Arquivo da categoria: São Paulo

Amistoso Internacional de 1966: Palmeiras derrotou a Seleção da União Soviética

Após estrear em solo brasileiro, com derrota para o Corinthians (3 a 1), a Seleção da União Soviética se preparava para enfrentar a Sociedade Esportiva Palmeiras, no sábado, às 21h15min., do dia 29 de janeiro de 1966, no Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo/SP.

Apesar da melhora da compilação intestinal de Ivanov, o treinador Nikolay Morozov optou em poupá-lo. Já o ponta-direita Metrevelli começaria o jogo como titular.

Na antevéspera da partida, os soviéticos almoçaram às 9 horas, depois visitaram a sede do Clube Atlético Paulistano, percorrendo depois, os pontos pitorescos da cidade de São Paulo/SP, só retornando às 20 horas para jantar. Na véspera, no período da manhã, o treinador Morozov realizou um treino com bola depois um treino tático, fazendo os últimos ajustes para o jogo diante do Palmeiras.

Preços dos Ingressos

GeralCr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros)
ArquibancadaCr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros)
Cadeira NumeradaCr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros)
Os sócios do PalmeirasCr$ 1.000,00 (um mil cruzeiros)

Transmissão

À esquerda o capitão soviético, Voronin, troca a flâmula com o capitão palmeirense, Djalma Santos. Ao centro, o árbitro Ethel Rodrigues, da Federação Paulista de Futebol.

A Rádio Continental transmitiu o jogo, tendo Clóvis Filho na narração e Carlos Marcondes nos comentários.

EM PÉ (esquerda para a direita): Djalma Santos, Valdir de Morais, MInuca, Djalma Dias, Zequinha e Ferrari;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Gallardo, Ademir Pantera, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo.

Palmeiras bateu a URSS

Outra sensacional vitória obtida pelo futebol brasileiro sobre a União Soviética, na noite de sábado (29/01/1966), quando o Palmeiras derrotou a URSS pelo placar de 3 a 1, a mesma contagem que o Corinthians havia estabelecido.

Depois de um primeiro tempo sem gols, o quadro paulista abriu a contagem aos 3 minutos, Dudu chutou da intermediaria, e Lev Yashin fez golpe de vista e acabou indo buscar no fundo das redes.    

Os soviéticos empataram quatro minutos depois, quando o ponta-esquerda Meskhi driblou seguidamente Luís Carlos (substituiu Djalma Santos aos 35 minutos do 1º tempo) e Djalma Dias e tocou na saída de Valdir para deixar tudo igual.

EM PÉ (esquerda para a direita): Djalma Santos, Valdir de Moraes, Procópio, Djalma Dias, Dudu e Ferrari;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Dario, Ademar Pantera, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo.

O domínio e a maior capacidade técnica do Palmeiras, no entanto, voltaram a se manifestar aos 24 minutos, Rinaldo cobrou falta e soltou uma bomba. O goleiro Yashin rebateu a bola, e Ademar Pantera, demonstrando oportunismo, marcou o gol, recolocando o Palmeiras na frente do placar.  

Aos 28 minutos, Jairzinho driblou vários adversários e, na pequena área, foi derrubado por Danilov! Pênalti, que Rinaldo converteu, sem chances para Yashin, dando números finais a peleja.

S.E. Palmeiras (SP)           3          X         1          URSS

LOCALEstádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o ‘Pacaembu’, em São Paulo/SP
CARÁTERAmistoso Internacional
DATASábado, do dia 29 de Janeiro de 1966
HORÁRIO21 horas e 15 minutos (de Brasília)
RENDACr$ 29.873.000,00 (vinte e nove milhões, oitocentos e setenta e três mil cruzeiros)
PÚBLICO17.998 pagantes
ÁRBITROEthel Rodrigues (FPF) fraca atuação
AUXILIARESGerminal Alba (FPF) e Wilson A. Medeiros (FPF)
PALMEIRASValdir de Morais; Djalma Santos (Luís Carlos), Djalma Dias, Procópio e Ferrari; Dudu e Zequinha (Suingue); Jairzinho, Servílio e Dario (Ademar Pantera). Técnico: Mario Travaglini
URSSLev Yashin; Ponomarionov, Shesterniev, Afonin e Danilov; Melafeev e Khusainov; Metrevelli, Kopaiev (Chislenko), Banichveski e Meskhi. Técnico: Nikolay Morozov 
GOLSDudu aos 3 minutos (Palmeiras); Meskhi aos 7 minutos (URSS); Ademar Pantera aos 24 minutos (Palmeiras); Rinaldo aos 28 minutos (Palmeiras), no 2º Tempo.

FOTOS: Jornal dos Sports (RJ) – Revista Cruzeiro – Acervo ‘Eu Amo o Palmeiras’  

FONTES: Jornal dos Sports (RJ) – Tribuna de Imprensa (RJ)

Amistoso Internacional de 1966: S.C. Corinthians (SP) venceu a Seleção da União Soviética

Na quarta-feira, às 10 horas e 20 minutos, do dia 19 de janeiro de 1966, num avião da Swissair Voo 200 (transitando por Gênova/ITA), a delegação da URSS desembarcou, no Aeroporto de Congonhas, na cidade de São Paulo/SP. Ali, os soviéticos seguiram direto para o Morumbi, onde ficaram hospedados.

Vestindo roupas pesadas, rapidamente sentiram o verão brasileiro, com os termômetros marcando 35º graus. Cinco jogadores ficaram em Moscou, mas se incorporaram ao grupo no dia 26 de janeiro: Biba, Szabor, Kanielniski, Serebrianikov e Borivin. A delegação da URSS veio com os seguintes integrantes:

Chefe da delegação – Nikolai Riasshenstev (Presidente da Federação Soviética de Futebol);

Supervisor – Zolotov Sigal;

Técnico – Nicolai Petrovich Morozov;

Massagista – Morozov;

Delegado – Niskij (diretor);

Atletas (18) – Lev Yashin; Banishevski; Shuminskij; Kavazashvili; Afonin; Ponomariov; Guetmanov; Danilov; Valery Voronin; Metrevelli; Schesterniov; Hurtslava Usatorre; Kopaiev; Chilenko; Ivanov; Melofieev; Meskhi e Husainov.

EM PÉ (esquerda para a direita): Jair Marinho, Luizinho, Marcial, Ditão, Galhardo e Maciel;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Bataglia, Rivellino, Ney, Tales e Gilson Porto.

