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Participantes da Federação Paulista de Football – 1933

Complementando o meu último artigo, eis alguns detalhes dos campeonatos da Federação Paulista de Football, entidade oficial do futebol paulista em 1933 e 1934.

CAMPEONATO PAULISTA DE FOOTBALL de 1933 – FPF

Participantes (só se inscrevram clubes da capital, não houve campeonato do interior):

– C.A. Albion (São Paulo) – ex-São Paulo Alpargatas, havia vencido a segundona no ano anterior, mas sua participação na primeirona da APEA havia sido vetada pelos “figurões” do conselho técnico, situação bem comum na época. Sua sede era na Rua São Jorge, pertinho do Corinthians.

– A.A. Casale Paulista (São Paulo) – clube do bairro Cambuci.

Feira Livre F.C. (São Paulo)

Minas Geraes F.C. (São Paulo) – do bairro do Brás, chegou a disputar outros paulistões e ser campeão de divisões inferiores. No final dos anos 20 mudou de nome algumas vezes, fez fusão, e chegou a se chamar Auto-Audax. Em 1933, por algum motivo, o clube voltou a se chamar Minas Geraes.

– A.A. das Palmeiras (São Paulo) – surpresa para mim. Alguns sócios do veterano e famoso clube de futebol da capital não haviam aceitado o fim da equipe e fuga de sócios para o SPFC e resolveram “reerguer” o clube, com sede nova (já que a Floresta ficou com o Tricolor). Infelizmente, durou pouco tempo.

– C.A. Paulista (São Paulo) – fruto da fusão entre o tradicional S.C. Internacional e o Antarctica

– A.A. República (São Paulo) – clube do bairro Aclimação, participou de campeonatos anteriores. Ao que fui informado, ainda existe como time amador.

São Paulo Railway A.C. (São Paulo) – atual Nacional Atlético Clube, o “Ferrinho”.

União Guarany F.C. (São Paulo)

União Vasco da Gama F.C. (São Paulo)

Os seguintes clubes faziam parte do grupo dos “fiéis” à CBD, participariam do campeonato, mas desistiram antes do início da competição, pois temiam que a FPF não fosse reconhecida. Foi um mal movimento, pois a mesma foi filiada pela CBD em agosto, dois meses após o início da competição. Considerados fortes, a ausência deles foi mais do que sentida:

– Guarani F.C. (Campinas)

– C.A. Juventus (São Paulo) – o “Moleque Travesso” só se tornaria o C.A. Fiorentino no ano seguinte

– C.A. Santista (Santos)

 

OS CAMPEÕES DA FPF em 1933

Campeonato Paulista de Primeiros Quadros – Albion (campeão), União Guarany (vice)

Campeonato Paulista de Segundos Quadros – Albion (campeão), São Paulo Railway (vice)

Torneio Início de Primeiros Quadros – Paulista (campeão), Albion (vice)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Notícia sobre a filiação da Federação Paulista de Football, em 1933

 

 

C.A. Juventus – O Campeão Paulista Oficial de 1934

Fugindo um pouco do tema “futebol fluminense”, o post de hoje é sobre mais uma injustiça do mundo do futebol.

Todos sabemos que nos conturbados 30 anos iniciais do esporte predileto dos brasileiros foram frequentes as cisões esportivas estaduais, originando ligas rivais e disputas de duas competições em um mesmo ano.

A regra sobre a validade ou não desses campeonatos é simples: foi um clube grande que ganhou? Se sim, o título é contado, se não, é relegado às traças da memória.

Contudo, o caso do futebol paulista em 1933 e 1934 é ainda mais chocante: os campeonatos da Federação Paulista de Football, a entidade OFICIAL do futebol de São Paulo, ou seja, FILIADA E RECONHECIDA pela entidade máxima do país, a Confederação Brasileira de Desportos, esta por sua vez reconhecida pela FIFA, é simplesmente ignorada pela atual FPF, assim como pela imprensa. O motivo original: seus campeões, Albion (33) e Juventus (34) são clubes pequenos. O motivo atual: dirigentes da FPF atual e a mídia em geral nem devem saber que esse campeonato existiu.

 

Juventus, o campeão paulista oficial de 1934, quando se chamava C.A. Fiorentino

Explicando melhor a história:

A Associação Paulista de Esportes Athleticos (APEA), dirigente oficial do futebol paulista, já vinha se aproximando do profissionalismo, para o desgosto de alguns clubes. Em 1926 houve uma séria cisão, quando as agremiações que se diziam verdadeiramente amadoristas abandonaram a APEA e fundaram a Liga de Amadores de Football (LAF). A CBD, no entanto, continuou do lado da APEA, pois o profissionalismo desta não podia ser comprovado. De 1926 até 1929 houveram dois campeonatos paulistas, o da APEA e o da LAF, sendo que apenas o da APEA, filiada à CBD, era oficial. Não obstante, mesmo que a LAF fosse “pirata”, todos, atualmente, contabilizam os dois campeonatos na lista oficial de campeões paulistas. Foram eles:

1926 – Palestra Itália (APEA) e Paulistano (LAF)

1927 – Palestra Itália (APEA) e Paulistano (LAF)

1928 – Corinthians (APEA) e Internacional (LAF)

1929 – Corinthians (APEA) e Paulistano (LAF)

Sem apoio oficial a LAF, enfraquecida, acabou. E seus principais clubes, entre eles Paulistano, AA das Palmeiras, Germânia e Internacional, relevantíssimos no cenário do futebol paulista, infelizmente saíram de cena de nosso futebol, sendo alguns extintos e outros apenas encerrando o departamento de futebol.

