Arquivo da categoria: 08. Gilberto Maluf

Os cantos de uma torcida – 1910 a 1977

1.Em 1914 o Corinthians fez seu primeiro jogo internacional contra o Torino da Itália. O jogo foi no Parque Antarctica, em 08/11/1914. O Placar foi de 2 x 1 para o Torino.
O árbitro foi nada mais nada menos que Charles Miller, o introdutor do futebol na Brasil. O técnico do Torino, Vittorio Pozzzo, falou que o Corinthians podia ir à Europa e enfrentar, sem receio, qualquer dos times de lá.

O que se cantava nas arquibancadas:
ALEGUÁ GUÁ GUÁ!
ALEGUÁ GUÁ GUÁ!
HURRA HURRA
CORINTHIANS!

2.No livro Brás, Bexiga e Barra Funda, publicado em 1928, registrou o grito de guerra de Antonio Alcantara Machado em sua crônica Corinthians 2 x Palestra 1 :

QUE É, QUE É, É JACARÉ? NÃO É!
QUE É, QUE É, É TUBARÃO? NÃO É!
ENTÃO QUE É?
CO RIN THI ANS!

3.Na década de 30 Antonio Alcantara Machado registrou no livro Cavaquinho e Saxofone o seguinte grito de guerra:

TUCU RUCUTU! JÁ-JÁ!
TUCU RUCUTU! JÁ-JÁ!
HURRA HURRA!
CORIN THIANS!

4.Em 1941 a primeira torcida organizada do Corinthians entoou o seguinte grito de guerra:
UH BALASQUIÊ!
UH BALASQUIÁ!
ZUM, ZUM, ZUM,
RÁ, RÁ, RÁ
CORIN THI ANS!

5. Grito de guerra dos anos 50, reproduzido ao final da música ” Campeão do IV Centenário” de Alfredo Borba:

CHI BUMBÁ,
IUBARACA, IUBARACÁ,-Á
ZUN ZUN ZUM,
RARARÁ,
CO RINTHI ANS!
CO RINTHI ANS!

6. Grito de guerra da torcida durante toda a década de 60:

COO OO RIN THI ANS!
COO OO RIN THI ANS!
COO OO RIN THI ANS!

7. Um dos muitos gritos de guerra da Fiel na década de 1970:

OLÊ OLÁ…
E O CO RIN THI ANS
TÁ BOTANDO
PRA QUEBRAR…….

A partir de então muitos e muitos gritos de guerra foram entoados.

Livro Timão 100 anos

Do Vasquinho da Vila Mariana ao jogo de botão

Década de 40. Éramos todos pequenos e foi na Rua Alice de Castro, uma ruazinha de cento e poucos metros que fica entre as ruas Morgado de Mateus e Joaquim Távora, a um quarteirão do Instituto Biológico de São Paulo, que se deu nosso primeiro contato com a bola. As traves dos gols eram demarcadas por duas pedras de cada lado do “campo”. A rua de terra nos fazia voltar imundos para casa, ora empoeirados até a raiz dos cabelos, ora irreconhecíveis sob uma crosta de barro.

O futebol rapidamente virou paixão. Na rua encarnávamos as figuras de Bauer, Noronha, Leônidas, Baltazar, Brandãozinho, Cláudio, Luizinho, Jair e outros craques que só conhecíamos através das transmissões de rádio e por “retratos” na Gazeta Esportiva.

Quando chovia, nossa paixão se transferia para o futebol de botão, cada um com seu time – havia até Jabaquara, Juventus e Nacional. “Fabricávamos” os nossos jogadores com botões de roupa e tampas de relógios de pulso. Armávamos os times iguaizinhos aos de verdade. Sistema dois três cinco, que mudou para WM, sempre ao sabor dos técnicos da época. Tudo virava bagunça na mesa assim que os jogos tinham andamento.