Mané Garrincha fez o 1º treino no Timão

Após empatar com o Londrina em 2 a 2, no sábado, do dia 22 de janeiro de 1966, no estádio Vitorino Gonçalves Dias, em Londrina/PR, o Sport Club Corinthians Paulista voltou para a capital paulista com uma cota livre de Cr$ 10 milhões de cruzeiros.

Na segunda-feira, às 14 horas, do dia 24 de janeiro de 1966, os jogadores se reapresentaram no Parque São Jorge,  visando o jogo diante da Seleção da União Soviética.

No treino, o técnico Osvaldo Brandão optou em sacar o atacante Flávio, que não estava em boa forma física, para a entrada de Ney. E, Mané Garrincha realizou o seu primeiro treino no Corinthians, levando cerca de 2 mil torcedores que acompanharam o treino para ver o Mané, que fora de forma, precisou de algumas semanas para ficar em condições de jogo.

Calor e comida brasileira: a preocupação dos soviéticos

O treinador Nicolai Morozov demonstrou preocupação com o forte calor, que oscilava entre 35 a 37 graus, e com o tempero da comida brasileira. Na véspera do jogo, os atletas Guetmanov e Ivanov acordaram indispostos devido ao forte calor que dificultou a noite de sono.

Por volta das 9h30min., os atletas foram tomar café da manhã, com mesa farta: ovos quentes, frango frito, purê de batatas, pão com manteiga, chá e limão. Às 14 horas, voltaram a se alimentar com sardinhas, pepino, sopa de massa, carne assada, uva e abacaxi, completando com água mineral.

À tarde alguns jogadores ficaram jogando xadrez, enquanto Yashin, Metrevelli e Afonin, ligaram a vitrola e ficaram ouvindo música, com gravações da Bossa-nova brasileira.

Às 18 horas, os jogadores jantaram, com um cardápio variado e farto, com iogurte (que eles apreciaram muito), strogonoff com fritas, água mineral e frutas diversas. Às 20 horas, foi servido um lanche com pão e manteiga, queijo e frutas.  

Preços dos Ingressos

GeralCr$ 1.000,00 (mil cruzeiros)
Cadeiras cativasCr$ 1.000,00 (mil cruzeiros)
ArquibancadaCr$ 2.000,00 (dois mil cruzeiros)
Cadeira NumeradaCr$ 5.000,00 (cinco mil cruzeiros)

Timão se impõe e bate a União Soviética

Na tarde da terça-feira, às 16 horas, do dia 25 de janeiro de 1966, o Corinthians venceu a Seleção da União Soviética pelo placar de 3 a 1, no Estádio do Morumbi, pelo Torneio João Havelange.

O Timão partiu pra cima dos soviéticos, impondo um ritmo forte de jogo. E logo aos seis minutos, abriu o placar. Rivellino recebeu na intermediaria, ultrapassou a linha divisória e fez um longo lançamento para Tales. O ponta-de-lança venceu Shesterniev na corrida, e na saída do goleiro Kavazashivilli, tocou no canto, colocando o Corinthians em vantagem.

A equipe paulista foi melhor e foi para o intervalo de baixo de chuva, tendo criado algumas chances de gols, enquanto os soviéticos pouco ameaçaram a meta do arqueiro Heitor.

No segundo tempo, apesar da URSS ter voltado melhor, o Corinthians seguiu criando chances. Com a entrada de Flávio no lugar de Ney, o time melhorou e ampliou o placar aos 20 minutos.

Flávio foi lançado em profundidade, ganhou na corrida de Shesterniev e Afonin, e, na pequena área, sofreu duplo pênalti de Kavazashivilli e Danilov. Dino Sani cobrou firme, no canto esquerdo do goleiro, e a bola foi morrer no fundo das redes.      

A partir daí, o Timão passou a cadenciar o jogo. Mesmo assim, chegou ao terceiro gol. Aos 40 minutos, Édson Cegonha dominou a bola pela esquerda, e fez um longo lançamento para Rivellino, que entrava pela esquerda, nas costas da defesa russa, e na saída de Kavazashivilli, soltou a bomba, para estufar as redes soviética.

Dois minutos depois, numa jogada sem maiores pretensões, a URSS marcou o seu gol de honra. Metrevelli, da lateral, centrou na área. Voronin se atirou na bola, testando firme, vencendo o arqueiro Heitor.

Fim de jogo, e vitória do Corinthians. Já a URSS, apesar da derrota, o selecionado recebeu, pela partida, a cota livre de impostos, no valor de 12 mil dólares.

S.C. Corinthians (SP)       3          X         1          URSS

LOCALEstádio Cícero Pompeu de Toledo, o ‘Morumbi’, em São Paulo/SP
CARÁTERAmistoso Internacional
DATATerça-feira, do dia 25 de Janeiro de 1966
HORÁRIO16 horas (de Brasília)
RENDACr$ 41.946.000,00 (quarenta e um milhões, novecentos e quarenta e seis mil cruzeiros)
PÚBLICO18.548 pagantes
ÁRBITROÓlten Aires de Abreu (FPF)
CARTÃO VERMELHO Nenhum
CORINTHIANSHeitor; Jair Marinho, Galhardo, Clóvis e Édson Cegonha; Dino Sani e Rivellino; Bataglia (Geraldo José), Ney (Flávio), Tales e Gilson Porto. Técnico: Oswaldo Brandão
URSSKavazashivilli; Ponomarionov, Shesterniev, Afonin e Danilov; Voronin e Jusainov; Chislenko, Kopaiev (Metrevelli), Melafeev (Banichveski) e Meskhi. Técnico: Nikolay Morozov 
GOLSTales aos 6 minutos (Corinthians), no 1º Tempo. Dino Sani aos 20 minutos (Corinthians); Rivellino aos 40 minutos (Corinthians); Voronin aos 42 minutos (URSS), no 2º Tempo.

FOTOS: Jornal dos Sports (RJ)

FONTES: Diário da Tarde (PR) – Jornal dos Sports (RJ)

Escudo Raro de 1924: Associação Atlética Internacional – Limeira (SP)

A Associação Atlética Internacional (Inter de Limeira) é uma agremiação do município de Limeira (população de 310.783 habitantes, segundo o censo do IBGE/2021), que fica a 143 km da capital do estado de São Paulo. A sua Sede e o Estádio Major José Levy Sobrinho (Capacidade: 18 mil pessoas) estão localizados na Rua Dr. Belmiro Fanelli, nº 270, no bairro Jardim Canaã, em Limeira.   

