(Pesquisa realizada com os conselheiros do São Paulo Futebol Clube pela Revista São Paulo Notícias)
COLOCAÇÃO
1º Gol de Raí contra o Barcelona (2×1) Mundial de 92
2º Gol de Muller contra o Milan (3×2) Mundial de 93
3º Gol de Careca contra o Guarani (3×3) Brasileiro de 86
4º Gol de Maurinho contra o Corinthians (3×1) Paulista de 57
5º Gol de Leônidas contra o Juventus (8×0) Paulista de 48
6º Gol de Éverton contra o Botafogo-RJ (3×2) Brasileiro de 81
7º Gol de Renganeschi contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 46
8º Gol de Pita contra o Palmeiras (4×4) Brasileiro de 85
9º Gol de Serginho Chulapa contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 78
10º Gol de Mário Tilico contra o Bragantino (1×0) Brasileiro de 81
11º Gol de Toninho Guerreiro contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 71
12º Gol de Lourival contra o Corinthians (1×1) Paulista de 67
13º Gol de Raí contra o Corinthians (3×0) Paulista de 91
14º Gol de Peixinho contra o Sporting (1×0) Inauguração estádio em 1960
15º Gol de Careca contra o Fluminense (2×0) Brasileiro de 86
Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf
Escolas de narradores esportivos
Das primeiras transmissões feitas até os tempos atuais, a união do futebol com narração esportiva faz do futebol um espetáculo à parte. Foram surgindo estilos próprios para a descrição do jogo de futebol.
Para ilustrar o imaginário do torcedor e conquistar sua audiência, narradores no rádio e TV inventaram bordões e buscaram expressões que facilitassem o que estavam falando.
Pedro Luis, considerado como um dos maiores de São Paulo, começou na Panamericana e depois foi para a Bandeirantes onde formou a “Cadeia Verde-Amarela” . Gagliano Neto, da primeira copa narrada do exterior, também era da mesma escola e foi quem lançou Jorge Curi, conhecido como “ o locutor padrão” do rádio brasileiro.
No estilo mais lento, Waldir Amaral talvez seja um dos maiores nomes a ser citado. No estilo inconfundível, “ Carlinhos toca a bola na direita para Joel, domina, calcula o centro, executa, Dida sobe de cabeça, é gooool. Dida, “ indivíduo competente “ . Waldir Amaral marcou sua participação nas transmissões e criou estilo e expressões. Entre elas, “ Tem peixe na rede do Flamengo “; “ Está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”; “ Rio, capital mundial do futebol”. ( Fiquei imaginando se hoje o Waldir Amaral conseguiria falar domina, calcula o centro, executa…..hoje o futebol é mais veloz.)
Fiori Giglioti em São Paulo e Oduvaldo Cozzi no Rio de Janeiro tinham estilos parecidos. Fiori criou os bordões “ Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo” , “É fogo”, “ Crepúsculo de jogo “.
Oduvaldo Cozzi teve presença marcante na extinta rádio Mayrink Veiga. Foi um verdadeiro fenômeno de audiência, a ponto de criarem um trocadilho, uma autêntica “psi-cozzi”.
Dois nomes importantes do rádio migraram para a TV, Silvio Luis e Rui Viotti. Silvio Luis é dos mais populares na TV com expressões atuais e conhecidas. Rui Viotti trabalhou na cobertura feita na Copa de 50 no Brasil.
A forma de narrar de Ari Barroso inaugurou um estilo irreverente. O “homem da gaitinha” tem grandes histórias. Seu estilo era completamente diferente , colocando palavras de uso popular em sua narrativa. Na mesma escola de Ari pode ser incluído o nome de Raul Longras, que chamava a bola de Leonor. O chute era “pimba” e no gol dizia, “balançou o véu da noiva”.
Doalcei Bueno de Camargo, foi um dos principais narradores da rádio Globo. Tinha forma sóbria para a narraiva. Na mesma escola e estilo estão Clóvis Filho da rádio Continental e Orlando Batista.
No Rio, José Cabral batizou a bola de “maricota”. Celso Garcia, conhecido como o “garoto do placar” também é um nome marcante do rádio esportivo.
