Arquivo do Autor: Eduardo Cacella

Goleiros do Tricolor Paulista-Uma Tradição!!!

Eles possuem o segredo de serem ídolos tricolores. Afinal, desde 1936 para cá, o São Paulo perpetuou verdadeiras dinastias quando o assunto era a titularidade de sua camisa 1.

Mais especificamente, desde sua refundação, o clube só teve 61 goleiros que entraram em campo. Em 72 anos de história, menos de 72 goleiros (mesmo contando os reservas que esporadicamente jogam uma ou outra partida).

Outros clubes possuem mais que o dobro de sua idade em termos de goleiros.

Dentre estes 61, se destacam 11 (deixando de lado o atual, Rogério Ceni, tal como Pelé na Bola de Prata de Placar, não concorre com os demais).

Estes 11 dominaram a pequena área tricolor por boas temporadas. Exceção feita a 5 anos onde um goleiro “reserva”, por um motivo ou por outro, jogou mais que o “titular”, ou por ser um período de entre-safra (Doutor em 1942, Bertolucci em 1952, Bonelli em 1956, Fábio em 1966 e Rojas em 1988).

KING
Nivacir Inocêncio Fernandes.
Atuou de 36-37 e de 40-44 como titular.
Permaneceu no clube até 1947.
Total de 198 jogos pelo clube.

CAXAMBU
Hélio Geraldo Caxambu
Atuou de 38-39 como titular.
Permaneceu no clube de 36-41 e 43.
Total de 79 jogos pelo clube.

GIJO
Romualdo Sperto.
Atuou de 45-47 como titular.
Permaneceu no clube de 44-48.
Total de 137 jogos pelo clube.

MÁRIO
Mário de Oliveira.
Atuou de 48-49 como titular.
Permaneceu no clube até 1952.
Total de 108 jogos pelo clube.

POY
Jose Poy.
Atuou de 50-61 como titular.
Permaneceu no clube até 1962.
Total de 515 jogos pelo clube.

SULI
Suli Cabral Machado.
Atuou de 62-65 como titular.
Permaneceu no clube de 61-66.
Total de 266 jogos pelo clube.

PICASSO
Ronei Travi.
Atuou de 67-69 como titular.
Permaneceu no clube até 1971.
Total de 161 jogos pelo clube.

SÉRGIO
Sérgio Vágner Valentim.
Atuou de 70-73 como titular.
Permaneceu no clube de 69-74.
Total de 203 jogos pelo clube.

WALDIR PERES
Waldir Peres de Arruda.
Atuou de 75-84 como titular.
Permaneceu no clube de 73-84.
Total de 611 jogos pelo clube.

GILMAR
Gilmar Luís Rinaldi.
Atuou de 85-90 como titular.
Permaneceu no clube de 85-90.
Total de 253 jogos pelo clube.

ZETTI
Armelino Donizeti Quagliato.
Atuou de 91-96 como titular.
Permaneceu no clube de 90-96.
Total de 426 jogos pelo clube.

Fonte:Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa e Michael Perseus

Primeira partida não-oficial do São Paulo!!!

Partida Não-Oficial nº 1

São Paulo “A” 4 x 1 São Paulo “B”

03 de fevereiro de 1930
Partida Não-Oficial (Jogo Treino)
São Paulo (SP) – Chácara da Floresta

Quadro “A” do São Paulo FC 4 X 1 Quadro “B” do São Paulo FC
(Elenco A): Nestor; Clodô e Barthô; Sérgio, Rueda e Abate; Luizinho, Otacílio, Joãozinho, Jahú e Cassiano Passos.

(Elenco B): Olavo; Lara e Trigo; Ângelo, Amadeu e Alves; Siriri, Serrote, Friedenreich, Araken Patusca e Scott.
Técnico: João Chiavoni.

Diz a tradição (e também André Nascimento Pereira e Conrado Giacomini – historiadores do clube) que por ter deixado os craques do clube, Friedenreich e Araken Patusca, no time reserva deste único treino, o técnico João Chiavoni foi demitido pela diretoria tricolor, sequer chegando a dirigir o São Paulo em alguma partida oficial.

Eliminatórias da Copa de 70, uma lembrança nada agradável para a Argentina!!!