De 1930 a 1932 a APEA reinou sozinha no futebol bandeirante. Porém, em 1933, veio a cisão profissionalista. E eis o que aconteceu, contando em paralelo os fatos no Distrito Federal (Rio de Janeiro), para ajudar na compreensão.

Os dois maiores centros de futebol do país eram comandados, até então, pela já mencionada APEA (SP) e pela Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA, do DF/Rio), ambas filiadas à CBD.

Em 1933 alguns clubes do Rio e de São Paulo decidiram implantar o regime profissional. A CBD foi categoricamente contra. O que aconteceu no Rio e em São Paulo, então, de certa forma foram o inverso um do outro.

No Rio de Janeiro a AMEA, entidade oficial, manteve-se do lado da CBD e bateu o pé contra o profissionalismo, por mais que o mesmo já fosse praticado por baixo dos panos. Os clubes dissidentes, então, saíram da AMEA (e, junto, da CBD e da FIFA) e fundaram a Liga Carioca de Football (LCF), profissional e “pirata”.

Em São Paulo foi o contrário. A direção da APEA posicionou-se a favor do profissiolismo, e foi desfiliada pela CBD, tornando-se uma liga não-oficial. Alguns clubes, porém, preferiram ficar do lado da CBD, e fundaram a Federação Paulista de Football (FPF), logo filiada e reconhecida pela CBD como a entidade máxima do futebol paulista. Entre eles o Guarani, a Ponte Preta, o CA Paulista, Hespanha (atual Jabaquara), São Paulo Railway (atual Nacional), entre outros.

Em 1933 e 1934, então, tivemos no Rio e em São Paulo dois campeonatos em cada, sendo um “amador” (em tese) e oficial (reconhecido pela CBD, entidade filiada à FIFA), e o outro profissional e pirata (não-oficial, lembrando que a Federação Brasileira de Football foi criada depois pelos dissidentes, mas jamais reconhecida pela FIFA). Foram campeões:

1933/SP – Albion (“amador”, oficial), Palestra Itália (profissional, pirata)

1933/Rio – Botafogo (“amador”, oficial), Bangu (profissional, pirata)

1934/SP – Juventus (“amador”, oficial), Palestra Itália (profissional, pirata)

1934/Rio – Botafogo (“amador”, oficial), Vasco (profissional, pirata)

Lembrando que o Juventus, quando conquistou o título, chamava-se “Clube Atlético Fiorentino”, jogando com camisa grená e flor-de-lis inspirada no emblema da Fiorentina italiana no peito. Depois de conquistar o título de “Campeão Paulista de Futebol” o Juventus ainda conquistou a Taça São Paulo, novo nome da Taça Competência, ao vencer a AA Ferroviária de Pindamonhangaba, campeã do interior, por 5 x 0 e 3 x 1. Esse título também não é lembrado, pois até da lista de campeões da Taça Competência Albion e Juventus são excluídos…

A história da cisão no Rio de Janeiro é muito bem lembrada, pelo tamanho do Botafogo. Porém, em São Paulo, Juventus (que até então conquistara um terceiro lugar em 1932, em campeonato com todos os grandes) e Albion foram jogados para escanteio.

Em 1935 a facção “cebedista”, como os jornais chamavam, virou o jogo. A CBD finalmente aceitou o profissionalismo (ou melhor, admitiu que este fosse praticado às claras), e muitos dos clubes mais fortes das entidades piratas passaram para o seu lado, exceção feita à Flamengo, Fluminense, América e Portuguesa, que ainda insistiriam com a FBF por mais alguns anos. Um dos motivos da debandada para a CBD: como a entidade era filiada à FIFA, fora dela os dissidentes não conseguiam jogar partidas amistosas internacionais, e a tendência seria um isolamento e enfraquecimento cada vez maior. Bastava a CBD aceitar o profissionalismo para ganhar a parada.

De 1935 a 1936, novamente foram dois campeonatos, desta vez ambos eram profissionais, continuando a APEA e a LCF como “piratas” e com as amadoristas FPF e AMEA sendo “transformadas” em entidades profissionais, sendo elas a Liga Paulista de Football e a Federação Metropolitana de Desportos. Seus campeões:

1935/SP – Santos (profissional, oficial), Portuguesa (profissional, pirata)

1935/Rio – Botafogo (profissional, oficial), América (profissional, pirata)

1936/SP – Palestra Itália (profissional, oficial), Portuguesa (profissional, pirata)

1936/Rio – Vasco (profissional, oficial), Fluminense (profissional, pirata)

Como podemos ver, ao contrário de 33 e 34 todos os campeões do ano são equipes consideradas grandes em seus estados. Logo, nenhum desses títulos são esquecidos na contagem oficial das respectivas federações estaduais.

A situação de esquecimento é tão grave que mesmo o Juventus parece não entender o status do título que ganhou. Na página oficial do clube, informam secamente que foram campeões paulistas amadores, quase dando a entender que era um título de categoria inferior. Ora, todos os campeões pré-1933, em todo o Brasil, eram amadores!

Já o Albion nem existe mais para se defender.

Resta apenas aos que amam o futebol guardar esses fatos com cuidado, e divulgarem sempre que puderem.