Em São Paulo não podem ser esquecidos Helio Ansaldo, Otavio Muniz, Salim Jr, Nelson Spinelli, Antonio Euclides, Aníbal Fonseca, Aurélio Campos, Wilson Brasil, Haroldo Fernandes, Braga Jr, Flavio Araújo, Darci Reis, Jose Góes, Vanderlei Ribeiro, Edemar Annuseck, Alfredo Orlando, Eder Luis , Nilson César e Jose Silverio.
Também no Rio, Mauricio Menezes ( danadinho ) , Luis Carlos Silva ( o que faz a cabeça da galera ) , Sergio Moraes ( dos pampas aos seringais), Airton Rebelo ( de coração a coração ), Antonio Porto , Luis Penido e Jose Carlos Araújo.
A transmissão tem um marco divisório. Estudiosos dizem que existe uma fase antes e depois de Osmar Santos. O “pai da matéria” falava até 100 palavras por minuto, sem atropelar ou engulir uma letra sequer.
Adaptado do texto de Marcio de Oliveira Guerra.
Brasil bi campeão pan-americano de 1955
Em 1952, em Santiago do Chile, a seleção principal do Brasil conquistou seu primeiro titulo internacional fora do nosso território. Era o primeiro campeonato pan-americano de futebol.
Três anos depois, no México, com os gaúchos representando o Brasil, ganhamos o segundo campeonato pan-americano. Os gaúchos armaram uma grande equipe e conquistaram o titulo com méritos.
Tudo começou no dia 01 de março de 1955. O Brasil venceu o Chile por 2×1 com gols de Luizinho e Raul. A seleção brasileira dirigido pelo treinador Teté, jogou na sua estreia com Sérgio. Florindo e Duarte. Oreco. Odorico e Enio Rodrigues. Luizinho. Bodinho. Larry (Juarez). Enio Andrade e Raul.
No dia 06 vencemos o Perú por 1×0, gol de Larry. No dia 08, enfrentamos os donos da casa, e vencemos o México por 2×1, com dois gols de Bodinho.
O próximo adversário foi a Costa Rica. No dia 13 aplicamos uma tremenda goleada: Brasil 7 x Costa Rica 1. Larry fez três gols, Chinezinho também fez mais três e Bodinho completou o marcador.
O ultimo jogo foi Brasil e Argentina, o clássico sul-americano. Os brasileiros jogavam pelo empate. O resultado de 2×2 deu o titulo de bi campeão para o Brasil representado pelo Rio Grande do Sul. Na partida final, Chinezinho e Enio Andrade fizeram os gols dos brasileiros que jogaram com seu time base. Valdir. Florindo e Figueiró (Duarte). Oreco. Odorico e Enio Rodrigues. Luzinho. Bodinho. Larry. Enio Andrade e Chinezinho.
Obs: O Luizinho ponta direita da seleção gaúcha jogou no Flamengo em 1949. Em 2003 conversamos sobre futebol e ele falou que era um antigo jogador, o Luizinho. Ele mora em Copocabana. Falei do antigo estádio dos Eucaliptos do Internacional de P. Alegre e ele confirmou que começou a jogar ali. Certamente em 1955 já estava de volta ao Sul.
Brasil x Russia em 1958 – 3 minutos arrasadores de Garrincha
Finalmente Garrincha e Vavá entraram no time contra a Russia. O que Garrincha fez nos 3 primeiros minutos do primeiro tempo contra a Russia em 1958, beirou o absurdo.
Dizia um cronista soviético que nunca viu na vida um jogador sozinho enlouquecer todo o time em apenas 3 minutos.
A narração de Edson Leite está gravada a partir do segundo minuto de jogo, desta forma:
…….Escala Garrincha pela direita, vê Pelé colocado, vai ser encurralado por trás, passa para Pelé, entrou na área, chutou para o arrrrrrco….a bola bate na trave outra vez e vai a córner. ( Garrincha já tinha chutado uma bola na trave no primeiro minuto). Numa magistral jogada de Pelé, quando o meu cronômetro marca 2 minutos de jogo no primeiro tempo.
……Vai Zagalo bater o córner para o Brasil, levantando para dentro da área, sobe Vavá, recupera o central russo e despeja para o meio de campo. Sobe na bola Belini e ganha do adversário, lança para Didi, que pôs a bola no terreno, tem Garrincha pela direita e Zagalo pela esquerda, demora demais, tenta o drible, deu para Vavá, entrou na área, pode marcar, atira e é goooool. Vavá, em início irresistível do Brasil, em apenas 3 minutos, 2 bolas na trave e 1 no fundo do gol.