Nas eliminatórias da Copa de 70 no México a Argentina pegou um grupo teoricamente fácil com Peru e Bolívia, mas como dizem no futebol, nem sempre o melhor ganha.
A seleção argentina contava com estrelas do futebol como Cejas,Perfumo,Marzolini,Suñe,Rattin,Brindisi,Onega,Pachamé,Basile,etc…
O início das eliminatórias não foi nada agradável e já servira como aviso aos argentinos do que viria pela frente.Enfrentando a altitude de La Paz a seleção foi derrotada pela Bolívia por contundentes 3×1 no dia 27 de Julho de 1969 diante de 23.000 espectadores.Foi uma derrota surpreendente e um duro golpe para os hermanos, considerada a grande favorita de seu grupo.

Uma semana depois a Argentina foi a Lima enfrentar a seleção peruana e novamente saiu derrotada, 1×0,esta segunda derrota consecutiva causou uma hecatombe na opinião popular e na imprensa argentina.Inclusive considerando que ambas as derrotas haviam sido uma lição de futebol a uma das grandes equipes do futebol mundial.
Enquanto os argentinos tentavam se reerguer, Bolivia e Peru disputavam a liderança do grupo.Em La Paz a esperança boliviana em disputar a Copa aumentou com uma surpreendente vitória sobre a excelente seleção peruana, 2×1, com um gol contra de Chumpitaz,” El Negro Bandido”, inclusive, gol este que virou até música no país para lembrar a lambança do jogador peruano.
Challe abriu o marcador para o Peru, mas logo em seguida Juan Américo Diaz, o maior goleador boliviano dos anos 70 empatou e finalmente o derradeiro gol contra de Chumpitaz decretou a vitória e a liderança boliviana, algo impensável para as expectativas locais.

Porém em Lima a seleção peruana deu o troco e derrotou os bolivianos por implacáveis 3×0, empatando em pontos com a própria Bolívia e deixando a Argentina em último lugar no grupo com 0 pontos, deixando aos argentinos a obrigação de decidir em casa a vaga para Copa.
Em Buenos Aires a confiança era total na sua seleção e a certeza de que a vaga para a Copa seria conquistada sem muitas dificuldades apesar do tropeço inicial.
Em 24 de Agosto em Buenos Aires e com um pênalti duvidoso a seleção portenha derrotou os bolivianos pelo magro placar de 1×0.Apesar da vitória a excelente atuação boliviana fez sua seleção ser recebida por milhares de pessoas no Aeroporto de El Alto.Afinal a equipe fazia a sua melhor campanha em uma eliminatória para uma Copa do Mundo até então.

Apesar da vitória apertada em Buenos Aires os torcedores, a imprensa local e os diretores da AFA minimizaram a vitória sobre a Bolívia com um gol polêmico dizendo que estrelas do calibre de Perfumo,Marzolini,Rattin,Brindisi o Pachamé não precisariam de favores da arbitragem para obterem a vitória e que fora um jogo anormal e o mais esperado teria sido sua seleção golear os bolivianos.
Mas a empafia argentina acabaria no último dia de Agosto quando a melhor geração que o Peru já teve veio a Buenos Aires e arrancou um empate em 2×2, deixando os argentinos numa ressaca que jamais foi esquecida.Assim a seleção peruana conseguia heróicamente a classificação ao Mundial do México.
Mais uma vez os Deuses do futebol entraram em ação.

Autor:Edu Cacella

Transmissões de rádio dos jogos do Brasil na Copa da Suécia

As raridades vêm do LP “Brasil!!! Na Copa do Mundo”, da antiga Odeon, presenteado ao Futepoca por Alessandro Mendes dos Reis, dono da livraria/ sebo Leitura & Arte, que fica na rua Fradique Coutinho, 398, em Pinheiros, São Paulo (ao lado do Bar do Vavá), telefone (11) 3081-4365.

Nas transmissões da Rádio Panamericana, da capital paulista, a narração é de Estevam Sangirardi, que costura as locuções de Geraldo José de Almeida e Waldir Amaral. Na estréia, como descreveu o Glauco, o Brasil bateu a Áustria por 3 a 0. O time tinha Dino Sani, Dida, Mazola (foto) e Joel, que perderiam suas vagas para Zito, Pelé, Vavá e Garrincha. Consta que Pelé só não começou a Copa como titular por estar machucado e Garrincha, fora de forma. E más atuações de Dino e Mazola contra a Inglaterra, no jogo seguinte, fariam Feola dar chance a Zito e Vavá, que seguiriam até a final. Na estréia, porém, Mazola fez dois gols.