Contávamos com transmissão ao vivo: o Nilton imitava os locutores da época. Por vezes, “metralhava” com a rapidez e os trejeitos vocais do Pedro Luiz. De outras, imitava as entonações do Geraldo José de Almeida. Vibrávamos quando ele irradiava o jargão “mata a bola no peito, rola na coxa, fuzila para o gol”, mesmo sem atinarmos como é que uma simples tampa de relógio pudesse realizar tais milagres.

No início dos anos 50, saímos à procura de um jogo completo de uniformes – camisas, calções e meias – inicialmente patrocinado pelo pai do Paulinho, mas que seria religiosamente devolvido com o pagamento das mensalidades. Na loja só encontramos o uniforme do carioca Vasco da Gama, camisa preta com a listra diagonal branca. Nascia o Vasquinho. Que virou Vasquinho da Vila Mariana.

Instalamos nossa sede no quarto de empregada da casa do Paulinho. Tínhamos até diretoria, eleita “democraticamente” de acordo com o maior ou menor grau de amizade do dono da sede. Cada jogador (ou sua mãe) ficava responsável pela lavagem do uniforme, que devia estar impecável no dia do próximo jogo. O que nem sempre ocorria.

Treinávamos e jogávamos em um campinho completamente fora de medidas e de proporções, na Rua França Pinto, e que além de tudo era inclinado para um dos lados. Um chute mais forte para fora e um dos nossos era intimado a correr morro abaixo para buscar a bola.

Com o tempo, o Vasquinho ganhou fama. Surgiram até espectadores, que ficavam ao redor do campinho. Também jogávamos “fora de casa”: disputamos partidas nos Colégios São Bento, São Luiz, Arquidiocesano, no Ipê Clube, em um terreno baldio da Rua Humberto Primo, na Vila Guarani e em outros bairros.

Lentamente, começaram as perdas. Perdemos nosso campinho da Rua França Pinto, lá começaram a construir casas. Perdemos alguns jogadores, que mudaram de bairro ou foram convidados a jogar em outros times. Perdemos o interesse pelo futebol de botão, trocado por brincadeiras mais interessantes e que já admitiam – oh, heresia! – a participação de meninas.

Em um triste domingo, não conseguimos mais reunir jogadores em número suficiente. Nós nos dispersamos. O Vasquinho da Vila Mariana, nosso dream time da época, acabou. Restaram apenas as lembranças… e uma irracional paixão pelo futebol.

Que isso ninguém nos tira.
Julio Ernesto Bahr
www.pedacodavila.com.br

O zagueiro com mais gols na história do Corinthians

O lateral-esquerdo Roberto Carlos usou a camisa com número 3 em todos os clubes por onde passou. Menos no Corinthians, que já vende seu uniforme com número 6 nas costas.

Para muitos, uma decisão surpreendente da diretoria. Mas explicada pela presença de Chicão que, em dois anos, tornou-se um dos ídolos da torcida e o zagueiro com mais gols na História do clube: 27 em 103 jogos.
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Como a Torcida do Corinthians Avalia o Futebol do Chicão:
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Gráficos: esquematatico.com.br

Corintianos que disputaram Copas do Mundo

Ao longo da História das Copas do Mundo, 20 jogadores representaram o Corinthians.

Copa da França (1938)
O zagueiro Jau, o meia Brandão e o atacante Lopes.

Copa do Brasil (1950)
Somente o atacante Baltazar foi chamado.

Copa da Suíça (1954)
Foram o goleiro Cabeção e Baltazar.

Copa da Suécia (1958)
O goleiro Gilmar e o zagueiro Oreco.

Copa da Ingla-terra (1966)
Desta vez no Timão, Garrincha foi chamado de novo.

Copa do México (1970)
O tri teve o meia Rivellino e o goleiro Ado como representantes do Timão.

Copa da Alemanha (1974)
Foram convocados o lateral-direito Zé Maria e o craque Rivellino.

Copa da Argentina (1978)
Só o zagueiro Amaral foi chamado.

Copa da Espanha (1982)
Do Timão, só o craque Sócrates foi chamado.