A história se desenrola em 1912! Os times da cidade eram Almofadinhas e o Barroquinha. O era considerado de elite e treinava, assim como jogava, em um campo de terra nas proximidades do Asilo de Mendicidade. Já a outra equipe, era da “massa popular”, do “povão” e tinha um campo de terra em que ficava localizado nos altos da antiga Rua do Comércio, hoje, é a rua Dr. Trajano.

O nome “Barroquinha” era porque havia uma barroca ao lado do campo. Pois é, “Barroquinha” é o que originou a Associação Atlética Internacional de Limeira Foi Fundado no domingo, do dia 05 de Outubro de 1913. Por ocasião de vários imigrantes radicados na cidade, na época, como japoneses, italianos, alemães, portugueses, entre outros, o nome Internacional foi mais do que justo em homenagear todas as “etnias”.

A 1ª Diretoria foi composta pelos seus membros:

Presidente – José Alves Penteado;

Vice-presidente – Fausto Esteves dos Santos;

Secretário –  Ajax Garroux;

Captain – Antônio Esteves dos Santos Junior (Tonico Esteves);

Fiscal de campo – João Busch.

A 1ª reunião, realizada no “Theatro da Paz”, determinou várias regras desportivas assim como os deveres dos associados. Uma delas, por exemplo, quem quisesse atuar pelo time tinha que ser sócio e, junto com os associados, pagar uma mensalidade de 1$000 (mil réis).

Já na parte de futebol, o “captain” da equipe era para manter a disciplina assim como manter a ordem de todos, que, aliás, deveriam estar uniformizados com um calção branco de faixa preta, camisa listrada com as cores preta e branca, além de usar meias pretas com duas listras brancas e obrigatoriamente compridas.

A 1ª partida foi no domingo, do dia 12 de outubro de 1913, contra o Sport Clube Carioba, na Vila Americana, na cidade de Americana.

O primeiro grande passo estrutural foi em 1921, quando a família Levy comprou o terreno declinado, do qual a Internacional jogava no campo de terra desse terreno e, realizou terraplenagem, além de deixar o campo pronto para estar em condições de ser um gramado, receber vestiários, arquibancadas e outras estruturas.

Na foto acima, referente ao jogo entre a Inter de Limeira e S. C. Internacional, que terminou empatado em 2 a 2.

Clube alcançou uma incrível invencibilidade de 212 jogos

Nesse campo (a Vila Levy) aconteceu duas partidas inesquecíveis para a glória da Internacional de Limeira como o de invencibilidade por 212 partidas, das quais, em uma partida contra o Palestra, da Capital, no dia 15 de dezembro de 1924, a mídia paulistana noticiou com grande destaque a difícil derrota da Internacional e ostentou-a até hoje o “status” de Leão da Paulista.

O esquadrão limeirense jogou com: Quinze, Lau e Fenga; Ceará, Zequinha e Munhóz; Campineiro, Pollastri, Pacheco, Augusto Américo e José Petrelli. Contudo, em 1926, a melhor equipe da temporada e vitoriosa excursão pela Europa, o Paulistano, com o considerado melhor jogador do mundo da época, a estrela Friedenreich, veio para Limeira, no dia 26 de setembro e perdeu por 2 a 1 para a Internacional.

Inter de Limeira estreou na esfera profissional em 1948

Na 1ª participação da Inter de Limeira em campeonatos oficiais organizados pela Federação Paulista de Futebol, a equipe foi vice-campeã, em 1948. Em 1961 conquistou o título da Série Algodeira, ao vencer a Internacional de Bebedouro por 5 a 0.

Em 1966, conquistou o título do Campeonato Paulista da 2ª Divisão de Profissionais, o que garantiu o acesso à Primeira Divisão. Entretanto, sem ter um estádio com os requisitos mínimos para receber as partidas, a equipe pediu licença à FPF para poder construir um estádio próprio.

Depois deste período, o time de Limeira passou por uma reformulação e reestruturação e voltou ao profissionalismo em 1974. A equipe recebeu o aval da FPF para disputar seus jogos em Araras, cidade vizinha, e a primeira partida foi em 1975, contra o Piracicabana, pela Série B do Campeonato Paulista da Primeira Divisão.

Em 1978, o clube conquistou o título do Campeonato Paulista da 2ª Divisão e obteve o direito de participar da Divisão Especial (principal) de 1979. Logo na estreia, em 1979, a Internacional obteve o 9º lugar na classificação final da competição, o que deu direito à equipe de participar do Campeonato Brasileiro. No torneio nacional, o “Leão” chegou às quartas-de-final, quando foi eliminado pelo Internacional (RS), de Paulo Roberto Falcão.

Década de 80: Anos Dourados

A partir de 1980, foi a mais gloriosa da história da Internacional. Logo no início, chegou ao quadrangular final do Paulistão e conquistou o 4º lugar, sendo desclassificada pelo São Paulo.

Com a posição, conseguiu o direito de disputar a Taça de Ouro daquele ano e chegou até as quartas-de-final, perdendo para mais um time gaúcho, desta vez, o Grêmio (RS).

No ano seguinte, disputou pela terceira vez seguida o Campeonato Paulista e, na primeira fase, chegou à segunda colocação final. Entretanto, no octogonal não conseguiu o mesmo desempenho. No segundo turno teve uma performance ainda pior e acabou em 6º lugar. Mesmo assim, teve o direito de disputar a Taça de Ouro de 1982, competição em que não passou da primeira fase.

Campeão Paulista de 1986

Em 1985, apesar do nono lugar no Campeonato Paulista, o elenco foi mantido para o ano seguinte. Enfim, em 1986, a equipe conseguiu seu maior triunfo no futebol profissional: sagrou-se campeã paulista ao vencer o Palmeiras na final. Além disso, o artilheiro do campeonato também foi do time de Limeira, o centroavante Kita, com 24 gols. A equipe ainda conquistou a Taça dos Invictos por ficar 17 partidas sem perder.

Em 1988, o time deu continuidade às suas conquistas e foi Campeão Brasileiro da Série Amarela, além de chegar na 5ª posição do Campeonato Paulista.

Em 1989, porém, acabou rebaixada nas competições estadual e nacional, mas conseguiu, em 1991, voltar à elite do futebol paulista. No ano seguinte foi novamente rebaixada. O time ficou até 1996 buscando novamente o acesso, quando venceu a Portuguesa Santista por 4 a 0 e voltou à Divisão Principal sob o comando de Pepe.