…..Placaaaaar na Suécia……..1 a 0………..o Brasil vence!
(a narração do primeiro gol dá conta que o lançamento foi do Didi, mas eu tenho quase certeza que a bola foi lançada para o Garrincha, que levou a bola para linha de fundo e cruzou para Vavá marcar).
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Yustrich, de goleiro a técnico durão
Dorival Knipel começou no futebol aos 18 anos como goleiro do Flamengo, onde jogou até 1944. Ganhou o apelido de Yustrich por sua semelhança física com Juan Elias Yustrich, famoso goleiro argentino, do Boca Juniors. Neste período conquistou os títulos cariocas de 1939 e o tricampeonato de 1942 a 1944. Em 1944 foi para o Vasco da Gama, transferindo-se depois para o América, também do Rio de Janeiro.
Na década de 1950, já era técnico de futebol, com fama de disciplinador e durão: não permitia que atletas sob seu comando fumassem, deixassem a barba por fazer e usassem cabelo comprido. Não tolerava atrasos e falta de empenho nos treinamentos.
Arrogante e de temperamento explosivo, gostava de exibir sua valentia. Era chamado de Homão por causa de sua alardeada macheza e pelos seus quase 1,90 m de altura e seu físico avantajado ou, segundo um cronista esportivo, paquidérmico. Envolvia-se em constantes atritos com jogadores, colegas, dirigentes e a imprensa.
Em Portugal
Em 1953, foi expulso do Atlético Mineiro pelos próprios jogadores, descontentes de verem alguns colegas preteridos pelo técnico. Em 1955, estava no Futebol Clube do Porto, de Portugal , para fazê-lo campeão em 1956, após um jejum de 16 anos. No mesmo ano, o Porto venceu a Taça Portugal e pela primeira vez fazia a chamada dobradinha, ao conquistar no mesmo ano os dois maiores títulos daquele país.
Mesmo com essas conquistas, Yustrich era antipatizado por alguns de seus jogadores, entre eles Hernani Silva, o ídolo do time. Em 1958, o Porto goleou o Oriental por 5 a 0 e Yustrich mandou os seus jogadores agradecerem ao público o apoio que lhes tinha sido dado. Hernani foi o único a não cumprir a ordem porque não estava para «alimentar as palhaçadas do treinador», Foi o suficiente para se iniciar uma discussão áspera que culminou com um troca de socos. No final da temporada, Yustrich foi dispensado.
Suspeita-se que a saída de Yustrich tenha sido exigida pela PIDE, a temida polícia secreta do então ditador Oliveira Salazar. O regime salarazista tinha seu clube preferido, o Sporting, de Lisboa, e não via com bons olhos o sucesso do Porto, conduzido por um brasileiro.
De volta ao Brasil e ao Atlético
Em 1959, dirigiu o Vasco da Gama. Em 1964, estava no modesto Siderúrgica, da cidade mineira de Sabará e conquistou o título estadual, quebrando a hegemonia dos grandes clubes. O Siderúrgica havia arrebatado um título estadual pela última vez em 1937. Do Siderúrgica, foi para outro time do interior, o Villa Nova, de Nova Lima.
Em seguida, foi dirigir novamente o Atlético Mineiro e foi responsável por uma das melhores fases do Galo, várias vezes campeão mineiro sob sua direção.
Yustrich se tornou técnico da seleção brasileira por uma única partida e de uma maneira peculiar. Em dezembro de 1968, o Atlético foi convidado a representar o Brasil num amistoso contra a antiga Iugoslávia. Vestindo a camiseta canarinho, o Atlético venceu por 3×2.
Em 1969, na preparação da seleção brasileira para a copa de 1970, então dirigida por João Saldanha, foi programada uma partida contra a seleção mineira., no Estádio do Mineirão. Mas quem entrou em campo, vestindo a camiseta vermelha da Federação Mineira, foi o Atlético, que venceu a seleção que se tornaria campeã do mundo por 2 a 1. Ao final da partida,. Yustrich obrigou seus jogadores a darem a volta olímpica no gramado, usando a camisa alvinegra do Atlético que vestiam por baixo da vermelha da Seleção de Minas. O Mineirão quase veio abaixo. Isto lhe valeu a inimizade de João Saldanha.
No Atlético Mineiro, Yustrich deu uma atenção especial a um jovem jogador vindo do Rio, de nome Dario, que se consagraria com o maior artilheiro do Galo até então. Com treinamentos especiais, Yustrich deu ao jovem Dario as condições técnicas e a autoconfiança que lhe faltavam, fato que o próprio jogador reconhece publicamente.
No entanto, com o jogador uruguaio Cincunegui, Yustrich teve desentendimentos que culminaram com seu afastamento do Atlético. Criticado pelo treinador por haver retardado por uma semana seu retorno de férias, o uruguaio e Yustrich passaram a ter discussões cada vez mais fortes. A certa altura, Cincunegui teria apontado um revólver para Yustrich.
No Flamengo: incidente com Saldanha
Em 1970, Yustrich foi para o Flamengo cercado de grandes expectativas e começou o ano arrasador. Em fevereiro, pelo Torneio de Verão, a vitória de 6×1 sobre o Independiente da Argentina, com cinco gols no primeiro tempo, deixou a torcida empolgada com o novo treinador. Mas os resultados seguintes decepcionaram. Com apenas oito vitórias em 25 partidas no primeiro semestre de 1971, a diretoria rubro-negra atribuiu a má fase do clube aos métodos rígidos de Yustrich e optou por demiti-lo.
Mas o fato mais marcante de sua passagem pelo Flamengo foi vivido fora de campo. Convencido de que seria convocado para comandar a seleção brasileira, caso João Saldanha, que estava em baixa, fosse demitido, Yustrich começou a carregar nas críticas ao treinador.
Saldanha, que andava irritado com Yustrich desde o jogo-treino no Mineirão, entrou armado de revólver na concentração do Flamengo, mas Yustrich não estava no local. Este gesto colocou Saldanha na berlinda e bastou um empate da seleção com o modesto time do Bangu, para que fosse demitido. Foi substituído por Zagallo.
Final de carreira
Depois do Flamengo, treinou o Corinthians e o Coritiba. Em 1977, estava novamente no futebol mineiro, desta feita no Cruzeiro, onde, já de início, tomou uma medida que desagradou aos jogadores: proibiu o jogo de sinuca na concentração. Mas naquele ano o Cruzeiro sagrou-se campeão mineiro.
Do Cruzeiro, Yustrich foi dispensado por conta de uma discussão em torno de um fato banal. Após um jogo em Araxá, um jogador deu a camisa para um garoto que invadira o gramado. Yustrich mandou o roupeiro buscar a peça. O presidente do clube não permitiu. Armou-se o bate-boca e o treinador foi demitido ali mesmo à vista de todos.
Este incidente teria sido apenas o pretexto para dispensar um treinador já desgastado. Yustrich tentara tirar o zagueiro Brito, campeão mundial em 1970, da equipe titular, por ter o hábito de fumar. Não conseguiu, porém, vencer a oposição dos outros jogadores e da diretoria. Daí, como forma de mostrar seu descontentamento, substituía Brito durante as partidas sempre que tinha oportunidade. O craque se irritou a tal ponto que, ao ser substituído pela enésima vez, jogou a camiseta suada no rosto do treinador diante do público.
Yustrich encerrou no Cruzeiro sua carreira de treinador. Retirou-se para o mais completo anonimato e só foi notícia novamente com sua morte, em 1990. Este isolamento é a razão de serem hoje incompletas e distorcidas as informações sobre ele, aliado ao fato de nutrir antipatia pela imprensa, a ponto de proibir repórteres de entrevistar seus jogadores e até de ficar nas proximidades dos vestiários. Alguns cronistas esportivos chegam a atribuir a ele a nacionalidade argentina, numa evidente confusão com seu homônimo do Boca Juniors, também já falecido.
Dorival Knipel nasceu em Corumbá a 28 de Setembro de 1917 e ganhou o apelido de Yustrich pelas semelhanças físicas com Juan Elias Yustrich, famoso guarda redes argentino do Boca Juniors. Dorival Yustrich notabilizou-se por ser um técnico exigente, disciplinador e arrogante. Na década de 1950, já como treinador com fama de disciplinador, não permitia que os seus atletas fumassem, deixassem a barba por fazer e usassem cabelo comprido. Não tolerava atrasos e falta de empenho nos treinos. No Brasil, ganhou a alcunha de “Durão” porque, além da arrogância que exibia, tinha uma compleição física que impunha respeito. Envolvia-se em constantes atritos com jogadores, colegas, dirigentes e até com a imprensa. Ainda no Brasil, em 1953, foi expulso do Atlético Mineiro pelos próprios jogadores, descontentes pela forma como Yustrich tratava alguns atletas.