Copa do México (1986)
O goleiro Carlos, o lateral Edson e o atacante Casagrande foram chamados.

Copa dos EUA (1994)
O atacante Viola foi o representante do Corinthians.

Copa Coréia e Japão (2002)
A Seleção conquistou o penta com Vampeta, Ricardinho e Dida.

Copa da Alemanha (2006)
No último Mundial, somente o meia Ricardinho foi chamado.

Curiosidades do Lancenet, por Bruno Andrade

O início da campanha do Bangu em 1966

11/09/1966 – BANGU 5 x 0 MADUREIRA

FICHA TÉCNICA

Competição:
Campeonato Carioca

Local:
Conselheiro Galvão (RJ)
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Público:
1.014

Árbitro:
José Gomes Sobrinho

Bangu
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Ubirajara, Cabrita, Mário Tito, Luís Alberto e Ari Clemente; Jair e Ocimar; Tonho, Paulo Borges, Ênio e Zé Carlos.
Técnico: Alfredo González.
Madureira
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Silas, Jorge Luís, Nagel, Alfredo e Conceição; Laerte e Merrinho; Morais, Anísio, Mário e Léo.
Técnico: Evaristo de Macedo.

No 1º tempo: Paulo Borges (35). No 2º tempo: Ênio (20), Jair (pên.) (25), Paulo Borges (34) e Jair (44).

Paulo Borges – ponta de lança da vitória: 5 x 0
Fonte: Última Hora

Numa partida de nível técnico apenas razoável, o Bangu começou o Campeonato Carioca goleando o Madureira por 5 x 0, ontem à tarde, em Conselheiro Galvão, onde a grande figura foi Paulo Borges, que transformou-se num atacante perigosíssimo jogando na posição de ponta de lança, destacando-se também as atuações de Ênio e Cabrita.

O Madureira não mostrou nenhum padrão de jogo e conseguiu resistir só no primeiro tempo, que terminou 1 x 0 para o Bangu. Na fase final, os banguenses acharam o caminho e chegaram à goleada facilmente, explorando sempre as falhas do sistema defensivo dos locais.

Resistência inicial

Desde o início da partida o Madureira deixou claro que não tinha pretensões de vencer a partida, pois concentrava-se todo na defesa e raramente ia à frente, assim mesmo com um ou dois jogadores.

O bloqueio do Madureira, embora imperfeito, conseguiu dificultar as coisas para o Bangu até por volta dos 30 minutos, quando a pressão contra a sua meta começou a aumentar. Paulo Borges, que já vinha se destacando como a melhor figura da partida, sempre com investidas ameaçadoras, fez o primeiro gol aos 35 minutos, aproveitando uma bola largada por Silas, centrada da esquerda, depois de uma confusão na área.

O Madureira só fez um ataque objetivo, aos 39 minutos, numa manobra de Morais e Anísio, completada pelo ponta-direita, mas Mário Tito apareceu na hora crítica e salvou a situação.

Goleada no final

O Bangu voltou ainda com mais disposição para o segundo tempo e Paulo Borges perdeu dois gols feitos aos 2 e 5 minutos, cabeceando no primeiro lance ao alcance do goleiro e por cima do travessão no segundo, com a meta vazia.

Aos 20 minutos, os banguenses conseguiram o segundo gol. Zé Carlos, recuado, iniciou a jogada pelo seu setor, driblou Jorge e cruzou enviesado na direção de Tonho, pela direita. Ênio entrou na corrida antecipando-se, driblou dois adversários, inclusive o goleiro, e colocou a bola dentro da meta.

O Bangu jogava tranqüilo com a vantagem de 2 x 0, mas continuou a pressionar, surgindo o seu terceiro gol numa penalidade máxima cometida pelo zagueiro Nagel, que segurou a bola com a mão dentro da área. Jair, encarregado da cobrança, chutou muito bem, no canto direito do goleiro Silas.

