Os “holofotes da bola”, geralmente focam nos grandes clubes, certo? Porém, a pergunta que os torcedores devem fazer é: “Quem os transformaram em grandes”? A resposta simples é: os pequenos times.

Ao longo de mais de 100 anos de futebol, milhares de equipes surgiram, deixaram a sua semente e desapareceram, deixando uma lacuna. A redescoberta dessas equipes nos ensina a entender o passado, para corrigirmos no presente e melhorarmos no futuro.

SURGE O INDUSTRIAL F.C.

 Um desses times que tem história para contar é o intrépido Industrial Futebol Clube, localizado no Bairro da Lapa Sil, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense do Rio, que revelou para o mundo, nada mais, nada menos do que Didi, Folha Seca.         

Assim como na Inglaterra o desenvolvimento do futebol bretão foi incentivado pelos grandes industriais, em Campos não foi diferente. A elite canavieira, desde os primórdios do futebol, ainda na era áurea da cana de açúcar e, depois, na fase decadente da indústria do açúcar, formou vários times como o São João, São José, Sapucaia, Cambaíba, Paraíso, entre outros de menor destaque.

Dentre tantas equipes, surgiu num domingo, do dia 25 de agosto de 1912, o Industrial Futebol Clube, que tem sua origem na antiga Fábrica de Tecidos Industrial Campista (empresa fundada em 12 de março de 1885, pelo empresário português, Francisco Ferreira Saturnino Braga da Lapa). Rapidamente, o Rubro-Negro Campista, além de ter sido um dos pioneiros da cidade, se tornou uma das grandes forças e também um dos fundadores da Liga Campista de Desportos (fundado no ano seguinte: 1913).

O seu campo ficava no início da Rua do Gás, onde ficava o campo do Goytacaz, que mais tarde se mudaria para a mesma rua, onde ergueu o Estádio Ary de Oliveira e Souza.

Devido ao grande número de funcionários da fábrica, o industrial nunca teve maiores dificuldades para armar suas equipes, possuiu também um time de futebol feminino, em 1931, uma grande equipe de vôlei e memoráveis times de basquete.
Assim como ocorria com os times oriundos das usinas de açúcar, o industrial também dependia muito do gosto do proprietário ou de gerentes para com os esportes, pois variava de tempos em tempos o apoio às equipes, podendo até mesmo acarretar a desativação dos times, quando o “homem forte” da empresa não era simpático aos esportes.

Do canavial ao mundo: Didi Folha Seca  

Então, três décadas após a sua fundação, o Industrial F.C. deu ao futebol brasileiro e mundial um de seus maiores ícones: Didi Folha Seca. Foi nas divisões de base, de onde o garoto Waldir Pereira, Didi, saiu para o Clube Esportivo Rio Branco, iniciando a sua brilhante carreira que o faria ficar mundialmente conhecido como Didi, o gênio da “folha seca”. Natural de Campos dos Goytacazes, em 8 de outubro de 1928, Didi aparece na foto (com um circulo) posada (cuja data é 2 de setembro de 1945), aos 17 anos, pela equipe juvenil. Neste mesmo ano, o jovem Didi também defendia o time adulto do Industrial, apesar da imagem não estar boa.

Fim da linha para o Industrial

Com o fim da fábrica, nos anos 50, o time entrou em decadência, fechando logo em seguida suas portas, mas deixando sua história na memória de todos os que acompanharam a era de ouro do futebol de Campos e tem na lembrança a grande potência esportiva que foi o Industrial.

Apesar de ter fechado às portas, o Industrial entrou para a história do futebol mundial, como o time que revelou Didi Folha Seca.

Colaboraram com a reportagem: o jornalista Aristides Leo Pardo e o secretário da LCD (Liga Campista de Desportos) Leonardo Silva e Souza