Completamente surrealista a foto em cima, publicada no jornal A BOLA em 1958, em que Yustrich, já como treinador do FC Porto, salta do banco para insultar um árbitro acabando por espezinhar Hernâni (um ídolo do FC Porto na altura) que tinha acabado de ser expulso. Mas os atritos entre Yustrich e Hernâni já vinham de longe. Em 1958, o FC Porto goleou o Oriental por 5-0 e Yustrich mandou os jogadores agradecerem ao público o apoio que lhes tinha sido dado. Hernâni foi o único a não cumprir a ordem porque não estava para “alimentar as palhaçadas do treinador”, foi o suficiente para se iniciar uma discussão que culminou com um troca de socos. No final da temporada Yustrich foi dispensado.
Apesar do mau feitio, foi Dorival Yustrich que levou o FC Porto ao título nacional (1955/56) após um jejum de 16 anos.”O FC Porto é um elefante adormecido que não sabe a força que tem” comentou Yustrich depois de ser campeão.
Yustrich terminou no Cruzeiro a sua carreira de treinador. Retirou-se para o mais completo anonimato e só foi notícia novamente em 1990, ano do seu falecimento.
A verdade é que para o FC Porto voltar aos êxitos, depois de um jejum de 16 anos, foi necessário contratar…um louco!!!
Depois deste artigo sobre o “homão”, apelido dado ao forte técnico Yustrich, segue uma leve ilustração pinçada em um Blog sobre as características do referido técnico. Logicamente faz parte do folclore e não teria nunca aplicação na vida real.
– Um gerente de criação de uma agência de propaganda que era muito amigo e pouco chefe, não trazia para a empresa um resultado muito bom.. Pensou-se que o oposto também poderia ser complicado, mas resolveram arriscar. Foi sugerido um novo gerente de criação do tipo do Yustrich. Como seria a coisa?
E vem aquela menininha recém-formada apresentando o layout….. e o chefe Yustrich responde aos berros: “ Você tem coragem de me trazer esta m….? Precisa suar a camisa, minha filha! Você não está mais na casinha da mamãe não! Ou aprende a trabalhar, ou vai pra rua, porra!” E tome bofetão.
Pensando bem, sabe que poderia funcionar? rs
Fontes : Wikipédia e Blogs
Radinho de Pilha
Sempre gostei de futebol. E é tanta essa paixão que acho que até sou meio fanático, a ponto de deixar alguns compromissos familiares de lado, só pra poder ir ao estádio assistir à partida do meu time.
Mas, não é só de futebol que gosto. Gosto também de ouvir rádio. Isso desde criancinha. Não sei porque o rádio sempre me atraiu.
Quando era criança, na minha casa tínhamos um rádio na sala. Era habitual. Todas as casas tinham seu rádio na sala. Mesmo porque não havia ainda televisão. Aliás, minto, já havia. Nós é que não tínhamos dinheiro para comprar uma. Na verdade, poucas eram as famílias que as tinham. Depois a coisa foi ficando mais acessível. Daí a tevê acabou sendo incorporada àquele ambiente. Não para tomar o lugar do rádio, pois esse era insubstituível. Mas sim, para somar. A tevê ficava em um canto e o rádio no ambiente central. Mas não vou aqui falar da rivalidade do rádio e da tevê. Vou é mais falar das minhas paixões pueris, que na verdade continuam até hoje, talvez porque eu ainda não tenha crescido, ou essas paixões cresceram comigo, as duas: futebol e rádio.
E por falar nelas, nas duas paixões, que pensar então, nas duas misturadas: o futebol no rádio. Como me fascinava ouvir no rádio as transmissões das partidas de futebol. Que emoção! Quanta vibração!
Jamais locutor nenhum na tevê conseguirá colocar tanta energia numa transmissão de jogo como nas transmissões do rádio. Mesmo porque, como dizem, uma imagem fala mais que mil palavras. Então, por isso, talvez, o locutor de rádio seja obrigado a falar duas mil palavras para tentar construir na mente do ouvinte a precisão do lance, na precisão do momento da partida. E nesse esforço, eles acabam se tornando insuperáveis!
