Fonte: Revista A Cigarra
Arquivo da categoria: 03. Toninho Sereno
Club Athletico Paulistano versus Scottish Wanderers Football Club, no Velódromo Paulistano em 1914
O Scottish Wanderers Football Club, fundado em 31 de dezembro de 1888, pela colônia escocesa no Brasil, extinguiu-se em 1916. Usava camisas e meias azuis e calções brancos.
Fonte: revista A Cigarra
Fluminense Foot-Ball Club (RJ) 2 a 1 Club Athletico Paulistano (SP) no Velódromo Paulistano em 1914
Fonte: Revista “A Cigarra”
Os primeiros estádios de futebol na Bahia (BA)
Tudo começou no ano de 1903, no Campo da Pólvora, em Nazaré, onde eram disputados os “matchs” de futebol amistosos, desde inícios do século. Numa crônica para a revista Semana Sportiva(1922) o jornalista Aloísio de Carvalho Filho lembrava com saudosismo: ”Para ir ao Campo da Pólvora, o caminho era um só e o veículo unicamente um. Todos iam a pé, desde São Pedro. Iam e voltavam e lá, se não tivessem amigos nas vizinhanças que lhes emprestassem cadeiras, teriam que ficar a tarde toda em pé”.
O Campo se tornou oficial em 09 de abril de 1905 quando se disputaram pela primeira vez os jogos organizados pela Liga Baiana de Esportes Terrestres. Na data a quadra toda embandeirada, cerca de 100 cadeiras de madeira em volta, emprestadas pelo Circo Luzitano, e uma banda de música da Policia Militar para imprimir um ar solene ao espetáculo. O Internacional venceu o Esporte Clube Vitória por 3 a 1, mas o clima de confraternização superava o desanimo do rubro-negro que no jogo seguinte goleou o Baiano.
Em 29 de maio de 1906, conforme revela a foto do jogo entre Santos Dumont e Bahiano, com score de 4 a 0, o Campo da Pólvora assistiu ao último jogo do campeonato.
No ano de 1907 Salvador ganhou seu segundo campo de futebol, então denominado Ground do Rio Vermelho, na Fonte do Boi, para onde a Liga transferiu o certame. Desconfortável para a torcida, tanto quanto o outro, mas já tinha meia grama e isso era um avanço. Inaugurado em 02 de junho de 1907, a princípio não agradou. Era distante e cobrava-se ingresso, uma novidade para quem estava acostumado a assistir sem ônus.
Mais tarde foi montada uma pequena arquibancada de madeira e promovidas melhorias, até Salvador ganhar de fato uma estrutura profissional para o jogo da bola: o Campo da Graça, construído por iniciativa de Arthur Moraes, inaugurado em 15 de novembro de 1920.
De acordo com o jornal Popular da Tarde, a inauguração se deu com um jogo entre dois times: AZUL e BRANCO, sendo que o time AZUL venceu por 3 a 2.
O estádio teve a honra de receber como convidado especial o Príncipe Umberto de Savoia, herdeiro do trono italiano, em 1924. E foi no Campo da Graça,que o Esporte Clube Bahia obteve, em 1931, o primeiro título de Campeão Baiano.
Mais de três décadas se passaram até a construção no antigo montouro da cidade, amontoado de lixo à beira do Dique do Tororó, o Estádio Otávio Mangabeira que o povo se encarregou de nominar de Fonte Nova em função da fonte de água existente ali, com seu imaginário de lendas de tesouros escondidos nas galerias do entorno. Inaugurado em 28 de janeiro de 1951, com um anel e capacidade estimada em 30.000 torcedores, tinha acesso apenas pelo bairro de Nazaré. Projeto do arquiteto Diógenes Rebouças que orientou também a sua ampliação vinte anos depois quando construído um segundo pavimento.
Fontes: Memórias da Bahia – Jornal Popular da Tarde
Andarahy Atlético Club – Andaraí-RJ – Um pouco de história e estória …
“Andarahy, um pouco de história e estória …”
Fundado no subúrbio carioca do mesmo nome, no dia 9 de novembro de 1909, o ANDARAHY ATLÉTICO CLUB foi um dos clubes que deixou marcada sua presença nos tempos heroicos do futebol carioca.
De suas fileiras suburbanas saíram alguns jogadores de valor para o futebol do Rio antigo.
E, entre outras coisas, se conta a história de um sapo enterrado no campo do Vasco, por uma figura “folclórica” do clube Arubinha. Esse sapo foi vingança da gente do Andarahy, depois de um revés em 1937, no 2º Turno, para o Vasco, por 12 a 0.
Nessa temporada o Andarahy foi o último colocado no Campeonato da Liga de Futebol do Rio de Janeiro, ano da pacificação nacional.