Sport Club Elite, Internacional Football Club e Guarany Football Club – Niterói (RJ)

Seguem alguns escudos de Niteroi, e peço que prestem bastante atenção em uma coisa: eu jamais vi o escudo do Guarani, apenas a descrição. Nós, que gostamos de escudos, sabemos o quanto é difícil o “escudo descrito”. Um a um:

Sport Club Elite – O clube foi fundado no dia 7 de setembro de 1925, por iniciativa de Fernando Simões de Figueiredo, carioca e aparentemente endinheirado, e junto com um grande grupo de desportistas também carioca decidiu montar sua sede na Rua da Conceição, 7, Centro de Niterói (o casarão ainda existe… procurem no Google Maps, quem estiver interessado).O porquê de futebolistas cariocas decidirem montar seu clube em Niterói? Não sei.

O clube entrou na Associação Fluminense de Esportes Athleticos em 1926 e, arrasadoramente, conquistou o campeonato, aplicando sonoras goleadas nos tradicionais times da cidade. Naturalmente, despertou muito rancor entre os niteroienses, pois além de muitos jogadores alvinegros serem nascidos e ter residência na cidade do Rio, um grande número chegava a jogar, também, em clubes cariocas. Por tudo isso, o Elite ganhou a fama de “club carioca infiltrado”. Puro bairrismo?

Mas os efeitos da “carioquice” desandaram logo em 1927: passada a empolgação inicial com a criação de um novo clube, sócios e jogadores cariocas do Elite “enjoaram” de viajar para o outro lado da baía e o clube sofreu uma esvaziada. Tornou-se saco de pancadas e saiu da AFEA em 28 ou 29, aproximadamente. O clube simplesmente sumiu do noticiário.

Comentando sobre o clube, com minha mãe, ela se lembra de já ter escutado algo da mãe dela sobre um certo “Clube Elite” na Rua da Conceição, porém um clube social, onde tinha música, bailes etc. Talvez seja o mesmo e tenha sido esse o destino do Elite, afinal, minha avó nasceu em 1931, e teria lembranças dele já numa fase não-esportiva. Infelizmente minha avó já faleceu, e nunca pude perguntar nada a ela…

Seu uniforme: camisas em listras alvinegras verticais bem finas (estilo “riscadinho”) e calções brancos.

 

Internacional Football Club – Fundado em 1919/20, sua sede ficava em São Domingos. O clube rubro-negro mudou de nome em 1926 para Flamengo Sport Club. Depois sumiu.

Seu uniforme, enquanto Internacional, eram camisas listradas na vertical rubro-negras e calções brancos. Quando tornou-se Flamengo, adotou uniforme idêntico ao homônimo carioca, porém sem as iniciais bordadas no peito. Não sei se o escudo do Flamengo Sport Club seria parecido com o do CRF…

 

Guarany Football Club (*) – Geralmente chamado de “Vovô do Futebol Niteroiense”, o Guarany foi fundado como Guanabara Football Club em 30/06/1908, deixou de existir or alguns anos e foi reerguido em 1912. Foi fundado por iniciativa de um padre e alunos do Colégio Salesiano de Niterói, e a idéia fundadora era inspirada no Mackenzie College, de São Paulo.

Aí vem a grande dúvida: o uniforme do clube, isso é fato, sempre foram camisas vermelhas. Nos anos 10, li a seguinte descrição da camisa: “vermelha, com uma esfera branca no peito e as iniciais, idêntico ao modelo do Mackenzie College”. Porém o Mackenzie College não usava iniciais, mas inicial, no singular. Seria o escudo do Guarany branco com um G? Alguém que entenda de futebol paulista sabe se o Mackenzie já teve um escudo redondo com mais iniciais?

Nos anos 20, já li que “o Guarany usa camisa e escudo idênticos ao América”. Sei que o América inspirou-se no Mackenzie, em relação à camisa, mas e o escudo?

Para confundir mais ainda, uma terceira informação: quando entrevistei o sr. Raulzinho, ex-jogador do Fluminense de Niterói, em 2007/08, perguntei sobre clubes antigos de Niterói e ele me informou que o Guarani, que ficava entre Santa Rosa e Icaraí, disputava apenas torneios juvenis nos anos 40, informação procedente, e tinha camisa rubra, idem. Perguntado se ele se lembrava como era o escudo, ele me falou que era “parecido com o do São Cristóvão, só que vermelho e branco”. Desenhei para ele o escudo do São Cri-Cri, para facilitar a memória, e ele me confirmou que era esse o escudo mesmo. E agora? Seria um escudo dos anos 40? Ou ele confundiu com outro Guarani?

Ficam as dúvidas em aberto.

(*) Amigos, uma pequena adição: em 1926 o Guarany Football Club mudou de nome para Club Athletico São Bento, ao se mudar para a rua Mem de Sá, pertinho do Campo São Bento. Em 1934, aproximadamente, o clube voltou a se chamar Guarany, pois seus sócios acharam que o nome “São Bento”, com o qual o clube apanhava mais do que outra coisa, “dava azar”. Nos anos 40 o Guarany estava na rua Lemos Cunha, também pertinho do campo.

Grandes Goleadas – Seleção Carioca (LMDT) 5 x 0 Seleção Paulista (LAF)

Como os amigos bem sabem, na segunda metade dos anos 20 tanto o futebol carioca quanto o paulista estavam dividido em duas ligas.

No Rio de Janeiro, a antiga Liga Metropolitana de Desportos Terrestres, abandonada pelos grandes clubes (incluindo o Vasco, que só a defendeu em 1924) e a CBD, em paralelo com a poderosa Associação Metropolitana de Esportes Athleticos, esta afiliada pela CBD desde 1924.

