Craque brasileiro é astro em outro Mundial marcado pela influencia política. Foi na Copa de 1938, na França, que o Brasil apresentou pela primeira vez uma seleção de verdade. A crise desde a implantação do profissionalismo dividiria o nosso futebol fora, enfim, superada um ano antes, graças a um movimento liderado por Pedro Novaes e Pedro Magalhães Correia, presidentes, respectivamente, de Vasco e América. Segundo a proposta dos dois dirigentes, a Federação Brasileira de Futebol, entidade que congregava os clubes adeptos ao regime remunerado, passaria a dirigir o futebol em todo o território nacional, e se filiaria à Confederação Brasileira de Desportos, amadorista, encarregando-se, esta, da representação do país junto a FIFA. Graças ao acordo, o técnico Ademar Pimenta teve liberdade para convocar todos os jogadores que quis. Pimenta dirigia a seleção brasileira no Sul-Americano de 1937, em Buenos Aires, no qual foi vice-campeão. A Itália apresentou outro grande jogador, o atacante Silvio Piola, mas quem brilhou de fato naquela Copa foi o brasileiro Leônidas da Silva. Aos 25 anos, o craque do Flamengo carregava muita fama no Brasil, mas era um tanto desconhecido na Europa, embora tivesse jogado em 1934, na Itália. Chamado por aqui de Diamante Negro, Leônidas marcou oito gols – foi o artilheiro da Copa – e acabou sendo fundamental na boa campanha da Seleção. Jules Rimet realizou, naquela Copa do Mundo de 1938, o sonho de ver o evento disputado em seu país. Em sua concepção, o esporte deveria ser um laço de união entre os povos. E o Mundial, a grande chance para que os países pudessem celebrar uma autentica confraternização. Mas a Europa já vivia um clima político carregado. A Espanha enfrentava uma guerra civil. Adolf Hitler havia anexado a Áustria ao território alemão. Alemanha, Itália e Japão já tinham assinado um acordo diplomático Pacto do Eixo – na pratica uma tríplice aliança visando a guerra próxima, já sinalizada pela mobilização das tropas nazistas. Seria exagero afirmar que o bi da Squadra Azzurra foi ganho apenas pela a influência direta dos países do Eixo. Também teve seus méritos. Mas embora a Copa de 1938 tenha sido superior às anteriores, o evento também acabou marcado pela intervenção política.
PENALIDADE DISCUTIDA AFASTA O BRASIL.
O Brasil foi o único país sul-americano a participar da Copa de 1938, que teve forma de disputa parecida com a anterior. Na primeira fase aconteceram sete jogos, todos eliminatórios. E restaram, após as quartas de final, três seleções que vinham apresentando belo futebol:
Itália, Hungria e Brasil.
Nas semifinais, os húngaros golearam a Suécia por 5 a 1, e na decisão antecipada, a Itália venceu o Brasil por 2 a 1, graças a um pênalti muito discutido, de Domingos da Guia em Silvio Piola, Cobrado por Giuseppe Meazza.
Na final, a Itália venceu a Hungria por 4 a 2. Pela segunda vez consecutiva, a taça parava nas mãos de Vittorio Pozzo e, é claro, de Benito Mussolini. Quem, aliás, poderia derrubar o ascendente poder do Eixo? Esta foi a pergunta que se fez durante o Mundial, realizado pouco mais de um ano antes de Hitler ordenar suas tropas que invadissem a Polônia, iniciando, a guerra que deixou cicatrizes em todo o planeta.
CURTINHAS.
Ouvido ligado:
A Copa de 1938 foi a primeira transmitida para o Brasil. Pelas ondas do rádio, é claro na voz do narrador paulista Gagliano Neto. O sucesso acabou sendo extraordinário.
POSIÇÃO HONROSA.
O Brasil venceu a Polônia (6×5), superou a Tchecoslováquia (1×1 e 2×1), perdeu da Itália (1×2) e derrotou a Suécia (4×2) na disputa do terceiro lugar.
NINHO DE COBRAS.
Há um consenso de que o Brasil de 38 foi um dos melhores da História. Entre os craques Domingos da Guia, Romeu, Niginho, Tim, Hercules e Patesko.
APELIDO DE HERÓI.
Mas o grande nome foi efetivamente Leônidas da Silva, que ganho respeito e a admiração do mundo do futebol, que passou a chamá-lo de Homem de Borracha.
Fonte: Jornal Lance.