Seria também o último campeonato em que o velho Andarahy tomaria parte na Divisão Maior do futebol carioca.
Curioso que de um modo geral, na era das cisões, o Andarahy esteve sempre junto com o Vasco, na mesma Liga.
Mas, o fato é que depois dessa “praga”, o Vasco somente seria campeão carioca depois de um longo jejum, em 1945.
O Andarahy iniciou sua participação em Campeonatos da cidade do Rio de Janeiro, em 1916 na então Liga Metropolitana de Sports Athléticos. Nessa temporada o América foi campeão carioca e o clube do subúrbio ficou colocado em penúltimo lugar, com 10 pontos ganhos e 14 pontos perdidos.
Mas, conseguiu a façanha de derrotar o campeão por 1 a 0, no returno, assim como venceu o Botafogo por 3 a 2, e o Fluminense por 2 a 1.
O Andarahy jamais conseguiu derrotar o Vasco da Gama na sua passagem pelo futebol carioca em campeonatos oficiais.
Fonte: texto extraído do jornal Popular da Tarde, dos anos setenta. Obs: O texto não traz o nome do autor.
Velódromo Paulistano – O primeiro estádio de futebol da cidade de São Paulo – SP
VELÓDROMO PAULISTANO
Se situava na Rua da Consolação, entre as Ruas Martinho Prado e Olinda, na altura de onde hoje é a Rua Nestor Pestana, o Teatro Cultura Artística e a Praça Roosevelt.
O terreno pertencia à família Almeida Prado e teve origem numa pista para corridas de bicicletas, mandado construir no final do século 19, por Dona Veridiana da Silva Prado, membro da elite paulistana, em sua propriedade que ficava próxima à Igreja da Consolação. Com projeto do arquiteto Tommaso Bezzi, o velódromo foi inaugurado em 1892.
Sem o ar cosmopolita de grande metrópole que ostenta hoje, a São Paulo daquela época era ainda bastante provinciana e suas áreas de lazer eram vinculadas à aristocracia. O Veloce Clube Olimpic Paulista, ou velódromo, passou a ser o local onde a elite se encontrava para acompanhar as corridas de bicicletas, que eram moda na época
Foi a primeira sede do aristocrático Club Athletico Paulistano, que passou a usar o espaço como sede esportiva. Pouco tempo depois, no centro da pista de ciclismo, foi construído um campo de futebol e também uma arquibancada capaz de abrigar duas mil pessoas (ampliada depois para cinco mil). Foi desta maneira que o velódromo se tornou o primeiro estádio de futebol e palco das principais partidas realizadas na cidade de São Paulo.
Oficialmente inaugurado na data de 19 de outubro de 1901, o primeiro estádio da cidade abrigou a partida envolvendo Paulistas e Cariocas, com resultado final de 0 a 0.
Ali aconteceu a primeira partida do Campeonato Paulista do ano de 1902. O jogo se deu no dia 8 de maio de 1902, e o São Paulo Athletic Club derrotou o Club Athletico Paulistano pelo placar de 4 a 0.
Abaixo a ficha técnica do jogo:
São Paulo Athletic Club: Andrews, A.Kenworthy e G.Kenworthy. Heyecock, Wucherer e Biddell. H.S.Boyes, Brough, Charles Miller, Montandon e W.Jeffery.
Club Athletico Paulistano: Jorge de Miranda Filho, Thiers e Rubião. E.Barros, Olavo e Renato Miranda. B.Cerqueira, J.Marques, Álvaro Rocha, Ibanez Salles e O.Marques.
Árbitro: Antonio Casimiro da Costa
Os gols: Boyes (2) Jeffery e Charles Miller.
Jornal o Estado de S. Paulo de 9 de maio de 1902
O São Paulo Athletic Club se sagrou campeão paulista daquele ano.
O Velódromo em 1905, por ocasião de uma partida entre C.A. Paulistano e São Paulo A.C.
MAPA DA REGIÃO ONDE SE SITUAVA O VELÓDROMO NO ANO DE 1905
OBS: No estádio havia uma placa em que se lia “proibido vaiar
Fontes:
Preservasp
Agência USP de Notícias
Wikipedia
Acervo Estadão
Ranking & Futebol
Associação Athletica das Palmeiras – São Paulo – SP
ASSOCIAÇÃO ATHLETICA DAS PALMEIRAS
FUNDAÇÃO: 9 de novembro de 1902
Na vida do futebol paulista este nome reúne lembranças e um importante contexto de campeão.