Ouça aqui trechos da locução de Brasil x Áustria, com pérolas como “mercadoria verde-amarela no barbante austríaco”, para descrever um dos gols. Nossos agradecimentos a Luciano Tasso, que emprestou sua vitrola, e Michel Lopes, que fez os cortes e tratou o som nos arquivos de MP3.

Ficha técnica

BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA

Data: 08/junho/1958;
Local: Rimnersvallen, em Uddevalla, Suécia;
Árbitro: Maurice Guigue (FRA);
Assistentes: Jan Bronkhorst (HOL) e Albert Dusch (ALE);
Público: 25.000;

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Dida e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

Áustria: Szanwald; Halla, Swoboda e Hanappi; Happel e Koller; Horak, Senekowitsch, Buzek, Alfred Körner e Schleger. Técnico: Karl Argauer;

Gols: Mazola (38), Nilton Santos (49) e Mazola (89).

ENDEREÇO DA NARRAÇÃO

http://www.mp3tube.net/br/musics/Radio-Panamericana-Narracao-do-jogo-Brasil-e-Austria-Copa-de-58/171899/

Fonte:não possuo

Protegido: Os primórdios do futebol no Rio de Janeiro

O futebol no Rio teve varios pioneiros chefiados por Oscar Cox, mas careceu na primeira hora de organização. Não se constituiram em clube os rapazes que começaram a propagar o jogo na capital Federal, mas tinham o mesmo entusiasmo dos rapazes de S. Paulo.

Estava lá para 1899 lançada a semente do “association” com a realização das primeiras partidas. Paulo Varzea cita episódios e nomes que historiam bem aqueles tempos, que foram o berço do esporte bretão no Rio de Janeiro:

“No Rio o futebol já se libertara daquele esclusivismo em que era mantido pelos quadros Paissandú e Rio Cricket para ser liderado por brasileiros, estudantes e empregados do comercio, tal qual sucedera em São Paulo em 1899, particularmente pelos Etchgaray, os Brins, os Morais, etc.
Orientava-os Oscar Cox, aquele infatigavel propugnador do jogo ali.

Mas os cariocas continuavam na fase inicial de 1896. de São Paulo.
Enquanto a Paulicéia já dispunha de 5 clubes, no Rio o futebol era praticado por simples quadros, meros grupos de adeptos, que não chegavam a constituir-se em clubes. Em 1900 apenas 3 quadros cultivavam futebol em terra carioca, um em Niteroi e dois no Distrito Federal. Verdadeiramente aptos a pratica de jogo existiam apenas 2 quadros, um composto de elementos do Rio Cricket, sediado em Icarai ao qual figuravam alguns Cox (parentes de Oscar) e outro sediado no Distrito Federal constituido de elementos nacionais, que o denominavam de Fluminense Team.

Quando na Paulicéia ja se realizavam varios jogos interclubes, no Rio o futebol se limitava a partidas espaçadas, jogadas nos campos do Rio Cricket e do Paissandu, este transformado no primeiro campo realmente carioca, tanto que foi ali que os paulistas, em outubro de 1902, jogaram suas primeiras partidas no Rio.
Em 1900 foram efetuados dois encontros entre os do Rio Cricket e os do Paisandú, vencendo o de Nitetrói por 2 a 0 e os do Rio por 3 a 1.

FLUMINENSE DE PORTO RICO- CONTINUANDO

Continuando a excelente matéria que o Roberto Pypcak colocou a pouco sobre um clube de Porto Rico que homenageia o Fluminense em suas cores e uniforme, fiquei curioso e dei uma pesquisada.
Descubri que não se trata somente de uma homenagem num aspecto específico como diz o site canalfluminense, no caso ao clube pela campanha na Libertadores, mas sim um convênio entre o clube chamado CONQUISTADORES DE GUAYANABO feito em 2006, quando 16 jogadores juvenis do clube vieram fazer uma clínica no Vale das Laranjeiras em Xerém com a supervisão de profissionais do clube tricolor carioca.Inclusive o clube participou de um torneio em Vassouras contra a equipe local e o time juvenil do Fluminense, visitou as Laranjeiras, acompanhou a equipe profissional e firmou este convênio entre as duas equipes.
A equipe ainda se chama Conquistadores de Guayanabo e foi fundada em 2002 mas também usa o nome Guayanabo Fluminense FC.
Espero ter agregado ao artigo original.

