Fotos raras de 1956: goleiro Osni, do America Football Club (RJ)

Eli chutava e Osni defendia. Enquanto o relógio avançava com o vai e vem quase interminável daquela bola de meia, improvisada com enchimentos de trapos e palha, o pôr do sol já se alinhava anunciando o final de mais um dia.

Até que aquele barulho intermitente enfastiava os ouvidos da matriarca da. Então, ela chamava os guris para dentro de casa. Os filhos, Eli e Osni, família Amparo ignoravam até onde podiam o toque de recolher e seguiam no gramado imaginário do quintal, na pacata casa em Paracambi no Rio de Janeiro.

Quando se tornava impraticável continuar, o jogo terminava e eles finalmente se recolhiam. Entravam em casa discutindo, quase que automaticamente, ao mesmo tempo em que tentavam enumerar quem levou vantagem no duelo.

E por tantas vezes foi assim até que os meninos cresceram, sem que a ordem natural das coisas fosse modificada: Eli chutando e Osni sempre defendendo!

Mas por muito tempo, os dois ainda trilharam juntos o caminho que levava ao campo do Brasil Industrial Esporte Clube, da própria cidade de Paracambi.

O simpático clube local, com suas cores vermelha e branca, foi um dos representantes do antigo campeonato Fluminense de Futebol, antes da fusão da Guanabara com o Rio de Janeiro.

Mais tarde, os irmãos Amparo vestiram o uniforme do America Football Club até que Eli desviou sua rota para o Canto do Rio Football Club e, posteriormente, para o Vasco da Gama.

Osni, seguiu seu caminho sem Eli, permanecendo em Campos Sales e defendendo o arco do America por muitos e muitos anos. A rigor, Osni sempre declarou seu amor incondicional pelo America, que curiosamente, tem as cores e o distintivo semelhante ao primeiro time que defendeu na juventude, o Brasil Industrial Esporte Clube.

Osni deu duro para conquistar seu espaço. Inicialmente, ganhou o lugar de Walter e de Cabrita. Jogou ao lado de craques como Danilo Alvim e Heleno de Freitas para se firmar como o grande titular do início da “Era Maracanã”.

O destino, desafiante, cruel e surpreendente, logo tratou de colocar Osni contra o irmão Eli, na disputa direta pelo título estadual de 1950, quando o “Expresso da Vitória” levou vantagem.

Vicecampeão estadual de 1950, 1954 e 1955Osni sempre duelou corajosamente com Garrincha, Didi, Quarentinha, Dida, Evaristo de Macedo, Ademir Menezes, Vavá, Pinga, Ipojucan, Orlando Pingo de Ouro entre tantos craques.

Mudavam os jogadores, mudavam os homens da comissão técnica, mudavam os diretores e até o quadro de sócios. Entretanto, Osni permanecia, inabalável e presente em qualquer fotografia, flâmula ou pôster do America naquele período.

Permanecia também o America, sólido e impávido na busca por um título carioca que sempre batia na porta e ia embora. Os anos passaram, apareceu uma sombra chamada Pompéiao ponte aérea” e Osni perdeu sua posição.

Trabalharam juntos, Pompéia aprendeu muito com Osni, que logo teve sua estrela apagada com o passar dos anos. Eli também deixou o Vasco da Gama em 1955, quando foi contratado pelo presidente Adelmar da Costa Carvalho para defender o Sport Recife, que comemorava seu cinqüentenário.

Ganhador do Prêmio Belfort Duarte, Osni sempre foi um atleta disciplinado, dedicado e aplicado. Atualmente, Osni reside em Paracambi e está em uma cadeira de rodas desde que sofreu um derrame cerebral.

Constantemente, o America promove homenagens aos seus ídolos do passado organizando festas, encontros e eventos. Osni do Amparo ainda comparece… Triste pela ausência do irmão Eli.

FOTOS: Alberto Lopes Leiloeiro

FONTE: americadorj.wordpress.com

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