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Bazani, o maior ídolo da história da Ferroviária de Araraquara

Bazani e Ferroviária são sinônimos. Afinal, o talentoso meia-esquerda proporcionou momentos mágicos aos torcedores da agremiação grená, como os dois acessos ao Paulistão, o primeiro em 1956, e o segundo 10 anos depois. Também protagonizou o tricampeonato do Interior (entre 1966 e 1968) e o título interiorano de 1959, além das excursões ao exterior em 1960, 1963 e 1968. Marcou 244 gols em 758 jogos pelo time da Morada do Sol. Olivério Bazani Filho ganhou do pai o apelido de Rabi, ainda na infância. Ele nasceu em Mirassol no dia 3 de junho de 1935 e começou a jogar futebol por influência do pai, um zagueiro voluntarioso e que defendeu o Corinthians na década de 40. Rabi despontou no juvenil mirassolense, comandado pelo técnico Anésio Pelicione, conhecido por Matinê.

Num amistoso, o Mirassol impôs 8 a 0 no amador da Ferroviária, com direito a show de Bazani, que impressionou Djalma Bonini, o Picolim, dirigente afeano. Mas o destino lhe reservou outras passagens antes de criar laços com a Ferroviária. Jogou na Mogiana, de Campinas, por um ano, e disputou o Campeonato Amador Regional pelo Grêmio Esportivo Monte Aprazível (Gema). Em 9 de dezembro de 1953 assinou seu primeiro contrato profissional para defender o Rio Preto no Campeonato Paulista da Segunda Divisão. Permaneceu no Jacaré durante seis meses, quando recebeu proposta para atuar no Fluminense, do Rio de Janeiro. Porém, antes de acertar com o clube carioca, os amigos China e Ico, ambos de Mirassol, iam fazer testes na Ferroviária e o convidaram a participar. Picolim, que já o conhecia, o convenceu a ficar em Araraquara. Disputou alguns jogos pelos amadores até que o técnico Renganeschi o promoveu ao time principal para substituir o ponta-esquerda Boquita.

Estreou marcando um dos gols na vitória por 3 a 2 sobre o Paulista de Jundiaí. Assinou seu primeiro contrato com a Ferrinha em 30 de dezembro de 1954. Dois anos depois, a Ferroviária subiu à “elite” ao conquistar o título da Segundona, com esmagadora vitória por 6 a 3 diante do Botafogo, com dois gols de Bazani. Em 1959, a equipe de Araraquara surpreendeu ao terminar o Paulistão em 4º lugar, atrás apenas de Palmeiras, Santos e São Paulo. Emergente, o time afeano recebeu convite para excursionar à Europa e África. Entre abril e junho de 1960, contabilizou 20 partidas, com 17 vitórias dois empates e apenas uma derrota, para o Sporting, de Lisboa, por 1 a 0. Os destaques foram a vitória de 2 a 0 sobre o Porto, com o primeiro gol de Bazani, e o empate de 1 a 1 com o Atlético de Madrid.

Após exibições de gala foi contratado pelo Corinthians, que pagou 30 mil Cruzeiros pelo seu passe. Ficou duas temporadas no Parque São Jorge antes de retornar à Ferroviária. Foi tricampeão do Interior (1966 a 1968) e jogou profissionalmente até 1973. Sua despedida foi diante do Guarani, no dia 28 de fevereiro. Antes, já havia assumido o comando interino da Ferroviária em algumas partidas, como no empate de 1 a 1 contra o São Paulo, pelo Paulistão de 1972. Formado em odontologia (1962) pela Unesp de Araraquara, Rabi continuou prestando serviços ao time de Araraquara, dividindo seu tempo entre o consultório e a Fonte Luminosa. Trabalhou como treinador, supervisor e coordenador das categorias de base. Como técnico, foi campeão paulista de aspirantes em 1993. No ano passado, a diretoria da Ferroviária o homenageou instalando um busto de bronze na Fonte Luminosa para eternizar sua imagem no estádio. Bazani, o mestre da Fonte, morreu (13/10/2007) depois de meses de luta contra o Mal de Parkinson e de Alzheimer. Ele deixou os filhos Lelo, Marinês e Ana Carolina e a mulher, Aparecida Becastro.