Ainda me lembro da Copa de 66, aquela fatídica em que o Brasil entrou de salto alto por conta dos dois títulos nas Copas anteriores (58-62). Daquela em que quebraram o rei, Pelé. Daquela em que reinou o príncipe, Euzébio. Daquela em que a Coréia mostrou que não tinha só radinho de pilha. Tinha também futebol. Daquela em que fizeram tudo para o time da rainha ganhar, sobre o time do kaiser. E não deu outra!
Essa foi a primeira Copa que acompanhei. E pelo rádio. Transmissão tecnicamente ruim, cheia de chiado, como se as ondas magnéticas do rádio viessem ao sabor das ondas do mar que atravessa os dois continentes. Mas tudo isso era superado quando “abriam-se as cortinas e começava o espetáculo”. Era o brilhante Fiori Giglioti, o moço nascido em Barra Bonita, mas criado em Lins! Divino Fiori. Entrava em campo com os jogadores. Sentíamos o coração saindo pela boca a cada jogada de ataque do “escrete canarinho”, termo por ele lapidado. Ele lapidava e coloria a transmissão!
Mas essa foi a Copa da frustração. A primeira pra mim, que nem nascido era em 1950, quando, dizem, foi essa a pior de todas!
Mas, “o tempo passa…”, como diria o meu amigo Fiori. E daí veio a Copa de 70. Aquela que não teve pra ninguém e talvez a mais espetacular trajetória de nossa seleção em uma competição. Todos os resultados incontestáveis. E era também a estréia da tevê, ofuscando as transmissões de rádio, na voz das gerais, do Geraldo José de Almeida. É verdade, mas ele veio da escola do rádio, como muitos outros que migraram para a televisão, como o Walter Abrahão, comandando a Equipe 1040 da Tupi.
Tempos outros. O nosso rádio da sala, aos poucos trocou de lugar com a tevê. Ele que era de madeira brilhante, tipo móvel, acabou cedendo seu espaço. E se retirou para um canto da sala. Mas mesmo de canto, ainda era útil. E nessa de ser encostado, teve que inovar. Deixou de ser de válvula, que levava um século para ligar, fazendo-me muitas vezes perder o lance do gol. Incorporou outra tecnologia: a do transistor. Ficou menor. Ganhou mobilidade e outro nome. Era o Spica. Deixou o canto da sala, nos acompanhando para todos os lados, mais ágil em todos os sentidos. Bastava acionar o botão e lá começava ele a tagarelar sem parar, passando todos os lances das partidas, não mais me fazendo perder o lance do gol.
E assim, eu continuei fiel a ele, por todas as partidas dos campeonatos paulistas. E ele nunca me decepcionou. Mandava suas transmissões de todos os cantos. De Ribeirão Preto, a “Califórnia Paulista” ora com o Comercial, ora com o Botafogo. De Piracicaba com o Quinze. De Araraquara, a “Morada do Sol”, com a Ferroviária. De Prudente, com a Prudentina, lógico. De Campinas, com a Ponte e o Guarani. Sempre o Fiori. E só o Fiori, pra criar essas imagens do rádio.
Quantas noites de quarta-feira eu ia pra cama com o meu radinho de pilha, ouvindo as partidas de futebol. E quantas vezes meu pai tinha que tirar o radinho por de baixo do travesseiro para poder desligá-lo, pois quando o jogo era morno ou meu cansaço era grande, que me desculpasse o Fiori. Eu o deixava falando sozinho!
E os anos foram passando. Novos campeonatos. Os torneios Rio – São Paulo, também pelas ondas do rádio. Vieram os primeiros campeonatos brasileiros. Vieram outros locutores criando suas próprias ondas. “Pimba na gorduchinha”, era o Osmar Santos. Talentoso Osmar, que o destino quis que se calasse e passasse a ser ouvinte apenas, como eu. Mas enquanto deu seu recado, falou bonito, criou escola e deixou um irmão, o Oscar Ulysses, que apesar do gene da família, tem seu estilo próprio.
Teve o Joseval Peixoto, nome de cantor, mas um tremendo locutor! E o Zé, também! O José Silvério. Conseguiu o seu espaço. Pinta as transmissões com cores próprias. Ele e outros tantos. Locutores e seus estilos, que vão e que vêm, nas ondas etéreas do rádio.