De 1996 até 2002, o time de Limeira permaneceu realizando campanhas sem ser ameaçada pelo descenso, mas em 2003 caiu para a atual Série A2 do Campeonato Paulista. Depois de cinco anos, em 2008, o clube foi rebaixado para a Série A3 e, em 2009, caiu para a Segunda Divisão do Campeonato Paulista, onde não ficou por muito tempo, já que na temporada seguinte conseguiu retornar à Série A3.

A equipe permaneceu no terceiro escalão até o ano de 2017, quando uma bela campanha rendeu o vice-campeonato e o acesso para a Série A2. No mesmo ano, a Inter de Limeira foi vice-campeã da Copa Paulista, conseguindo uma vaga na Copa do Brasil.

Na segunda competição mais importante do país, a Inter estreou eliminando o Rio Branco (AC), mas na sequência caiu diante da Ponte Preta de Campinas (SP).

Em 2018, no Paulista da Série A2, o clube não conseguiu a classificação para as fases eliminatórias, encerrando o torneio na 11ª colocação. Em 2019, a Inter de Limeira teve uma campanha razoável na Série A2, terminando a primeira fase na sétima colocação.

Posteriormente, eliminou Portuguesa Santista e XV de Piracicaba e acabou sendo superada na final pelo Santo André. Apesar do revés, conquistou o acesso para a elite estadual após 14 anos em divisões inferiores.

Para edição de 2020 da Série A1, contratou Elano como novo técnico. Com objetivo de permanecer na divisão, a equipe fez uma campanha razoável e ainda chegou na última rodada com chances de classificação para as quartas-de-final.

No entanto, conseguiu somente a vaga para o Troféu do Interior, um torneio de caráter simbólico realizado em paralelo ao estadual.

Nas quartas-de-final, eliminou a Ferroviária, mas na fase seguinte foi superada pelo Guarani. Inicialmente, a campanha no estadual não foi suficiente para levar a equipe à Série D do Campeonato Brasileiro.

No entanto, com o acesso do Grêmio Novorizontino à Série C, a vaga foi repassada, o que resultou no retorno do Inter de Limeira a uma divisão nacional depois de 18 anos.

Nesta, terminou a fase de grupos na quinta posição, empatada em número de pontos com o Bangu, último integrante do grupo de classificados para a próxima, sendo eliminada nos critérios de fase de desempate.

Colaborou: Moisés H.G. Cunha

FOTO: Revista O Malho (29/11/1924)

FONTES: site do clube – Wikpédia – Federação Paulista de Futebol (FPF)

Esporte Clube 1º de Maio, da Vila Madalena – São Paulo (SP): Fundado em 1924

O Esporte Clube 1º de Maio, da Vila Madalena foi uma agremiação da cidade de São Paulo (SP). Fundado em 1924, com o nome de Esporte Clube União Operária, o 1º time da região (porém, não há concordância a este respeito, pois a 1ª ata de reunião data de 1933) e seus fundadores escolheram como cores da camisa, as da bandeira paulista e nota-se a proximidade da revolução de 1932, e nesta 1ª ata foram escolhidas as cores.

A sua Sede social alugada ficava na Rua Mourato Coelho, nº 91 – Vila Madalena, no distrito de Pinheiros, na região oeste de São Paulo (SP). Era hábito dos clubes oferecer bailes aos sócios, um dos principais usos que faziam da sede, na década de 60, o 1º de Maio não contava mais com este luxo.

A Praça de Esportes, cedido pelo então I.A.P.C., estava situado na Rua Mourato Coelho, s/n – Vila Madalena, no distrito de Pinheiros, na região oeste de São Paulo (SP).

Time posado dos anos 50

Os jogadores se reuniam nos bares, até que em 1964 recebeu a 1ª comunicação do I.A.P.C. para desocupar o campo, deste ano em diante, lutam

Judicialmente para mantê-lo, perdendo-o definitivamente no ano de 1970, são, portanto, mais de 40 anos de luta, mais de 30, dos quais ocupando este campo, no qual construíram cercas, traves e vestiários.

Com base em jornais da época podemos afirmar que a luta do 1º de Maio (juntamente com o Leão do Morro F.C. e 7 de Setembro F.C. que tinham campo no mesmo local) mobiliza e empolga a população do bairro, que passa a reivindicar uma praça de esportes e interesses do time, contudo os resultados foram nulos.

1º de Maio: Xororo, Careca, Fran, Agachados, Carlinhos,

Outro dado interessante a respeito desse time e comum a alguns festivais de várzea é que os cartazes em que se anuncia o festival e os jogos, assim como alguns prêmios são financiados por estabelecimentos comerciais do bairro, evidenciando-se tratar-se de boa forma de divulgação.

O quadro de veteranos do 1º de Maio é formado em 1966 por ex-jogadores do time, os velhinhos trazem novo ânimo á várzea pinheirense fazendo uma série de 68 partidas invictas, empolgando de tal forma a torcida que em 1968 uma verdadeira torcida organizada acompanha o time até Londrina no Paraná.

Equipe posada da década de 60

Em 1968, o jornal do Bairro registra para o 1º de Maio com 80 sócios e 28 Jogadores, conta-nos um de seus jogadores, os orgulhos do clube: Machado jogador do Fluminense e da seleção brasileira, Brandão do Corinthians e Waldemar Carabina, do Palmeiras, vice-campeão da liga Pinheirense de futebol várias vezes, assim como vice e campeão da Federação Paulista, e alguns menus famosos:

Jume, Belo, Didi, Fran, Careca, Romeu, Xororó, João, Esquerdinha, Chacrinha, Carlinhos, Didi, etc. e não esquecer do técnico e diretor Metralha, ganhamos mais de 300 taças e medalhas, como organizávamos muitos torneios (tradicionalmente no dia 1º de Maio de cada ano) e nem sempre tínhamos grana para comprar taças, guardamos perto de 40.

Tudo isso faz do Esporte Clube 1º de Maio uma agremiação importante na região e no bairro como que um símbolo de luta, papel este que adquire por ocasião da resistência ao desalojamento promovido pelo INPS, pela história do 1º de Maio percebe-se que a perda do campo provoca sua extinção.

Para os clubes existentes na Vila Madalena e Pinheiros, a venda dos campos de futebol da região que eram alugados ao INPS, um deles se transforma em um conjunto residencial Natingui do BNH, no outro a construção do Shopping Center Eldorado.