edu

Excursão do Sport Recife ao Sudeste em 1941!!Parte 2

Em Minas, a reabilitação

Do Rio, o Sport seguiu para Belo Horizonte, de trem, viagem que durou 12 horas. A imprensa mineira, apesar de o Sport não ter se apresentado bem, no Rio, tentou “levantar” o amistoso contra o América Mineiro. Zago e Ricardo Diez, que já tinham atuado no futebol das Alterosas, eram os mais procurados para as entrevistas, enquanto pelo lado do América os jornais faziam a promoção do jogo em torno de Camilo, que voltava ao time mineiro.

A 18 de dezembro, no estádio Otacílio Negrão de Lima, o Sport realizava sua primeira partida em Minas. Quem não foi ao campo, perdeu uma grande exibição do quadro pernambucano. Vencemos de 5×1. O primeiro tempo já havia terminado com a vantagem dos rubro-negros por 2×0, gols de Mágri, de cabeça, aos 10 minutos, e Pirombá, aos 12 minutos, com um chute de
longe. Na fase final, os visitantes elevaram o placar para 5, sen¬do os tentos conquistados por Ademir, o 3.°, aos 19 minutos; Pinhegas, o 4.°, aos 27, e Navamuel, o 5.°, aos 42 minutos. O único tento do América foi marcado por Carlos Alberto, aos 35 minutos.

Sport
Manuelzinho; Salvador e Zago; Pitota, Furlan e Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Mágri e Pinhegas.
América
Vavá; Lulu e Pescoço; Cabral, Tiago e Buzachi; Carlos Alberto,
Didico (Armandinho), Camilo (Curi), Gerson e Alfredinho.

Palmeira apitou o jogo e teve boa atuação, segundo a crônica mineira.

O segundo jogo foi contra o Palestra (atual Cruzeiro), A imprensa fez os maiores elogios ao time pernambucano. Um matutino disse: “O interesse por uma segunda exibição do S. C. Recife em nossa capital aumentou grandemente, observando-se mesmo nos círculos esportivos uma ansiedade indescritível em torno do prélio, que a cidade verá amanhã no “ground” da Av. Augusto de Lima”.
Na verdade, foi uma grande partida. Tanto o Palestra como o Sport brindaram o grande público com excelente partida de futebol, no dia 21 de dezembro. Houve um empate sem abertura de contagem, formando o Sport com a mesma equipe que estreou.

Exatamente a 25 de dezembro, dia de Natal, no campo do Atlético, onde há 22 anos só conhecera uma derrota, o Sport fazia sua mais estupenda partida durante a excursão. O numeroso público foi ao campo certo de que os cabeças chatas iriam perder e de feio. O Atlético quis “rebolar” e quando cuidou da vida perdia de 4×2, resultado que permaneceu até o final para tristeza da torcida atleticana. O escore foi aberto pelo Atlético. Euclides, querendo centrar a bola, terminou encaixando-a no gol de Manuelzinho.
Mas não tardou a reação vigorosa e desconcertante do Sport. Veio o empate, por intermédio de Ademir, de forma espetacular. Foi um gol de “bicicleta”. A bola foi apanhada no ar com rapidez, deixando o goleiro Cafunga completamente atônito. Novamente Ademir, chutando livre, de fora da área, marcou o 2.° gol. Já ao final do primeiro tempo, Furlan, de fora da área, num arremesso violento e feliz, surpreende mais uma vez a perícia de Cafunga. Na segunda fase o Atlético imprimiu grande reação, mas quem marcou de novo foi o Sport por intermédio de Mágri, botando água na fervura. Baiano diminuiu para 4×2.

Sport – Manuelzinho; Salvador e Zago; Pitota, Furlan e Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Mágri e Djalma.

