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Por Sérgio Mello
Como não há em nenhum lugar, a história do estádio do Mesquita Futebol Clube, resolvi ir a fundo e pesquisá-lo. O Estádio Nielsen Louzada – localizado na Rua Ambrósio, nº 1.111, na Vila Emil, em Mesquita, situado na Baixada Fluminense do estado do Rio de Janeiro.
Entre o sonho de erguer um estádio para 50 mil pessoas, a realidade ficou em 6 mil pessoas, mas o que vale é resgatar a história do campo. A partida inaugural foi diante de um clube europeu e o Mesquita goleou de forma contundente. Assim, essa história merece ser contada! Boa leitura!
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Quem foi Nielsen Louzada?
Natural da cidade capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, Nielsen Ferreira Louzada, nasceu na terça-feira, do dia 08 de Abril de 1930. Formado em Direito, foi várias vezes eleito como Deputado e Vereador.
Na década de 80, o Deputado Federal Nielsen Louzada (do PP de Nova Iguaçu) foi presidente do Mesquita Futebol Clube. Em 1981, na sua gestão, já tinha construído quatro salas para a administração, um salão de reuniões, uma entrada social com escadarias de mármore, uma área, um salão para shows, um restaurante (inaugurado na sexta-feira, do dia 10 de abril de 1981), organizou a secretaria do clube, adquiriu uma máquina de autenticação de recibos, 60 ventiladores, sete aparelhos de ar condicionado para as salas de trabalho e mobiliário moderno para o salão.
O título invicto da Terceirona em 1981, despertou o desejo de ter a “casa própria”
No mesmo ano, o Mesquita se sagrou Campeão Invicto do Campeonato Carioca da 3ª Divisão de profissionais ao vencer o Rubro, de Araruama, duas vezes pelo mesmo placar: 1 a 0. Time base de 1981: Reinaldo (Orlando); Bira Gomes (José Luís), Jofre, Malaquias e Arialdo (Ananias); Beto, Jorge Luís e Pitita; Luisinho, Gélson e Jorge. Técnico: Nélson Corrêa, preparador físico Marcos César e Diretor de Futebol Odésio Amorim.
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Em 1984, o sonho começou a ganhar forma
O acesso iniciou o desejo para a construção de um estádio para 20 mil pessoas, mas depois o planejamento aumentou a capacidade. Num clima muito festivo, o sonho saiu do papel e começou a ganhar forma na quinta-feira, do dia 09 de Agosto de 1984.
O presidente da construtora responsável pela construção do estádio, Miguel de Macedo Cordeiro, garantiu que o campo seria entregue em perfeitas condições a partir de fevereiro de 1985.
Naquele momento, o clube já tinha vendido 8 mil títulos de sócios-proprietários (5 mil da Série Bronze, já esgotada, e 3 mil da Série Prata). Por isso, a diretoria já estudava lançar a Série Ouro.
Naquele momento, Mesquita contava com uma população de 180 mil pessoas, na qual fazia parte do município de Nova Iguaçu, sendo a 9ª arrecadação de ICM do país.
Clube possuía uma estrutura promissora
A sua sede em frente a Estação de Mesquita, com dois amplos salões de bailes abrigavam tranquilamente 10 mil pessoas, que de sábado e domingo superlotam o clube, proporcionando uma renda mensal de Cr$ 150 milhões.
O número de sócios era de 30 mil (isso devidamente provado por documentos e dados bancários da conta do clube). Enfim, uma arrecadação de Cr$ 300 milhões, para uma despesa (entre o futebol e empregados) em torno de Cr$ 120 milhões.
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Descrição de como seria o Estádio Nielsen Louzada
Assim, a matéria do Jornal do Brasil destacou: “O seu novo estádio, com capacidade para 50 mil pessoas sentadas confortavelmente, é uma replica do Maracanã, mais moderno e funcional. O novo estádio começa a mudar a arquitetura local.
