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Goleiro brasileiro (de preto) foi o primeiro a marcar um gol na história do esporte
Ainda falando sobre goleiros, vimos que na última semana eles foram destaque (notadamente no Campeonato Carioca) marcando gols importantes nas partidas em que disputavam. De uns tempos para cá a função de um arqueiro deixou de ser apenas evitar os gols adversários, passou a ser fazê-los também. Em sua imensa maioria são marcados de falta ou de pênalti, mas alguns deles se aventuram na área oposta para tentar um cabeceio ou um rebote naquelas horas de desespero, quando suas equipes precisam do gol. Sem falar de outros tantos que contam com uma ajudinha da sorte (leia-se vento forte a favor, campo irregular ou falha do goleiro do outro time) num chutão para frente num tiro de meta ou numa falta.
Os gols de goleiro começaram a ficar mais constantes depois que o excêntrico colombiano René Higuita se insinuou a marcá-los. Depois foi a vez do paraguaio José Luís Chilavert, que cobrava faltas com perfeição. Também tivemos o alemão Hans-Jörg Butt, do Hamburgo, que era o cobrador oficial de pênaltis de sua equipe. No Brasil a moda pegou com o sãopaulino Rogério Ceni, o maior goleador do mundo de sua posição na atualidade com 85 gols, e está sendo seguida pelos arqueiros Bruno e Tiago, de Flamengo e Vasco respectivamente.
Observando tudo isso me impus um desafio: encontrar o primeiro goleiro a marcar um gol na história do futebol que se tem notícia. Eu já tinha conhecimento de como e em que época havia sido marcado (sem precisar, contudo, a data), porém faltava o principal: quem fez! Não foi fácil e foi preciso muita busca nos arquivos das federações de futebol pelo mundo a fora pela internet. Mas como bom brasileiro que nunca desiste, encontrei a informação! E, para surpresa total deste que lhes escreve, a façanha foi realizada por um brasileiro! Vejamos a seguir.
O ano foi o longínquo 1938, mais precisamente no dia 08 de maio, durante a decisão da Copa da França entre Olympique de Marseille e FC Metz. A partida terminou 2 a 1 para o primeiro e seria mais uma final como outra qualquer se não fosse um dos gols que entrou para a história do futebol. O confronto estava 1 a 0 para o Metz quando o zagueiro Laurent fez pênalti em um atacante adversário aos 22 minutos do primeiro tempo. Para surpresa dos cerca de 33 mil espectadores presentes ao Parc des Princes, em Paris, eis que o goleiro do OM sai de sua meta em direção à área adversária, coloca a bola debaixo dos braços e se prepara para cobrá-lo. Suspense e euforia nas arquibancadas do estádio. O arqueiro bate o penalidade e desloca seu companheiro de posição decretando o empate. Esse mesmo jogador não foi só o herói da decisão simplesmente pelo gol feito, mas também por ter defendido um pênalti aos 28 minutos da segunda etapa chutado pelo atacante Donzelle que garantiu a vitória do Olympique e, consequentemente, o título do torneio.
Nos dias seguintes os jornais franceses estampavam em suas principais manchetes algo do tipo “Foi um lance sensacional! Um arqueiro fazer um gol contra o adversário!” ou “Em nossa cidade jamais houve um caso, em partida oficial, de um arqueiro cobrar um penalti”. Até o então presidente francês, Albert Lebrun, cumprimentou o atleta pessoalmente por tamanho feito.
O goleiro em questão era o brasileiro Jaguaré, que iniciou sua carreira no Atlético Santista em 1926 e também atuou pelo carioca Vasco da Gama. Ele, ao lado de Amphilóquio Guarisi (ou simplesmente Filó), foi o brasileiro pioneiro nas transferências internacionais quando foi vendido ao Barcelona da Espanha em 1932. Apesar da imensa habilidade com a bola nas mãos também era um exímio transgressor de regras.
Fonte: http://futebolhistoria.blogspot.com/