Duas temporadas dedicadas ao Corinthians
Bazani tornou-se um carrasco do Corinthians. Na temporada de 61, a Ferroviária venceu os dois confrontos diante do Alvinegro, ambos por 2 a 1. No primeiro turno, o jogo aconteceu na Fonte Luminosa e no segundo, no Parque São Jorge. Em março do ano seguinte, as duas equipes se enfrentaram em partida amistosa e os afeanos golearam por 4 a 1, na Fazendinha, em São Paulo, com o primeiro gol marcado por Bazani. Pela Taça São Paulo, em junho de 1962, a Ferrinha voltou a triunfar, vencendo por 2 a 0. Impressionados com a categoria daquele habilidoso meia-esquerda, dirigentes corintianos o contrataram. Ele concretizou um sonho, repetindo o caminho do pai, que atuou como zagueiro da equipe paulistana na década de 40.

O primeiro campeonato de Bazani pelo Corinthians foi o Torneio Rio-São Paulo de 1963. Estreou na derrota de 1 a 0 para o Palmeiras, dia 23 de fevereiro. Ele substituiu Rafael durante a partida. Seu primeiro jogo como titular aconteceu em 3 de março, na derrota de 2 a 0 para o Santos, com dois gols de Pelé. E a primeira vez que marcou com a camisa 10 do Timão foi na vitória de 2 a 0 sobre o Olaria, dia 21 de março, ainda pelo Rio-São Paulo, na sua quinta apresentação no clube mosqueteiro. Tudo ia bem até que no final de 1964 surgiu um moleque chamado Rivellino, que virou xodó da Fiel. A concorrência foi desleal. A torcida e a imprensa pressionaram pela escalação do novato e Rabi perdeu seu espaço, retornando à Ferroviária em junho de 1965.

Deixou Pelé no banco em 1960
Em 1960, após ser campeão paulista do Interior pela Ferroviária, Bazani, além de Dudu e o goleiro Rosan foram convocados pelo técnico Aimoré Moreira para defender a seleção paulista no Campeonato Brasileiro de Seleções. No jogo de ida da primeira fase, os paulistas venceram a seleção baiana por 2 a 0, em Salvador. Na partida de volta, no Pacaembu, Aimoré optou pela escalação de Bazani na meia-esquerda e deixou na reserva ninguém mais ninguém menos que Pelé, já idolatrado como campeão mundial pela Seleção Brasileira na Copa da Suécia em 1958. No primeiro tempo, os paulistas fizeram 1 a 0, gol de Pepe. No intervalo, Aimoré colocou Pelé no lugar de Bazani. O banco deve ter deixado o “Atleta do Século” irado e quem pagou o pato foi o time baiano, que não viu a cor da bola. Resultado, o “Rei do Futebol” marcou três gols, Pepe fez mais dois e Chinezinho completou o massacre de 7 a 1. Biriba anotou para os baianos. Na seqüência, o selecionado bandeirante atropelou a concorrência e faturou o tetracampeonato. Bazani teve com Pelé uma disputa amigável pela camisa 10.
Diárioweb.com.br

A primeira excursão internacional do Botafogo de Ribeirão Preto

Em janeiro de 1962, o Botafogo partia para sua primeira excursão internacional em gramados Argentinos. A estréia se deu no dia 17 de janeiro de 1962, em partida realizada no estádio San Martim em Mar Del Plata, enfrentando o C.A Quilmes, com vitória deste adversário por 2X1. A recuperação aconteceria na partida seguinte em Olavarria, onde o Botafogo vence a equipe do Estudiantes pelo placar de 5×2. A seqüência da excursão tornou-se um sucesso com seguidas vitórias em Baia Blanca, Tandil, Nacochéa e Rosário, empate em Santa Fé, nova vitória Córdoba, San Francisco e Rio Quarto, até o retorno a Buenos Aires, onde enfrentou o Boca Juniors no estádio de La Bombonera, onde o Botafogo perdeu por 2×1, em partida memorável, com a presença de torcedores de Ribeirão que viajaram em avião fretado especialmente para acompanhar a partida, que teve ainda transmissão da rádio Bandeirantes de São Paulo,além de emissoras ribeirãopretanas. Duas partidas ainda foram realizadas, com empate em Junin e vitória contra o Quilmes em Cordoba. Em sua primeira excursão, o tricolor disputou 14 jogos, perdeu dois, empatou 3 e conquistou nove vitórias. Quando regressou ao Brasil, o jornal “A Gazeta Esportiva”, festejava sua campanha alterando o slogam da equipe de “Pantera da Mogiana” para “Pantera da Américas”.
wikipedia.org/wiki/Botafogo_Futebol_Clube