Imponente, ele ocupa um espaço de 250 mil metros quadrados a pouco mais de 20 metros da estação de Mesquita. Construído de forma circular, terá 26 lances de arquibancada de cimento armado, com altura superior a 9 metros.
Totalmente coberto em material metálico, apresenta uma distância do alambrado até o gramado de 14 metros, o campo tem dimensão oficial da FIFA, de 110 por 75, não poderá ser apontado como culpado por possíveis derrotas de grandes por lá.
Os jornalistas (rádio e televisão) terão à sua disposição 12 cabines fechadas, com ar refrigerado e outras facilidades. Para os fotógrafos, está sendo construído um fosso, na lateral do gramado, com dois metros de profundidade, coberto, inédito em campos do país.
Os jogadores e juízes, terão a seu dispor três túneis (iguais ao Maracanã), onde ficarão os vestiários, sala de aquecimento, massagens e demais facilidades. Uma obra que, se não tivesse a assistência permanente do presidente Nielsen Louzada, certamente não ficaria em Cr$ 5 bilhões e sim em Cr$ 12 bilhões”.
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Mesquita conquista o inédito acesso à Primeira Divisão do Carioca
Se nos bastidores, a diretoria trabalhava para ter a sua casa pronta, dentro das quatro linhas, o Mesquita Futebol Clube fez bonito e terminou como vice-campeão do Campeonato Carioca da 2ª Divisão de 1985 (o Campo Grande Atlético Clube se sagrou campeão), assegurando o inédito acesso à Elite do Futebol Carioca em 1986. Abaixo, o time base, elenco, comissão técnica e diretoria:
Time base de 1985: Ricardo; Lútio, Celso, Moura e Manicera; Paulo César, Godói e Carlos; Renan, Antônio Carlos e Caldeira. Técnico: Renê Simões.
Elenco de 1985
Goleiros – Ricardo, Ricardo Pereira e Valdenir;
Laterais – Catinha, Lútio e Paulo Roberto;
Zagueiros – Marco Antônio, Celso e Bira;
Apoiadores – Manicera, Godói, Fernando Moura e Cléber;
Pontas – Oman, Miranda, Caldeira, Márcio e Júnior;
Atacantes – Antônio Carlos e Fábio.
Comissão Técnica
Presidente – Nielsen Louzada;
Vice-presidente de Esportes – Sebastião Machado;
Coordenador Geral de Esportes – Josafá Ramacciotti Ribeiro;
Supervisor – Paulo Ferreira;
Médico e Psicólogo – Ézio de Oliveira Rocha;
Técnico – Renê Simões;
Preparador Físico – Waldemar Lemos;
Massagista – Malvadeza;
Auxiliar Geral do Departamento de Futebol – Antônio Melo;
Roupeiro – Reinaldo.
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Inauguração projetava reunir as três maiores torcidas do país
Em julho de 1986 – A ideia era realizar um Quadrangular com as três maiores torcidas do futebol brasileiro: Flamengo, Corinthians, Vasco da Gama e Mesquita. O presidente Nielsen Louzada garantiu, com dados finais insofismáveis, que o Estádio Louzadão, localizado no bairro da Vila Emil, seria definitivamente o 2º maior do Rio de Janeiro.
“Além de uma excelente iluminação, vamos construir também, 50 camarotes, que serão vendidos depois de inaugurado. No momento não estamos precisando de dinheiro. O nosso material já está quase todo pago e nossa arrecadação continua subindo.
Se alguém disser que é um desperdício de tempo e dinheiro, posso explicar que durante a semana o estádio será usado (uma de suas dependências) como ginásio gratuito para os estudantes do local“, disse Nielsen Louzada.
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Inauguração do Estádio Louzadão teve clube suíço
No entanto, após idas e vindas, finalmente a data para a inauguração da sua “nova casa” foi marcada: domingo, às 16 horas, do dia 26 de Janeiro de 1986, o Mesquita Futebol Clube enfrentou o Sport-Réunis de Delémont, da Suíça.
