Arquivo da categoria: Rio de Janeiro (antigo Estado do RJ)

Barreto Football Club / Niterói (RJ) – escudo e uniforme

O Barreto Football Club foi fundado no dia 14 de julho de 1912 por funcionários da Cia. de Phosphoros de Segurança Fiat Lux, no bairro Barreto, Niterói. Disputou em 1914 o torneio organizado pelos clubes de Niterói, e a partir de 1916 do campeonato instituído pela Liga Sportiva Fluminense, comandante do esporte no antigo Estado do Rio de Janeiro.

O clube rapidamente tornou-se um dos mais fortes da cidade. Rivalizava enormemente com o Byron Football Club, também do Barreto, no chamado “Clássico da Zona Norte”, rivalidade que talvez só fosse equiparada a entre Canto do Rio e Fluminense Atlético, o “Clássico da Zona Sul”. As partidas entre Barreto e Byron arrastavam multidões nos anos 20-30, quando a torcida de Niterói era preferencial pelos clubes locais, e um pouco dessa rivalidade foi vivida pelo craque Zizinho, revelado no Byron. Os jornais destacavam, ainda, que o Barreto possuía mais torcida do que o Byron.

O mascote do clube era o leão – aliás, o apelido do Barreto era “Leão do Norte”, e sua antiga sede, na rua General Castrioto, era ornamentada com duas estátuas de leão, logo na entrada. Suas cores eram o azul escuro e branco, e como uniforme camisas inteiramente azuis e calções brancos, embora em algumas ocasiões o clube tenha usado uniforme listrado.

O Barreto conquistou a divisão principal da Liga Sportiva Fluminense em 1921 e 1923, além dos torneios início de 1919, 1920, 1924 e 1925. Foi ainda campeão de segundos quadros em 1919 e 1920 e de terceiros quadros em 1917, 1918, 1921 e 1923. Após o deslocamento dos clubes de Niterói para uma liga municipal, venceu o torneio de segundos quadros em 1932 e 1933 – lembrando que alguns títulos nos anos 30 não estão devidamente pesquisados, talvez o clube tenha outras conquistas.

Em 1941 o clube tomou uma decisão arriscadíssima, e pouco conhecida: disputou com o Canto do Rio uma vaga no Campeonato Carioca de Profissionais. Para isso, o Barreto se endividou até a alma montando uma caríssima equipe profissional. No fim das contas o Canto do Rio foi o escolhido, e o Barreto teve que usar a sua equipe no campeonato niteroiense de amadores, onde liderou boa parte do campeonato mas refugou no final, ficando o título com o recém-criado Icaraí F.C.

Em 1942 a situação financeira do clube era insustentável, e o Barreto foi obrigado a fechar as portas, aos 30 anos de idade e deixando uma grande torcida no bairro órfã. Alguns remanescentes do Barreto fundaram o Cruzeiro Atlético Clube, usando as mesmas cores, mas esse clube, de pouco sucesso, nunca ousou reinvidicar o espólio do Leão do Norte.

E.C. Municipal de Campos: O Mercadense foi bom de bola

O Mercado Municipal de Campos foi inaugurado em fevereiro de 1880 com a presença de diversos vereadores entre outras autoridades. É um local democrático onde se discute todos os assuntos da cidade: política, religião, e como não podia deixar de ser futebol, foi nesse ambiente que surgiu o Esporte Clube Municipal.
O clube foi fundado em torno de um cepo de açougue do mercado de propriedade de Antônio Pereira, junto com Pedro Gomes Rangel, Waldemiro Pacheco e Álvaro Silva, em 3 de outubro de 1931, o nome do clube, inicialmente, seria Mercadense Futebol Clube, mas os fundadores optaram por Municipal e as suas cores são o vermelho, azul e branco.

Até o ano de 1949, só disputava campeonatos regionais e pequenos torneios, quando o presidente Rodoval Bastos Tavares conseguiu colocar o clube no disputado campeonato campista, junto com os grandes times da cidade, através do ex-jogador, jornalista e vereador Ary Bueno, que também conseguiu um terreno para a construção do estádio.
Em 1962, o Municipal enfrentou e venceu a equipe carioca do Fluminense Foot Ball Club, foi composta por: Carlinhos, Waldir e Bené; Renan, Robertinho e Mizinho, Gessy, Odair, Expedito e Sena. Também atuaram pelo Municipal com destaque, Vadinho, Gaguinho, Amaro Santos, Alcidônio, Zenilton e Chico Velocidade.
Os presidentes foram João Aguiar Branco (João Vovô), Antônio Rodrigues, Rodoval Bastos Tavares, Ilídio Rocha, Francisco Azevedo, Antoninho Manhães, Silvio Salve, Diogo Escocard, Breno Campos e Dr. Edson Coelho dos Santos (1962).
O Municipal foi vice-campeão em 1950 e em 1962. Após uma série de partidas amistosas com equipes de renome nacional, em 1966, o Municipal encerrou as suas atividades no futebol profissional e até hoje permanece no cenário esportivo amador de Campos e desenvolve projetos de integração com a comunidade, através de escolinhas.

