Nasce o Clube Náutico Marcílio Dias
A ideia dos três amigos, Gabriel Collares, Victor Emmanoel Miranda e Alyrio Gandra de fundar um clube náutico em Itajaí foi concretizada no ano de 1919. Em reunião realizada na Sociedade Guarany, na noite de 17 de março, foi fundado o Clube Náutico Marcílio Dias. O nome foi aprovado por aclamação, em homenagem ao bravo marinheiro negro morto na Guerra do Paraguai. O Marcílio foi o quinto clube náutico a ser fundado em Santa Catarina. Antes do Rubro-Anil existiam apenas Riachuelo, Martinelli e Florianópolis (depois rebatizado como Aldo Luz), da Capital do Estado, e o Lauro Carneiro, de Laguna. O primeiro presidente foi Ignácio Mascarenhas Passos, que no dia 16 de abril de 1919 enviou, através de uma carta ao Governador do Estado, Dr. Hercílio Luz, a comunicação da criação do clube:
“Cumprimos o grato dever de levar ao conhecimento de Vossa Ex. que no dia 17 de março próximo findo foi fundado nesta cidade o Club Náutico Marcílio Dias, cujos fins são proporcionar à mocidade exercícios de natação, remo, gymnastica, tênnis e outras diversões compatíveis com sua cultura physica”.
O Remo como início
A primeira atividade do novo clube foi o remo. O Marcílio Dias comprou duas yoles – embarcações pequenas usadas na prática de remo – que levaram os nomes de Yara e Yarê. Uma briga para a definição das madrinhas das embarcações acabou afastando alguns membros do clube, que então criaram o Barroso, maior adversário da história do Marcílio Dias.
Em pouco tempo, as atividades desportivas do clube foram sendo ampliadas. Foram incorporados futebol, tênis, polo aquático, natação, atletismo, vôlei, basquete, futsal e handebol, entre outras modalidades. Além das atividades desportivas, o Marcílio organizou do começo da década de 20 até a década de 30 um grupo teatral amador, apresentando mais de 45 peças.
Seu nome,suas cores
O nome do clube foi escolhido na assembleia de fundação, em 17 de março de 1919, e aprovado por unanimidade: o bravo marinheiro Marcílio Dias, que sacrificou a vida em defesa da Pátria na Batalha Naval do Riachuelo, deixando um exemplo de coragem e obstinação.
As cores marcilistas – rubro-anil – serviram de homenagem a dois grandes clubes náuticos da capital de Santa Catarina: Riachuelo (azul) e Martinelli (vermelho), os quais serviram de inspiração aos jovens itajaienses na fundação do Marcílio Dias.
Os esportes no clube
O Marcílio Dias começou como clube náutico, participando de regatas com suas yoles. Porém, não demorou muito para que novas modalidades fossem incorporadas ao clube, principalmente depois da inauguração da Praça de Esportes Dr. Hercílio Luz, em 1921.
No remo, realizou sua primeira regata no dia 19 de julho de 1919. As embarcações “Yarê” e “Yara” se revezaram nas vitórias das duas primeiras provas disputadas, em homenagem às torcedoras e à municipalidade, respectivamente. Poucos meses antes, em maio, o clube inaugurou o seu galpão na rua Fluvial (hoje avenida Eugênio Muller).
No ano seguinte, em 1920, o Marcílio Dias ampliou seus horizontes e inaugurou um posto náutico na cidade de Blumenau. Em 28 de março, uma delegação de marcilistas viajou através do Rio Itajaí-açu até Blumenau para participar da inauguração. Este posto náutico inspirou posteriormente a fundação do Clube Náutico América. O Marcílio Dias conquistou o título estadual de remo em 1925.
Outra prática desportiva em que o Marcílio Dias se destacou foi o tênis. Homens e mulheres começaram a praticar o esporte sob as cores marcilistas já em 1919. Ao todo, o clube venceu oito campeonatos de tênis, além de diversas taças e troféus. Destaque para os títulos estaduais conquistados em 1945 e 1947.
