Na década de 70 na cidade de Campinas em São Paulo, as duas maiores equipes do interior do estado, viviam tempos de glórias e letargias futebolísticas, afinal de contas dava para formar uma seleção brasileira de dar trabalho em qualquer Copa do Mundo com os bons jogadores das duas equipes sem sombra de duvidas. Como não poderia deixar de faltar nesses times haviam em cada um deles um grande líder, um cérebro aquele jogador que comandava a equipe dentro de campo e sabia os atalhos do campo, o tempo da bola a maestria dos passes e lançamentos e magia sobrenatural nas bolas paradas: DICÄ na Ponte Preta e ZENON no Guarani disputavam que era o melhor cobrador de faltas, ambos tinham a destreza sutil na arte de colocar a bola no fundos das redes em cobranças de falta e quando era na entrada da área o grito de gol era quase certo.
Dicá que na Portuguesa em 1972 com Oto Glória conheceu o inferno sem dar um piu, foi sempre preterido pelo técnico que preferia Basílio aquele mesmo que veio a ser herói do título paulista de 77 sobre a Ponte de Dica uma triste sina ou não, o fato é que mesmo na reserva todos sabiam da sua habilidade nas cobranças de falta e num jogo contra o Remo em que a Lusa perdia, Oto mandou entrar no ultimo minuto na esperança dele converte em gol uma falta que viesse a surgir, finalmente em 76 ele deixa a Lusa e vem para a Macaca para reinar, pena nas duas finais que disputou em 77 e 79 a Ponte deixou escapar o titulo diante o Corinthians nas duas oportunidades mais o Mestre Dica continuava infalível nas cobranças de falta como o que fez calar o Morumbi lotado com mais de 146.000 pagantes naquele domingo em que a Ponte adiou a quebra do jejum de 22 anos de títulos, aquela cobrança magistral no ângulo do goleiro Jairo, nos Dérbis Dica protagonizou um fato inesquecível em 1983 quando ele marca um golaço de falta e o juiz manda voltar a cobrança e o Mestre não se fez de rogado bateu e fez novamente o gol da vitória da Ponte por 1 a 0 diante do Bugre.
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Mestre Dicá em 1977
Do lado verde de Campinas o Bugre tinha Zenon, jogador que dava as cartas no time, regia e ditava o ritmo do jogo, era mais veloz que Dica, mais sempre de cabeça erguida com passes e lançamentos fez a alegria de muitos atacantes do Guarani naqueles anos dourados que cumulou com a conquista do campeonato brasileiro de 1978 na maquina afiada de jogar futebol, Capitão, Careca e Bozó se fartavam com seus lançamentos e a torcida delirava nas arquibancadas, como esquecer dos gols de falta de Zenon contra o Sport, e o Vasco na Maracanã com Mazaropi partindo para a bola pensando que ela sairia pela linha de fundo e vendo as redes estufarem com ele agarrado ao pau da trave, suas cobranças eram precisas, em 1976 na Fonte Nova em um jogo contra o Vitória, ele deixa estático o goleiro Andrada que sem mexer um músculo sequer e ver onde a bola entra ou seja na gaveta, depois de brilhar no Bugre ele foi vendido e foi jogar na Arábia Saudita, voltando em 1981 para brilhar no Corinthians e depois no Atlético/MG e por fim na Portuguesa, Zenon para mim foi um dos maiores batedores de falta que já vi atuar.
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Golaço de Zenon no Maracanã contra o Vasco em 1978
Detalhe deste duelo de craques, é que infelizmente nenhum deles conseguiu brilhar na seleção brasileira, Zenon teve algumas passagens, disputou até mesmo a Copa América de 1979, Dicá não teve tanta sorte assim, mais aqueles amantes do bom e saudoso futebol não fazem tantas queixas assim, afinal entre 1977 e 1981 Campinas era a Capital do Futebol Brasileiro e suas duas equipes tinha jogadores que davam de sobra para montar uma boa seleção e certamente no meio campo teríamos dois mestres na arte de jogar futebol e marcar gols de falta:
Carlos; Mauro, Oscar, Amaral e Miranda; Zé Carlos, Dicá e Zenon; Lúcio, Careca e Renato; realmente um time que daria gosto de se ver jogar.
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O Grande Maestro do Bugre em 1978
Fontes: Textos Galdino Silva
Fontes: Revista Placar 1977 e 1978
Fotos: Gazeta Esportiva