Um absurdo que por pouco não se concretizou. O aconchegante Estádio Figueira de Melo, palco do título do Campeonato Carioca de 1926 pelo São Cristóvão quase não virou lembranças do passado. Em reunião realizada na noite da última terça-feira (20/03/12), na sede do São Cristóvão, o Conselho Deliberativo do clube Cadete decidiu esmagadora vantagem de 15 votos a 2, que o estádio de Figueira de Melo não será vendido para a construtora Even.
Portanto o local onde Ronaldo Fenômeno deu seus primeiros passos, como jogador de futebol será preservado e continuará vivo. Antes do início do encontro o clima era de total preocupação entre os conselheiros presentes, principalmente aqueles que eram contrários à venda, pois como a maioria pertence à sede náutica as chances da proposta passar eram grandes.
O grupo que não apoiava a transação chegou a reforçar uma ação da Associação de Moradores de São Cristóvão pedindo o tombamento do estádio da Rua Figueira de Melo, junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
A discussão sobre a venda da sede do time Cadete começou no final de 2011, na gestão do então presidente Alfredo Maciel. Em outubro chegou a ser formada uma comissão para acompanhar as negociações com a Even. Depois de cinco meses e várias reuniões e brigas políticas, ficou decidido que a proposta apresentada pela construtora não era vantajosa para o São Cristóvão.
Dos 63 conselheiros com direito a voto apenas 17 apareceram para decidir o futuro da agremiação do Bairro Imperial. A reunião demorou quase duas horas e foi realizada na sala de troféus do clube. Bastante elogiado em seu discurso, o presidente do Conselho Deliberativo, Clóvis Monteiro, mostrou os pontos polêmicos e chegou a se emocionar durante a explanação.
Em seguida, pediu para os que fossem contra o desaparecimento de Figueirinha levantassem a mão. Dos 17 presentes, 15 ergueram o braço. Assunto encerrado e um dos estádios mais tradicionais do futebol carioca não serão destruídos para dar lugar à ganância imobiliária.
Após a reunião, com brilho nos olhos, Clóvis Monteiro avaliou que o valor oferecido não seria bom para o clube. “A construtora apresentou uma proposta muito abaixo do mercado e não podemos nos desfazer da nossa sede que tem tanta história. Vamos continuar com o estádio Figueira de Melo e assunto encerrado”, disse.
O contrato entre o São Cristóvão e a construtora Even, feita na gestão passada. O item 4.4 diz que “as partes atribuem sob a responsabilidade da Even, para construção e entrega ao São Cristóvão, o valor de 18 milhões de reais, sendo que deste valor dezesseis milhões e quinhentos mil reais correspondiam à construção do novo estádio, 500 mil reais à construção ou reforma da sede administrativa do imóvel e um milhão de reais seriam para construir e entregar ao São Cristóvão futuras unidades no empreendimento”.
Pesquisas feitas junto a corretores de imóveis indicam que a área onde está o estádio da Rua Figueira de Melo não sairia por menos de quarenta e cinco milhões de reais, valor bem acima do que foi oferecido pela construtora.
Estádio Figueira de Mello: 96 anos de histórias
O antigo campo da Rua Figueira de Melo foi inaugurado a 23 de abril de 1916, na partida jogada entre o São Cristóvão e o Santos Futebol Clube, diante de 6 mil pessoas. Esta partida – que terminou empatada em 1 a 1 – marcou a primeira vez em que o Santos usou seu atual uniforme, todo branco, inspirado no do São Cristóvão.
Durante muito tempo, a partir desta data, o Santos pintou o escudo do São Cristóvão nos muros da Vila Belmiro e associados destes dois clubes podiam usufruir das respectivas sedes, mutuamente.
Em 1943, por determinação legal, após incidentes de superlotação na partida envolvendo a partida entre o time da casa e o Flamengo, o São Cristóvão teve que demolir as arquibancadas com estrutura de madeira. Reinaugurou as suas instalações, com novas arquibancadas de cimento, na partida em que foi derrotado por 5 a 3 pelo Vasco da Gama, em 29 de junho de 1946.
Mesmo após esta remodelação, o estádio da Rua Figueira de Melo já pôde receber até oito mil pessoas. Hoje, no entanto, só está preparado para receber até mil pessoas.
Estádio Figueira de Melo
Inaugurado em 23 de abril de 1916
Remodelado e reaberto em 1946
Capacidade: 1000 pessoas
Primeira partida:
São Cristóvão 1 x 1 Santos
Heitor “Leão” Pinheiro, do São Cristóvão, marcou o primeiro gol do estádio.
Recorde de público:
São Cristóvão 2 x 3 Vasco – 19.040 pessoas
Fotos: Jornal dos Sports / Site do São Cristóvão F.R.
Sérgio.
Estou cansado de ver na Internet que o jogo de inauguração do estádio da rua Figueira de Melo, em 23 de abril de 1916, foi São Cristóvão x Santos.
Em 07/09/1916, houve no campo da rua Figueira de Melo, o amistoso São Cristóvão 1×0 America. No dia seguinte, o Jornal do Brasil publicou o seguinte:
“Jogo de inauguração do campo da Rua Figueira de Melo, com o lançamento de pedra fundamental para a construção das arquibancadas”.
Diante disso, parece-me que no jogo São Cristóvão x Santos foram inauguradas as arquibancadas ou a informação do Jornal do Brasil está incorreta.
Pois é… Isso tudo quase virou realidade por causa de alguns de ‘olho grande’ para tirar uma casquinha. O valor de mercado do local (Estádio Figueira de Melo) gira em torno de 45 milhões de reais, e a malandra da construtora ofereceu 18 milhões. É provável que uma porcentagem fora oferecido alguns membros.
Essa vergonha só não vingou graças a uma pequena parte da imprensa que boca a boca no trombone, no qual faço parte. Algumas pessoas ficaram irriradas comigo, mas não me calei e não me calo. O Brasil precisa respeitar e valorizar a nossa história em todos os seguimentos!
Essa mudança é a prova cabal que a união, faz sim, a força!
concordo com a diretoria, estadio é patrimonio do clube e, as vezes, da historia da cidade ou bairro. e os empresarios, aproveitando da tradição do sao cristovao e de outros pequenos por ai, deveriam investir.