Colaborou: Samuel Polonio

FONTES E FOTOS: Caracterização geral  do futebol de  várzea como atividade popular de “Lazer”, de Betty Schifnagel – “Vila Madalena e suas figuras Notáveis”, de Antonio Ivo Pezzotti

Esporte Clube Tião Maia – Araçatuba (SP): Disputou o Estadual Paulista da 2ª Divisão, em 1972

Por: Sérgio Mello

Uniformes utilizados em 1972

O Esporte Clube Tião Maia foi uma agremiação da cidade de Araçatuba (SP). A história deste clube surgiu na quinta-feira, do dia 09 de Abril de 1959, quando foi fundado pelos funcionários do Frigorífico Tião Maia, com o intuito de oferecer entretenimento e lazer.

Nesse meio tempo, em 1968 era fundado o Araçatuba Futebol Clube, que disputou apenas três Campeonatos da Segunda Divisão de profissionais: em 1969, 1970 e 1971.

Com isso, o empresário Sebastião Ferreira Maia, dono do Frigorífico Tião Maia, aproveitando a sua influência conseguiu substituir a equipe extinta pelo Esporte Clube Tião Maia, que disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão de 1972.

Acervo de Elton Da Costa Pinto

A competição contou com a participação de 20 clubes, distribuídos em quatro grupos de cinco equipes. O time de Araçatuba ficou na Série A/ Arthur Friedenreich, juntamente com:

Garça Futebol Clube;

Corinthians de Presidente Prudente;

Clube Atlético Linense;

Andradina Futebol Clube.  

O Esporte Clube Tião Maia, terminou na 3ª colocação. Como apenas os dois primeiros avançavam para a próxima fase, o time acabou eliminado. Abaixo a classificação da chave.

CLUBESPGJVEDGPGCSG
Garça FC1185121266
Corinthians-PP11843120614
EC Tião Maia98413871
CA Linense9833212111
Andradina FC08008426-22

Quem foi Sebastião Ferreira Maia?

O Sr. Sebastião Ferreira Maia se notabilizou por exposição recorrente na mídia ao lado de personalidades públicas, entre elas o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e por não se policiar em entrevistas a jornalistas acabou criando inimigos.

Acabou acusado de abuso de preços na época de desabastecimento de carne, tomando a decisão radical de fechar o clube, vendeu todos os seus bens e depois se mudou para a Austrália.

Na terra do canguru, arrendou imensas propriedades para a criação extensiva de gado. Desenvolveu uma pecuária de corte naquele país, onde novamente prosperou e foi dono de milhares de cabeças de gado e de grandes fazendas que somavam cerca de 1 milhão de hectares. Chegou a ter mais de 170 mil cabeças de gado em suas fazendas australianas, se tornando o maior criador de gado da Austrália.

Acervo de Celso Corrêa

Voltando ao Esporte Clube Tião Maia, Aymoré Chiquito Ortega contou que com a extinção da equipe tomou a decisão de fundar  a AEA (Associação Esportiva Araçatuba):  

Fomos informados que o Esporte Clube Tião Maia iria ser extinto, uma vez que o dono iria se mudar para o exterior. Então me transferiu o passe dos jogadores e alguns materiais esportivos. A partir daí montei o time da AEA”, revelou Aymoré Chiquito Ortega.

FOTOS: Acervos de Elton Da Costa Pinto e Celso Corrêa

FONTES: Wikipédia – Folha da Região de Araçatuba – Jornal Cidade de Santos (SP)

União Atlética Ferroviária Candidomotense – Cândido Mota (SP): disputou o Paulista da 4ª Divisão em 1964 e 1965

A União Atlética Ferroviária Candidomotense (UAFC) foi uma agremiação do município de Candido Mota (população de 31.410 habitantes, segundo a estimativa do IGBE/2021), que fica a 428 km da capital do estado de São Paulo.

O “Canarinho” ou “Ferrinha” foi Fundado na terça-feira, do dia 15 de Novembro de 1949, por funcionários da extinta Estrada de Ferro Sorocabana. A UAFC mandava o seus jogos no Estádio Municipal Benedito Pires, com Capacidade para 3 mil pessoas, em Cândido Mota.

A 1ª competição relevante que se tem notícia, foi o Campeonato Paulista do Interior, no Setor 16, em 1950. Na década seguinte, o União Atlética Ferroviária Candidomotense disputou o Campeonato Paulista de Profissionais da 4ª Divisão, em 1964 e 1965.

Nessas duas edições, a “Ferrinha” foi enfrentou o seu grande rival da cidade: o CAC (Clube Atlético Candidomotense). Esses jogos atraíram o interesse dos moradores que lotavam as dependências do estádio para assistir as pelejas.

EM PÉ (esquerda para a direita): Gilbertinho (goleiro titular), Marcos (quarto zagueiro), Bechelli (médio volante), Ticonha (centroavante), Zola (lateral-direito), Ageu Valverde (zagueiro central), Salin (Goleiro reserva) e Deolindo Gossi (dirigente);
AGACHADOS (esquerda para a direita): Treinador (não identificado), Carlinhos Vaghetti (ponta direita), Serginho (lateral-esquerdo), Valdir Chizolini (meia direita), Carlinhos (meia esquerda), Nano (ponta direita) e Godofredo Silva (Presidente).

Entretanto, se o público tinha o interesse, o mesmo não pode ser dito aos dirigentes, que desistiram do profissionalismo. Tempos depois, a “Ferrinha” acabou desaparecendo para tristeza dos cândido-motenses.

distintivo dos anos 50

Uma curiosidade sobre essa agremiação está nas cores. No Paulista do Interior de 1950, o escudo circular conhecido era vermelho e branco. A novidade está no final da década de 50 e início de 60, quando UAFC utilizava um escudo inspirado na Seleção Brasileira e as cores também: verde, amarelo, azul e branco.

Foto dos anos 50

Colaborou: Wanderson Pereira

FOTOS: Acervos de José Roberto Ribeiro, Romildo Pereira de Carvalho e Douglas Nascimento

FONTES: Wikipédia – Correio Paulistano (SP)

Foto rara de 1949: São Paulo F.C., o “Rolo Compressor”

Estádio do Pacaembu, em 1949
EM PÉ (esquerda para a direita): Rui, Savério, Mauro, Mário, Bauer e Noronha.
AGACHADOS (esquerda para a direita): Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva, Remo e Teixeirinha.