A vingança do placar eletrônico do Maracanã

Como vivi grande parte de minha vida em São Paulo e agora estou no Rio, tento separar o lado tendencioso de ver/comentar o futebol. Até no ouvir tenho que ter cuidado e analisar os fatos.
Se ouvir os comentários de Gerson, o canhotinha, na rádio Globo do Rio , você tem que dar um desconto, afinal ele defende exageradamente o futebol carioca. Se ouvir os comentários de Neto em São Paulo, ele certamente vai defender os zagueiros paulistas Miranda do São Paulo e o William do Corinthians como os melhores do Brasil. Da mesma forma o Thiago Silva do Fluminense é considerado o melhor pela crônica carioca.
Este preâmbulo precede um fato que vivi no futebol e teve como elemento motivador a acirrada rivalidade do eixo Rio-São Paulo .
Em 29/04/1984, no jogo de ida, jogaram Flamengo x Corinthians no Maracanã. O vencedor desta disputa chegaria à semi-final do Brasileirão de 1984. Neste jogo o Flamengo venceu de 2 x 0, com gols de Élder aos 27 do 1º tempo e de Bebeto aos 8 do 2º tempo. Este jogo teve um público de 98.656 pagantes.
Para o jogo da volta no Morumbi em 06/05/1984, o Corinthians precisaria fazer pelo menos 2 gols de diferença. Mas algo aconteceu no primeiro jogo.
O jornalista Dalmo Pessoa, ex-rádio Gazeta e na época comentarista da rádio Bandeirantes começou a motivar a torcida do Corinthians para ir em peso e lotar o estádio. Falava que o estádio do Maracanã tem teto nas arquibancadas e dava eco e era essa a razão principal do barulho da torcida do Flamengo. Eu não sei o que aconteceu no Maracanã para o Dalmo a toda hora conclamar a torcida alvinegra.
O que sei é que realmente gerou um clima de revanche e até no placar eletrônico do Morumbi, conforme veremos a seguir.
O jogo da volta teve um público pagante de 115.002 pagantes e contagiado pelo jornalista ali também estava e posso contar o que li no placar eletrônico do Morumbi.
Como o Corinthians ganhou o jogo de 4 x 1, gols de Biro Biro aos 32 e Wladimir aos 38 do 1º tempo e Edson aos 7, Ataliba aos 14 e Paulinho contra aos 21 do 2º. tempo, o Corinthians estava classificado para as semi-finais contra o Fluminense de Parreira.
Perto dos 35 minutos do segundo tempo, o placar começou a escrever a música VAMOS A LA PLAYA, ou seja, cantando a vitória antes do tempo.
E chegou o domingo seguinte,13 de maio de 1984, e o Fluminense veio e venceu de 2 x 0 o Corinthians com gols de Assis aos 39 do 1º tempo e Tato aos 36 do 2º tempo. O Morumbi recebeu 90.560 pagante e com esta derrota o Corinthians precisaria de muito futebol para reverter o resultado. O fato é que no domingo seguinte, 20 de maio de 1984, quase ninguém da torcida do Corinthians foi A LA PLAYA.
Mas o troco do placar eletrônico pelos cariocas estava preparado.
Neste jogo 118.370 pagantes viram um 0 x 0 que classificou o Fluminense para as finais. Perto dos 40 minutos do 2º tempo, o placar do Maracanã começou:
Timão…….Timinho……..Fumaça….
Estava assim “ vingado “ o placar eletrônico do Maracanã.
Depois deste episódio, maiores cuidados foram tomados nos estádios quanto a forma de cuidados na informação.
Gilberto Maluf

Copa de 1966 – O país parava ao lado dos aparelhos de rádio

Esta copa foi do tempo que o BEG (Banco do Estado da Guanabara), antecessor do também finado BANERJ, distribuiu tabela no Rio de Janeiro com a programação dos jogos da Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra .O BEG estampou na capa da tabela uma bola de futebol logo abaixo da chamada da Copa do Mundo. Mais abaixo sugeria o uso do Cheque Verde, garantido pelo Banco e aceito em toda parte. Isso há 42 anos…….

Foi a última Copa do Mundo sem transmissão ao vivo pela televisão – o país parava ao lado dos aparelhos de rádio.

