Na quarta-feira, às 10 horas e 20 minutos, do dia 19 de janeiro de 1966, num avião da Swissair Voo 200 (transitando por Gênova/ITA), a delegação da URSS desembarcou, no Aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo/SP. Ali, os soviéticos seguiram direto para o Morumbi, onde ficaram hospedados.
Vestindo roupas pesadas, rapidamente sentiram o verão brasileiro, com os termômetros marcando 35º graus. Cinco jogadores ficaram em Moscou, mas se incorporaram ao grupo no dia 26 de janeiro: Biba, Szabor, Kanielniski, Serebrianikov e Borivin. A delegação da URSS veio com os seguintes integrantes:
Chefe da delegação – Nikolai Riasshenstev (Presidente da Federação Soviética de Futebol);
Supervisor – Zolotov Sigal;
Técnico – Nicolai Petrovich Morozov;
Massagista – Morozov;
Delegado – Niskij (diretor);
Atletas (18) – Lev Yashin; Banishevski; Shuminskij; Kavazashvili; Afonin; Ponomariov; Guetmanov; Danilov; Valery Voronin; Metrevelli; Schesterniov; Hurtslava Usatorre; Kopaiev; Chilenko; Ivanov; Melofieev; Meskhi e Husainov.
Mané Garrincha fez o 1º treino no Timão
Após empatar com o Londrina em 2 a 2, no sábado, do dia 22 de janeiro de 1966, no estádio Vitorino Gonçalves Dias, em Londrina/PR, o Sport Club Corinthians Paulista voltou para a capital paulista com uma cota livre de Cr$ 10 milhões de cruzeiros.
Na segunda-feira, às 14 horas, do dia 24 de janeiro de 1966, os jogadores se reapresentaram no Parque São Jorge, visando o jogo diante da Seleção da União Soviética.
No treino, o técnico Osvaldo Brandão optou em sacar o atacante Flávio, que não estava em boa forma física, para a entrada de Ney. E, Mané Garrincha realizou o seu primeiro treino no Corinthians, levando cerca de 2 mil torcedores que acompanharam o treino para ver o Mané, que fora de forma, precisou de algumas semanas para ficar em condições de jogo.
Calor e comida brasileira: a preocupação dos soviéticos
O treinador Nicolai Morozov demonstrou preocupação com o forte calor, que oscilava entre 35 a 37 graus, e com o tempero da comida brasileira. Na véspera do jogo, os atletas Guetmanov e Ivanov acordaram indispostos devido ao forte calor que dificultou a noite de sono.
Por volta das 9h30min., os atletas foram tomar café da manhã, com mesa farta: ovos quentes, frango frito, purê de batatas, pão com manteiga, chá e limão. Às 14 horas, voltaram a se alimentar com sardinhas, pepino, sopa de massa, carne assada, uva e abacaxi, completando com água mineral.
À tarde alguns jogadores ficaram jogando xadrez, enquanto Yashin, Metrevelli e Afonin, ligaram a vitrola e ficaram ouvindo música, com gravações da Bossa-nova brasileira.
Às 18 horas, os jogadores jantaram, com um cardápio variado e farto, com iogurte (que eles apreciaram muito), strogonoff com fritas, água mineral e frutas diversas. Às 20 horas, foi servido um lanche com pão e manteiga, queijo e frutas.
Preços dos Ingressos
Geral | Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) |
Cadeiras cativas | Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) |
Arquibancada | Cr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros) |
Cadeira Numerada | Cr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros) |
Timão se impõe e bate a União Soviética
Na tarde da terça-feira, às 16 horas, do dia 25 de janeiro de 1966, o Corinthians venceu a Seleção da União Soviética pelo placar de 3 a 1, no Estádio do Morumbi, pelo Torneio João Havelange.
O Timão partiu pra cima dos soviéticos, impondo um ritmo forte de jogo. E logo aos seis minutos, abriu o placar. Rivellino recebeu na intermediaria, ultrapassou a linha divisória e fez um longo lançamento para Tales. O ponta-de-lança venceu Shesterniev na corrida, e na saída do goleiro Kavazashivilli, tocou no canto, colocando o Corinthians em vantagem.
A equipe paulista foi melhor e foi para o intervalo de baixo de chuva, tendo criado algumas chances de gols, enquanto os soviéticos pouco ameaçaram a meta do arqueiro Heitor.
No segundo tempo, apesar da URSS ter voltado melhor, o Corinthians seguiu criando chances. Com a entrada de Flávio no lugar de Ney, o time melhorou e ampliou o placar aos 20 minutos.
Flávio foi lançado em profundidade, ganhou na corrida de Shesterniev e Afonin, e, na pequena área, sofreu duplo pênalti de Kavazashivilli e Danilov. Dino Sani cobrou firme, no canto esquerdo do goleiro, e a bola foi morrer no fundo das redes.
A partir daí, o Timão passou a cadenciar o jogo. Mesmo assim, chegou ao terceiro gol. Aos 40 minutos, Édson Cegonha dominou a bola pela esquerda, e fez um longo lançamento para Rivellino, que entrava pela esquerda, nas costas da defesa russa, e na saída de Kavazashivilli, soltou a bomba, para estufar as redes soviética.
Dois minutos depois, numa jogada sem maiores pretensões, a URSS marcou o seu gol de honra. Metrevelli, da lateral, centrou na área. Voronin se atirou na bola, testando firme, vencendo o arqueiro Heitor.
Fim de jogo, e vitória do Corinthians. Já a URSS, apesar da derrota, o selecionado recebeu, pela partida, a cota livre de impostos, no valor de 12 mil dólares.
S.C. Corinthians (SP) 3 X 1 URSS
LOCAL | Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o ‘Morumbi’, em São Paulo/SP |
CARÁTER | Amistoso Internacional |
DATA | Terça-feira, do dia 25 de Janeiro de 1966 |
HORÁRIO | 16 horas (de Brasília) |
RENDA | Cr$ 41.946.000,00 (quarenta e um milhões, novecentos e quarenta e seis mil cruzeiros) |
PÚBLICO | 18.548 pagantes |
ÁRBITRO | Ólten Aires de Abreu (FPF) |
CARTÃO VERMELHO | Nenhum |
CORINTHIANS | Heitor; Jair Marinho, Galhardo, Clóvis e Édson Cegonha; Dino Sani e Rivellino; Bataglia (Geraldo José), Ney (Flávio), Tales e Gilson Porto. Técnico: Oswaldo Brandão |
URSS | Kavazashivilli; Ponomarionov, Shesterniev, Afonin e Danilov; Voronin e Jusainov; Chislenko, Kopaiev (Metrevelli), Melafeev (Banichveski) e Meskhi. Técnico: Nikolay Morozov |
GOLS | Tales aos 6 minutos (Corinthians), no 1º Tempo. Dino Sani aos 20 minutos (Corinthians); Rivellino aos 40 minutos (Corinthians); Voronin aos 42 minutos (URSS), no 2º Tempo. |
FOTOS: Jornal dos Sports (RJ)
FONTES: Diário da Tarde (PR) – Jornal dos Sports (RJ)