Em São Paulo existia a Associação Paulista de Esportes Athléticos, que permaneceu filiada à CBD, e a Liga dos Amadores de Football, criada pelo Paulistano e disputada também pelos tradicionalíssimos AA das Palmeiras, Germânia e Internacional, gigantes da primeira fase do futebol paulista.

Como sempre aconteceu, entidades que estavam “do mesmo lado” confraternizavam. E assim, LMDT (Rio) e LAF (SP) disputavam amistosos entre seus clubes e seleções.

Para a sorte do Paulistano, a atual Federação Paulista reconhece os campeonatos da LAF. Para azar do Engenho de Dentro, Modesto e outros campeões da LMDT depois que esta foi desfiliada, a FFERJ não reconhece seus títulos – com exceção do Vasco em 1924, único grande campeão da “fase desfiliada”.

Em 15 de Janeiro de 1928 a seleção da LMDT – sim, com jogadores dos clubs suburbanos do Rio – massacrou a seleção da LAF por 5 a 0, em uma prova de que, talvez, o problema do Paulistano e demais clubes da LAF com a APEA fosse mesmo o “amadorismo marrom”, e não o suposto “elitismo” desses clubes – afinal, a LMDT era formada por clubes suburbanos e atletas “populares”. Por que razão os clubes da elite de São Paulo confraternizariam com suburbanos cariocas?

O fato é que seleção carioca entrou em campo com esse quadro:
Princesa (Campo Grande);
Leal (Modesto) e Lerruth (Modesto);
Sá Pinto (Americano), Moysés (Mavilis) e Molla (Modesto);
Rhodas (Modesto), Ennes (Metropolitano), Pio (Modesto), Renato (São Paulo e Rio) e Doca (Campo Grande).

A partida foi disputada no campo da A.A. das Palmeiras, e teve como convidado de honra o Sr. Antônio Prado Jr., prefeito do Distrito Federal, que acompanhou a partida ao lado dos diretores do C.A. Paulistano. Cada tempo de jogo foi apitado por um juiz: o primeiro tempo por um da LMDT e o segundo por um da LAF.

Ao final do jogo os cariocas venceram os paulistas por 5 a 0, gols de Ennes, Pio e Nestor (contra) no 1º tempo, Sá Pinto e Moysés no 2º tempo.

A escalação dos paulistas:
Nestor; Bé e Faria; Abate, Rueda e Alves; Laert, Alceu, Friedenreich, Seixas e Zanella

Ypiranga Futebol Clube / Niterói (RJ) – escudo e uniforme

No dia 18 de agosto de 1912 no bairro do Fonseca, Niterói, um grupo de desportistas fundou o Ypiranga Football Club. As cores escolhidas para a fundação foram o azul e branco, e o primeiro uniforme camisas brancas com uma faixa horizontal azul (semelhante ao do Olaria).

O Ypiranga não obteve grande sucesso nos anos 10, com exceção de um título de terceiros quadros na LSF em 1916, mas era considerado um clube respeitável, oferecendo jogo duro aos favoritos nos torneios locais.

O Ypiranga se tornaria rubro-negro apenas em 1921. No dia 3 de abril daquele ano o clube niteroiense recebeu a visita ilustre do poderoso Flamengo, campeão carioca, em disputa de uma taça amistosa, chamada Taça Maurício de Medeiros (equivocadamente listada em vários sites sobre o Flamengo como “Taça Ypiranga”). A partida foi disputada no campo do Byron, e o Flamengo venceu por 4 a 1.

Após a disputa o Ypiranga, que já vinha cogitando mudar de cores (Canto do Rio e Barreto já eram azuis), decidiu adotar as cores e uniforme idênticos ao do Flamengo: camisas listradas rubro-negras com monograma branco. O escudo, porém, era diferente: em metades rubro-negras, com o monograma no centro e contorno branco, muito semelhante ao do Fluminense (nota: na verdade, por um breve período antes de usar o famosíssimo escudo listrado, a seção terrestre do Flamengo chegou a utilizar um escudo idêntico ao do Fluminense. Talvez pela rivalidade, o Flamengo omita o fato – mas quem é pesquisador e já se deparou com esse escudo, certamente levou um susto).

Outro ano importante para o Ypiranga é 1925: o clube fez uma fusão – na verdade absorção – com o América F.C. niteroiense e ficou com a sede e campo desse, entre as ruas São Lourenço e Indígena, no bairro de São Lourenço, de onde nunca mais sairia. O nome da rua motivou seu apelido e seu mascote: “O Clube Indígena”.

Em casa nova, logo em 1926 o clube começaria a sua fase dourada, vencendo o título da Associação Nictheroyense. No mesmo ano conseguiria uma vitória impressionante: 2 a 1 sobre o Botafogo, que fora a Niterói em disputa amistosa.

O clube seria vice em 1927 e 1928, este último doído, após perder os pontos de uma partida decisiva para o Byron – os ypiranguenses jamais se conformariam, e se entitulariam campeões morais desse ano para sempre, frequentemente com apoio da imprensa.

A tristeza seria amenizada com um grande tricampeonato, em 1929/30/31, lembrando que o título de 1930 foi dividido com o Fluminense Atlético. O ano de 1929, então, foi impressionante: o clube goleava impiedosamente os seus adversários niteroienses, por 8, 9, 10 gols, com um desempenho infernal da dupla de ataque Manoelzinho e Oscarino. Falando neles, em 1930 o clube ainda teve a glória, provavelmente jamais igualada, de ser o único clube de Niterói a ceder jogadores para a Copa do Mundo, quando os dois craques ypiranguenses foram convocados.