As emissoras mais populares do Rio faziam convênio com milhares de emissoras do país inteiro para irradiarem os jogos – alto-falantes eram montados nas praças de todas as cidades.

Nesta época, a Rádio Continental, do grupo Rubens Berardo, era a “100 por cento esportiva”. Clóvis Filho, Benjamin Wright (“”futebol é uma caixinha de surpresas””), Carlos Marcondes, Carlos Mendonça, Teixeira Heizer.

Na Rádio Nacional, outro sucesso da época, Oduvaldo Cozzi e sua linguagem rococó (“e o balão, após um entrechoque por demais violento, perdeu sua esfericidade regulamentar para a prática do velho e violento esporte bretão”), Antonio Cordeiro, Jorge Cúri e seu vozeirão (“no PE do maior e mais belo, ocho” – traduzindo: no placar eletrônico do Maracanã, 0 x 0), Luiz Fernando (e seu BTP 1-A, um enorme e revolucionário transmissor sem fio, para as entrevistas no campo).

Na Rádio Globo, Waldir Amaral (“você ouvinte é nossa meta. Pensando em você é que fazemos o melhor”; “está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”), João Saldanha (“meus amigos”), Luiz Mendes, Mário Vianna (“errrrou! errrrou! banheeeeiraaaa! ilegal! gol ilegal”), Antonio Porto, Celso Garcia.

Na Rádio Tupi, Doalcei Camargo (“”o relógio marca””), José Cabral, Rui Porto (“para o segundo tempo, mantém-se a vitória do Fla, ou o Flu empata e, talvez, pode ainda vencer” !?!

E Antonio Cordeiro, Orlando Baptista e seu linguajar empolado (Rádio Mauá), Geraldo Romualdo da Silva.

Todos viam a bola “passar raspando”, “um perigo iminente”, “um gol impossível de perder”, “salvou em cima da linha”, tornando qualquer jogo insosso na mais dramática das partidas para angústia de todos nós torcedores.

E o Brasil, é claro, sempre sendo roubado descaradamente pelos juízes.

E, além dos bordões, criavam apelidos para os heróis de nossa infância: “Enciclopédia”, “Violino”, “Leão da Copa”, “Leiteiro”, “Constellation”, “Formiguinha”, “Príncipe Etíope”, “Doutor”, “A mais alta patente do futebol brasileiro”, “Rei”, “Possesso”, “Rei da folha seca”, “Queixada”, e tantos outros…
Fonte: Saudades do Rio

RATTÍN – ” Por causa dele criaram os cartões amarelo e vermelho ”

RATTÍN – BOCA JUNIORS ( ARGENTINA )

“Por causa dele criaram os cartões amarelo e vermelho”

É impossível pensar no futebol argentino dos anos 60 sem lembrar de imediato a figura de Antonio Rattín, capitão da alviceleste e símbolo do Boca Juniors, pelo qual estreara, substituindo o credenciado Eliseo Mouriño, com apenas 18 anos, em 1956, num jogo contra o River Plate, no qual marcou de forma implacável o mítico Labruna. A partir desse dia tornou-se “farol” do time , o fabuloso El Rata Rattín, transmitindo sempre grande personalidade.

Conquistou os campeonatos de 1962, 64 e 65, disputando 352 jogos e marcando 26 gols, mas a maior recordação que o futebol mundial tem dele remonta ao Mundial-66, quando, no decorrer do Inglaterra-Argentina, o árbitro alemão Kreitlen presumiu que ele o insultara e ordenou a sua expulsão. No entanto, num tempo em que ainda não havia cartões, Rattín negou-se abandonar o gramado e procurou explicar-se. Evidentemente, Kreitlen não falava espanhol nem Rattín alemão. Foi um diálogo de surdos que durou quase 20 minutos com o jogo interrompido, até que, muito a custo, quando todo o onze argentino já ameaçava sair com o seu capitão, Rattín decidiu, por intervenção de agentes da FIFA, abandonar o gramado . Não sem antes pegar a bandeira do Reino Unido e amassá-la.
Algumas considerações sobre a aplicabilidade do cartão amarelo:

.O cartão amarelo foi introduzido pela FIFA na Copa de 1970, disputada no México, sendo o inglês Lee a receber o primeiro cartão. Essa introdução se fez necessário devido ao fato da dificuldade de comunicação entre o árbitro e os jogadores, causado pelos diferentes idiomas das seleções participantes.