 

Colaborou: Aristides Leo Pardo, Tide

Icaraí Futebol Clube / Niterói (RJ) – escudo e uniforme

Caros amigos,

Em primeira mão, uma “ilustração” do uniforme (com escudo) do Icaraí Futebol Clube, o “bicho-papão” niteroiense dos anos 40. Fiz a montagem no photoshop, a partir de blusas comuns…

De 1941 a 1943, o Icaraí utilizava camisa branca com o escudo bordado em linhas vermelhas, calções pretos e meias listradas vermelhas e brancas. Não sei o porquê do calção ser preto, se as cores oficiais do clube eram o vermelho e o branco… Quando enfrentava alguma equipe alva (como o Humaitá), o Icaraí utilizava camisas vermelhas, com o escudo invertido (padrão do América).

Em 1944 o clube passou a utilizar a camisa com listras largas alvirrubra. Porém, o calção continuou preto, lembrando muito o uniforme do Estudiantes.

Não sei a data exata de fundação, apenas o ano: 1940.

Em 1941 o clube estreou no campeonato niteroiense, já sendo campeão.

Em 1942 o clube disputou o campeonato fluminense (que valia pelo ano de 41), e ganhou o título de forma arrasadora. No niteroiense, foi bi-campeão.

Em 1943 o clube empatou os três jogos contra o Esperança, e foi eliminado do campeonato fluminense (de 42) por um regulamento estranho: renda. Como o clube não tinha torcida, foi eliminado. Mas, como consolação, sagrou-se tricampeão no niteroiense.

Em 1944 o clube conquistou o seu segundo título fluminense, válido por 1943. Mas no niteroiense, pela primeira vez, não ganhou.

Em 1945 o clube se retirou do campeonato de Niterói, por considerar o campeonato deficitário, e tinha planos de oficializar a sua equipe profissional e pleitear uma vaga no campeonato carioca. Porém, em 1946 o decreto do presidente Dutra fechou todos os cassinos, e o clube, ligado ao Balneário Casino Icaraí, foi desmontado.

 

Esporte Clube São João de Campos (RJ)

O Esporte Clube São João foi um clube da cidade de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense do Rio. Fundado no sábado, no dia 24 de junho de 1917, por José Norival, Cláudio de Souza e Arnaldo Pereira dos Santos, que eram funcionários da Usina São João, afastada 5 km do centro de Campos.

 A ideia de montar um time foi aceito de imediato com a o apoio da cúpula da empresa, que, inclusive, apoiaram com direito a doação do terreno, além de arcarem com as despesas para a construção do campo para o clube.

 Apesar de existir por tantos anos, somente em 1958, o ‘Vovô’, como era chamado carinhosamente, se filiou à Liga Campista de Desportos (LCD), quando passou então a disputar os campeonatos promovidos pela entidade campista.

 Por esse motivo é que o Paraíso de Tocos, que é na verdade 23 dias mais novo do que o São João, é considerado o clube de usina mais antigo de Campos, pois começou primeiro suas atividades competitivas oficiais.
Seus principais presidentes foram: Cláudio de Souza (um dos fundadores e primeiro presidente do clube), Chistóvão Lysandro e Ademar Cruz.
O São João foi campeão do campeonato de aspirantes promovido pela Liga Campista de Desportos (LCD) em 1960. O Esporte Clube São João participou das competições, mesmo sem grande destaque. No final dos anos 60, com a falência da Usina, que foi desativada… O clube acabou tendo o mesmo destino, desaparecendo sem deixar vestígios. 

Colaborou: Aristides Leo Pardo, Tide

Serrano Football Club – Petrópolis (RJ)

Serrano FC - 1915

Apesar de o Serrano Football Club atravessar uma fase ruim, no Campeonato Carioca da Terceira Divisão, o clube fundado no dia 29 de junho de 1915, tem no currículo três participações na elite do futebol do Rio (1979,1980 e 1981).

 Pelas andanças, buscando encontrar fatos interessantes, encontrei uma crônica escrita por Gabriel K. Fróes, que narra à história do nascimento do clube de maior prestígio no futebol de Petrópolis. O texto diz:

 

ESTRELA QUE BRILHA DESDE AQUELA NOITE TÃO LINDA!