Ênio perdeu um gol feito aos 30 minutos, chutando em cima de Silas, mas logo depois, aos 34 minutos, o Bangu ampliou sua vantagem para 4 x 0. Paulo Borges serviu bom passe a Tonho na ponta-direita e entrou velozmente pela meia-direita, pedindo a bola. O ponta cedeu na medida e Paulo Borges chutou forte no canto esquerdo de Silas.

Um minuto depois, Mário Tito deixou o gramado com suspeita de distensão na virilha, passando Zé Carlos a jogar na lateral-esquerda, enquanto Ari Clemente ocupava a posição de zagueiro de área.

Quando faltava um minuto para o final da partida, Tonho, deslocado para a ponta-esquerda, cruzou para Jair, que, mesmo de fora da área, chutou forte de pé esquerdo para o canto direito de Silas, assinalando o quinto gol do Bangu. No segundo tempo, o Madureira apenas trocou as posições de Laerte e Mário, mas sem nenhum resultado positivo.

Images Google
Ultima Hora
Bangu Net

Um amigo não me deixou ver o último grande jogo de Garrincha

Meus amigos, em 1962 eu tinha 11 anos de idade e não tinha TV em casa. E eu adorava ver futebol na TV.
Em 15/12/1962 decidiram o campeonato carioca Botafogo x Flamengo no Maracanã, jogo este que teve 146.000 pagantes e….Garrincha naquela que seria sua última grande tarde nos gramados.
Meu vizinho da mesma idade torcia para o Santos F.C. e ia ver o jogo na casa dele. Ele sabia que eu desejava e muito ver o jogo mas não me convidou.

Se o Botafogo empatasse, adeus ao título carioca de 1962. Mas com um time daqueles (Manga, Paulistinha, Jadir, Nilton Santos e Rildo, Aírton e Édson, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagalo), o alvinegro era o favorito contra o Flamengo. Tarde de gala no Maracanã e o Brasil inteiro ligado na partida, que começou com uma investida fulminante de Dida, a bola raspando a trave de Manga. A pressão rubro-negra durou até que Garrincha, ganhando na corrida de Jordan, chutou cruzado e rasteiro no canto, sem defesa para Fernando: 1 x 0. Aos 35, Amarildo, mesmo com um estiramento na coxa, toca para Garrincha, que dribla dois, cruza para Quarentinha que emenda para o gol: 2 x 0. O Botafogo estava á vontade, imprimia ao jogo um ritmo cadenciado, na base do toque. Aos 2 minutos do segundo tempo, Garrincha fecha o placar, 3 x 0. E tome festa alvinegra.
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Hoje relembro pelo menos alguns momentos daquele jogo pelo Canal 100, conforme pode-se ver clicando abaixo. Não é a mesma coisa mas dá para ver os gols.

Grandes jogadores do Madureira de 1951

Estava admirando as escalações dos times do campeonato carioca de 1951, editado pelo Jose Ricardo de Almeida, e me detive no time do Madureira.
Procurei a foto na internet :
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Esta foto é de 1951, um ano após a inauguração do Maracanã. Mostra o Madureira com Evaristo de Macedo. Em pé vemos Bitum, Amauri, Weber, Claudionor, Herminio e Valter; agachados estão Betinho, Evaristo de Macedo, Alfredinho, Ocimar e Tampinha

Reparei em dois jogdores que vi jogar: Ocimar e Evaristo.

Ocimar foi meia da Portuguesa de Desportos e do Bangu.

Evaristo foi atacante do Flamengo, Barcelona e Real Madrid e um dos melhores jogadores brasileiros em todos os tempos.