.No futebol é mostrado a um jogador como aviso ou advertência por ter cometido algum tipo de infração. Ao ser mostrado um segundo cartão amarelo ao mesmo jogador, este será imediatamente expulso de campo.

.O jogador que impedir que o adversário se apodere da bola e por não poder jogá-la de outra forma, a detenha consigo, ou golpeie com punho, segure o adversário, impedindo que se apodere da bola ou ainda quando marcar um gol, usar de forma ilegal uma ou ambas as mãos , será punido com o cartão amarelo.

.Todo o Jogador que persistir em infringir as regras ou perder tempo com a clara intenção de se beneficiar ou ainda se for culpado de conduta antiesportiva, também será advertido com cartão amarelo.

.O jogador que retardar o reinício do jogo chutando para longe a bola ou levá-la na mãos depois que o árbitro tenha apitado ou cobrar um tiro livre em lugar errado com a deliberada intenção de obrigar o árbitro a ordenar a sua repetição ou ainda se colocar em frente a bola durante a execução de um tiro livre concedido a equipe adversária, será punido com cartão amarelo.

.Receberá o cartão amarelo o jogador que fingir que está contundido, retardar a saída de campo durante um processo de substituição (caminhando de forma lenta, parando para abaixar as meias ou retirar a caneleira), abandonar deliberadamente o campo de jogo, entrar ou voltar a entrar no campo sem permissão do árbitro, simular a intenção de lançar um arremesso lateral, porém deixar de imediato a bola para um companheiro, retadar para cobrar um tiro livre, um tiro de meta ou tiro de canto.

.Todo o jogador que protestar contra a arbitragem, quer por meio verbal ou através de gestos também será advertido com cartão amarelo.

.Por mais que seja permitido que os jogadores expressem sua alegria no momento mágico do futebol, o gol, esta celebração não poderá ser excessiva, nem fazer gestos ofensivos, debochados ou provocantes, nem subir em alambrados ou ainda, tirar a camisa por cima de sua cabeça ou cobri-la com a mesma. O jogador que fazer qualquer uma das situações acima citada, receberá o cartão amarelo.

.Uma crítica muito comum contra os árbitros é a não utilização de um mesmo critério na aplicação do cartão amarelo.

.Uma boa arbitragem sempre será aquela que contou com um só critério!
Wikipédia/site português/FPF

Independiente – Rei de Copas

Certo vez fui á Vila Belmiro, quarta-feira à noite, ver Santos x Independiente pela Recopa. Creio que foi em 1996. O Edinho jogava no gol do Santos. Acontece que ganhei uma aposta de um amigo torcedor do Santos, que era ir ver um jogo na baixada e comer um peixe frito. Tudo por conta do perdedor. E ele veio querer pagar a aposta exatamente no jogo em referência. Falei: Começa às 22h, acaba meia-noite se não for para os pênaltis ( e foi ), temos que voltar para São Paulo e de manhã , 07h30min estar no trabalho. E ainda tem mais, o Independiente não é nem sombra do que foi. Vamos deixar para outra vez.
Sabe como o meu amigo me convenceu? Foi muito forte. Ele falou: Gilberto, você vai ver a camisa…esta camisa tem tradição, é de um time copeiro.
Sequer repliquei. Fui!
Não poderia deixar de relembrar o outro Independiente, o dos anos 70 :

Santoro, Comisso, Sá, López e Pavoni; Galván, Raimondo, Semenewicz e Balbuena; Bertoni e Bochini. Esses são alguns dos nomes responsáveis pelo esquadrão que dominou o futebol sul-americano nos anos 70. Com esses jogadores, o Independiente acabou com a hegemonia do Estudiantes e iniciou a sua própria “Era de Oro”.
Em 1968 a equipe de La Plata foi campeã depois de bater o Palmeiras no jogo-desempate, em Montevidéu, por 2 a 0. E em 1969, conquistou o bi vencendo o Nacional, do Uruguai, duas vezes: 1 a 0 no estádio Centenário, em Montevidéu e 2 a 0 no jogo de volta, em La Plata.
Na primeira edição dos anos 70, o Estudiantes enfrentou na decisão o Peñarol – até então único time a conquistar a competição três vezes – e não só igualou o clube uruguaio como se tornou o primeiro tricampeão de fato, com a conquista dos títulos em anos consecutivos.
Os argentinos ainda chegaram em sua quarta final seguida, em 71, mas acabaram derrotados pelo Nacional, do Uruguai. Foi o único título não-argentino de 1967 (quando o Racing foi campeão) até 1975, ano do sexto título do Independiente.
O começo desta Era Independiente na Libertadores impediu, inclusive, o sucesso na competição de um dos melhores times que o São Paulo já teve, com craques como Valdir Peres, Forlan e Pedro Rocha.
A equipe argentina até então bicampeã (64 e 65), conquistou o terceiro título em 1972 e, já nesta campanha, foi responsável pela eliminação do Tricolor Paulista, que terminou com o segundo lugar do grupo 2 da fase semifinal e assim não se classificou para a decisão.
Na grande final, o Independiente o Universitário, do Peru, que se classificou para a decisão graças ao saldo de gol, em um grupo que contava ainda com os uruguaios do Nacional e do Peñarol. Um empate por 0 a 0 em Lima e uma vitória por 2 a 1 em Avellaneda garantiram o título.
No ano seguinte, com o status de atual campeão, o Independiente entrou direto na fase semifinal, quando eliminou o San Lorenzo, também argentino e o Millonarios, da Colômbia, classificando-se para a decisão contra o Colo Colo, do Chile. Após dois empates nos jogos de ida e volta, o título foi decidido em Montevidéu e os argentinos conquistaram seu segundo bicampeonato com uma vitória por 2 a 1.
Em 1974, mais uma vez o time argentino começa nas semifinais e se garante facilmente na decisão. Sua campanha antes da decisão só não é melhor que a do São Paulo, que consegue 3 vitórias e 1 empate no grupo 2 da fase semifinal.
O Tricolor saiu na frente na decisão ao vencer por 2 a 1 no Pacaembu, mas no jogo de volta perdeu por 2 a 0 em Avellaneda. No jogo-desempate, em Santiago, no Chile, uma vitória por 1 a 0, com gol de Pavoni, bastou para que o Independiente alcançasse seu 5º título.
Em 1975, a vítima na decisão foi o Unión Espanhola, do Chile, que no jogo-desempate perdeu por 2 a 0 em Assunção, no Paraguai. Com isso o Independiente chegou ao tetracampeonato, marca até hoje não igualada e ao sexto título.
Coube a um time brasileiro acabar com esse domínio argentino, em 1976. O Independiente caiu na semifinal, eliminado pelo rival River Plate e, na decisão, o Cruzeiro se tornou campeão ao bater o time de Buenos Aires por 3 a 2 no jogo-desempate, no Chile, depois de vitória por 4 a 1 no Mineirão e derrota por 2 a 1 no Estádio Monumental.

“O Craque” – Filme de 1953

Poucos carros circulam pelas ruas de São Paulo, namorados passeiam de barco pelas águas cristalinas do Tietê e apreciam as margens floridas. O estádio do Pacaembu, em uma vizinhança de raros prédios, recebe damas com belos vestidos e cavalheiros de terno, enquanto jogadores lendários do Corinthians posam para uma foto em frente à concha acústica.

O retrato dessa cidade bucólica da década de 50 e de um futebol ainda romântico, quase amador, corre o risco de virar pó, literalmente, em um depósito da Cinemateca Brasileira do Estado de São Paulo. Os negativos de “O Craque”, de 1953, o mais antigo longa-metragem nacional com o futebol como pano de fundo que não se perdeu com o tempo, estão em “estágio de deterioração muito avançada, provavelmente com partes irrecuperáveis”, segundo laudo expedido pela Cinemateca no final de 2007. Não há nenhuma cópia em bom estado, só trechos em VHS, assistidos pela Folha.

O material está com a publicitária Patrícia Civelli, 57, filha de Mário Civelli (1923-93), produtor de “O Craque” e de outros filmes dos anos 1950 e 1960. Desde a morte do pai, ela tenta restaurar sua obra. Com apoio da Petrobras, acaba de recuperar o documentário “O Gigante” (1969), censurado na ditadura militar. A cópia restaurada será exibida em abril no festival É Tudo Verdade. Ela busca patrocínio para “O Craque”, cuja restauração, calcula, levaria cerca de um ano e custaria R$ 1,8 milhão.

