Em um domingo, 17 de maio de 1989, fui ao Pacaembu ver pelo campeonato paulista Corinthians x Juventus.
Jogo de uma única torcida, com 23071 pagantes, entre eles eu, minha esposa e meus dois filhos, um com 11 anos e outro 8 anos.
Existem fatos inexplicáveis, até agora não consigo entender como eu e toda a torcida do Corinthians aplaudiu um gol contra o nosso time. A resposta talvez seja o “Sobrenatural de Almeida”, nome dado por Nelson Rodrigues a uma espécie de fantasma que assola o futebol, mudando os rumos de partidas e campeonatos como o vento muda de direção.
E foi o “Sobrenatural” que guiou, aos quarenta minutos do primeiro tempo, em um cruzamento na meia lua da grande área, o então jovem Silva do Juventus a acertar uma bicicleta, de primeira, como somente, dizem, Leônida da Silva sabia fazer.
O comportamento da torcida do Corinthians ao tomar um gol contra segue duas tendências: ou fica quieta e amargurada ou começa a gritar o nome do time para a virada do placar.
Desta vez, em uniformidade incrível, todos na Pacaembu bateram palmas para o rapaz.
Procurei na minha coleção de ingressos e vi que paguei para ver o jogo NCZ 2,00, ou seja, 2 cruzados novos.
Assim falou Ronaldo, goleiro do Corinthians sobre este gol:
-“Como pessoa achei o gol lindo. Como goleiro, detestei”.