A Fazenda São Pedro já tinha um quadro de futebol no passado, o 7 de Setembro, que fez fusão como União em 1920. Pouco antes da fundação de seu clube oficial, eram disputados torneios entre times formados nas diversas fazendas da redondeza, como Areia Branca, Bom Retiro, Pombal, São Luís e mais outros 4 da Fazenda São Pedro, ou sejam, Estrada de Ferro, Refinação-Escritório, Lavoura e Usina.
Os ânimos eram acirradíssimos nesses jogos e as vezes até ultrapassando os limites. Por isso resolveu-se ficar apenas com um time de futebol na Fazenda São Pedro: o CLUBE ATLÉTICO USINA SANTA BÁRBARA, o C.A.U.S.B., fundado oficialmente em 1936.
O superintendente da companhia que se instalou em nossas terras em 1913 era o Dr. Adriano Arcani. Ele liderou completamente os atos de 36 para a chegada do C.A.U.S.B., o tricolor usineiro, das cores vermelha, azul e branca. Com a desativação do campo antigo, inicialmente a Usina Santa Bárbara também passou a ocupar o campo do União, na cidade, para suas atividades, até a construção do novo Estádio Luizinho Alves.
Cabia ao Dr. Adriano Arcani tratar de todos os assuntos relacionados ao futebol do clube caçula de Santa Bárbara d’Oeste. Ele gostava de ver times fortes, valentes! Quando alguém indicava certo jogador de grandes qualidades, Dr. Arcani “mandava” buscá-lo para o
C.A.U.S.B. Foi assim que o centroavante Baltazar, o “cabecinha de ouro”, veio de Santos aos 17 anos iniciar uma brilhante carreira de futebolista na Usina Santa Bárbara. No C.A.U.S.B. o Baltazar jogou em brevíssimo espaço de tempo no ano de 1942, foi de agosto a setembro e ele logo transferiu-se ao União Monte Alegre, de Piracicaba, onde atuou até maio de 1944 para depois passar ao Jabaquara, de Santos, e finalmente consagrar-se no Corinthians que o levou á Seleção Brasileira em 50.
Assim como Baltazar, sucederam-se vários atletas famosos para os torcedores do C.A.U.S.B. que chegaram como “contratados” pela companhia, mas apenas para jogar futebol, como Parente, Hilário, Ditinho Mole, Servando, Luiz Gonçalves, Reis, Silvestre e outros.
Como se pode perceber, o futebol em Santa Bárbara começava a deixar de ser um “puro amadorismo”, eis que jogadores passavam a ser contratados… quando ainda não existia o profissionalismo no interior paulista, época em que se disputava apenas o campeonato regional, sem o aval da A.P.E.A., entidade extinguida no ano de 1936.
O C.A.U.S.B. teve como sede o próprio Estádio Luizinho Alves, denominação que homenageou o Coronel Luiz Alves de Almeida, falecido em 4 de dezembro do mesmo ano da fundação do clube. Seus diretores fundadores em 1936 foram: Argemiro Dias – Presidente, Júlio Pires Barbosa, João Baptista Machado, Benedito Vitorino da Silva, Celso Arruda Ribeiro, Mário Pereira, Dr. Adriano Arcani e o diretor de futebol Plínio Dias.
Conforme informações colhidas com os seus antigos jogadores, a primeira escalação do C.A.U.S.B. foi a seguinte: Omar Pires Barbosa era o goleiro, Antonio Ribeiro e Reinaldo Azanha; Juvenal, Chico Camargo e Bonzão; Luizinho Camargo, Rodrigues, Chico Veríssimo, Tilim e Zé de Brito. Também foram ingressando nas fileiras do clube usineiro jogadores como Eduardo Camargo, Arturzinho, Patativa, Ernesto Guardini, Moisés, Chiquito Cruz, Chico Bordadágua, Isaltino Amaro, Manoelito, Índio, Luiz Campos, Carlito, Durval, Bilo, Danilo dos Santos, Mário Euphrázio, Zé Faria, Zelão Novo, Martelão, Zé Godoy, Américo Leite, Maneco Gerônimo, Adélio Pires, Abelarba, Genézio, Hermour, Quirino, Beu, Abacaxi, Léo, Isidoro, Gerônimo, Fuminho, Tito Brocatto, Adolfo Camargo, dentre outros. As fotos a seguir mostrarão formações de equipes do C.A.U.S.B. em seus primeiros anos:
Com pouco mais de dois anos de existência, destacamos um dos jogos do CAU.S.B. no início de 1939, no dia 5 de fevereiro, quando o tricolor usineiro derrotou o poderoso União Monte Alegre, de Piracicaba, pela contagem de 2×1 em seu campo. Neste cotejo amistoso o time da Usina Santa Bárbara alinhou-se assim: Eduardo Camargo, Bilo e Reinaldo Azanha; Mário Euphrázio, Chiquito Cruz (depois entrou Miguelzinho) e Durval; Ismael Alves, Danilo dos Santos, Manoelito (depois Arturzinho), Rodrigues e Luizinho Camargo.