Corinthians x Uruguai

“O Craque” é protagonizado por Eva Wilma, Carlos Alberto (1925-2007) e Herval Rossano (1933-2007). Mostra um jogo real entre Corinthians e o Olímpia, do Paraguai, que na história é um temido time uruguaio. “O Corinthians encara nesta tarde, desportistas amigos, o Carrasco de Montevidéu, o campeão do Uruguai”, narra Blota Júnior (1920-1999). O time que aparece no filme foi um dos mais importantes da história alvinegra ao conquistar o título do Quarto Centenário de São Paulo (1954). Era formado por craques como o goleiro Gilmar e os atacantes Baltazar, Cláudio e Carbone. O longa acaba com a vitória corintiana de virada, uma revanche fictícia à amarga derrota da seleção brasileira na final da Copa de 50, no Maracanã.

O universo futebolístico, com cenas da partida, de treinos, vestiários e do Parque São Jorge, entre outras, serve como pano de fundo para o romance de Elisa (Eva Wilma) e Julinho “Joelho de Vidro” (Carlos Alberto), que tinha o apelido em razão de uma queda sofrida na infância. Rico industrial, o pai da mocinha não aceita o namoro da filha com um jogador em busca do sucesso e a pressiona a ficar noiva do jovem médico Mário (Herval Rossano).

Em um final feliz, Julinho, com o joelho recuperado, se consagra ao substituir Carbone, no papel dele mesmo, fazer o gol da vitória corintiana e beijar a mocinha. “Ele ficou com todos os meus gols”, lembra Carbone, hoje com 80 anos, que no filme teve de deixar a partida em uma maca, com crise de apendicite. Quase 60 anos após as filmagens, poucas testemunhas restam. Além de Carlos Alberto e Rossano, já morreram quase todos os jogadores do Corinthians, o diretor do filme, José Carlos Burle, o produtor Mário Civelli e dois dos roteiristas.

O terceiro é o jornalista Alberto Dines, 76, que guarda fotos das filmagens e originais do roteiro em amarelados papéis datilografados. “Lembro que chegamos a pensar em algo dramático, inspirado no cinema americano de beisebol e boxe, mas o Civelli queria uma comédia romântica comercial”, conta Dines, contratado aos 21 anos pelo produtor após fazer uma entrevista com ele para a revista “Visão”, na qual era repórter e crítico de cinema. Eva Wilma, que hoje interpreta a vilã da novela das seis da Globo, “Desejo Proibido”, lamenta a situação do filme, um dos três de seu primeiro ano no cinema. “É triste, angustiante. É não só um registro da história do cinema, como dos costumes e de São Paulo. Eu me lembro da cena em que conversava com o Carlos Alberto na margem do Tietê.”

Os negativos originais de “O Craque” foram entregues por Mário Civelli à Cinemateca em 1989, segundo Patricia de Filippi, diretora da instituição e coordenadora do laboratório de restauração. Ela afirma que um laudo de 1993 atestou que o material apresentava “evidentes sinais de deterioração”. “Os negativos devem ter sido armazenados em condições não ideais por 40 anos. Estamos em um país tropical, quente e úmido, exatamente o contrário do que exige a preservação”, diz. E a Cinemateca só passou a ter câmaras climatizadas em 2000. Hoje, segundo ela, as oito latas com negativos de imagens do filme e outras oito com negativos do som ficam a 10º e 35% de umidade relativa do ar. Apesar disso, a obra corre o risco de desaparecer.

Fonte: Folha de S. Paulo –

A história maravilhosa da Copa do Mundo – por Jules Rimet

O trágico jogo final é conhecido como maracanaço. O silêncio tomou conta do Maracanã às 16 horas e 50 minutos do dia 16 de julho. O Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu por 2 a 1. Desolados, os quase 200 mil torcedores demoraram mais de meia hora para deixar o estádio. O time brasileiro fez trinta lances a gol (dezessete no primeiro tempo e treze no segundo). Os jogadores cometeram quase o dobro de faltas, um total de 21, contra apenas onze do Uruguai.

O presidente da FIFA, Jules Rimet, conta um caso curioso no seu livro La historie merveilleuse de la Cope du Monde:”Ao término do jogo, eu deveria entregar a Copa ao capitão do time vencedor. Uma vistosa guarda de honra se formaria desde a entrada do campo até o centro do gramado, onde estaria me esperando, alinhada, a equipe vencedora (naturalmente, a do Brasil). Depois que o público houvesse cantado o hino nacional, eu teria procedido a solene entrega do troféu. Faltando poucos minutos para terminar a partida (estava 1 a 1 e ao Brasil bastava apenas o empate), deixei meu lugar na tribuna de honra e, já preparando os microfones, me dirigi aos vestiários, ensurdecido com a gritaria da multidão”.