O Fluminense e a Copa Rio de 1952

A Copa Rio Internacional de 1952 foi disputada por 8 equipes de alguns países da Europa e América do Sul entre 12 de Julho e 2 de Agosto de 1952 em São Paulo e no Rio de Janeiro, nos estádios do Pacaembu e Maracanã, respectivamente. O Fluminense sagrou-se campeão de forma invicta.
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A competição tinha este nome pois organizada pela CBD, com a autorização da FIFA, e era patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

Grupo do Rio de Janeiro
Peñarol do Uruguai, campeão uruguaio de 1951.
Grasshopper Club da Suíça, campeão suiço da temporada 1951/52
Fluminense do Brasil ,campeão carioca de 1951
Sporting de Portugal, campeão português da temporada 1951/52

Grupo de São Paulo
FC Saarbrücken da Alemanha , segundo colocado na Alemanha Ocidental 1951/52
Libertad do Paraguai , segundo colocado no Paraguai em 1952
Corinthians do Brasil, campeão paulista de 1951 e 1952
Áustria Viena da Áustria, segundo colocado na Áustria na temporada 1951/52

A II Copa Rio começou no dia 12 de julho com os jogos:
Penarol 1 x Grasshopers 0
Áustria 4 x Libertad 2
No dia 13 mais dois jogos:
Fluminense 0 x Sporting 0
Corinthians 6 x Sarrebruckem 1

Dia 16 –
Penarol 3 x Sporting 1
Áustria 5 x Sarrebruckem1
Dia 17 –
Fluminense 1 x Grassopers 0 (Marinho)
Corinthians 6 x Libertad 0 (Baltazar 2. Carbone 2. Claudio. Luizinho)

Dia 19 –
Sporting 2 x Grassopers 1
Libertad 4 x Sarrebruchem 1
Dia 20 –
Fluminense 3 x Penarol 0 (Marinho 2. Orlando)
Corinthians 2 x Áustria 1 (Carbone. Gastão)

Se classificaram quatro clubes que disputaram as semi finais em dois jogos. Os vencedores decidiram o titulo.

No Maracanã – Fluminense e Áustria.
Dia 23 – Fluminense 1 x Áustria 0 (Didi)
Dia 27 – Fluminense 5 x Áustria 2 (Orlando 3. Quincas e Telê Santana)
No Pacaembú – Corinthians x Penarol
Dia 24 – Corinthians 2 x Penarol 1 (Cláudio 2)
Neste jogo houve muitos problemas com expulsões dos uruguaios Romero por jogo violento e Miguez por tentativa de agressão ao arbitro alemão Dunger. No lado corinthiano, Murilo sofreu uma séria contusão no joelho e Baltazar com afundamento do malar. O resultado é que não houve ambiente para o segundo jogo. Os uruguaios alegando que não tinham segurança desistiram da segunda partida. Assim, a decisão da II Copa Rio ficou para os brasileiros Fluminense e Corinthians com os jogos realizados no maracanã.
fonte: Wikipédia
Museu dos Esportes/Esporte Ilustrado

FINALÍSSIMA
1°Jogo
Rio de Janeiro, 30 de julho de 1952.

Amigos, a vitória desta quarta-feira foi a mais importante de todas. Numa final de dois jogos, o mais importante é o primeiro. O time que quer ser campeão precisa se impor na primeira partida. É óbvio que é o segundo jogo que define tudo, e que é possível virar uma situação desvantajosa. Porém, muito melhor é não precisar virar nada: muito melhor é estar em vantagem o tempo todo.

Foi isso que o Fluminense fez hoje, diante dos campeões paulistas: impôs o seu futebol, do instante inicial ao minuto derradeiro. O quadro de Álvaro Chaves foi uma verdadeira máquina de jogar bola, espremendo o Corinthians contra o seu próprio gol.

Quando o cronômetro marcava vinte e dois minutos, Orlando Pingo de Ouro, o atacante que é a cara do Fluminense, abriu o placar para o Tricolor. Foi o quinto gol de Orlando na Copa Rio: ele é agora o artilheiro isolado do certame.

No segundo tempo, o Fluminense manteve a pressão, buscando o segundo tento, que significaria enorme vantagem. E foi Marinho, aos 25 minutos, que concretizou o sonho pó-de-arroz. Foi a quarta vez que Marinho balançou as redes na Copa Rio. Fluminense 2 a 0, e o placar não mudou mais.