No final de 1902, quando o futebol paulista já engatinhava a passos largos, com o primeiro campeonato paulista em seu final, um grupo de rapazes de uma determinada região da cidade se preparava para fundar este novo clube. Entre os moços que frequentavam o Velódromo nas tardes de domingo e se dispunham a criar sua própria agremiação estavam Gelásio Pimenta, José Pinto e Silva, Francisco de Salles, Collet e Silva, Francisco Correia, Persy Corbett, José de Barros, Mário Mendes, Jorge Collet e Fernando Ferreira da Rosa.
E, com efeito, a 9 de novembro de 1902, era fundada a ASSOCIAÇÃO ATHLETICA DAS PALMEIRAS, cujas cores adotadas foram preto e branco.
O clube abrigava na sua constituição algumas das principais famílias da cidade. Sua característica de time elitista pode ser comprovada pelo fato de que, até 1915, só doutorandos, engenheiros e Bacharéis em Direito podiam jogar pelo time.
Os fundadores moravam no bairro de Santa Cecília e Palmeiras. Ali não existiam as ruas de hoje e a Avenida Angélica era quase toda mato. No meio destes terrenos existia um campo cercado de matas e verduras. Mas era o local propício para ser erguido o “ground” (campo de futebol).
Era necessário capinar e transformar o terreno num campo de futebol, o que foi feito e em 1903 já os “bravos rapazes” nele se exercitavam e jogavam bola. Os mais entusiastas – diz a história – eram Mário Mendes (antigo goleiro do Mackenzie College, Aquino Collet, Corbett, Eugênio Lefevre, Pinto Silva e Braga, que vieram a constituir o primeiro elenco da nova Associação.
Em princípio a Associação Athletica das Palmeiras enfrentava o Segundo Time do Club Athletico Paulistano, o que já era uma honra pela fama alcançada e categoria do tradicional clube. E não fazia feio, perdendo por dois gols e um de diferença apenas. Formou-se uma grande amizade e os jogos se sucediam nas datas em que não existiam as competições oficiais no Velódromo.
E nesse mesmo ano de 1903 foi realizado um Campeonato de Segundos Quadros, reunindo equipes do Paulistano, do Mackenzie, do Internacional, do Germania e da Palmeiras. E sabem que ficou no segundo posto, o novo clube que nascia para o futebol. Uma linda conquista. Em 1904 novo Campeonato de Segundos Quadros e outro brilhante vice-campeonato da A.A. das Palmeiras.
Chega a temporada de 1905.
A LIGA resolveu aumentar o número de concorrentes a “Taça Penteado”, ou seja, o Campeonato Paulista de Primeiros Times. A Associação Athletica das Palmeiras se candidata junto com o Clube Atlético Internacional, da cidade de Santos, pioneiro do futebol naquele centro.
Em virtude disto houve um Torneio de Seleção e a representação do alvinegro saiu vencedora (4 a 0) conquistando merecidamente a vaga. Experimentou inicialmente alguns revezes, ficando em último lugar.
A CAMPANHA NA ESTRÉIA
07 – maio – contra o Internacional – empate 0 a 0
21 – maio – contra o São Paulo Athletic – derrota – 1 a 2 – gol de Aquino
22 – junho – contra o Mackenzie – derrota – 6 a 0
09 – julho – contra o Germânia – derrota – 2 a 1 – gol de Eugênio
23 – julho – contra o Internacional – derrota – 2 a 1 – gol de Faria
13 – julho – contra o São Paulo Athletic – vitória 3 a 0 – gols de Aquino, Neves e Faria
27 – agosto – contra o Paulistano – derrota 3 a 1 – gol de Neves
10 – setembro – contra o Germânia – derrota – 7 a 1 – gol de Acácio
23 – setembro – contra o Mackenzie – derrota – 5 a 2 – gols de Aquino e Faria
OBS: todos os jogos foram realizados no campo do Velódromo
Mas depois deste campeonato se verifica um fato importante na vida do clube. Verifica-se uma cisão no Club Athletico Paulistano, liderada por Jorge Mesquita. E alguns desportistas como José Egydio, Raul Guimarães e Plinio Rubião deixam o clube do Jardim América ingressando na Associação Athletica das Palmeiras. Quem se desgosta com o fato é o grande palmeirense Aquino que abandona o clube.
E então o clube inicia sua trajetória gloriosa. Inicia o campeonato de 1906 vencendo o São Paulo Athletic por 2 a 1 e se consagra a 10 de junho ao vencer o C.A. Paulistano, campeão de 1905, por 3 a 2. E termina o campeonato apenas dois pontos atrás do S.C. Germânia, campeão daquele ano. Mas, numa crise com a Liga, acabou eliminada no final do certame, com dois jogos a cumprir, face um caso na partida contra o Internacional. E, por isso, ficou ausente dos Campeonatos de 1907 e 1908.
Mas em 1909 haveria de fazer um retorno vitorioso. Chegou ao final do campeonato empatada com o C.A. Paulistano.
Foi necessário um desempate. E, na tarde de 5 de dezembro de 1909, no Parque Antárctica, então campo do Germânia, a A.A. das Palmeiras iria derrotar o famoso C.A. Paulistano por 2 a 1, conquistando assim seu primeiro título paulista de futebol.
Em 1910, com apenas dois pontos perdidos, o clube de Rubião voltou a ser campeão paulista.
Nova cisão e novo afastamento da Liga, desta vez em definitivo. Ficou de fora nos campeonatos de 1911 e 1912 e somente retornou às atividades em 1913, na nova entidade que surgia. Era a APEA (Associação Paulista de Esportes Athleticos).
E, finalmente, em 1913, num campeonato de três clubes apenas, ficou em terceiro e último lugar, atrás do Paulistano e do Mackenzie.
Em 1914 – ano da A.A. São Bento – ficou em penúltimo lugar, a frente apenas do Scottish Wandereres F.C.
Mas ressurgiu das cinzas em 1915, para conquistar invicta o título da APEA, com apenas um ponto perdido a frente, do Mackenzie e do Paulistano.
A.A. das PALMEIRAS – Campeã de 1915
No fim de sua vida no futebol, a A.A. das Palmeiras alcançou as seguintes colocações:
1916 – última colocada (APEA)
1917 – 5º lugar (APEA)
1918 – 4º lugar (APEA)
1919 – última colocada (APEA)
1920 – 8º lugar (APEA)
1921 – Penúltimo lugar (APEA)
1922 – 5º lugar (APEA)
1924 – desclassificada para o 2º turno (APEA)
1925 – retirou-se do campeonato e se desligou da APEA
1926 – 5º lugar – (Liga de Amadores)
1927 – último lugar – (Liga de Amadores)
1929 – último lugar – (Liga de Amadores)
A partir de 1930 não mais existiu a Associação Athletica das Palmeiras, a qual foi extinta. Seus dirigentes se juntaram a outros do Club Athletico Paulistano e fundaram o São Paulo Futebol Clube, que adotou as cores das duas agremiações em fusão.
FONTES:
Texto extraído do periódico Popular da Tarde, dos anos setenta, na sua íntegra. Obs: não consta do texto o nome do autor.
Fotos e camisas: colecionadores de camisas de futebol e wikipedia
Passarinho, do São Paulo Railway Athletic Club – Artilheiro do Campeonato Paulista de 1945
Passarinho (Mário Piçarra)
O esquadrão do São Paulo Railway A.C. de 1938
Clodô, Mantovani ou Escobar e Passerini. Cipó, Silva e Ulisses. Agostinho, Passarinho, Carlos Leite, Vani e Junqueirinha.
Passerini veio da Portuguesa de Desportos, onde tinha sido campeão em 1935. Agostinho, o ponta-direita, foi para o Corinthians, onde jogou dois anos como titular. Carlos Leite assinou com o Vasco da Gama e Junqueirinha havia feito seu nome no São Paulo da Floresta.
Toda a força da equipe se concentrava no futebol da linha média, com os passes perfeitos de Cipó (ex-Corinthians), o mais técnico de todos. Silva era incomparável no jogo alto e era comum a sua cintura ficar na altura da cabeça dos adversários, nesse tipo de disputa. E Ulisses era um marcador intolerável.
Tudo isso fazia parte do sistema de jogo do técnico Caetano de Domenico, chamado de “cerradinha” pelos cronistas da época, ou a marcação homem a homem, dos dias de hoje.
Passarinho começou em 1935 e terminou em 1948, quando o clube já se chamava Nacional Atlético Clube.
Foi artilheiro do Campeonato Paulista de 1945, com 17 gols, ao lado de Servílio de Jesus, do Corinthians.
Chutando com os dois pés, de fora da área, de preferência. Habilidoso nos passes e, mesmo sem velocidade, destruiu no primeiro turno do campeonato daquele ano todas as defesas, com os seus 14 gols. No segundo turno, porém, quando o seu cartaz havia crescido, foi marcado de tal forma que só conseguiu marcar 3 gols.
Passarinho conquistou pelo S.P.R. AC o torneio início de 1943 e o Campeonato Paulista de Segundos Quadros de 1937.
Foi ele quem recebeu o diploma do primeiro “Belfort Duarte”, concedido no futebol brasileiro, pelas cem partidas que disputou, sem sequer ter sido advertido.
Apesar de diversas investidas de outros clubes, tais como o São Paulo, Vasco da Gama, Canto do Rio e Botafogo FR, Passarinho nunca mudou de clube.
Encerrou sua carreira em 1948, sendo considerado o maior ídolo da história do clube.
Fonte: Jornal da Tarde e meu acervo