Carlos Alberto Gonçalves Pereira (Caíco), nascido em 11 de agosto de 1964, foi um lateral direito de muita vitalidade que atuou na década de 1980 e encerrou sua carreira prematuramente (aos 25 anos de idade) em virtude de problemas de saúde e de contusões, que o impediram de ter uma sequência normal de partidas.
Começou jogando no “dente-de-leite” do Comercial do bairro do Carmo, em Araraquara, dirigido por Paulo Gonçalves André, em 1978; no ano seguinte transferiu-se para o Corinthians da Vila Xavier, passando a ter a orientação do técnico Luís Carlos da Silva, o Luizinho, na categoria de juvenis; não demorou muito e voltou a mudar de clube, passando para o Palmeiras E.C. da Vila Xavier, onde respeitou o comando técnico de Paulo Esteves.
Aí surgiu o interesse da Associação Ferroviária de Esportes, que o levou para a Fonte Luminosa com o propósito de ver fortalecida a lateral direita do time que disputaria a Taça São Paulo de juniores.
Integrando a escolinha do Bazzani (Olivério Bazzani Filho, o maior jogador que já defendeu as cores da Ferroviária), Caíco acabou sendo lançado no time principal grená.
De 1985 a 1989, com um intervalo na maior parte do ano de 1988 (quando se transferiu para o Atlético Goianiense), Caíco realizou quase uma centena de jogos em defesa da Ferroviária, assinalando dois gols.
Em seu primeiro ano como profissional, e embora sem a titularidade da lateral direita, Caíco participou da campanha vitoriosa da Ferroviária no Paulistão, em 1985, quando o time chegou às semifinais, disputando o título com São Paulo, Portuguesa de Desportos e Guarani.
Ganhou um apelido bélico, mas que não tinha nada a ver com violência: “Tanque de Guerra” da Fonte Luminosa. Orgulhava-se de ver reconhecido o seu esforço. Seu futebol arrojado ganhou espaço. O lado direito do campo tornava-se pequeno com as investidas fulminantes do atleta vigoroso.
No dia 14 de agosto de 1986, ganhou um Motoradio da equipe de esportes das Rádios Globo/Excelsior, comandada por Osmar Santos, por ter sido escolhido como o melhor em campo no jogo realizado em Araraquara (Ferroviária 0 x 0 São Paulo, pelo Campeonato Paulista).
Na única temporada em que jogou no Atlético Goianiense, Caíco sagrou-se campeão goiano, o mesmo acontecendo com outro grande jogador afeano que em 1988 também se transferiu para Goiás: Douglas Onça.
Caíco voltaria à Ferroviária no mesmo ano, em tempo de disputar o Campeonato Brasileiro da Série C.
O futebol do lateral direito era voluntarioso, de muita raça e determinação. Caíco defendia e atacava, com fôlego privilegiado. Tinha muita velocidade e agia com inteligência. Os técnicos se impressionavam com a sua resistência; infelizmente para o futebol, Caíco não conseguiu manter a regularidade necessária para sustentar a carreira, pelos motivos já expostos. Mas enquanto esteve atuando, encantou a todos com a sua volúpia pelo futebol, o seu determinismo invulgar.
Hoje, feliz na convivência com o grande número de amigos e admiradores que formou no esporte, Caíco reside em Araraquara e trabalha em uma destacada empresa local, acalentando um sonho que o move e que o estimula: publicar um livro contando suas memórias no futebol; quer transmitir sua experiência aos jovens e passar-lhes uma mensagem de determinação e aplicação. Caíco fez tudo com muito amor e desprendimento, daí o seu êxito e o seu inconformismo ao ver, no futebol de hoje, excesso de profissionalismo e falta de garra, de dedicação.
Súmulas de alguns jogos disputados por Caíco:
Jogo: Juventus 1 x 1 Ferroviária
Data: 6 de janeiro de 1985
Local: Estádio Conde Rodolfo Crespi, na rua Javari, em São Paulo (SP)
Finalidade: Taça São Paulo de Futebol (Juniores), 1ª rodada, Grupo “C”
Árbitro: Osvaldo Buontempo
Gols: Marcos, 15’ e Amarildo (pênalti”, 33 do 2º tempo
Juventus: Serjão; Dorval, Paulo Roberto, Amarildo e Mourão; Diogo, Zé Carlos e Rui; Paulinho, Raudinei e Marquinhos (Betinho). Técnico: Borracha
Ferroviária: Narciso; Carlinhos, Dama, Rosa e Pachiega; Donato, Caíco e Marcos; Ruela, Túlio e Toquinho (Chuí). Técnico: Bazzani
Jogo: Jalesense 0 x 1 Ferroviária
Data: 2 de fevereiro de 1986, domingo (tarde)
Local: Jales (SP)
Finalidade: Amistoso
Árbitro: Maurício Oscar Franco Marques
Gol: Caíco, 21’ do 1º tempo (Primeiro gol de Caíco pela Ferroviária)
Jalesense: Mineiro; Nilson Leite, Gardel (Serjão), Ademir e Cerezo; Wilson Luiz, Márcio Ribeiro (Marquinhos) e Vítor; Dejair (Fernando), Toninho (Serginho) e Gardelzinho (João Luiz)
Ferroviária: Washington (Donizetti); Caíco, Mauro Pastor (Edmilson), Marco Antônio e Nonoca (Divino); Orlando, Sídnei e Douglas Onça (Valdir); Zé Roberto, André e Márcio Fernandes (Marcos Ferrugem). Técnico: Bazzani
Jogo: Santos 2 x 1 Ferroviária
Data: 11 de maio de 1986
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Finalidade: Campeonato Paulista, 20ª rodada do 1º turno
Árbitro: Antônio Fonseca Ribeiro
Renda: Cz$ 352.420,00
Público: 15.371 pagantes
Gols: Caíco, 31’ do 1º tempo; Serginho Chulapa, 40’ do 1º e 39’ do 2º
Santos: Evandro; César, Celso, Pedro Paulo e Robson; De Leon, Dunga e Carlos Alberto Borges (Júnior); Paulo Leme, Serginho e Zé Sérgio (Gérson). Técnico: Júlio Espinosa
Ferroviária: Washington; Caíco (Dama), Mauro Pastor, Marco Antônio e Divino; Orlando, Sídnei e Cardim; Donato, Marcos Ferrugem (Ademir) e Márcio Fernandes. Técnico: Bazzani
Jogo: Atlético Goianiense 1 x 0 Goiatuba
Data: (?) 1988
Local: Estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Finalidade: Campeonato Goiano
Árbitro: Herônimo Alves
Renda: Cz$ 671.400,00
Público: 2.846 pagantes
Gol: Nei, 12’ do 1º tempo
Expulsão: Adílson (Goiatuba), 2º tempo
Atlético: Wlamir; Caíco, Paulo Nelli, Ronaldo e Marcos; Marçal, Valdeir e Ticão (Mendes); Gilson Batata, Nei (Élder) e Jerson. Técnico: Zé Mário
Goiatuba: Célio; Paulo César, Marco Antônio, Jorge Scott e Cláudio; Jaílson, Pitita e Serginho; Adílson, Bill e Henrique (Lenilson). Técnico: Eulálio Roberto
Jogo: Atlético Goianiense 2 x 0 Itumbiara
Data: (?) 1988
Local: Estádio Serra Dourada, em Goiânia (GO)
Finalidade: Campeonato Goiano
Árbitro: Manoel Leal
Renda: Cz$ 578.300,00
Público: 2.446
Gols: Ticão (pênalti, 21’ do 1º; e Jerson
Atlético: Wlamir; Caíco (escolhido o melhor em campo), Ronaldo, Paulo Nelli e Marcos; Marçal, Ticão e Valdeir; Gilson, Nei (William) e Jerson (Douglas Onça)
Itumbiara: Aranha; Robô, Hermínio, Maninho e Pedrinho; Luiz Renato, Ronis (Carlos Alberto) e Aílton Rocha; Paulo César, Roberto e Jonson (Biro-Biro)
Fontes:
Site oficial da Ferroviária: ferroviariasa.com.br (Matéria de Marcelo Inaco Cirino e Tetê Viviani)
CD disponibilizado por Caíco, com fotos e recortes de jornais não identificados
Arquivo pessoal
Texto: Vicente Henrique Baroffaldi
Edição: Paulo Luís Micali