filiada à Federação Paulista.
Joel que já tinha experiência com “bar” ficou responsável também pelo bar do novo clube em dias de baile. Os bailes eram bastante concorridos vindo pessoas de toda a cidade que iam se associando ao clube para ter acesso as suas atividades. Enio Andrade, Sonia Mamede, grandes orquestras ou conjuntos estiveram ali se apresentando. Festas juninas aconteciam todos os anos.
Mariano ficou presidente até o final de 1962. Depois dele foram presidentes Mario Lucio Tupiná Lima, Newton Esteves Lopes, Vanderley Mendonça, Antonio Leopoldino.
O plantel do time de futebol estava sempre se renovando mas alguns nomes marcaram para sempre o nome do time – os irmãos Canizela, os Lopes (Sarrafo e Caxuxa), os Moia – André, Edson e José Francisco, Wilson Carneiro, Nelson Sackis, Alonso Alanis Macedo, Israel Rodrigues, Leônidas, Eglair, Paxá, José Jesus Mariano (zezo), Oscar, Osmar e Lucio Malaquias, Antonio Paiva e tantos outros. O time ainda seria campeão em 1965, 1967, 1969, 1971 e 1972 Como vice ficaria em 1960,1968, 1970, 1973.
Penalizado por dívidas, nos últimos anos o Palmeiras já realizava seus bailes em outro barracão em frente ao antigo de madeira. Isso até encerrar definitivamente suas atividades nos anos 80. As razões permanecem ainda em obscuro assim como o destino dos troféus e mesmo da área de terra, segundo se sabe, houvera sido comprada para a instalação de uma nova sede. Dois diretores chegaram a ter seus bens penhorados para pagamento das dívidas. Antonio Leopoldino perdeu sua casa resgatada depois pelo amigo Milton
Texto e fotos encaminhadas por Carlos Lopes Baia