Aconselhado a descer devagar a escada até o vestiário, Jules Rimet ia acompanhado por delegados da FIFA, dirigentes brasileiros e guardas armados com a missão de proteger a taça de ouro.

“Eu seguia pelo túnel, em direção ao campo. A saída do túnel, um silêncio desolador havia tomado o lugar de todo aquele júbilo. Não havia guarda de honra, nem hino nacional, nem entrega solene. Achei-me sozinho, no meio da multidão, empurrado para todos os lados, com a Copa debaixo do braço”

Jules Rimet não conseguiu entregar a taça e decidiu se retirar. Mas logo depois voltou e Obdulio Varela recebeu a taça. Rimet disse: “Estou feliz pela vitória que vocês acabam de conquistar. Cheia de mérito, sobretudo por ter sido inesperada. Com minhas felicitações”.

Na tentativa de encontrar um culpado para a derrota do Brasil, os superticiosos de plantão culparam a troca do local de concentração na véspera da final. O Brasil trocou a concentração de Joá pelo estádio do Vasco da Gama em São Januário. Outros culpam Flávio Costa pelas 2 horas de missa na manhã do jogo impostas pelo treinador aos jogadores, que rezaram de pé.

Protagonistas da tragédia

Barbosa- Ghiggia diz que só ele, o Papa e Frank Sinatra calaram o Maracanã. Eu também fiz o Brasil calar, fiz o Brasil chorar: não é só ele que tem esse privilégio não.

Augusto- A cena já estava toda pronta, na minha imaginação. O jogo terminava. O Brasil, absoluto, ganhava fácil do Uruguai. A gente se perfilava no gramado, em frente à tribuna de honra do Maracanã. Depois de cantar o Hino, a gente veria chegar o velhinho Jules Rimet com taça na mão. Eu pegaria a da taça das mãos dele. Todo feliz, ergueria a taça lá para o alto.

Juvenal- Eu me sentia um soldado defendendo o país. Não é só numa guerra que se defende o país: é nas disputas esportivas também. Então, perder aquele jogo para o Uruguai foi como perder uma guerra. A gente não falava em dinheiro. Os jogadores não pediram prêmio, nada, nada, nada. Nós, ali, éramos como militares.

Bauer- Vim para o Rio para ser campeão do mundo. Voltei a São Paulo no chão do trem.

Danilo- Como a Copa de 50 marcou a inauguração do Maracanã, a derrota do Brasil ficou gravada para a eternidade. O próprio time do Vasco, base da Seleção Brasileira, derrotou o Peñarol, base da Seleção Uruguaia, em Montevidéu, logo depois. Mas os uruguaios diziam: “A gente não queria ganhar essa aqui em Montevidéu, não. Queríamos ganhar aquela, no Maracanã”.

Bigode- Deve ter morrido gente de enfarte. Se o Brasil fosse campeão, morreria muito mais gente. O povo é exagerado. O Maracanã ia vir abaixo. Iam quebrar tudo nos bailes. O futebol é um fenômeno que ninguém explica. Futebol incomoda mais que problema de família…

Friaça- Fiz 1 x 0 na final da Copa. Ali nós já éramos deuses.

Zizinho- Meu sonho era assim: a gente ainda iria jogar contra o Uruguai. Aquilo que aconteceu era mentira.

Ademir- Depois do jogo com a Espanha – que vencemos por 6 x 1 – apareceu um senhor num automóvel gritando: “Quero falar com Ademir”. Ele entrou e foi falar direto com Flávio Costa. Daí Flávio me chamou num canto: “Vá ao hospital com o médico da seleção, veja a situação e volte”. Quando cheguei ao hospital, vi que era um garoto meu admirador. O menino vei, me beijou e disse: “Doutor, pode operar”. De volta à concentração, não consegui dormir. Fiquei pensando: “O que é que eu sou? Um santo? Um deus?”.

Jair -Sempre antes de dormir, eu pensava no gol que não fiz, aos 45 do segundo tempo. Eu sonhava assim: o Brasil com um time daqueles não ganhou a Copa do Mundo? A derrota é que tinha sido um sonho. Acordava espantado, olhava ao redor – e o Maracanã estava ali, na minha frente.

Chico -Tive um pressentimento estranho. Quando o Brasil entrou em campo, a derrota já estava escrita.