Das primeiras transmissões feitas até os tempos atuais, a união do futebol com narração esportiva faz do futebol um espetáculo à parte. Foram surgindo estilos próprios para a descrição do jogo de futebol.
Para ilustrar o imaginário do torcedor e conquistar sua audiência, narradores no rádio e TV inventaram bordões e buscaram expressões que facilitassem o que estavam falando.
Pedro Luis, considerado como um dos maiores de São Paulo, começou na Panamericana e depois foi para a Bandeirantes onde formou a “Cadeia Verde-Amarela” . Gagliano Neto, da primeira copa narrada do exterior, também era da mesma escola e foi quem lançou Jorge Curi, conhecido como “ o locutor padrão” do rádio brasileiro.
No estilo mais lento, Waldir Amaral talvez seja um dos maiores nomes a ser citado. No estilo inconfundível, “ Carlinhos toca a bola na direita para Joel, domina, calcula o centro, executa, Dida sobe de cabeça, é gooool. Dida, “ indivíduo competente “ . Waldir Amaral marcou sua participação nas transmissões e criou estilo e expressões. Entre elas, “ Tem peixe na rede do Flamengo “; “ Está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”; “ Rio, capital mundial do futebol”. ( Fiquei imaginando se hoje o Waldir Amaral conseguiria falar domina, calcula o centro, executa…..hoje o futebol é mais veloz.)
Fiori Giglioti em São Paulo e Oduvaldo Cozzi no Rio de Janeiro tinham estilos parecidos. Fiori criou os bordões “ Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo” , “É fogo”, “ Crepúsculo de jogo “.
Oduvaldo Cozzi teve presença marcante na extinta rádio Mayrink Veiga. Foi um verdadeiro fenômeno de audiência, a ponto de criarem um trocadilho, uma autêntica “psi-cozzi”.
Dois nomes importantes do rádio migraram para a TV, Silvio Luis e Rui Viotti. Silvio Luis é dos mais populares na TV com expressões atuais e conhecidas. Rui Viotti trabalhou na cobertura feita na Copa de 50 no Brasil.
A forma de narrar de Ari Barroso inaugurou um estilo irreverente. O “homem da gaitinha” tem grandes histórias. Seu estilo era completamente diferente , colocando palavras de uso popular em sua narrativa. Na mesma escola de Ari pode ser incluído o nome de Raul Longras, que chamava a bola de Leonor. O chute era “pimba” e no gol dizia, “balançou o véu da noiva”.
Doalcei Bueno de Camargo, foi um dos principais narradores da rádio Globo. Tinha forma sóbria para a narraiva. Na mesma escola e estilo estão Clóvis Filho da rádio Continental e Orlando Batista.
No Rio, José Cabral batizou a bola de “maricota”. Celso Garcia, conhecido como o “garoto do placar” também é um nome marcante do rádio esportivo.
Em São Paulo não podem ser esquecidos Helio Ansaldo, Otavio Muniz, Salim Jr, Nelson Spinelli, Antonio Euclides, Aníbal Fonseca, Aurélio Campos, Wilson Brasil, Haroldo Fernandes, Braga Jr, Flavio Araújo, Darci Reis, Jose Góes, Vanderlei Ribeiro, Edemar Annuseck, Alfredo Orlando, Eder Luis , Nilson César e Jose Silverio.
Também no Rio, Mauricio Menezes ( danadinho ) , Luis Carlos Silva ( o que faz a cabeça da galera ) , Sergio Moraes ( dos pampas aos seringais), Airton Rebelo ( de coração a coração ), Antonio Porto , Luis Penido e Jose Carlos Araújo.
A transmissão tem um marco divisório. Estudiosos dizem que existe uma fase antes e depois de Osmar Santos. O “pai da matéria” falava até 100 palavras por minuto, sem atropelar ou engulir uma letra sequer.
Adaptado do texto de Marcio de Oliveira Guerra.