Atlético – Cafunga; Ramos e Canhoto; Cafifa, Hemetério e Bigode; Bené (Edgar), Tião, Baiano (Bigode), Nicola (Euclides) e Rezende.

O juiz foi mais uma vez Palmeira, que expulsou Baiano por ter agredido o goleiro Manuelzinho.


Repercussão

Os expressivos resultados colhidos em Belo Horizonte atravessaram fronteiras. O Sport começava a ficar nacionalmente conhecido. Na ex-capital federal, que agora passava a receber regularmente notícias do Sport, enviadas pelo cronista Canor Simões Coelho, integrado à delegação, no Rio, o jornal “O Imparcial” fazia esta louvação ao time rubro-negro:

“Os pernambucanos do Sport Club do Recife aqui chegaram quase despercebidos. Estávamos em plena fase de decisão do campeonato brasileiro, preocupados demais com os jogos entre paulistas e cariocas para darmos melhor atenção ao conjunto invicto de Pernambuco. Assim seu jogo com o Flamengo não chegaria a despertar grande interesse. O Flamengo foi o vencedor, mas a imprensa foi unânime em conhecer a injustiça do
placard.
Não diremos que houve injustiça, pois a culpa do revés coube aos zagueiros um dos quais foi autor do terceiro gol do rubro-negro carioca, contra o próprio arco, no momento em que mais se acentuava a pressão dos pernambucanos. Os zagueiros eram os reservas do América, que foram emprestados ao Sport que não pôde lançar mão dos seus zagueiros efetivos.
“Daí por diante, o Sport passou a ser olhado com respeito. Foi a Belo Horizonte, colhendo na estréia ampla vitória sobre o América (5xl), o que levou o Palestra Itália a propor um jogo, que findou com um empate de zero a zero.
Cresceu o prestígio do campeão pernambucano. Então o Atlético se interessou também em enfrentá-lo. Várias negociações foram feitas. Realiza-se o jogo, na tarde de quinta-feira. E o Sport Club do Recife conseguiu também vencer, pelo escore de 4×2. Consagrou-se definitivamente como um quadro de alto valor.

“Julgava-se o Atlético capaz de baixar a “máscara” dos pernambucanos. Como é que um quadro do Norte vem à nossa terra, pensariam os mineiros, e consegue voltar sem derrota?
O Atlético sempre foi uma espécie de “bicho-papão”. E tratando-se então de quadros de fora, torna-se um verdadeiro degolador.Mas o quadro pernambucano o venceu. E alcançou um feito de ampla repercussão, ao reafirmar de modo inequívoco o seu valor, o Atlético, particularmente, venceu todos os quadros de fora que foram a Belo Horizonte, de maneira que o sucesso do Sport Club do Recife constituiu um fato inédito. Donde se conclui que no futebol tudo pode acontecer.

Os jornais mineiros, longe de justificarem a derrota dos times locais, exaltaram o feito do Sport.O “Diário de Minas”, numa crônica sobre o jogo com o Atlético, publicou em grande título esta frase impressionante: “Entramos em campo como mestres e salmos como discípulos”.

Fonte:A Historia do Futebol em PE

Excursão do Sport Recife em 1941 ao Sudeste!!Parte 1


Sport eleva Pernambuco

Novembro de 1941. Os torcedores do Sport ainda comemoravam, ruidosamente, a conquista invicta do campeonato, terminado em outubro. A equipe rubro-negra era realmente muito boa. Estava de fato um “piano” como se dizia na época. Tanto que o titulo fora selado com uma histórica goleada de 8×1 sobre o Náutico. Mais o time era tão bom que nada menos de 9 jogadores – Manuelzinho, Mulatinho, Zago, Pitota, Furlan, Djalma,
Ademir, Pirombá e Clóvis, tinham sido convocados para a seleção pernambucana, que estava no Rio de Janeiro para as disputas do Campeonato Brasileiro.