Nessa mesma época do futebol local, o União Agrícola, o maior rival do C.A.U.S.B., iniciava a última temporada da década tendo em seu elenco os atletas Bentinho Ribeiro, Lauro Bignotto, Samuel, Lázaro Gaspar, Bepe Machado, João Ribeiro, Isaltino Amaro, Nego Posseiro, Zé Arruda, João Calvino, Batista Furlan, José Previtalli, Luiz Rosa, Antonio Rodrigues, João de Castro, Cícero Martins e outros.
Mas Santa Bárbara d’Oeste apresentava um novo concorrente em seu futebol: FIAÇÃO E TECELAGEM SANTA BÁRBARA, equipe representante da empresa de propriedade dos irmãos Alberto e Rafael Cervone. A Fiação acabava de construir sua praça de esportes, em área vizinha ao pátio da Cia. Paulista de Estrada de Ferro (atual FEPASA), com a qual houve sérios problemas em seguida, isso no tocante à posição do campo de futebol.
O time da FIAÇÃO veio, na verdade, ocupar o espaço deixado inicialmente pelo Democrático e depois pelo Esperança. Eram sempre os mesmos jogadores, claro que com algumas renovações, também os mesmos diretores e grupo de torcedores.
Santa Bárbara passava a contar a partir de então com 4 associações: União, Cillos, C.A.U.S.B. e Fiação. A história do futebol barbarense não revela com precisão o início das atividades do quadro da Fiação. Um de seus diretores, o sr. José Leme, irmão do grande jogador Antonio Leme, afirma que é por volta de 37, quando o presidente era Pedro Simão. Zé Leme, também atleta, exibe uma foto do time alvinegro da Fiação e Tecelagem Santa Bárbara da citada época:
A esse time, sucederam por Volta de 1939 os jogadores Bentinho Ribeiro, Alberto Largueza, Zé Geraldo, Waldir Zamuner, Tite, Euzébio Silva, João Leme, Guido Furlan, Mário Largueza, Osvaldinho Kuhl e outros. Enquanto a Fiação debutava no futebol barbarense, pelos lados da Usina de Cillos novos bons quadros eram compostos, quando chegavam outros valores.
Em 1941, sua constituição já era diferente a partir do “Torneio Início” do Campeonato Amador. O Cillos F.C. mostrava um time-base com Cangica em sua meta, Orlando Pompermeier e João Lopes; Alberto Brigoni, Bal Crisp e Trajano Crisp; Cardoso, Batata, João Grande, Domingos de Moura e Sílvio Bento, tendo também Chiquinho de Cillo e os irmãos Roberto, Olímpio e Ferrúcio Gazeta.
Quanto a essas fases do futebol de Santa Bárbara, alguns dos nossos entrevistados chegaram a dizer que sendo os times amadores e comparando-os aos quadros profissionais que se formaram após os anos 70 por aqui, “não se tem comparação, a diferença é grande, os jogos eram muito mais emocionantes na raça, na valentia e também no aspecto técnico.
Não existiam as “retrancas” que tiram todo o brilho, a beleza do futebol”. Antigamente a preocupação maior dos treinadores e dos jogadores era a de marcar o maior número de tentos possíveis, dai a explicação para contagens dilatadas.
Ainda em 1941, nas disputas regionais entre seleções amadoras municipais, Santa Bárbara d’Oeste enfrentou Piracicaba, em eliminatórias. Este tipo de promoções era mais freqüente no passado. No primeiro jogo das seleções, realizado na “Noiva da Colina”, os piracicabanos golearam por 5×0, porém, no prélio seguinte, efetuado em Santa Bárbara, os barbarenses deram o troco, vencendo a partida por 4×2, ocasião em que o goleiro dos nossos representantes, o Virgínio Matarazzo, defendeu duas penalidades máximas.
Pela diferença de gols, foi Piracicaba quem se classificou. A Seleção Barbarense de 1941 foi defendida pelos seguintes jogadores: no gol Virgínio Matarazzo (do C.A.U.S.B.); na linha de zagueiros Lauro Bignotto (do União) e Hermour (do C.A.U.S.B.); Alberto Brigoni (do Cillos), Bepe Machado (do União) e Reinaldo Azanha (do C.A.U.S.B.); no ataque, Cardoso (do Cillos), Isidoro Brigoni (do Cillos), Chiquinho de Cillo (do Cillos), Zé Arruda (do União) e Luizinho Camargo (do C.A.U.S.B.).
FONTES: Livro “A Memória do Futebol Barbarense… Até os dias de Hoje”, de autoria de J.J. Bellani – Waldomiro Junho