A delegação aurinegro suíça, desembarcou na terça-feira, às 7 horas, do dia 21 de janeiro de 1986, no Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador. Depois seguiu para o Hotel Plaza, no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio, onde ficou hospedado.
Segundo a diretoria mesquitense, a expectativa esse jogo era para a presença entre 15 a 25 mil torcedores. A partida, além de inaugurar o Estádio Louzadão, também serviu de preparação para a inédita estreia no Campeonato Carioca da 1ª Divisão, no domingo, às 16 horas, do dia 16 de fevereiro de 1986, contra o Americano, em Campos dos Goytacazes.
A Escola de Samba Beija-Flor serviu de inspiração
O planejamento previa que o estádio com capacidade para 50 mil pessoas ficaria pronto em agosto de 1986. O entusiasmo do presidente Nielsen Louzada era grande.
A intenção era transformar o Mesquita em um grande clube do futebol carioca, seguindo o exemplo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Beija-Flor, de Nilópolis, que fez no Carnaval Carioca.
Para isso, o dirigente contava com o apoio de todos os torcedores da Baixada Fluminense e áreas adjacentes, para lotar as dependências do Estádio Louzadão.
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Quem é o S.R. de Delémont?
A sua sede fica na cidade de Delémont, e manda os seus jogos no Stade De La Blancherie, com capacidade para 5.263 pessoas. Fundado na terça-feira, do dia Em 17 de agosto de 1909, por meio da fusão entre duas equipes: “Delémont Football Club” (fundado em 1905) e “L’union sportive Delémont-Gare” (fundado em 1907).
Por muitos anos o clube aurinegro jogou no Campeonato Suíço da 2ª e 3ª Divisões. A 1ª vez na sua história, quando o Delémont ascendeu a Elite do Futebol Suíço foi em 1999/2000. Em 1986, o SR Delémont se encontrava no Campeonato Suíço da 2ª Divisão.
A permanência na Primeira Divisão Suíça durou apenas uma temporada e após terminar em 12º lugar, na 1ª fase, acabou rebaixado. Retornou á Elite, em 2002/2003, mas acabou caindo na mesma temporada para a Série B.
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Mesquita arrasa clube suíço na inauguração do Louzadão
A estréia da nova casa, não poderia ser inaugurada de forma melhor. O Mesquita Futebol Clube não tomou conhecimento do o Sport-Réunis de Delémont, da Suíça, e aplicou uma sonora goleada de 6 a 0, levando a torcida ao delírio. O jogo contou com a presença do presidente da FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Eduarda Viana, ‘Caixa D’Água’.
Descrição dos gols
Os suíços, que saíram do intenso frio europeu para o forte calor do verão fluminense aguentaram meia-hora. Depois, Miranda, aproveitando rebote do goleiro, após chute de Delacir, abriu o placar.
Cinco minutos depois, Antônio Carlos lançou Oman que tocou na saída ampliou de Farine, ampliando o marcador. Assim o Mesquita foi para o intervalo com o placar favorável de dois a zero.
Na etapa final, logo aos 8 minutos, Fernando Moura cobrou falta indireta, em direção ao gol. Em vez do goleiro suíço deixar a bola passar, rebateu para frente e Antônio Carlos só escorou para o fundo das redes.
Aos 14 minutos, Oman, em jogada individual, marcou um golaço! Aos 33 minutos, Antônio Carlos aproveitou o vacilo da defesa suíça e marcou o quinto gol mesquitense. Dois minutos depois, Oman entrou livre, dentro da área, e fuzilou a meta de Farine, para marcar o sexto gol do jogo e o seu “hat trick“, dando números finais a peleja.
