Heleno de Freitas

Craque, gênio e polêmico. O mineiro Heleno de Freitas foi um dos maiores ídolos do Botafogo e um dos melhores jogadores de todos os tempos do futebol brasileiro, mas nem assim ficou milionário e acabou morrendo em 1959, no dia 08 de novembro, abandonado na casa de saúde São Sebastião, em Barbacena-MG, onde estava internado desde 1954 devido a problemas mentais.

Heleno de Freitas nasceu em 1920 em São João Nepomuceno, Minas Gerais. Começou nos juvenis do Fluminense.

Nervoso em campo e boêmio fora dele, Heleno se irritava com o apelido que ganhou: Gilda (personagem da atriz americana Rita Hayworth). Por não suportar a dor da derrota, chegou muitas vezes a discutir com os próprios companheiros, em suma, um profissional com alma de amador. Marcou 204 gols pelo Fogão em 233 jogos. Além do Botafogo, clube que defendeu de 1945 a 1948 e 1950, o centroavante atuou pelo Vasco (1949), Boca Juniors, da Argentina(1951), América do Rio (1951), Atletico Barranquilla (1951 e 52) e Santos (1953). Na carreira, disputou 186 jogos oficiais.

Na sua brilhante e agitada trajetória, também marcada por diversas expulsões e confusões em campo, Heleno conquistou apenas um título: o Carioca de 1949. Pela seleção brasileira marcou 15 gols e ao todo, na carreira, fez 265.

Em 1940, o jogador galã pegou suas malas e foi desfilar seu futebol, e seu charme, no Boca Juniors. Logo na estreia, no dia 6 de junho, o centroavante marcou dois na vitória por 3 a 0 contra o Banfield. A passagem pelo time de Buenos Aires durou apenas seis mese. Foram 17 jogos e 7 gols.

Um de seus últimos clubes como atleta profissional foi o Santos, onde desembarcou em 1952, trazido pelo então dirigente Orlando Monteiro Neto. Porém, a estadia do mineiro foi relâmpago: apenas alguns treinos na Vila Belmiro, problemas com colegas e um grande desentendimento com Aymoré Moreira, técnico do time, foram suficientes para sua partida da Baixada.

Heleno passou os últimos anos de vida internado em um sanatório. Confira alguns relatos da agonia do ex-centroavante que brilhou no futebol e morreu esquecido. Trechos retirados do livro “Nunca Houve um Homem como Heleno”, escrito pelo jornalista Marcos Eduardo Neves e publicado pela editora Ediouro.

“Nas dependências da casa da saúde, Heleno tornara-se agressivo, xingava as pessoas à toa. Um dos enfermeiros contaria que, num acesso de demência, chegou a botar quatro cigarros acesos na boca e dois nas narinas. Passou a rasgar as próprias roupas e volta e meia anda nu pela casa.

…Em seus últimos dias, Heleno esteve mudo e afásico. Tudo era melancolia, silêncio, tristeza. Agonizava. Suas unhas tornavam-se roxas, em sinal preventivo de que a morte se aproximava. A linguagem do olhar, a mais sincera das linguagens, por seu estado profundo e humano, revela sua dor, sendo todos, ao seu lado, impotentes para reanimá-lo.

…Na manhã de 8 de novembro de 1959, um domingo como tantos em que Heleno encantou plateias, o enfermeiro foi levar-lhe o café da manhã e o encontrou morto. Após quatro anos, dez meses e 25 dias de tratamento, os médicos constataram o óbito, aos 39 anos, por paralisia progressiva.”

Fonte: Terceiro Tempo/ Coleção Placar

Este post foi publicado em 01. Sérgio Mello, Perfis de Jogadores, Rio de Janeiro em por .

Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

Um comentário em “Heleno de Freitas

  1. Walter Iris

    Caro Michel
    Apesar de no corpo de seu artigo constar, corretamente, que o Heleno de Freitas jogou no America em 1951, no final de seu artigo, retirado da Wikipédia, erroneamente, consta que o Heleno jogou no America em 1953.
    Eis a ficha da única partida do Heleno pelo América.
    AMÉRICA 1-3 SÃO CRISTÓVÃO
    Competição: Campeonato Carioca
    Data: 04/11/1951
    Local: Estádio do Maracanã – Rio de Janeiro – RJ.
    Renda: Cr$ 148.764,00.
    Árbitro: Alberto da Gama Malcher.
    Gol(s): Ivan Bahiense (pênalti, aos 29’ do 1º tempo; Ivan (9’ do 1º tempo) e Carlyle (20’ e 24’ do 2º tempo).
    AMERICA: Osni do Amparo; Ivan Bahiense e Osmar; Rubens, Osvaldinho e Godofredo; Natalino, Dimas, Heleno de Freitas, Ranulfo e Jorginho.
    SÃO CRISTÓVÃO: Luiz Borracha; Valdir e Tórbis; Ney, Geraldo e Jordan; Geraldinho, Carlyle, Nonô, Ivan e Carlinhos.

    Abraço.
    Walter Iris.

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