Me perdoem por não dar mais detalhes do jogo em si. Explico minha sonegação: em uma final, a tática e a estratégia dão lugar ao coração, e a razão é substituída pela emoção. É por isso que as finais são sublimes, é por isso que as decisões são eternas. Nosso austero técnico Zezé Moreira tem a sua importância, claro. Mas, numa final, o fator que desequilibra mesmo é o coração na ponta da chuteira: é o sangue verde, branco e grená jorrando paixão.

Sábado é o grande dia. Os tricolores vivos, doentes e mortos subirão as rampas do Maracanã. Os vivos sairão de suas casas, os doentes de suas camas, e os mortos de suas tumbas. Nós, torcedores do passado, do presente e do futuro, empurraremos o Fluminense para a glória suprema.

fonte: Paulo Cezar da Costa Martins Filho

Ficha técnica: Fluminense 2 x 0 Corinthians
Data: 30/07/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro; Jair, Édson e Bigode; Telê (Robson), Didi, Marinho (Simões), Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira.
Corinthians: Gilmar; Homero e Olavo; Idário, Julião e Sula; Cláudio, Luizinho, Carbone, Gatão (Jackson) e Mário (Colombo). Técnico: Rato.
Árbitro: Joaquim Campos (Portugal).
Público pagante: 27.094.
Público presente: 38.680.
Renda: CR$ 770.590,90.
Gols: Orlando Pingo de Ouro (aos 22 minutos do primeiro tempo) e Marinho (aos 25 minutos do segundo tempo).

2° Jogo
Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1952.

Amigos, a humildade acaba aqui: desde hoje, o Fluminense é o campeão do mundo. A equipe tricolor fez uma partida perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão. O resultado não poderia ser outro, senão a glória, senão o título. A Copa Rio repousará, feliz e para sempre, na abarrotada sala de troféus da Rua Álvaro Chaves.

Não se conquista uma taça num único dia, numa única noite. Não. Um título é todo sangue, todo suor e todo lágrimas de um campeonato inteiro. Após o empate, na estréia, com o Sporting Lisboa, o campeão português, não se interrompeu mais a ascensão para a glória. Passamos pelo Grasshopper-Club, o campeão suíço, e depois atropelamos o Peñarol, o campeão uruguaio. Então, veio o poderoso Áustria Viena, e também ficou pelo caminho. Por fim, vencemos o Corinthians, o campeão paulista. Não só vencemos o mais difícil e conceituado campeonato de clubes já organizado até hoje. Conquistamos o valioso troféu invictos, em uma campanha épica.

O Corinthians, campeão de São Paulo, foi o adversário do Tricolor na grande decisão da Copa Rio. Mesmo tendo sido vitorioso no primeiro encontro (dia 30), o Fluminense logo se avantajou no placar, disposto a conquistar o Campeonato de maneira digna e categórica. O primeiro gol ocorreu aos 10 minutos, e veio dos pés de mestre Didi. O Corinthians, como é natural, não concordava com as pretensões tricolores, e lutava com galhardia para reverter a situação.

Quando começou a segunda etapa do memorável confronto, em que dois times brasileiros disputavam a honra de possuir o título oficioso de Campeão Mundial Interclubes, a peleja, autêntico prélio de dois gigantes, aumentou em beleza e intensidade. Cada minuto que se escoava era mais um passo que o Fluminense dava em direção ao título, e era mais uma dose de esperança perdida pelo Corinthians.
Os campeões paulistas finalmente alcançaram seu tento, com Jackson, quando o cronômetro apontava 11 minutos. O Fluminense continuava em boa situação, posto que o empate lhe bastava. Porém, mesmo assim, a equipe tricolor lançou-se toda para a frente, como se necessitasse da vitória tanto quanto o oponente. Aos 25, Marinho marcou o seu quinto gol na Copa Rio, igualando-se a Orlando Pingo de Ouro na artilharia. O tento foi deveras importante, uma vez que voltou a pôr o Fluminense na frente: 2 a 1.