MESQUITA F.C. (RJ) 6 X 0 S.R. DELÉMONT (SUI)
LOCAL | Estádio Nielsen Louzada, ‘Louzadão’, no bairro Vila Emil, em Mesquita/RJ |
CÁRATER | Amistoso Internacional |
DATA | Domingo, do dia 26 de Janeiro de 1986 |
HORÁRIO | 16 horas |
RENDA | Cr$ 25.455.000,00 |
PÚBLICO | Cerca de 3.500 mil pagantes |
ÁRBITRO | Carlos Elias Pimentel (FERJ) |
AUXILIARES | Gino Jorge Viana (FERJ) e José Inácio Teixeira (FERJ) |
MESQUITA | Sanderson (Ricardo); Milton Mendes, Celso, Bira (Joel) e Paulo Roberto (Toninho); Manicera, Delacir (Lazinho) e Fernando Moura; Oman, Antônio Carlos e Miranda (Gilson). Técnico: Renê Simões. |
DELÉMONT | Farine; Sambinello, Sabot, Bron (Gorrada) e Stenllet; Chapius, Germann (Sandoz) e Kohler (Mottl); Herti, Rebetes (Kalim) e Joliat. Técnico: Brow. |
GOLS | Miranda aos 30 minutos (Mesquita); Oman aos 35 minutos (Mesquita), no 1º Tempo. Antônio Carlos aos 8 e 33 minutos (Mesquita); Oman aos 14 e 35 minutos (Mesquita), no 2º Tempo. |
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Após uma atuação de gala, o Mesquita voltou aos treinos para realizar outro amistoso na semana seguinte: no domingo, às 17 horas, do dia 02 de fevereiro de 1986, contra o poderoso Bangu Atlético Clube, então vice-campeão do Brasileirão de 1985.
Pelo lado dos Mulatinhos Rosados, foi a estreia do meia Tobi, contratado ao Coritiba (campeão Brasileiro de 1985). Antes do jogo, a diretoria do Mesquita ofereceu uma “Placa de Prata” ao ponta-direita Marinho por ter sido eleito o melhor jogador do Brasileirão de 1985. Pelo jogo, o Bangu recebeu a cota de Cr$ 35 milhões, livres de impostos.
MESQUITA F.C. (RJ) 1 X 2 BANGU A.C. (RJ)
LOCAL | Estádio Nielsen Louzada, ‘Louzadão’, no bairro Vila Emil, em Mesquita/RJ |
CÁRATER | Amistoso Estadual |
DATA | Domingo, do dia 02 de Fevereiro de 1986 |
HORÁRIO | 17 horas |
RENDA | Cr$ 82.120.000,00 |
PÚBLICO | 6.007 pagantes (12 mil presentes) |
ÁRBITRO | Reinaldo Farias (FERJ) |
AUXILIARES | Dilermando Sampaio (FERJ) e Nicodemus Vidal (FERJ) |
MESQUITA | Ricardo (Sanderson); Toninho (Lazinho), Marco Antônio, Celso e Paulo Roberto; Manicera, Delacir (Flávio Renato) e Fernando Moura; Oman, Antônio Carlos e Miranda (Gilson). Técnico: Renê Simões. |
BANGU | Gilmar (Júlio Galvão); Perivaldo, Márcio Rossini (Jair), Oliveira (Cardoso) e Márcio (Velto); Israel (Robson), Mario (Marcelino) e Arturzinho (Fajardo); Marinho (Tobi), Fernando Macaé e Ado (Gilson). Técnico: Moisés. |
GOLS | Fernando Macaé aos 42 e 44 minutos (Bangu), no 1º Tempo. Oman aos 39 minutos (Mesquita), no 2º Tempo. |
FOTOS: Jornal dos Sports – Acervo pessoal
FONTES: site do SR Delémont – Wikipédia – Jornal do Brasil (RJ) – Jornal dos Sports (RJ)
Valeu Paloma, muito gentil da sua parte!
Bjss
Obrigado pelas palavras, Gabriel!
Forte abraço!
Supimpa! Ficou ótimo!
Um trabalho profissional de quem é fera! Parabéns!