Outra seleção, a niteroiense, teve bem mais que um dedo do Ypiranga: quase metade dos atletas da Seleção de Niterói tetracampeã estadual de 1928/29/30/31 eram do Ypiranga.

Outro momento marcante do clube foi em 1931: o clube transformou o campo da Rua São Lourenço no Estádio Luso-Brasileiro, e inaugurou os refletores com uma partida amistosa contra o São Cristóvão, então forte equie carioca. O resultado: vitória rubro-negra por impressionantes 11 a 5!

Embora o uniforme “flamenguista” seja famoso, é curioso lembrar que no período mágico de 1928 a 1931 o clube utilizou um outro padrã de uniforme: inteiramente vermelho com uma faixa horizontal preta e escudo no peito, sendo que a separação entre o vermelho e preto do escudo e do uniforme ficavam perfeitamente alinhados. Completavam o uniforme os calções brancos e golas e punhos negros, uma combinação muito bonita. Talvez o Ypiranga tentasse ter uma “cara” mais própria, lembrando que o padrão era o mesmo da fundação. Porém, a partir de 1932, o uniforme “flamenguista” foi readotado e, até onde sei, jamais mudado novamente (embora com um detalhe curioso: uma tendência a usar golas vermelhas, ao contrário das comumente negras dos flamenguistas).

Em 1934 o Ypiranga tornou-se um clube profissional, e conquistou os títulos dessa categoria de Niterói em 1935 e 1936. O clube poderia ter participado do campeonato dos campeões da FBF, mas o Aliança, de Campos, foi em seu lugar em episódio que motivou tensão entre a liga de Niterói e a Federação Fluminense, e levando o clube a abandonar o profissionalismo já em 1937.

Na década de 40 o clube diminuiu o ritmo. Embora continuasse forte, desenvolveu uma tendência a decepcionar e terminar em segundo ou terceiro lugar… Apenas em 1949 quebrou o jejum, conquistando um emocionante título em final contra o Fonseca.

Em 1953 arriscou-se novamente no profissionalismo: foi campeão em 1958, mas antes de disputar as finais do estadual desistiu do regime remunerado, cedendo sua vaga ao vice Manufatora, que ironicamente conquistou o título máximo do Estado do Rio. De volta ao amadorismo, foi campeão em 1965 e 1967, e já sem o mesmo prestígio e dinheiro, decidiu abandonar as competições adultas em 1970. Totalmente falido, perdeu o Estádio Luso-Brasileiro em 1975, e em seu lugar hoje existe uma subestação de energia elétrica. Parte da sede, o ginásio, também foi desmontada, e hoje existem lojas por lá.

Mantendo apenas uma modesta sede e sem campo, o Ypiranga montou equipes infantis e juvenis nos anos 70 e 80, de forma cada vez mais esporádica, até que um belo dia parou de funcionar.

Não se sabe exatamente quando o clube foi extinto, já que a morte do Ypiranga deu-se “aos poucos”, ou mesmo se está realmente extinto – afinal, se a extinção não foi decidida em assembléia, existem sócios perdidos por aí, ou a posse do terreno ainda está inscrita ao Ypiranga, o clube tecnicamente ainda existe. Só se sabe que a sede está lá, entre as ruas Indígena e São Lourenço, completamente vazia e abandonada, com uma placa de “aluga-se”. Uma lembrança de um clube que foi muito forte em um breve período, e tornou-se um nada em tempo recorde.

A quem interessar, digitem “Rua São Lourenço, 16, Niterói” no google maps e vejam o Street View.

Barreto Football Club / Niterói (RJ) – escudo e uniforme

O Barreto Football Club foi fundado no dia 14 de julho de 1912 por funcionários da Cia. de Phosphoros de Segurança Fiat Lux, no bairro Barreto, Niterói. Disputou em 1914 o torneio organizado pelos clubes de Niterói, e a partir de 1916 do campeonato instituído pela Liga Sportiva Fluminense, comandante do esporte no antigo Estado do Rio de Janeiro.

O clube rapidamente tornou-se um dos mais fortes da cidade. Rivalizava enormemente com o Byron Football Club, também do Barreto, no chamado “Clássico da Zona Norte”, rivalidade que talvez só fosse equiparada a entre Canto do Rio e Fluminense Atlético, o “Clássico da Zona Sul”. As partidas entre Barreto e Byron arrastavam multidões nos anos 20-30, quando a torcida de Niterói era preferencial pelos clubes locais, e um pouco dessa rivalidade foi vivida pelo craque Zizinho, revelado no Byron. Os jornais destacavam, ainda, que o Barreto possuía mais torcida do que o Byron.

O mascote do clube era o leão – aliás, o apelido do Barreto era “Leão do Norte”, e sua antiga sede, na rua General Castrioto, era ornamentada com duas estátuas de leão, logo na entrada. Suas cores eram o azul escuro e branco, e como uniforme camisas inteiramente azuis e calções brancos, embora em algumas ocasiões o clube tenha usado uniforme listrado.

O Barreto conquistou a divisão principal da Liga Sportiva Fluminense em 1921 e 1923, além dos torneios início de 1919, 1920, 1924 e 1925. Foi ainda campeão de segundos quadros em 1919 e 1920 e de terceiros quadros em 1917, 1918, 1921 e 1923. Após o deslocamento dos clubes de Niterói para uma liga municipal, venceu o torneio de segundos quadros em 1932 e 1933 – lembrando que alguns títulos nos anos 30 não estão devidamente pesquisados, talvez o clube tenha outras conquistas.

Em 1941 o clube tomou uma decisão arriscadíssima, e pouco conhecida: disputou com o Canto do Rio uma vaga no Campeonato Carioca de Profissionais. Para isso, o Barreto se endividou até a alma montando uma caríssima equipe profissional. No fim das contas o Canto do Rio foi o escolhido, e o Barreto teve que usar a sua equipe no campeonato niteroiense de amadores, onde liderou boa parte do campeonato mas refugou no final, ficando o título com o recém-criado Icaraí F.C.

Em 1942 a situação financeira do clube era insustentável, e o Barreto foi obrigado a fechar as portas, aos 30 anos de idade e deixando uma grande torcida no bairro órfã. Alguns remanescentes do Barreto fundaram o Cruzeiro Atlético Clube, usando as mesmas cores, mas esse clube, de pouco sucesso, nunca ousou reinvidicar o espólio do Leão do Norte.

Icaraí Futebol Clube / Niterói (RJ) – escudo e uniforme

Caros amigos,

Em primeira mão, uma “ilustração” do uniforme (com escudo) do Icaraí Futebol Clube, o “bicho-papão” niteroiense dos anos 40. Fiz a montagem no photoshop, a partir de blusas comuns…

De 1941 a 1943, o Icaraí utilizava camisa branca com o escudo bordado em linhas vermelhas, calções pretos e meias listradas vermelhas e brancas. Não sei o porquê do calção ser preto, se as cores oficiais do clube eram o vermelho e o branco… Quando enfrentava alguma equipe alva (como o Humaitá), o Icaraí utilizava camisas vermelhas, com o escudo invertido (padrão do América).

Em 1944 o clube passou a utilizar a camisa com listras largas alvirrubra. Porém, o calção continuou preto, lembrando muito o uniforme do Estudiantes.

Não sei a data exata de fundação, apenas o ano: 1940.

Em 1941 o clube estreou no campeonato niteroiense, já sendo campeão.

Em 1942 o clube disputou o campeonato fluminense (que valia pelo ano de 41), e ganhou o título de forma arrasadora. No niteroiense, foi bi-campeão.

Em 1943 o clube empatou os três jogos contra o Esperança, e foi eliminado do campeonato fluminense (de 42) por um regulamento estranho: renda. Como o clube não tinha torcida, foi eliminado. Mas, como consolação, sagrou-se tricampeão no niteroiense.

Em 1944 o clube conquistou o seu segundo título fluminense, válido por 1943. Mas no niteroiense, pela primeira vez, não ganhou.

Em 1945 o clube se retirou do campeonato de Niterói, por considerar o campeonato deficitário, e tinha planos de oficializar a sua equipe profissional e pleitear uma vaga no campeonato carioca. Porém, em 1946 o decreto do presidente Dutra fechou todos os cassinos, e o clube, ligado ao Balneário Casino Icaraí, foi desmontado.

 

Sport Club Boa Vista – campeão carioca de 1932 (LMDT)

Em 1932 o Sport Club Boa Vista – o “Alviverde do Alto” – conquistou o campeonato da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres. Muito embora a LMDT fosse descendente direta da primeira liga de futebol do Rio de Janeiro, a Liga Metropolitana de Football, esse título permanece largamente ignorado. O motivo: todos os seus participantes eram clubes pequenos.

A LMDT foi desfiliada pela Confederação Brasileira de Desportos em 1924. Naquele ano o Vasco da Gama conquistou o título, histórico, sendo o único ano da “era sem filiação” atualmente lembrado na galeria de campeões da FERJ.

Curiosamente, no mesmo período o estado de São Paulo também possuía duas ligas, APEA e LAF. A Liga de Amadores de Football (LAF), liderada pelo Paulistano, estava “do lado” da LMDT nesses anos difíceis. As seleções e clubes das duas ligas se enfrentavam amistosamente – e algumas partidas são memoráveis, como o inusitado encontro entre Paulistano e Campo Grande (o primeiro) em 1929, com esmagadora vitória paulista por 9 a 2, ou ainda a vitória da seleção carioca da LMDT sobre a seleção paulista da LAF por 4 a 3 em 1926 – isso mesmo, uma seleção carioca com jogadores de Modesto, Campo Grande e Engenho de Dentro venceu uma seleção com jogadores de Paulistano, Germânia e AA das Palmeiras. Talvez a LAF não fosse tão elitista assim…

Para o bem da história, São Paulo reconhece seus campeões da Liga Amadora de Football. Já o Rio de Janeiro só reconhece parte da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres. Por mais fraca que fosse em seus anos finais, o limbo jamais será justo.

Voltando ao ano do título do Boa Vista, 1932, o último antes da LMDT ser absorvida pela profissional Liga Carioca de Football.

 

PARTICIPANTES

Foram 13 as equipes participantes. Os favoritos, primeiro:
– Sport Club Boa Vista, o Alviverde do Alto da Boa Vista, que fazia boas campanhas desde seu ingresso na Liga, em 1929
Magno Football Club, o Azulino de Madureira, também favorito
Oriente Atlético Clube, os camisas rubras de Santa Cruz, campeão de 1931 e que tantos títulos conquistaria no Departamento Autônomo
Sportivo Santa Cruz, campeão de 1930, de rápida e marcante trajetória no futebol da Zona Oeste

Dos que poderiam fazer um bom papel:
Curva do Mattoso F.C., que durante o campeonato mudou de nome para Sportivo Campo Grande, sem relação com o Campo Grande atual ou o anterior, cuja participação era uma incógnita
– Sport Club Campinho, do bairro homônimo
Sudan A.C., de Cascadura
– S.C. São José, de Magalhães Bastos

E os que eram considerados zebras:
Deodoro A.C., do bairro homônimo
Esperança F.C., de Santa Cruz
Vasquinho F.C., do Engenho de Dentro
Triângulo Azul F.C., do Centro
Rio-São Paulo, de Madureira, considerado forte candidato à lanterninha

Desses, apenas Boa Vista, Oriente e São José ainda existem…

 

RESULTADOS

E, com início em 26 de Junho, o campeonato apresentou os seguintes resultados:

26/Jun

Boa Vista 1-0 T. Azul
Campinho 2-1 São José
C. do Mattoso 3-1 Oriente
Deodoro 0-2 Magno
Esperança 1-2 Sportivo S.C.
Sudan 3-3 Vasquinho

03/Jul

Magno 1-0 Sudan
Oriente 1-0 Rio-S.Paulo
Sportivo S.C. 1-2 Campinho
São José 1-2 Boa Vista
T. Azul 1-0 C. do Mattoso (cancelled, remarcadi para 27/Nov)
Vasquinho 4-3 Esperança

10/Jul

Boa Vista 2-1 Oriente
Deodoro 1-1 Vasquinho
Esperança 1-1 Campinho
Magno 3-0 Sportivo S.C.
Sudan 1-1 T. Azul
Rio-S.Paulo 1-3 C. do Mattoso

17/Jul

Campinho 1-0 Rio-S.Paulo
C. do Mattoso 2-3 Magno
Deodoro 1-1 Oriente
Sportivo S.C. 3-2 Sudan (cancelado, não chegou a ser remarcado)
T. Azul 1-1 São José
Vasquinho 0-0 Boa Vista

24/Jul

Boa Vista 1-2 C. do Mattoso
Magno 3-2 Vasquinho
Oriente 2-2 Esperança
São José 1-1 Sportivo S.C.
Sudan 2-2 C. do Mattoso
Rio-S.Paulo 1-0 T. Azul

31/Jul

Campinho 1-1 Sudan (cancelado, remarcado para 6/Nov)
C. do Mattoso n/d São José (adiado)
Esperança 2-3 Magno
Sportivo S.C. 2-1 Deodoro
T. Azul 3-3 Oriente
Rio-S.Paulo 1-3 Boa Vista

07/Ago

Campinho 3-1 Vasquinho
Deodoro 2-0 Rio-S.Paulo
Sportivo S.C. 1-1 Oriente
São José 4-1 Esperança
Sudan 2-2 Campinho

14/Ago

Campinho 1-0 Oriente
C. do Mattoso 3-1 Deodoro
Esperança 3-0 Rio-S.Paulo
Magno 3-1 T. Azul
Sportivo S.C. 4-1 Vasquinho
São José 3-5 Sudan

21/Ago

Boa Vista 5-0 Esperança
C. do Mattoso 2-1 T. Azul
Deodoro 0-0 São José
Magno 2-0 Campinho
Vasquinho 3-1 Oriente
Rio-S.Paulo 3-2 Sportivo S.C.

28/Ago

Boa Vista 2-0 Sportivo S.C.
Campinho 0-0 Deodoro
Esperança 1-1 C. do Mattoso
São José 2-2 Magno
Sudan 3-0 Rio-S.Paulo
T. Azul 1-2 Vasquinho

04/Set

Boa Vista 2-1 Deodoro
C. do Mattoso 2-0 Campinho
Oriente 1-2 Sudan
Vasquinho 3-0 São José

11/Set

Boa Vista 1-0 Sudan
Campinho 2-1 T. Azul
Deodoro 4-1 Esperança
Magno 2-1 Rio-S.Paulo
Sportivo S.C. 2-1 C. do Mattoso
São José 1-1 Oriente
Rio-S.Paulo 3-3 Vasquinho

18/Set

Boa Vista 4-2 Campinho
C. do Mattoso 4-3 Vasquinho
Esperança 2-2 Sudan
Oriente 2-2 Magno
T. Azul 2-3 Sportivo S.C.

25/Set

Magno 0-1 Boa Vista
T. Azul 4-0 Deodoro

09/Out

Boa Vista 2-0 São José
Campinho 3-1 Sportivo S.C.
Deodoro 0-WO T. Azul
Esperança 3-2 Vasquinho

02/Out

Magno 2-1 Deodoro
Oriente 4-2 C. do Mattoso
Sportivo S.C. 2-1 Esperança
São José 2-1 Campinho
T. Azul 2-4 Boa Vista
Vasquinho 2-2 Sudan

09/Out

Sudan 0-1 Magno
Rio-S.Paulo 3-4 Oriente

16/Out

Campinho 1-1 Esperança
C. do Mattoso 5-0 Rio-S.Paulo
Oriente 3-2 Boa Vista
Sportivo S.C. 1-2 Magno
T. Azul 0-1 Sudan
Vasquinho 5-1 Deodoro (*)

(*) O Deodoro abandonou o campeonato. Partidas restantes, contra Boa Vista, Campinho,Curva do Mattoso, Oriente, Esperança, Sportivo Santa Cruz, Sudan (2 jogos), São José e Rio-São Paulo contabilizadas como WO.

23/Out

Boa Vista 2-1 Vasquinho
Magno 1-1 C. do Mattoso (*)
São José 4-1 T. Azul
Sudan 2-2 Sportivo S.C.
Rio-S.Paulo 1-2 Campinho

(*) Em 28/Out o Curva do Mattoso mudou de nome: Sportivo Campo Grande

30/Out

Sp. C.Grande 7-2 Boa Vista
Esperança 0-1 Oriente
Sportivo S.C. 5-1 São José
T. Azul 4-2 Rio-S.Paulo
Vasquinho 2-3 Magno

06/Nov

Boa Vista 0-WO Rio-S.Paulo (*)
Campinho 4-2 Sudan
Magno 2-0 Esperança (*)
Oriente 3-0 T. Azul
São José 2-4 Sp. C.Grande

(*) Rio-São Paulo foi suspenso do campeonato. Partidas restantes, contra Vasquinho, Esperança, Magno, São José (2 jogos), Sudan e Sportivo Santa Cruz contabilizadas como WO. Mais tarde, nesse mês, o Esperança também abandonou, e jogos contra C. do Mattoso, Boa Vista, São José, T. Azul (2 jogos) e Sudan também contabilizados como WO.

13/Nov

Sp. C.Grande 6-0 Sudan
Oriente 1-2 Sportivo S.C.
Vasquinho 0-1 Campinho

20/Nov

Oriente 1-1 Campinho
Sudan 1-2 São José
T. Azul 0-1 Magno
Vasquinho 1-1 Sportivo S.C.

27/Nov

Campinho 0-0 Magno
Oriente 2-3 Vasquinho
T. Azul 2-2 Sp. C.Grande (não terminado, conclusão em 24/Jan)

04/Dez

Magno 2-1 São José
Vasquinho 3-1 T. Azul (*)

(*) Triângulo Azul abandonou. Partidas contra Sportivo Santa Cruz e Campinho contabilizadas como WO.

11/Dez

Campinho 0-0 Sp. C.Grande
São José 3-2 Vasquinho
Sudan 0-1 Oriente

18/Dez

Sp. C.Grande 4-2 Sportivo S.C.
Oriente 0-WO São José (*)
Sudan 0-8 Boa Vista

(*) São José decidiu não disputar a partida restante, contra Sportivo Campo Grande (WO). Depois, Sportivo Santa Cruz e Oriente também abandonaram. As partidas restantes (Magno-Oriente, Sportivo-Boa Vista and Sportivo-Sudan) foram consideradas WO.

31/Dez

Campinho 0-3 Boa Vista
Vasquinho 4-1 Sp. C.Grande

08/Jan/1933 Boa Vista 3-1 Magno

24/Jan/1933 T. Azul 0-WO Sp. C.Grande(*)

(*) Minutos restantes do jogo de 27/Nov, mas o Sportivo Campo Grande não compareceu.

………………………….P   G   W   D   L  GF  GA  GD
1. Boa Vista …………..41  24  20   1     3  50   22   28 … campeão
2. Magno ……………..40  24  18   4     2  41   22    19
3. Sp. C.Grande …….34  24  15   4     5  55    31   24
4. Campinho …………31  24  12    7    5  29    26    3
5. Sportivo S.C. ………26  24   11   4    9  34    33    1
6. Oriente …………….25  24    9   7    8  35    34    1
6. Sudan ………………25  24    9   7    8  28    42  -14
8. Vasquinho …………..24  24    9   6   9   51    46     5
9. São José ……………23  24    9   5  10  29    36    -7
10. T. Azul …………….13  24    5   3  16  23    37   -14
10. Esperança ………..13  24   4   5  15  22     36   -14
12. Deodoro …………..10  24   3   4  17  13     23  -10
13. Rio-S.Paulo ………..7  24    3   1  20  16    38   -22

A partida final, entre Magno e Boa Vista, decidiu o título.

O Magno tinha 40 pontos e o Boa Vista 39, portanto, o Magno só precisava de um empate para ser o campeão. Mas o jogo era no campo do Boa Vista, na Estrada das Furnas. Os dois times entraram em campo com os seguintes jogadores (na época, não havia substituição):

Boa Vista – Capeto; Gigante e Bahiano; Manolo, Viveiros e Sinhô; Antoninho, Almeida, Sapo, Congo e João.

Magno – Guilherme; Canhoto e Lourival; Citto, Cavallaria e Gerê; Lindo, Noca, Gereba, Camisa e Joaquim.

Juiz: Sr. Antônio Drummond

A partida foi emocionante. Logo aos 15 minutos o Boa Vista abriu o placar, com um belo chute de João. Porém o Magno conseguiu empatar, com gol de Gereba. No segundo tempo, Sapo fez de cabeça após cruzamento e colocou o Boa Vista de novo na frente do placar. Porém os minutos finais seriam de tensão. O Magno pressionava, tentando o empate (que lhe daria o título) a qualquer custo, e o Boa Vista tentava segurar o placar. Aí veio o lance que decidiu tudo. Sinhô, jogador de linha, salvou uma bola que entraria no gol do Boa Vista, e armou o contra-ataque fulminante. Antoninho recebeu a bola e, com a defesa do Magno aberta, fuzilou: 3 a 1, e título para o “Alviverde do Alto”.

MAGNO 1 x 3 BOA VISTA
Data – 08 / 01 / 1933
Local – Estrada do Furnas (Rio de Janeiro – RJ)
Árbitro – Antônio Drummond
Gols – Gereba p/o Magno; João, Sapo e Antoninho p/o Boa Vista
Magno – Guilherme; Canhoto e Lourival; Citto, Cavallaria e Gerê; Lindo, Noca, Gereba, Camisa e Joaquim.
Boa Vista – Capeto; Gigante e Bahiano; Manolo, Viveiros e Sinhô; Antoninho, Almeida, Sapo, Congo e João.