E com todas idas e vindas, a tevê procura selvagemente atingir as transmissões de rádio. São um, dois, três, trinta canais, livres e pagos. Transmitem várias partidas, de vários campeonatos ao mesmo tempo. Com tudo que é recurso técnico. O slow motion, o replay, o tira-teima, a computação gráfica, as dezoito, vinte e quatro câmeras espalhadas no campo, nos vestiários e corredores, a tomada aérea do dirigível. Tudo, pura covardia!
E o rádio, o radinho, coitado, tem resistido bravamente. E talvez esse seja o seu segredo. Hoje com seu imperceptível tamanho, resoluto, diminuto, consegue se esconder no bolso dos seus fiéis ouvintes, que sempre o acompanharão, atrás das emoções que só ele, com seus vibrantes locutores, sabe passar!
Fonte: São Paulo Minha Cidade
” Causos ” do futebol
1 – É GoooooooL…
…e em 1989, o narrador Garcia Junior armou uma boa. A Rádio Capital foi a única emissora do Rio que viajou para Medellín na Colômbia para transmitir Nacional x Vasco pela Taça libertadores da América. Durante a partida surgiu um pênalti para o Nacional, e foi para a cobrança o goleiro Higuita, enquanto isso aqui no Rio de Janeiro, as Rádios Globo, Tupi e Nacional, que não levaram equipes para Medellín acompanhavam a partida no famoso “geladão”, ouvindo o Garcia. Quando Higuita cobrou o pênalti, Garcia Júnior gritou:
– “GOOOOOOOOOOOOOOOL”
…e as outras emissoras também. Mas para a surpresa geral, logo após o grito de gol de Garcia Júnior, ele emendou: “O carro mais vendido do Brasil, já a venda na Distac Veículos”, Higuita havia perdido o pênalti, levando a loucura o pessoal das Rádios Globo, Tupi e Nacional que estavam gritando o “fictício” gol. Isto lhe rendeu até um processo por falta de ética profissional na ACERJ.
2 – …Ari Barroso irradiava um jogo no Maracanã.
Chamou o locutor-volante, seu querido amigo e colega, Isaac, que naquele dia, falava em microfone pela primeira vez na vida:
– Alô Isaac! – gritou Ari.
– Quem fala? Com quem quer falar? – perguntou o Isaac, com voz de telefonema.
E Ari Barroso, irritadíssimo:
– Desculpe, é engano, eu disquei errado.
3 – …Copa do Mundo de 1962. Brasil x Chile. Fim de jogo. Para variar, Garrincha tinha “arrebentado”. Um repórter chileno chega-se a ele, querendo entrevistá-lo e diz:
– Señor Garrincha, diga un hola al microfono.
Garrincha, na sua proverbial simplicidade, diz:
– Hola microfono
E vai embora, deixando o repórter com a maior cara de tacho…
4 – …O narrador Eduardo Ribeiro, ao iniciar a transmissão pela Rádio Cultura de Campos de mais um jogo pelo Campeonato Estadual em 2002, pediu a escalação do time do Americano que enfrentaria o Bangu. José Augusto, do campo, disse que o time já estava definido.
– Pois então qual é? – insistiu Eduardo.
– O Americano vai jogar com o goleiro Braz. Na lateral, o técnico Gaúcho ainda não sabe se contará com Marcelo Paulista. Na zaga, Marcelo Gomes é dúvida, da mesma forma que …
– Espera aí, José Augusto! Para quem disse que o Americano estava definido, há alguma coisa errada. Parece que só o Braz está garantido, não?
– É que o time está definido, mas não está completo…
5 -Diz o locutor de uma rádio:
– No último censo realizado pelo IBGE, ficou comprovado que a média da estatura brasileira é de 1,71m e somente 1 a cada 10.000 brasileiros mede acima de 1,90m.
Ao que alguém comenta nas sociais:
– E é justamente este FDP que senta na minha frente toda vez que eu sento nas cadeiras numeradas.!
Este último eu adaptei, porque sempre senta um cara alto na minha frente.