Mas enquanto a torcida solenizava o grande acontecimento, na Ilha do Retiro os dirigentes traçavam planos, planejando de que maneira se poderia manter os salários dos jogadores,em dia, até março do ano seguinte, quando seriam iniciadas as atividades da temporada oficial. Havia duas opções: excursionar ou liberar os jogadores a exemplo do que fizera o Náutico,a fim de não sobrecarregar a tesouraria do clube durante o período de defazagem. O presidente rubro-negro, Luiz Oiticica, preferiu a primeira fórmula, até porque vinha ao encontro de um antigo desejo seu de levar o Sport ao sul do país. A inclusão de 9 jogadores do Sport no selecionado pernambucano, já no Rio, veio reforçar o plano tanto pelo engrandecimento do cartaz do clube, como pelo fator economia, de vez que as despesas de viagem seriam suavizadas sem o ônus das passagens desses jogadores de Recife ao Rio de Janeiro.

Embora intimamente houvesse uma confiança muito grande na equipe, para quem jamais foi além da Bahia, jogar no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Paraná e Porto Alegre, como ficou projetada a excursão, era uma aventura audaciosa. Uma verdadeira loucura! Mas a viagem foi decidida e a partir daquele momento o Sport começava a escrever a mais bela página da sua história esportiva, até hoje!

Exatamente às 11 horas da manhã do dia 5 de dezembro,uma quinta-feira, a bordo do navio “Cantuária”, o Sport deixava o Recife. A delegação estava assim formada: presidente – Hibernon Wanderley; tesoureiro – José Augusto Nogueira; auxiliar – João Freire; secretário – Antonio Menezes (Muriçoca),
pai do jogador Ademir; árbitro – Mariano Carneiro Pessoa (Palmeira); técnico – Ricardo Diez; massagista – José Matias, e os seguintes jogadores – Navamuel, Magri, Bibi, Ciscador e Valfredo. 0 zagueiro Gambetá (Roberto Bruno) estava relacionado,mas de última hora desistiu, em virtude de provas de fim de ano na Faculdade de Medicina. Apesar das alarmantes notícias sobre a II Guerra Mundial, que já havia estourado, a viagem transcorreu sem anormalidades e cinco dias depois os pernambucanos chegavam ao Rio de Janeiro.
Do Porto, a delegação rumou para o Flamengo Hotel, onde já se encontrava o resto dos jogadores rubro-negros, que haviam participado do Campeonato Brasileiro. Incorporaram-se à embaixada: Ademir, Pirombá, Zago, Manuelzinho, Furlan, Pitota,Djalma, além de Pedrinho, Pinhegas, Castanheiras e Salvador.
Os três primeiros eram jogadores do América e o último do Náutico, cujas diretorias haviam concordado em cedê-los para reforçarem o Sport na excursão. Clóvis e Mulatinho, alegando motivos particulares, retornaram ao Recife.

Derrota na estréia

A chegada dos nortistas passou quase despercebida da crônica carioca, que espichava manchetes sobre a final do Brasileiro entre Rio e São Paulo. Um sobrinho do presidente do Sport, José Médices, que residia no Rio e o cronista Canor Simões Coelho, depois de muita luta, conseguiram arranjar o Flamengo para um amistoso. O time pernambucano não pôde, porém, estrear com todos os titulares. Salvador e Zago estavam contundidos e a solução encontrada foi arranjar dois zagueiros emprestados ao América em cujo campo o Sport iria jogar. Foram cedidos Aralton e Linton. Embora o Flamengo fosse fazer a estréia de três jogadores, Doutor, Peixe e Perácio, sua enorme torcida não prestigiou o amistoso, “talvez devido às chuvas que caíram durante à noite”, justificou no dia seguinte um matutino carioca.
O Sport foi um quadro inibido do começo ao fim e acabou perdendo de 3×1.
O primeiro tento do Flamengo foi marcado por Rubem, aos 10 minutos da fase inicial, depois de receber um passe de Perácio. 0 mesmo jogador assinalou o segundo gol, aos 17 minutos, terminando o primeiro tempo em 2×0 para o Flamengo.
Na etapa final, Magri fez o único gol do Sport, e finalmente Aralton, intervindo com infelicidade, marcou contra o terceiro e último gol do quadro carioca.

Sport – Manuelzinho; Aralton e Linton; Pitota, Furlan e
Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Magri e Valfredo.

Flamengo
– Doutor; Nilton e Barradas; Biguá, Jaime (Volante) e Artigas;
Peixe, Waldir, Rubem, Perácio (Nandinho) e Vevé.

O juiz foi Palmeira e a renda somou a importância de 13 contos, 310 mil réis.

Fonte:A Historia do Futebol PE