O Rolo Compressor e o Rei da Década de 40

Nos primeiros anos de existência do Pacaembu, o São Paulo reinou com um futebol avassalador

Por A Gazeta Esportiva – O Tricolor, no Pacaembu, foi o rei da década de 40

Os fatos demonstram que a torcida são-paulina, nos anos 40, frequentava o Pacaembu para ver o Tricolor não se perguntando se o time conseguiria a vitória, mas sim de quanto venceria, ou, indo além, apostando qual seria o placar da goleada. Esse período ficou conhecido como a “Era do Rolo Compressor”, quando o clube que conquistou cinco títulos estaduais (a competição mais importante do período) em sete anos: 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949: o Rei da Década!

Como diz o ditado, depois de aberta a porteira, onde passa um boi, passa uma boiada. Com o título de 1943 e a moeda que caiu de pé, iniciou-se o reinado do São Paulo no Estado naquela década. Não fosse pelo ano perdido de 1947, seriam seis títulos e um penta consecutivo. O esquadrão comandado por Leônidas era praticamente insuperável. Mas a história do termo “rolo compressor”, contudo, nasceu antes mesmo da chegada do Diamante Negro ao Tricolor.

A ORIGEM

Muitos pesquisadores defendem que o primeiro time apelidado como rolo compressor no Brasil foi o Internacional, no início dos anos 40. O time porto-alegrense chegou a ser hexacampeão local naquele período. Porém, a alcunha era aplicada aos são-paulinos já alguns anos antes da primeira conquista colorada daquela fase, em 1940.

É o que se vê na revista Arakan: Órgão do Grêmio Sampaulino, de setembro de 1940 (antes mesmo de finalizado o gauchão vencido pelo Internacional – encerrado em novembro), onde o próprio Vicente Feola relata como o time por ele comandado, que pouco antes havia incorporado o Clube Atlético Estudantes Paulista, arrancou para o topo do Campeonato Paulista de 1938, aplicou a maior goleada até hoje já executada sobre o Palestra/Palmeiras e que somente não se sagrou campeão pelo desvio de conduta da arbitragem na partida decisiva do certame, contra o Corinthians, na qual se validou um gol de mão cometido pelo rival.

Ou seja, de toda maneira, o São Paulo era conhecido como “Rolo Compressor” desde 1938/1939 (o campeonato daquela temporada acabou no ano seguinte). Com a volta dos títulos e, principalmente, dos placares dilatados à favor do Tricolor, o apelido Rolo Compressor ganhou peso (e concorrência de outras equipes no uso da nomenclatura) nos anos seguintes.

A MAIOR GOLEADA DO PACAEMBU

Nos dez primeiros anos do Tricolor no Estádio Municipal foram, nada menos, que 172 vitórias e 64 goleadas aplicadas nos adversários (em um universo de 281 partidas – 61% de jogos ganhos e praticamente uma goleada a cada cinco jogos, ou ainda: mais de um terço das vitórias foram com resultados expressivos)

Dentre as mais famosas goleadas, um estrondoso 9 a 1 em cima do Santos, em 1944, a maior goleada do clássico até hoje. Curiosamente, na preliminar daquele jogo, os aspirantes massacraram o time da Vila por espantosos 14 a 0. 23 gols tricolores em um só dia! Algo não muito diferente aconteceu no ano seguinte, mais exatamente no dia 8 de julho de 1945, pelo Paulistão: Outra vitória marcante, mas agora por 12 a 1 no Jabaquara!

O São Paulo, que naquela altura já liderava a competição da qual viria a sagrar-se campeão, não tomou conhecimento do adversário e poderia ainda ter terminado o jogo com contagem mais elevada no placar. O destaque ficou para o capitão Leônidas, que marcou quatro belos gols, inclusive um de “letra” e relembrou as memoráveis atuações do centroavante pela seleção brasileira.

O jogo foi o famoso “vira seis, acaba doze”, pois ao fim da primeira etapa o São Paulo já goleava por meia dúzia a zero. Os gols foram anotados por Remo, aos 17, Leônidas, aos 18, Leônidas, aos 31, Teixeirinha, aos 38, Remo, aos 39 e Leônidas, aos 42 minutos do primeiro tempo, seguindo por Barrios, aos 8, Leônidas, de calcanhar, aos 11, Teixeirinha, aos 15, Remo, aos 17, Teixeirinha, aos 40 minutos e por fim (aleluia), já perto do final do segundo tempo, Remo marcou o 12º tento do Tricolor (o Jabaquara marcou o tal gol de honra, de pênalti, quando o placar já se encontrava em 10 a 0).

Foi a maior goleada da história do Tricolor após a reorganização do clube em 1935, como também o maior placar já visto no Pacaembu e no Campeonato Paulista profissional. Mas até ai, tudo bem. O peculiar se encontra no fato de que na preliminar o São Paulo venceu por 8 a 1. Desta vez, então, foram 20 gols tricolores em um único dia (pequena queda de rendimento), 22 ao todo.

Com o time voando, não foi de se espantar que o Tricolor conquistasse o título do Estadual de 1945 com duas rodadas de antecipação e apenas uma derrota (vingada com requintes de crueldade um ano depois). O troféu veio contra o modesto Ypiranga. Porém, na temporada seguinte, a façanha foi realmente épica…

A TAÇA DOS INVICTOS

O ano de 1946 foi um capítulo marcante e especial na história do Tricolor. A temporada começou auspiciosamente bem: goleada para cima do Corinthians – 5 a 1 (gols de Rubén Barrios, duas vezes, Remo, Antoninho e Américo), logo no dia 1º de janeiro.

E terminou magnificamente, com a conquista do título paulista – o primeiro da história são-paulina realizado de forma invicta (feito que só veio a se repetir em 2012, com a Copa Sul-Americana, entre as competições de longa duração).

Porém, entre o começo e o fim, o Tricolor logrou outras grandes façanhas. Na estreia do Campeonato Paulista, 4 a 0 sobre o pequeno Jabaquara. Antes da segunda rodada, deu tempo de golear o Flamengo, em amistoso no Pacaembu, por 7 a 1: uma partida sensacional de Teixeirinha, que marcou quatro gols (Leônidas deixou dois e Yeso completou o placar).

No estadual, o Tricolor então embalou seis sucessos seguidos, culminando em nova vitória sobre o Corinthians, agora por 2 a 1, em junho, antes de um ligeiro tropeço: o empate em 1 a 1 com a Portuguesa, na sétima rodada.  Nos clássicos posteriores: 3 a 2 no Santos, na Vila Belmiro, e 1 a 1 com o Palmeiras. Seguiu-se, depois, outra série de seis vitórias consecutivas e mais uma partida contra o time do Parque São Jorge.

