Aqui na Bahia os adeptos do Candomblé e de Umbandas são muitos e no nosso futebol não poderiam faltar pessoas ligadas á estas religiões com suas crenças, simpatias e oferendas tendo até os clubes os seus orixás guias e protetores. No ano de 1976 foi marcado por uma verdadeira batalha espiritual; pelo lado do Bahia atuavam o folclórico Lourinho chefe de torcida o massagista Alemão e o roupeiro Jones, pelo lado do Vitória atuavam Bengala e o um misto de roupeiro e massagista chamado Carcaça.
Querendo quebrar uma seqüência de títulos do Bahia que vinha desde 1973 o Vitória armou um belo time naquele ano, com a saída de Mario Sérgio e André Catimba a direção trouxe o atacante Fischer argentino que fez sucesso no Botafogo/RJ, junto com ele veio Ferreti o atacante Geraldão, o ponteiro Valdo e o meia Afrânio estes bons valores se juntaram ao ponta Osni ídolo da torcida o time começou com um empate contra o Botafogo em 1 a 1 enquanto o Bahia massacrava o Redenção por 6 a 0 o time tricolor mantinha uma base desde de 73 que tinha Douglas e Sapatão como seus lideres o bom lateral Perivaldo o polivalente Baiaco e o atacante Mickey e o temível Beijoca e Edu irmão de Zico, no dia 21/03/1976 houve o primeiro clássico na decisão da primeira fase do 1º turno e o Vitória venceu por 1 a 0 com um gol de Fischer e levou a fase, houve um reboliço muito grande na cidade e as rádios locais faziam referencias a Carcaça por ele ter entrado no campo junto com um time com um cão dobermann. Bem se isto foi motivo de amuleto não sabemos e no inicio da segunda fase o time entrou em campo sem o cão e foi derrotado pelo Leônico por 2 a 1 na estréia de Léo Oliveira meia contratado junto ao Santos no dia 04/04/1976 houve uma rodada dupla o Bahia vencia o Botafogo por 3 a 0 e o Vitória vencia o Ypiranga por idênticos 3 a 0 num jogo que o goleiro Andrada defendeu um pênalti cobrado por Freitas artilheiro do Ypiranga logo no inicio da partida neste jogo Lourinho do Bahia fez uns bonecos dos jogadores do Vitória com os olhos vendados mais Carcaça havia amarrado os ypiranguenses e o cão voltou a entrar em campo junto com o time, no dia 11/04/1976 houve o segundo clássico e as mídias deram ênfases aos trabalhos de Lourinho e Carcaça para o jogo banhos de folhas, pipocas, amarrações acreditem tudo isto era passado nas TVs e rádios, e mais nos jornais como já dizia Neném Prancha “se macumba ganhasse jogo o campeonato baiano terminaria empatado” não deu outra pelo menos neste jogo houve empate em 1 a 1, enquanto Fischer e Osni detonavam no lado rubro-negro o Bahia tinha Mickey em grande fase no dia 09/05/1979 nova rodada dupla pelo quadrangular da segunda fase do 1º turno o Bahia vence o Atlético por 3 a 0, Mickey marca duas vezes mais se machuca e o Vitória vence o Leônico por 1 a 0, Lourinho diz que foi obra de Carcaça o contusão de Mickey, no dia 16/05/1976 novo clássico o Bahia precisa vencer para a surpresa de todos Mickey joga mais Douglas se contunde no inicio da partida o Vitória vence com um gol de Afrânio e leva o turno e pontos extras detalhe foi a primeira vez que vi o Bahia perder para o Vitória ao vivo e a cores na velha Fonte Nova festa rubro-negra depois desta derrota Mickey foi embora mais um detalhe marcaria o tricolor Beijoca e Jorge Campos estavam de volta e Fito recuperado de contusão no joelho trouxeram novo animo ao Bahia, Alemão massagista veterano no clube com suas ervas milagrosas colocaram o time na ponta dos cascos.
No dia 27/06/1976 é a final da primeira fase do 2º turno o Bahia precisa vencer se o Vitória vence a fase praticamente o tetra estava perdido, logo no inicio do jogo pênalti para o Vitória, Osni marca e vai pra torcida festa o Bahia não anda em campo amarrado preso se poder de reação, o Vitória toca a bola fácil e não aumenta o placar por desleixo de seus jogadores, no segundo tempo o Bahia volta diferente mais num novo contra ataque Valdo sai pelo lado contrario e recebe novo pênalti de Romero que é expulso pela jogada violenta e xingamentos ao juiz, festa no lado rubro-negro na Fonte, Osni acena para a massa faz o sinal da vitória a torcida explode eu no meio da torcida do Bahia com meus 7 anos fecho os olhos e de repente ouço uma gritaria imensa no lado tricolor gente pulando de alegria abro os olhos e vejo meu primo Salvador me abraçando Joel Mendes defende o pênalti, delírio no estádio a bola rola com o Bahia no ataque Sapatão avança sem marcação e serve a Douglas este dribla Joãozinho e fuzila Andrada é o empate ai o Vitória fica preso se ação e o Bahia parte para cima o empate leva o jogo para a prorrogação Fernando Silva volante do Vitória sente câimbras o time já tinha feito as substituições e Lourinho com seu balaio cheios de bonecos em vermelho e preto amarrados e olhos vendados solta uma buzina de navio quando Perivaldo avança e inverte a jogado para Jesum este lança Gibira que domina e ergue para Douglas o time do Vitória assiste a jogada Douglas com um passe de peito serve Beijoca que fuzila de primeira é o gol do Bahia que vence o primeiro Ba-Vi naquele ano e leva a primeira fase do 2º turno. Na segunda feira, Lourinho é reverenciado pela torcida por onde passa muitos céticos creditavam a ele a vitória.
25/07/1976 é dia de novo Ba-Vi é pela fase classificatória do segundo turno e o Vitória vence por 1 a 0 com um gol de Ferreti, esta vitória tranqüiliza o lado rubro-negro o time continuava jogando um belo futebol mais Valdo se machuca e Piau assume a ponta esquerda em 15/08/1976 é o dia D para ambos se der Vitória o time fica a dois empates do campeonato já o Bahia tinha de vencer para se igualar em pontos de bonificação e deu Bahia 1 a 0 gol de Beijoca em jogada de Fito detalhe neste jogo o Vitória não entrou em campo com o cão por este ter morrido na manhã do clássico o fato foi como um mal pressagio para a torcida do Vitória.
No dia 18/08/1976 é o dia da primeira partida com um time abalado pela derrota do ultimo domingo , Lourinho vai as rádios alarmar que o mês de agosto só dava Bahia contra o Vitória e relembra a conquista de 1971 no dia 01 de Agosto, os nervos estão inflamados o jogo começa e Valdo marca o gol do Vitória e se machuca logo depois, Piau entra e sofre falta violenta de Perivaldo se contorce de dores no gramado o Bahia segue no ritmo frenético e o tricolor vira o jogo com gols de Fito e Beijoca, para a decisão no dia 26/08/1976 ai entra mais forte o lado as crendices dos umbandistas e dos candomblés a mídia dando muitas notas Lourinho na TV Aratu e Carcaça na TV Itapoan diziam como iriam se preparar para a decisão e como cuidaria dos jogadores rivais pode! O certo é que na semana da final pegou fogo tudo declarações de dirigentes, jogadores, ex-jogadores, torcedores tudo mais uns pequenos detalhes levaram aos os torcedores do Vitória ate hoje acreditarem que a macumba de Lourinho deu o caneco ao Bahia: Osni ficou fora da final, Uchoa lateral direito também se machuca no treino e desfalca, Andrada que desmaiou no primeiro jogo passou a semana sem treinar somente na véspera que conseguiu fazer um treino, Geraldão sente uma infecção intestinal no sábado, entra em campo e fica somente 35 minutos em campo, logo depois da sua saída Jesum escapa pela esquerda entorta Deodato que substitui Uchoa e cruza para Beijoca cabecear no canto direito de Andrada que fica estático é o gol do titulo, depois do lance Deodato cai no campo com fortes câimbras, Piau que não treinou bem a semana por causa de uma dor no nervo ciático faz numero em campo e anda em campo, e por ultimo Ferreti fratura a clavícula numa dividida com Zé Augusto e ai será? O que houve? Será que forças extra campo favoreceram o Bahia neste ano “ certamente se macumba ganhasse jogo jamais terminaria empatado o campeonato baiano “que o digam os torcedores do Vitória em 1976”.
Jones roupeiro do Bahia durante muitos anos amigo da minha família e que era devoto dos orixás me dizia que Lourinho se fechava nas vésperas de jogos e que o Bahia as vezes os jogadores e dirigentes pediam a ele proteção e amuletos para certas ocasiões e trabalhos eram feitos nas madrugadas para ajudar o time. Na final de 1988 do campeonato brasileiro ao chegar no estádio Beira Rio o time encontrou um trabalho feito com uma cabeça de um boi na entrada do vestiário logo Alemão tratou de despachar o feitiço com seu sal grosso com alecrim e arruda e muita alfazema que com seu cheiro forte terminou deixando muitos reportes gaúchos e de outras partes do Brasil inebriados pelo odor fortes das ervas com a alfazema, Lourinho que foi morar no Piauí terra da sua esposa desde 2002 por causa de problemas de saúde, Alemão foi funcionário do Bahia por 50 anos e todo ano dava um caruru a Cosme e Damião a direção vetou o caruru desde 2002 e no ano seguinte o Bahia perdeu seu massagista aos 73 anos e o time deu a desandar do trio espiritual só resta Jones por aqui.
O ex-atacante e técnico do Bahia, Osni, recordou o lado místico de Alemão e Lourinho.“Lembro do altar que ele montava no vestiário para São Cosme e Damião. Das simpatias que ele fazia, colocando nome de jogador rival em garrafa com água para empedrar na geladeira e impedir que o cara jogasse bem. Das balas que ele dava pra gente e do alho que ele jogava em campo quando o time entrava. Eram coisas que podiam não ter um valor científico comprovado, mas descontraíam o ambiente e, de certa forma, deixava a gente mais confiante”.
Fontes: Texto Galdino Silva
Pesquisa: A história dos Ba-Vis na net
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