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Justamente no dia em que estava comemorando seu 34.° aniversário de fundação, o Náutico obtinha, após intervir em 18 campeonatos, seu primeiro título de campeão pernambucano de futebol, prêmio do qual fazia jus pela atuação brilhante da sua equipe, onde se destacavam figuras de alto valor técnico.
Seu time era constituído, em sua maior parte, por elementos oriundos da equipe juvenil, fruto de um trabalho sério e consciente do treinador Umberto Cabelli, homem respeitado e admirado pela família alvirrubra. Do quadro organizado por Cabelli, surgiram jogadores de grande talento técnico, como foi o caso dos irmãos Carvalheiras: Zezé, Fernando e Artur.
O jogo que deu o título de campeão de futebol de 1934, ao Clube Náutico Capibaribe, foi efetuado no campo da Avenida Malaquias, exatamente a 7 de abril de 1935, com a velha praça de esportes dos rubro-negros apanhando um público extraordinário. O Náutico possuía, de fato, um time muito poderoso, o mesmo se podendo dizer do seu adversário, o Santa Cruz, tricampeão do Estado e dono de uma defesa quase invulnerável.
O Náutico era apontado como franco favorito pela sua torcida e imprensa,mas seus jogadores sabiam que não iriam encontrar no Santa Cruz as mesmas facilidades que tiveram poucos dias antes contra o Sport, que foi goleado pelo extravagante escore de 8×1.
A partida foi emocionante, como todos já esperavam. Numa jogada que arrancou os mais frenéticos aplausos da sua pequena mas barulhenta torcida, Fernando Carvalheira abriu o escore em favor do Náutico, quando eram decorridos apenas 10 minutos de jogo. O Santa Cruz pressionou bastante para igualar o marcador imediatamente, mas só conseguiu no segundo tempo, através de Estevão, ao receber magnífico passe de Sidinho.
O gol dos tricolores fez estremecer a velha arquibancaba de madeira do campo rubro-negro pelo entusiasmo da torcida. Depois de três sucessivas defesas do goleiro Dadá, do Santa Cruz, eis que Estácio consegue desempatar, definindo o triunfo para os alvirrubros e também o primeiro título da sua longa existência.
Time campeão: Epaminondas; Salsa e Salsinha; Taurino (Clélio), Edson e Rafael; Zezé, Artur, Fernando, Estácio e João Manoel. A arbitragem foi de Manoel Pinto, conhecido por “Né”.
A noite, no restaurante Leite, o presidente do Náutico, Vitorino Maia, ofereceu um jantar a todos os jogadores que haviam participado da brilhante campanha e, dias depois, o clube elevou à categoria de sócios eméritos os atletas campeões.
O cognome Timbu, pelo qual ainda hoje o Náutico é conhecido, vem de muitos anos, quando os remadores alvirrubros, acabados os treinos matinais, dirigiam seus barcos até encostá-los na amurada da rum da Aurora bem defronte à fábrica de cerveja da Companhia Antártica. Para matar a sede, os atletas consumiam várias garrafas ante os olhares perplexos dos transeuntes que murmuravam baixinho: “… são uns timbus…”.
Mas, o apelido só veio a pegar mesmo no campeonato de 1934, quando o time alvirrubro enfrentou o América no campo deste, na Jaqueira. Uma derrota ou empate do Náutico, deixaria o Sport na liderança do certame e, por este motivo, a torcida rubro-negra compareceu em peso para assistir ao jogo.
Chuvia muito quando terminou o primeiro tempo com o placar, em 1×1. Como as vestiárias do campo da Jaqueira fossem precárias, o técnico Loureiro, do Náutico, preferiu dar instruções aos seus jogadores ali mesmo no centro do gramado. Todos sentaram e Loureiro começou a falar. De repente, entra em campo Natércio Holanda, dirigente alvirrubro. Segurando seu guarda-chuva e um litro de Cinzano, Natércio interrompeu a preleção e pediu a cada jogador para tomar um gole da bebida. Da multidão, partiu o primeiro grito: “timbu…”. Depois mais outro: “… timbu …”.
Iniciado o 2.° tempo, os gritos voltaram a se repetir e desta vez fazendo eco no campo, todas às vezes em que um jogador do Náutico era driblado ou errava um passe. No final, porém, a vitória foi alvirrubra. Ao deixarem o campo, os jogadores saíram gozando a torcida do Sport, mostrando com os dedos (3×1) o resultado da partida e gritando: “timbu… 3×1…”.
Com a conquista do campeonato, o Náutico aproveitou o próximo carnaval e organizou um maracatu ao qual deu o nome de “timbu coroado”, que fez bastante sucesso durante muitos carnavais.
Campeonato diferente
Neste ano em que o Náutico foi campeão pela primeira vez, o campeonato teve a participação de 15 clubes, mas na verdade somente 8 deles puderam concorrer ao título. A fórmula aprovada pela assembléia geral dos clubes foi a seguinte: as agremiações foram divididas em duas séries, Azul e Branca. Da primeira fizeram parte os 8 clubes mais antigos filiados à entidade, enquanto na segunda ficaram agrupados os demais times.
No final, os ganhadores das duas divisões não disputariam o titulo de campeão, que passaria logo a pertencer ao vencedor da série “Azul”.
A divisão foi feita da seguinte maneira:
Azul – Náutico, Sport, Santa Cruz, América, Torre, Flamengo, Encruzilhada e íris.
Branca – Ateniense, Fluminense, Great Westem, Israelita,Auto Esporte, Tramways e Varzeano.
Entre os novos filiados à FPD, o Tramways Esporte Clube foi o que mais prosperou, chegando inclusive a conquistar dois campeonatos, 1936-37.
O Tramways se originou do Tuiuti, primeiro clube composto de funcionários da companhia inglesa, que monopolizava o Serviço de Transportes Coletivos do Recife.
Fonte:Historia do Futebol Pernambucano