No dia 29 de setembro de 1946, o São Paulo bateu mais uma vez no Corinthians (2 a 1 novamente) e conquistou um prêmio há muito cobiçado: a Taça dos Invictos de A Gazeta Esportiva. O troféu foi instituído em 1939 pelo jornal paulistano e era concedido ao clube que quebrasse o recorde de jogos consecutivos sem perder no Campeonato Paulista (que naquela ocasião era a marca de 22 jogos, número pertencente ao Palestra Itália de 1934).

O São Paulo, sobrepujando o Corinthians, completou 23 jogos invictos, contando com os últimos seis resultados do certame de 1945 – a sequência começou após a única derrota do time naquela edição, frente ao mesmo oponente. A revanche veio com um gosto todo especial. Os festejos pela condecoração foram enormes e paralisaram a capital paulista.

Os jogos invictos

  • 1º. 19.08.1945. Pacaembu: 4×0 Santos
  • 2º. 26.08.1945. Pacaembu: 2×1 Portuguesa
  • 3º. 09.09.1945. Pacaembu: 2×1 Comercial-SP
  • 4º. 16.09.1945. Pacaembu: 3×2 Ypiranga
  • 5º. 23.09.1945. Pacaembu: 1×1 Palmeiras
  • 6º. 30.09.1945. Marapá. 5×1 Portuguesa Santista
  • 7º. 14.04.1946. Pacaembu: 4×0 Jabaquara
  • 8º. 27.04.1946. Pacaembu: 5×2 Portuguesa Santista
  • 9º. 05.05.1946. Pacaembu: 3×1 São Paulo Railway
  • 10º. 19.05.1946. Pacaembu: 4×3 Ypiranga
  • 11º. 01.06.1946. Pacaembu: 7×3 Juventus
  • 12º. 09.06.1946. Pacaembu: 2×1 Corinthians
  • 13º. 23.06.1946. Pacaembu: 1×1 Portuguesa
  • 14º. 07.07.1946. Pacaembu: 6×2 Comercial-SP
  • 15º. 14.07.1946. Vila Belmiro: 3×2 Santos
  • 16º. 21.07.1946. Pacaembu: 1×1 Palmeiras
  • 17º. 28.07.1946. Marapé: 2×0 Portuguesa Santista
  • 18º. 11.08.1946. Pacaembu: 4×2 Comercial-SP
  • 19º. 18.08.1946. Pacaembu: 1×0 Ypiranga
  • 20º. 31.08.1946. Pacaembu: 2×0 Santos
  • 21º. 07.09.1946. Marapé: 4×0 Jabaquara
  • 22º. 15.09.1946. Pacaembu: 2×0 São Paulo Railway
  • 23º. 29.09.1946. Pacaembu: 2×1 Corinthians (conquista)
  • 24º. 13.10.1946. Pacaembu: 1×1 Portuguesa (ampliação)
  • 25º. 26.10.1946. Pacaembu: 7×0 Juventus
  • 26º. 10.11.1946. Pacaembu: 1×0 Palmeiras
  • 27º. 25.05.1947. Pacaembu: 3×1 Comercial-SP
  • 28º. 31.05.1947. Pacaembu: 1×1 Nacional
  • 29º. 15.06.1947. Pacaembu: 3×3 Portuguesa
  • 30º. 22.06.1947. Pacaembu: 7×2 Juventus (número final)

O GOL MILAGROSO

O São Paulo chegou às duas rodadas finais do Paulistão de 1946 com somente três pontos perdidos, dentre 36 possíveis. O segundo colocado na tabela era o próprio Corinthians, freguês na temporada, que possuía quatro pontos perdidos – as duas únicas derrotas deles foram justamente para o Rolo Compressor.

Nessa penúltima rodada, o Tricolor enfrentou o Juventus e goleou por 7 a 0, com direito a espetáculo de Luizinho, que fez quatro gols e um mais bonito que o outro (de pé direito, de cabeça, de falta e de chaleira). Já o Corinthians sofreu, mas venceu o Ypiranga por 3 a 2. A decisão seria mesmo na última rodada e seria a vez do time do Parque São Jorge enfrentar o combalido Juventus. Por sua vez, o São Paulo bateria de frente com o Palmeiras, rival da conquista de três anos antes. O jogo dos são-paulinos, todavia, seria uma semana depois da partida corintiana!

Apesar do espetáculo que o então Tricolor do Canindé deu em todo o campeonato, muitos analistas viam o rival como favorito ao título, visto o tradicional nível de dificuldade do Choque-Rei e ao fato do Corinthians ter goleado o Juventus por 5 a 1, obrigando os tricolores a vencerem o clássico (um empate provocaria decisão em jogo extra entre os dois primeiros colocados).

A Gazeta Esportiva, 9 de novembro de 1946

Entre 40 e 45 mil pessoas no Pacaembu para a decisão do Paulista de 1946. Bola rolando, jogo tenso e amarrado na etapa inicial, com poucas chances para ambos os lados. O primeiro tempo terminou como começou, 0 a 0. O cenário mudou radicalmente na fase complementar, em que o São Paulo dominou a peleja, fazendo forte pressão.

Aos 12 minutos do segundo tempo, o tricolor Luizinho atingiu o goleiro palmeirense em uma dividida. Começou a confusão, com socos e pontapés aqui e acolá. Quando a coisa se acalmou, o árbitro expulsou dois de cada lado: Luizinho e Remo, pelo São Paulo, Og e Villadoniga, pelo Palmeiras. Mas sobrou também para o argentino e são-paulino Renganeschi, que no rebuliço levou uma pancada e, contundido, foi deslocado para a ponta esquerda para fazer número (não eram permitidas substituições, na época).

Praticamente com um a menos, o fim do jogo foi de muita superação e vontade por parte dos tricolores. Aos 38 minutos, Bauer avançou pela ponta direita e cruzou. A bola subiu estranhamente, enganou o goleiro adversário e bateu no travessão. Então, de onde menos se esperava, veio o sutil toque que rolou a bola mansamente para o fundo do gol. Renganeschi! Manquitolando no ataque, o zagueiro definiu o jogo e o título!

Fotos de Arquivo Histórico, Arakan e O Esporte

A temporada do foi perfeita. Até hoje, nenhuma outra campanha superou essa em aproveitamento. 84,21% dos pontos disputados (à época, 2 pontos por vitória): 30 vitórias, quatro empates, quatro derrotas. No Campeonato Paulista, 92,5% de aproveitamento e nenhuma derrota. Título invicto!