O alvinegro paulista ainda conseguiu marcar o gol de empate, por meio de Souzinha, aos 44 minutos. Mas isso não era suficiente para impedir a glória do Fluminense. O esquadrão de Álvaro Chaves demonstrou tudo o que pode se exigir de um autêntico campeão: fibra, entusiasmo, capacidade técnica e ciência do jogo.

E quem é o grande personagem da conquista? Poderia destacar qualquer jogador pó-de-arroz, do goleiro ao ponta-esquerda: todos, todos tiveram uma garra, um ímpeto e uma paixão inexcedíveis. Orlando e Marinho, nossos artilheiros. Telê e Didi, nossos maestros. Píndaro e Pinheiro, as duas torres inexpugnáveis na defesa. Jair, Édson e Bigode, o trio indomável no meio-de-campo. Quincas, Róbson e Simões, sempre dando conta do recado no ataque. Zezé Moreira, nosso austero comandante à beira do campo. Mas um nome se destaca, em alto relevo, acima de todos os outros: o de Carlos José Castilho, nosso arqueiro.

Sobre ele, pego emprestadas as palavras publicadas na Revista do Esporte desta semana:
“O Fluminense desde que se ofuscou a estrela de Batatais teve bons keepers, mas Castilho é o ocupante da posição de todos que sucederam o ‘rei da colocação’. Atingiu o jovem keeper o ponto alto de sua carreira no Pan-Americano de Santiago do Chile e agora na Copa Rio continua demonstrando suas altas qualidades, salvando tentos certos na fase eliminatória, quando manteve invicto o seu arco. Nas semifinais, foi vencido apenas duas vezes. A argumentação de que o sistema defensivo tricolor não permite tiros perigosos ao arco guarnecido por Castilho, e este, portanto, não teve muito trabalho, não procede, pois se não fossem as suas ‘milagrosas’, pois temos que chamar de milagrosas intervenções, pois ele fez o impossível, e o Fluminense estaria amargurando reveses fatais que o desclassificariam da Copa Rio, precisamente no ano do seu cinqüentenário. Castilho foi a grande barreira que impediu a queda da cidadela tricolor, enquanto o time se armava para a arrancada final. Após a notável campanha no Pan-Americano do Chile, quando fez a sua prova de fogo, Castilho provou na Copa Rio que é uma barreira internacional. É por isso que se diz às vezes que um goleiro vale por um time.”

Quando o prefeito da cidade, João Carlos Vital, entregou a belíssima Copa Rio ao nosso capitão Píndaro, aconteceu o momento sublime: todos os presentes no Maracanã perceberam que o mundo é tricolor. A Terra é verde, branca e grená. O planeta inteiro está aos pés do Fluminense Football Club, Campeão Mundial Interclubes.

fonte: Paulo Cezar da Costa Martins Filho

Ficha técnica: Fluminense 2 x 2 Corinthians
Data: 02/08/1952.
Local: Maracanã, Rio de Janeiro.
Fluminense: Castilho; Píndaro e Pinheiro (Nestor); Jair, Édson e Bigode; Telê (Róbson), Didi, Marinho, Orlando Pingo de Ouro e Quincas. Técnico: Zezé Moreira.
Corinthians: Gilmar; Homero e Olavo; Idário (Sula), Goiano e Julião; Cláudio, Luizinho (Souzinha), Carbone, Jackson e Colombo. Técnico: Rato.
Árbitro: Gabriel Tordjaman (França).
Público pagante: 53.074.
Público presente: 65.946.
Renda: CR$ 1.506.379,00.
Gols: Didi (aos 10 minutos do primeiro tempo), Jackson (aos 11 do segundo), Marinho (aos 25 do segundo) e Souzinha (aos 44 do segundo).

http://jornalheiros.blogspot.com/2009/08/recordar-e-viver-fluminense-2.html