Fonte: Sintonia, o guia das rádios do Rio
O gol uruguaio não tinha porta
Num ponto os torcedores brasileiros eram unânimes: Zizinho foi o maior jogador do futebol brasileiro em sua época. Durante mais de dez anos defendeu a seleção brasileira. Sentiu muitas emoções e poucas decepções. Mas, aquela de 1950 fez o mestre chorar. Flávio Costa formou uma equipe cheia de craques acostumados a ganhar títulos importantes. Naquela final, contra os uruguaios, seria mais um.
Se Zizinho pudesse tirava do calendário do futebol brasileiro aquele 16 de julho de 1950. Embora reconhecendo o quanto é doloroso recordar, principalmente para aqueles que viveram o dramático momento, o Mestre Ziza comentou a decisão contra os uruguaios –
“Estamos ás vésperas do último compromisso do Brasil. Na intransitável concentração, a balbúrdia era geral. Ninguém entendia ninguém. Industrias queriam fotografias dos futuros campeões segurando seus produtos. Abraços e mais abraços de felicitações antecipadas. Todo o pensamento do Brasil se concentrava em São Januário. O estádio do Vasco não era de ninguém, era de todos. Para três que saiam, dez entravam. Perto de Mario Américo, eu não compartilhava da alegria geral. Alguma coisa me deixava apreensivo. Mentalmente, me perguntava – pra que serve a concentração?”.
Visivelmente emocionado Zizinho continuou falando sobre a decisão de 1950, no maracanã.
“Já no vestiário do maracanã, tivemos noticias de que faixas haviam sido preparadas. Cartazes com dizeres alusivos a conquista do campeonato do mundo pelos brasileiros. Mais tarde vim a saber de que até edições de jornais haviam sido preparadas antecipadamente para sair logo após o termino do jogo com manchetes anunciando nossa brilhante vitória. Bebi água, fizemos uma fila indiana e subimos os degraus de acesso ao gramado. Fomos recebidos de forma entusiástica. O povo, também, todo otimista, olhava para nosso selecionado como campeões”.
E foi a partir dai que as coisas começaram a se complicar para o Brasil.
“Endossando meu pensamento, o time demonstrava que não se encontrava em seus melhores dias. Não parecia aquela seleção que enfrentara a Suécia e a Espanha. Os passe não tinham a mesma precisão. Os chutes não pareciam possuir a mesma potência. Senti que, aos vinte minutos, o torcedor já não se sentia à vontade. Mas, como o empate servia… O jogo foi se arrastando até que terminou o primeiro tempo sem gols. Somos recebidos nos vestiários como vencedores. Era só voltar para mais quarenta e cinco minutos e depois beber champanha na Taça Jules Rimet. E logo no inicio do segundo tempo veio o gol de Friaça. O Maracanã, superlotado, explodiu em um delírio nunca visto. As bombas estouravam sobre nossas cabeças”.
Zizinho gostaria de não continuar, mas com um sorriso triste ele falou sobre o dia em que Gighia calou o Brasil interiro.
“Sem entender o que aconteceu vi os uruguaios empatarem o jogo. A torcida que estava mal acostumado com as vitórias de 7×1 contra a Suécia e 6×1 contra a Espanha, aquele empate não estava no programa. Somente quando tomamos o segundo gol é que passamos a compreender toda extensão do drama que começávamos a viver. Nosso time partir todo para o ataque. E o bombardeio ao gol de Maspoli começou. Os minutos se passavam, a bola batia nas costas de um, batia na trave, passava raspando a meta de Maspoli que também fazia defesas milagrosas. Houve um momento que vislumbrei o gol de empate. Ademir correu ao lado de Obdulio Varella, ganhou na corrida e no momento no chute foi derrubado. E com ele caiu nossa melhor chance de gol. A falta foi cobrada para fora. No último minuto, um escanteio cobrado por Chico com a bola caindo no meio da área. Não me recordo quem chutou, o certo é que a bola bateu nas contas de um uruguaio e caiu nas mãos de Maspoli. O gol dos uruguaios estava fechado. Os chutes dos Brasileiros encontravam a porta fechada. Quando o juiz deu o último apito, veio à sentença: os futuros campeões de mundo não passavam de eternos e desacreditados vice-campeões “.
O mestre Zizinho será sempre lembrado como um dos craques mais talentosos do nosso futebol. E aquele 16 de julho de 1950 será, para sempre, o dia de finados para a história do futebol brasileiro.
Ultima hora de dezembro de 1952.