O FIM DE UMA ERA

Depois perder a chance de obter o tricampeonato estadual em 1947, o São Paulo trocou o comando técnico do time, com Vicente Feola no lugar do grande campeão Joreca (que veio a falecer pouco tempo depois, em dezembro de 1949). Feola, velho conhecido dos são-paulinos – assumiu a primeira vez o cargo de técnico em 1937 – manteve o Rolo Compressor na linha e já na primeira temporada saiu-se vitorioso: Campeão Paulista de 1948.

Foi nessa temporada que Leônidas eternizou a bicicleta em imagem. O terceiro gol do Tricolor na vitória por 8 a 0 sobre o Juventus, no dia 13 de novembro, em que o camisa número nove (o primeiro são-paulino a usar esse número em campo – pois as camisas passaram a ser identificadas assim justamente ao final desse ano) executou essa jogada em cima do goleiro Muñiz, foi captada pelas lentes fotográficas e registrada nos exemplares de A Gazeta Esportiva para todo o sempre.

No ano seguinte, 1949, o Tricolor voltou a vencer o Campeonato Paulista, sagrando-se bicampeão. Foi o último título da era Rolo Compressor. 

Ao derrotar o Santos (quando precisava somente do empate para já comemorar com uma rodada de antecipação), por 3 a 1, com gols de Teixeirinha e Friaça (2), no dia 20 de novembro, os são-paulinos celebraram o último título daquele período e foram coroados campeões da década.

Desta maneira, o clube tomou posse definitiva e levou para o Canindé – então sede do São Paulo – a Taça Federação Paulista de Futebol (troféu instituído em 1942, que era de posse transitória até que um clube o conquistasse três vezes consecutivas ou cinco alternadas).

A conquista fez jus à equipe são-paulina, que estabeleceu o melhor ataque e a melhor defesa do certame, com 70 gols marcados e 23 sofridos, em 22 partidas disputadas, possuindo ainda o artilheiro do torneio: Friaça, com 24 tentos. O time sofreu somente duas derrotas, para o Santos, no primeiro turno, e para o XV de Piracicaba, o “campeão do interior”, lá na terra do “Nhô Quim”. E ainda deixou para a posteridade grandes goleadas, como um 8 a 2 no Juventus, 5 a 0 no Nacional, 5 a 1 no Ypiranga e um 5 a 1 no Palmeiras, até então invicto.

Esse título tricolor foi o derradeiro com a presença do eterno Diamante Negro (e também foi a última temporada em que marcou um gol de bicicleta pelo clube: no 7 a 2, contra o Comercial paulistano). Leônidas da Silva, que jogou no Tricolor entre 1942 e 1950, foi o maior responsável pela revolução que o São Paulo passou, transformando-se em uma das maiores potências do país.

Ao lado de Leônidas, os outros ídolos presentes em todas as cinco conquistas daquela década foram Teixeirinha, Noronha e Remo. 

Em 1950, o São Paulo não conseguiu superar o adversário e a arbitragem para conquistar o tão esperado tricampeonato. Na última rodada, o Tricolor estava um ponto atrás do Palmeiras e enfrentou o mesmo adversário, no dia 28 de janeiro de 1951. A vitória daria o título aos são-paulinos e foi esse resultado que o time procurou desde o início. Teixeirinha abriu o placar logo aos três minutos de jogo. No segundo tempo, o rival empatou aos 15 minutos. 

O lance cabal do jogo, do torneio e do tricampeonato foi quando Teixeirinha marcou o gol que representaria a vitória tricolor, mas que foi anulado pelo bandeirinha Richard Eason e pelo árbitro Alvin Bradley – ambos ingleses. Imagens (como a vista acima, da Revista Tricolor nº 14, de fevereiro de 1951) comprovam que o atacante são-paulino não estava em posição de impedimento, tendo entre ele (encoberto) e o goleiro, na verdade, outros dois adversários.

Boatos dizem que a arbitragem inglesa foi vista, depois, celebrando o carnaval ao lado de belas mulheres em certo clube da capital. Meros boatos. 

BÔNUS: O EXPRESSINHO

Nos anos 40, não foi somente o time principal do Tricolor que sobrou no campo do Pacaembu nos anos 40. Outra equipe são-paulina que dava show – e aplicava até mesmo goleadas muito maiores (como o 14 a 0 sobre o Santos, em 1944) – era a de jogadores aspirantes. 

De 1943 (foto) a 1947, o time considerado reserva do São Paulo ganhou tudo. Pentacampeão consecutivamente do Campeonato Paulista da categoria (também venceu o Campeonato Paulista Amador de 1942). O time que revelaria Yeso, Leopoldo, Antoninho e Savério para o elenco profissional, voava no gramado. Em 101 jogos no período 1943-47, venceram 77 vezes, empataram 18 e perderam apenas seis partidas, marcando 325 gols (média de mais de três gols por peleja) e sofrendo só 96 (menos de um por disputa). 

Por tamanho futebol, este time aspirante ficou conhecido como Expressinho. O nome em si faz referência ao Expresso da Vitória, nome ao qual ficou conhecida a vitoriosa equipe do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro dos anos 40, um dos poucos adversários a altura do Rolo Compressor do Tricolor, no período. 

O apelido, posteriormente, teve a notoriedade resgatada (em verdade, ao longo dos anos sempre foi vez ou outra utilizado). Primeiramente com os fortes times de base criados por Cilinho na época dos Menudos do Morumbi, em meados dos anos 80, e principalmente no início dos anos 90, graças ao trabalho de Telê Santana e Muricy Ramalho, culminado com a conquista da Copa Conmebol de 1994, em que o São Paulo eliminou os times principais de Grêmio e Corinthians, e goleou na final o Peñarol do Uruguai (6 a 0), mesmo tendo atuado com um time de jovens das categorias de base, formado por Rogério Ceni, Juninho, Catê, Denilson e Caio, dentre outros guris.

Colaborou: José Luiz Braz

FONTE: Michael Serra / Arquivo Histórico do São Paulo Futebol Clube

Foto rara de 1955: Seleção Paulista de futebol

EM PÉ (esquerda para a direita): Alfredo Ramos, De Sordi, Hélvio, o goleiro Laércio, Djalma Santos e Roberto Belangero;
AGACHADOS (esquerda para a direita): Julinho Botelho, Luizinho, Humberto Tozzi, Jair Rosa Pinto e Tite.

Os jogadores da Seleção Paulista de futebol, antes da partida contra a Seleção Carioca, no Estádio do Pacaembu, válido pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro de Seleções de 1955.

FOTO: Gazetapress