Em uma das excursões ao México , o Botafogo teve pela frente o poderoso time do River Plate da Argentina, que era realmente uma máquina. Tinha um futebol bonito e e um entendimento que só um time que joga junto há três anos pode ter. O Botafogo neste jogo entrou ” trancado ” por prudência. Foi um jogo de rara beleza. E não foi por acaso. De um lado estavam Rossi, Labruna, Vairo, Menendez, Zarate, Carrizo. Do outro estavam Didi, Nilton Santos, Garrincha, etc.
Estava muito difícil fazer gol. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha dirigiu os cem mil espectadores, fazendo reagirem `a medida de suas jogadas.
Foi ali, naquele dia, que surgiu a giria ” Olé ” tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado um ” Olé ” no River. Não. Foi um ” Olé ” pessoal . De Garrincha em Vairo.
Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um ” Olé ” daquele tamanho.
Quando Mané dava seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas clamava: ” Ô ô ô ô ô – lê !
O som do ” Olé ” mexicano é diferente do nosso. O deles é típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo em termina com a sílaba ” lé “: “Oléé! – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.
Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos mariaches atacou aquele trecho da Carmen que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o estádio.
O jogo terminou empatado. Mas Vairo não foi até o fim. Saiu de campo rindo e exclamando: No hay nada que hacer. Imposible, e desejou boa sorte ao suplente.
As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram destaque ao ” Olé ” . Foi assim que surgiu este tipo de gozação popular, tão discutida, mas que representa um sentimento da multidão.
O jogo terminou empatado, mas só dedicaram a isto poucas linhas. O resto das reportagens e crônicas foi sobre Garrincha.
Obs: Este assunto foi abordado anteriormente por Edu Cacella em set/2007. Descobri ao tentar levantar a data do jogo ( 1958 ) . E como o relato do acontecimento teve várias interpretações , sendo que o anterior teve como fonte o jornal A Tribuna e este o livro de João Saldanha, fica assim o assunto acrescido das expressões do povo mexicano ao gritar o ” OLÉ “.
Trecho do livro Subterrâneo do Futebol de João Saldanha.
O “OLÉ” nasceu no México inspirado por Garrincha
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