 O treino estava quase no fim. A noite, em junho (1913), chega mais cedo e o lusco-fusco já começava a tomar conta da Praça Jerusalém, na Terra Santa.
O pior era que o jogo continuava empatado e ninguém arredava pé do “campo”. A vitória seria do primeiro que marcasse goal.

De repente, o center-forward pega a bola a jeito, escapa velozmente, dribla o back e, frente a frente ao keeper, cerra os olhos e – bumba! – desfecha formidável kick contra o goal.

O pobre keeper, coitado, nem viu a cor da bola. Era a vitória do team de baixo, daquele que atuava contra o goal da igreja. Hip, hip, hurrah! Gritavam, berravam os vencedores.

Tal era o entusiasmo, que ninguém reparou que a bola, depois de vazar o imaginário goal – ali só havia duas pedras a sete metros uma da outra – fora espatifar uma vidraça da igreja.

E frei Gaspar, o capelão, com cara de poucos amigos, havia aparecido à porta. Dando com ele, os players, vencedores e vencidos, fugiram em desabalada carreira.
Com a pracinha vazia, o bom franciscano olhava, desolado, a vidraça partida, a décima, talvez, substituída depois que haviam inventado, no local, o tal de futebol…
Aquele goal, positivamente, tinha acabado com o Terra Santa Football Club. Sim, porque ninguém podia admitir que frei Gaspar, depois de tanta condescendência para com o clubinho do bairro, só exigindo, em troca, que a praça não servisse de campo de Football, viesse a desculpar mais aquela traquinada.

SERRANO FOOTBALL CLUB – 1915: Alberto Boller; Antonio Gomes de Carvalho, Antonio Lopes da Motta, Alfredo dos Santos Lemos, Guilherme Frederico, José Fernandes Vieira, José Maria de Mattos, Mário Caetano de Paiva, Newton Antonio de Mello, Carlos José Gomes, Antonio Marques, José Kozlowsky, Júlio Ernesto da Silva, Raymundo Vieira e Álvaro de Abreu.
Maldito goal!

O céu estava que era só balão na noite de São Pedro de 1915. As próprias estrelas refulgiam tanto, que mais pareciam balões soprados ao vento.
O frio não era de brincadeira, mas sempre havia uma ou outra família da bucólica Terra Santa, soltando fogos e balões nos jardins e quintais de suas casas.
Mais ao longe, sim, é que deveria ser grande a animação. Lá para os lados das ruas Montecaseros, 13 de Maio e 7 de Abril, onde espoucavam bombas e os foguetes sem cessar.

Os balões – coisa curiosa – soltos onde quer que fossem, teimavam em vir pairar sobre a Terra Santa. E como estava bonito o céu assim pintado de balõesinhos!
Alheios a tudo, achavam-se à porta do botequim do Melatti, à Rua Visconde de Itaboraí, alguns rapazolas. Algo os preocupava, porque permaneciam quietos, sem as brincadeiras habituais. Era a turma do Terra Santa Football Club – três ou quatro gatos pingados – que combinara uma reunião na rua Luiza para decidir o destino do clube. Sem campo e agora, com o estrilo de frei Gaspar, também sem sede, não era possível continuar.

O Estádio Atílio Maroti, definitivo em 1946, no Quarteirão

Às oito horas da noite, como não houvesse aparecido mais ninguém, o pessoal, mais com ar de enterro do que de outra coisa, subiu a ladeira, entrou na Rua Eliza e chegou à Rua Luiza. O local da reunião era um tosco barracão cedido, por favor.

Coisa estranha para os que lá chegavam: algumas pessoas já se encontravam lá, umas da Terra Santa, outras não. Eram, ao todo, quinze os presentes.
Aberta a sessão, delicioso sonho tomou conta da assembleia: a fundação de um clube que reunisse os moradores do bairro, que tivesse campo de esporte e sede-social; e que possuísse um team capaz de enfrentar o Internacional, o São Sebastião e até o Sport Petrópolis.

– Pois que se funde esse clube! disse, despertando do sonho, o Guilherme Frederico Kozlowski. O nome? SERRANO Football Club, em homenagem às serras altaneiras em que vivemos. As cores? o azul do céu e o branco das nuvens.
E o sonho logo tornar-se-ia realidade. Foi fundado o SERRANO Football Club, substituindo o Terra Santa Football Club. Agora, já ao ar livre, todos olhavam embevecidos o lindo céu da Terra Santa, mais do que nunca, pontilhado de balõesinhos.
E de estrelas também, entre as quais, naquele justo momento, começara a brilhar intensamente mais uma: a do SERRANO Football Club!

Escudo atual

 Fotos: Site do Serrano FC