Copa de 1966 – O país parava ao lado dos aparelhos de rádio

Esta copa foi do tempo que o BEG (Banco do Estado da Guanabara), antecessor do também finado BANERJ, distribuiu tabela no Rio de Janeiro com a programação dos jogos da Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra .O BEG estampou na capa da tabela uma bola de futebol logo abaixo da chamada da Copa do Mundo. Mais abaixo sugeria o uso do Cheque Verde, garantido pelo Banco e aceito em toda parte. Isso há 42 anos…….

Foi a última Copa do Mundo sem transmissão ao vivo pela televisão – o país parava ao lado dos aparelhos de rádio.

As emissoras mais populares do Rio faziam convênio com milhares de emissoras do país inteiro para irradiarem os jogos – alto-falantes eram montados nas praças de todas as cidades.

Nesta época, a Rádio Continental, do grupo Rubens Berardo, era a “100 por cento esportiva”. Clóvis Filho, Benjamin Wright (“”futebol é uma caixinha de surpresas””), Carlos Marcondes, Carlos Mendonça, Teixeira Heizer.

Na Rádio Nacional, outro sucesso da época, Oduvaldo Cozzi e sua linguagem rococó (“e o balão, após um entrechoque por demais violento, perdeu sua esfericidade regulamentar para a prática do velho e violento esporte bretão”), Antonio Cordeiro, Jorge Cúri e seu vozeirão (“no PE do maior e mais belo, ocho” – traduzindo: no placar eletrônico do Maracanã, 0 x 0), Luiz Fernando (e seu BTP 1-A, um enorme e revolucionário transmissor sem fio, para as entrevistas no campo).

Na Rádio Globo, Waldir Amaral (“você ouvinte é nossa meta. Pensando em você é que fazemos o melhor”; “está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”), João Saldanha (“meus amigos”), Luiz Mendes, Mário Vianna (“errrrou! errrrou! banheeeeiraaaa! ilegal! gol ilegal”), Antonio Porto, Celso Garcia.

Na Rádio Tupi, Doalcei Camargo (“”o relógio marca””), José Cabral, Rui Porto (“para o segundo tempo, mantém-se a vitória do Fla, ou o Flu empata e, talvez, pode ainda vencer” !?!

E Antonio Cordeiro, Orlando Baptista e seu linguajar empolado (Rádio Mauá), Geraldo Romualdo da Silva.

Todos viam a bola “passar raspando”, “um perigo iminente”, “um gol impossível de perder”, “salvou em cima da linha”, tornando qualquer jogo insosso na mais dramática das partidas para angústia de todos nós torcedores.

E o Brasil, é claro, sempre sendo roubado descaradamente pelos juízes.

E, além dos bordões, criavam apelidos para os heróis de nossa infância: “Enciclopédia”, “Violino”, “Leão da Copa”, “Leiteiro”, “Constellation”, “Formiguinha”, “Príncipe Etíope”, “Doutor”, “A mais alta patente do futebol brasileiro”, “Rei”, “Possesso”, “Rei da folha seca”, “Queixada”, e tantos outros…
Fonte: Saudades do Rio

2 pensou em “Copa de 1966 – O país parava ao lado dos aparelhos de rádio

  1. Gilberto Maluf

    Walter, esta do Rui Porto eu não sabia. Na época morava em São Paulo. E se o fulano que entrou no lugar jogasse pior? Creio que o Rui Porto ficaria calado, certo? Eles sempre arrumam uma desculpa. Conforme você disse, “eles” não erram nunca. Mudam de idéia na mesma hora. E ai daquele que vai contra suas idéias. Frente a frente não falam nada, mas depois pegam o microfone e destilam venevo. Se você elogia um jornalista por e-mail, eles respondem vaidosos e agradecidos. Se você vai contra, jamais te responderão.
    Existia uma máxima antigamente: Toma cuidado com jornalista,…..e….
    Quanto as outras duas profissões não vem aqui o caso. Mas não convém generalizar, existem, ainda bem, jornalistas consenciosos.
    Abs
    Gilberto

  2. Walter Iris

    Gilberto.
    Rui Porto (”para o segundo tempo, mantém-se a vitória do Fla, ou o Flu empata e, talvez, pode ainda vencer” !?! – Realmente, era isso que ele dizia sempre em seus comentários.

    Tem outro do Rui Porto quem só que estava no Maracanã e com o radinho de pilha no ouvido escutava sempre ele dizer: “O técnico deveria colocar o jogador FULANO. Só que quando ele dizia isso, o FULANO já estava caminhando para a beira do campo, para entrar no jogo. De imediato, o repórter de campo entrava e dizia: Rui, você acertou, vai entrar FULANO”.

    Nos dias atuais, os comentaristas também não erram nunca. Jogo empatado e o locutor pergunta ao comentarista: placar justo? Justíssimo, etc. Logo após, um dos times abre o placar e novamente vem a pergunta: placar justo? Comentarista: mais do que justo, porque o time aproveitou a chance que teve. O outro time empata e lá vem a pergunta mágica: placar justo?: Claro que é justo, o time já fazia por merecer o empate. Traduzindo, qualquer que seja o placar do jogo, para o comentarista foi um placar justo. Não erram nunca.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *