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GOL DO MEU IRMÃO

Helio Miranda foi um bom jogador de futebol e um grande treinador. Como atleta jogou nos aspirantes do CRB, passando depois para o primeiro time do Auto Esporte e Esporte Clube Alagoas. Também vestiu a camisa da seleção alagoana em 1954. Depois foi para o Sport Clube do Recife e chegou a treinar no Bangú, quando sofreu uma séria contusão e foi obrigado a parar de jogar. Na Universidade sentiu que poderia ser técnico de futebol e começou pelo Guarani do Poço.
Mas, houve uma passagem interessante na vida do jogador Helio Miranda. O assunto foi muito comentado na imprensa e entre as torcidas. Helio tinha um irmão chamado Haroldo Miranda que era radialista e narrava futebol pela Rádio Difusora de Alagoas. E muitos comentavam que no torneio inicio, quando Helio Miranda estreiou no Auto Esporte, a cada gol que ele marcava, o Haroldo gritava no microfone da sua emissora – GOL DO MEU IRMÃO.
Entretanto, a coisa não foi bem assim. Tudo aconteceu em um amistoso do Auto Esporte contra a equipe do ABC de Natal. Helio Miranda havia se consagrado no torneio inicio assinalando todos os gols do seu time e se sagrando campeão. Como o amistoso aconteceu logo depois do torneio inicio e os comentários corriam pela cidade, o grande locutor Haroldo Miranda foi a forra.
O jogo foi noturno e no campo do mutange. Em determinado momento da partida, Helio driblou vários adversários e entrou com bola e tudo no gol do ABC. Era tudo que Haroldo queria. Entusiasmado, ele gritou para seus ouvintes e os torcedores que estavam perto da cabine da Difusora – GOL DO MEU IRMÃO !!!! E concluiu – Agora sim, é gol do meu irmão.

O PRIMEIRO TÍTULO SULAMERICANO DE 1919

No terceiro campeonato sul-americano, realizado no Brasil, conquistamos nosso primeiro titulo. A final foi contra o Uruguai em memorável partida realizada no dia 29 de maio de 1919, no estádio das Laranjeiras no Rio de Janeiro. Naquela tarde, o publico lotou o estádio do Fluminense. O juiz, Juan Barbera, argentino, entrou em campo com um garboso uniforme: calção, paletó e gravata. A seleta platéia estava bem a vontade. Os cavalheiros usavam chapéus e as damas, muito elegantes, exibiam seus longos vestidos de seda. As autoridades, na tribuna de honra, apresentavam-se de fraque e cartola. No gramado os craques estava impecáveis. Cabelos curtos repartidos no meio, alguns de bigode bem cuidado, sérios e compenetrados, eles arrancavam suspiros do publico feminino. O estádio do Fluminense foi construído especialmente para o sul-americano de 1919. E foi a partir desta final que o futebol se tornou o mais popular esporte do Brasil. Nem todos tinham dinheiro suficiente para comprar os caros ingressos da grande final. Quem não entrava, porém, dava um jeito de se acomodar num morro existente nas Laranjeiras, com vistas para o estádio do Fluminense. Ou se aglomerava na frente do Jornal do Brasil, na Avenida Rio Branco, à espera do resultado da partida.
Para os cariocas, maio de 1919, foi mês de festa e futebol. As festas começaram com a chegada as delegações no cais da praça Mauá. Houve recepções no Palácio do Itamarati, bailes no Clube São Cristovão, banquetes no Restaurante Assyrio e chás na Confeitaria Colombo. A celebração não foi maior porque, em pleno torneio, o goleiro reserva uruguaio Robert Chery morreu em seu quarto, no Hotel dos Estrangeiros, vitima de uma crise de apendicite.
A decisão foi entre o Brasil, anfitrião, e o Uruguai, na qualidade de bi campeão. O Brasil venceu o Chile por 6×1 e a Argentina por 3×1. O Uruguai ganhou dos chilenos por 2×0 e os argentinos por 3×2. No jogo final, o tempo regulamentar terminou com 2×2, num partida cheia de alternativas. O regulamento previa a realização de uma nova partida e, em caso de outro empate, haveria tantas prorrogações quantas fossem necessária. Mais uma vez, tudo indicava que o segundo e último jogo também seria equilibrado porque as equipes se nivelavam.
As onze horas da manhã o estádio das Laranjeiras já estava lotado. Vinte mil torcedores bem trajados estavam dentro do campo do Fluminense. Emoções é que não faltaram. Desde do início, as duas seleções buscaram o gol que valeria o titulo. Houve bolas na traves e chances perdidas de ambos os lados. Os noventa minutos terminou em zero a zero. Primeira prorrogação também zero a zero. Mais trinta minutos. Começou a escurecendo e se não fizessem um gol, a partida não terminaria. A torcida inquieta, antevê o gol a cada instante. E o gol não sai. A agonia termina aos 13 minutos do primeiro tempo da segunda prorrogação. Numa bola cruzada, Neco cabeceia, vários uruguaios pulam e Saporiti rebate de punhos. Friedenreich, que vinha correndo, chutou forte à meia altura, bem no meio do gol.
Leques, luvas, cartolas e chapéus voaram nas arquibancadas, de onde os torcedores gritavam o nome de artilheiro Friedenreich. Depois de duas horas e meia de jogo, o Brasil ganhava o sul-americano e conquistava seu primeiro titulo importante. As ruas se encheram de gente e carros foram em corso para a avenida Rio Branco. Pela primeira vez, jogar bola deixava de ser um passatempo exclusivo de ricos e virava a alegria do povo.

Detalhes técnicos do jogo –
Dia: 20. maio. 1919
Brasil 1 x Uruguai 0
Gol de Friedenreich
Juiz: Juan Barbera (Argentino)
Publico: 20.000 torcedores
Brasil: Marcos de Mendonça. Pindaro e Biano. Sérgio. Amilcar e Fortes. Milton. Neco. Friedenreich. Heitor e Arnaldo.
Uruguai: Saporiti. Varela e Foglino. Naguil. Zibechi e Vanzine. Peres. Scarone. Romano. Gradin e Marán.

IBÍS O PIOR TIME DO MUNDO

O dia 16 de abril de 1989 tinha tudo para entrar na história do Íbis Sport Clube, do Recife. Já acabara o primeiro tempo e os poucos mais de cinqüenta torcedores no Estádio do Arruda testemunhavam o que parecia impossível: com um gol de Derivaldo, cobrando um pênalti, o Íbis vencia o Estudantes, de Timbaúba. Era a esperança da vitória que o clube não via há onze meses, desde os 2×0 no Sete de Setembro, em maio de 1988. Pois continua sem ver. Final do jogo e o Estudantes virou o marcador para uma goleada humilhante: 5×1.
Quer dizer, goleada é humilhante para qualquer time. Mas o Íbis não é qualquer um. É o pior. Basta ver os números. Entre julho de 1980 e junho de 1984, por exemplo, passou exatos três anos, dez meses e 26 dias sem vencer. Foram 54 partidas. 48 derrotas e 6 empates. Um autentico recorde, mas não é o único. Outra marca insuperável são as 23 derrotas consecutivas em 1981. Ano em que o Íbis perdeu todas as partidas que disputou no campeonato estadual.
Um retrospecto que levaria qualquer clube a extinção. Mas não o Íbis. Ele chegou ao seu cinqüentenário, comemorado sem estardalhaço no dia 15 de novembro do ano passado, dentro da filosofia de seu presidente Ozir Ramos, no cargo há 31 anos – “O Íbis é como paixão de bêbedo por cachaça. Sabe que faz mal, mas não larga o vicio”. Afinal, como lembra Ozir, para o time rubro negro mais que competir o importante é existir.
Em 50 anos de vida, o clube possui pouco ou quase nada do que se orgulhar. O titulo de campeão juvenil em 1946, é o único da sua história. E a inacreditável vitória de 1×0 que tirou o Sport Clube do Recife da luta pelo titulo de 1970. Tantas histórias vão virar documentário. Um projeto do jornalista Pedro Osterno – “Vou mostrar o lado poético desses cinqüenta anos”, explica. Ele só não sabe onde vai exibir sua obra. O futuro do documentário é tão incerto quanto o Íbis. Na vida do eterno derrotado Íbis nada é mais previsível que o futuro.

A ALEMANHA VENCE A HOLANDA NA DECISÃO DA COPA DO MUNDO DE 1974

A seleção da Holanda tinha como técnico Rinus Michels. Sua equipe devolvia o futebol de seus grandes dias do passado, quando o gol era, acima de tudo, a própria razão de ser do jogo. Mas não residia apenas nisso seu encanto. Jogando com muita aplicação tática, fazia a bola rolar de pé em pé, em jogadas ensaiadas com admirável talento coletivo. Logo na sua estréia contra os uruguaios, a imprensa mundial viu uma seleção praticando um futebol bonito, harmonioso e eficiente. No ponto de vista coletivo, a seleção holandesa era quase perfeita. É como se fosse uma orquestra que tinha como regente o elegante Cruijff. Na Copa de 1974, Cruijff se tornava o novo rei do futebol. Era o símbolo vivo daquele seleção que os estrategistas batizaram de “Carrossel Holandês”. O futebol da Holanda era algo novo, diferente, irresistível.
Nas oitavas de final, a Holanda venceu o Uruguai por 3×0, a Bulgária por 4×1 e empatou com a Suécia em 0x0. Nas quartas de final, derrotou a Argentina por 4×0, a Alemanha Oriental por 2×0 e o Brasil também por 2×0.
Alemanha Ocidental não era a favorita do mundial. Mesmo se levando em conta que jogava em casa com o inestimável apoio de sua torcida, com todos os fatores extra campo inteiramente a seu favor, a imprensa mundial acreditava mais no “Carrossel Holandês”, no futebol mais perfeito, no futebol arte. Mas, os alemães ostentavam o titulo de campeão da Europa de 1972 e possuía em seu plantel grandes estrelas do futebol germânico como Vogts. Overath, Beckenbauer, Gerd Muller, Sepp Mayer e o polêmico Breitner. O técnico era o perfeccionista Helmut Schõen.
Nas oitavas de final, a Alemanha Ocidental venceu o Chile por 1×0, a Austrália por 2×0 e perdeu para a Alemanha Oriental por 1×0. As duas Alemanhas se classificaram. Nas quartas de finais, a Alemnaha derrotou a Iugoslávia por 2×0, a Suécia por 4×2 e a Polônia por 1×0.
A decisão aconteceu no dia 7 de junho no Estádio Olímpico de Munique. O grande publico assistiu a uma empolgante partida de futebol. Do ponto de vista técnico, talvez, a mais equilibrada de todas as copas já disputadas. Logo no primeiro minuto de jogo, uma arrancada maravilhosa de Cruijff que terminou sendo derrubado dentro da área alemã. O juiz inglês Jack Taylor não hesitou e marcou o penalti contra os donos da casa. Neeskens abriu a contagem para os holandeses. Com a vantagem inesperada, a Holanda iniciou uma serie de jogadas com puro exibicionismo. Ainda no primeiro tempo, a Alemanha empatou através de uma penalidade máxima. Um lançamento para o explosivo Breitner que terminou sendo derrubado na área por Jansen. O mesmo Breitner cobrou e empatou. Aos 43 minutos, uma falha da defesa holandesa deixou Gerd Muller livre para marcar o gol do titulo. Os alemães comemoraram com muita alegria. Era um instante de liberdade que valia muito mais que as longas semanas de concentração. No final do mundial ficou mais uma lição, muitas vezes repetidas e nunca aprendida. Uma final de Copa do Mundo não tem favoritos. Nem mesmo para uma seleção cujo futebol encantou o mundo e era tocado por musica, como os comandados do maior craque da competição: Cruijff.

Fonte: O Jornal

Obdulio Varera

Em 1950, onze uruguaios derrotam o Brasil inteiro sob o comando de um jogador que mostrava uma raça e amor a camisa do tamanho do maracanã. Era Obdulio Varela que sempre dizia a seus companheiros – “É só para ganhar que se vive e se joga”.
Obdulio Jacinto Nunes Varela nasceu em 1917, num humilde bairro de Lateja, em Montevidéu. Ajudava a sustentar a família de muitos irmãos trabalhando desde menino como engraxate, entregador de pão e mensagem. Freqüentou a escola primária por três anos e, depois, tornou-se pedreiro. Nas horas de folga, atuava pelo Fortaleza, um time do bairro comercial. Um dia surgiu a oportunidade para um teste no Wanderers. Obdulio ganhava a chance de vencer. Logo depois passou para o Penarol. Seu futebol de técnica aliada a uma incrível raça o levara, finalmente, a seleção uruguaia. Nos primeiros anos aprendeu várias lições. Para ganhar um jogo é preciso garra. É preciso ter em campo 11 homens. Um grito bem dado é um jogador a mais dentro do campo. O que importa é ganhar. Para isso se joga e se vive.
No dia 16 de junho de 1950, o Brasil era o franco favorito para a decisão da Copa do Mundo de 1950, no maracanã. Quando Friaça assinalou o primeiro gol, a torcida explodia onde duzentas mil pessoas acreditavam que ali ia começar a goleada. Obdulio foi buscar a bola no fundo das redes, passou pelo juiz e reclamou impedimento. Esbravejou, esperneou, pediu intérprete, tudo para esfriar o entusiasmo do Brasil. Depois, no caminho até o meio do campo, tratou de sacudir seu próprio time. Pôs-se a gritar com todos seus companheiros, exigindo raça e amor à camisa. Aos 25 minutos, ele dá um passe para Ghigia que cruza e Schiafino empata. Quando faltavam 10 minutos Ghigia vai a linha de fundo e, quase sem ângulo, faz 2×1 para o Uruguaio. O estádio é um túmulo. De longe se pode ouvir a comemoração de Obdulio – “Fue gol, Perrito, fue gol”, berrava ele para Ghigia e ambos se abraçam demoradamente.
Fim de jogo. A Jules Rimet demora a ser entregue. O capitão se irrita – “Com Copa ou sem Copa os campeões somos nós”. Enfim, recebe a Jules Rimet e comanda a volta olímpica. Com a mesma raça e alma de sempre. Obdulio Varele é um desses heróis do futebol que jamais será esquecido.

AS VITÓRIAS DO VASCO CONTRA O PEÑAROL DO URUGUAI

Depois do Brasil ter perdido a Copa do Mundo de 1950 para os uruguaios, havia uma grande expectativa em tornou dos jogos entre o Vasco da Gama, base da seleção brasileira, e o Penarol, base da seleção uruguaia. O Vasco ganhou o primeiro jogo realizado em Montevidéu por 3×0.
No dia 22 de abril, no maracanã, O Vasco voltou a vencer por 2×0. Um imenso publico foi o maior estádio do mundo para ver quase os mesmos artistas do drama final da Copa do Mundo, apenas com novos sentimentos e com alguns novos colegas que não estiveram naquele dia 16 de julho de 1950. E a torcida ficou satisfeita como que viu porque o jogo agradou pela movimentação e pela técnica. Quando a partida foi iniciada, os primeiros movimentos pertenceram ao clube brasileiro que mostrava pinta de vencedor. Quando os uruguaios conseguiam penetrar na defesa vascaina, encontravam o goleiro Barbosa em grande tarde.
Aos 16 minutos Friaça recebeu a bola, avançou e quando chegou no risco da grande área arriscou o chute. A bola saiu fraca e, aparentemente, sem possibilidade de êxito, mas ganhou efeito no terreno iludiu o arqueiro Maspoli que ficou sem entender como não conseguiu fazer a defesa. Deste gol para frente, sempre com o Vasco no ataque, a partida foi ficando definida. A questão era saber de quanto seria a vitória vascaina. A emoção da torcida passava para os jogadores brasileiros que sentiam um gostinho todo especial naquela segunda vitória. Aos jogadores do Penarol restavam a fibra tradicional e sempre dispostos a reagir contra o marcador adversos. Gighia era seu melhor jogador. Mesmo assim, encontrava em Alfredo um ótimo marcador. Obdulio Varela disputou um bom primeiro tempo. Na segunda etapa cansou, começou a apelar para a violência e terminou expulso. Sua expulsão se deve mais pelo deboche contra a torcida brasileira e as reclamações, do que a jogada violenta sobre Maneca. Entretanto, o Vasco estava muito bem, onde Barbosa jogava com nos seus grandes dias. A defesa bem postada e um ataque onde Ademir era a grande figura do jogo. Era uma equipe homogênea e que dava a torcida brasileira a tranqüilidade para viver as emoções que não teve em 1950. Era a valorização de um trabalho coletivo do conjunto campeão carioca com uma defesa sem falhas e um ataque insinuante e goleador.
O 1×0 do primeiro tempo não disse bem o que foi o desenrolar da partida, apesar da bravura com que a defesa do Penarol se comportava suportando a pressão vascaina. A superioridade vascaina foi confirmada aos 30 minutos através de um gol sensacional de Ademir que aproveitou um bom lançamento em profundidade. A partida, de um modo geral, foi disputada em meio a cordialidade entre os jogadores. O único momento em que a violência esteve presente foi no segundo tempo quando Obdulio Varela entrou deslealmente em Maneca e, quando foi marcada a falta, o capitão uruguaio desrespeitou o publico e o juiz. Por isso, terminou expulso.
Jogo realizado no dia 22 de abril de 1951 no maracanã.
Vasco da Gama 2 x Penarol 0.
Gols de Friaça e Ademir.
Juiz: Carlos de Oliveira Monteiro, o popular Tijolo.
Vasco: Barbosa. Augusto (Laerte) e Clarel. Eli. Danilo e Alfredo. Tesourinha. Ademir. Friaça (Ipojucan). Maneca e Djair.
Penarol: Maspoli. Matias Gonzalez e Romero. J.C. Gonzales. Obdulio Varela e Etchegayon (Abadye). Gighia. Piuepoff. Falero (Miguez), Schiafino e Vital.

Fonte: Esporte Ilustrado

ZIZINHO QUEBRA A PERNA DE AGOSTINHO E FOI PRESO

No primeiro jogo da decisão do campeonato brasileiro de seleções de 1942, realizado no Pacaembu, em São Paulo, os paulistas venceram por 3×1.
Houve um lance, no primeiro tempo, que Zizinho quebrou, acidentalmente, a perna do zagueiro paulista Agostinho, que nunca o perdoou, a ponto de mandar um telegrama malcriado – tipo bem feito – para Zizinho, quando em 1946, teve sua perna fraturada em choque com o zagueiro Adauto do Bangu.
Depois do choque de Zizinho com Agostinho, o clima ficou pesadíssimo para o atacante carioca que sumiu do jogo. Ele foi condenado a oito dias de prisão pela Justiça de São Paulo por ter fraturado a perna de Agostinho. Zizinho, na época, com 20 anos, estava no exército e fardado foi pegar o sursis.
Cinco dias depois, Zizinho marcou o único gol dos cariocas na disputa do segundo jogo realizado em São Januário no Rio de Janeiro.

TÉCNICO E CAMPEÃO E É MANDADO EMBORA

O time do Vasco da Gama campeão carioca de 1952, tinha vários jogadores com o peito coberto de medalhas conquistadas em anos anteriores. Barbosa. Augusto. Danilo. Ademir. Maneca. Chico e Eli, eram sobreviventes do mundial de 1950. Mas havia ainda o experiente Jorge e o talentoso Ipojucan para reforçar o time vascaino. A rigor, tinha dois novatos. O zagueiro Haroldo e o atacante Edmur.
Para que se tenha uma idéia da dureza do campeonato carioca daquela época, a campanha teve 20 jogos disputados. O Vasco perdeu apenas um jogo e empatou dois. Venceu 17 partidas. O técnico dessa formidável equipe era o conhecido treinador Gentil Cardoso. Os vascainos terminaram o campeonato com seis pontos de vantagem sobre o vice campeão.
Gentil Cardoso, técnico eternamente discutido enquanto viveu, não escaparia de acrescentar mais um fato folclórico à sua carreira. Percebendo que a diretoria do Vasco já estava apalavrado com o treinador Flávio Costa, apesar da grande campanha do clube, foi aos jornais e revelou o que chamava de trama para derrubá-lo. Convencido de que fizera uma manobra acertada do ponto de vista político, a torcida ficou revoltada com a possibilidade de sua saída. Gentil estava feliz no dia da última partida o campeonato, em São Januário. Faixa de campeão no peito, carregado pelos torcedores, ele não se conteve e disse aos repórteres que estavam acompanhando a festa no gramado: O velho Gentil está com às massas. E quem está com às massas está com Deus…
Gentil poderia estar com às massas, poque a torcida gostava dele. Certamente também estava com Deus, porque era um homem de bom coração. Mas, na segunda feira, bem cedinho, Gentil estava no olho da rua, despedido pelo diretoria vascaina.