No polo aquático o “Marinheiro” foi o precursor em Santa Catarina, introduzindo a modalidade em 1920. Outro esporte aquático praticado foi a natação. O basquete teve sua primeira quadra inaugurada em 1921. Foram madrinhas do campo as senhoritas Dolores Polumbo, Diva Bornhausen e Grecelides Almeida. O primeiro jogo foi disputado por dois times femininos: o azul e o vermelho. O futebol de salão também já foi praticado por atletas do Marcílio Dias, assim como o atletismo e a ginástica. Atualmente, além do futebol de campo, o clube também possui equipe de handebol feminino.
Da esquerda para a direita de pé: Joel I, Deco, Gilberto(Papai), Zé Carlos, Antoninho, Joel II e Jorge Fernandes; Agachados: Rene, Idésio, Aquiles, Laranjinha e Maneca. Este time foi Supercampeão do Centenário em 1960.
Uma paixão chamada futebol
A prática do futebol no Marcílio Dias remonta ao ano de sua fundação. Desde 1919 constam registros de que jogos, como a ocorrida em 21 de dezembro daquele ano, quando o “Marinheiro” derrotou o Brusquense (atual Carlos Renaux) por 3 a 1. Em 1930, o Marcílio conquistou seu primeiro vice-campeonato catarinense (de uma série de oito), na sua primeira participação no certame estadual.
No final da década de 1930, o clube conquistou seus primeiros títulos oficiais: campeão de Itajaí em 1938 e campeão do Vale do Itajaí em 1939. Estas competições foram organizadas pela Associação Sportiva Valle do Itajahy (ASVI), entidade da qual o Marcílio foi um dos fundadores juntamente com outros clubes da região. O Rubro-Anil voltou a ser o campeão do Vale do Itajaí em 1944 e 1946.
Na década de 1960, o Marcílio Dias se tornou uma das maiores potências do futebol barriga-verde. De 1960 a 1962 amargurou mais três vice-campeonatos estaduais, perdendo o título para o Metropol, de Criciúma. O mesmo se repetiu em 1967. Neste período, o clube também foi vice-campeão do Torneio Sul-Brasileiro (Taça da Legalidade) em 1962. Um dos principais destaques da equipe nesta época era o craque itajaiense Idésio Moreira.
1962 - VICE-CAMPEÃO ESTADUAL. Da esquerda para a direita de pé: Joel II, Dico, Antoninho, Ivo Maia, Zé Carlos e Joel I; agachados: Rene, Idésio, Maneca, Laranjina e Jorginho.
A principal conquista do Marcílio no futebol foi o título estadual de 1963. Neste ano, o clube venceu o Torneio Luiza Mello, competição que em 1983 foi reconhecida pela Federação Catarinense de Futebol como Campeonato Catarinense. O time base da campanha do título estadual foi Jorge; Djalma (Marzinho), Ivo Meyer, Joel I e Joel II; Sombra e Odilon; Ratinho, Aquiles, Dufles (João Caetano) e Renê. De acordo com o livro “Torneio Luiza Mello – Marcílio Dias Campeão Catarinense de 1963”, de autoria do jornalista Fernando Alécio, o “Marinheiro” teve aproveitamento superior a 80% ao longo das 18 rodadas do certame: venceu 13 jogos, empatou três e perdeu apenas dois. O ataque marcilista anotou 43 gols (média de 2,38 gols por jogo) e a defesa sofreu 16.
Na esfera local, o Rubro-Anil foi cinco vezes campeão da Liga Itajaiense de Desportos (LID), em 1958, 1960, 1961, 1962 e 1963, sendo o clube que mais vezes venceu a categoria profissional do campeonato citadino de Itajaí.
Em 1980, o Marcílio conquistou o Torneio Incentivo e em 1984 foi campeão da Taça Federação Catarinense de Futebol 60 Anos. Esta competição foi realizada em homenagem sexagenário da entidade. Entre 1988 e 1989, o time conhecido como “Siri Mecânico” conquistou a Taça Carlos Cid Renaux (1988), a Taça RCE TV (1989) e a Taça Governador Pedro Ivo (1989), equivalentes a turnos do campeonato estadual.
O “Marinheiro” adicionou mais dois troféus à sua galeria no ano de 2007, ao conquistar a Copa Santa Catarina e a Recopa Sul-Brasileira. Também foi campeão da segunda divisão do Campeonato Catarinense em 1999, 2010 e 2013.
FONTES: Clube dos Entas Itajaí – Página do Facebook “Futebol Catarinense das Antigas” – Nação Rubro-Anil – Site do Clube