Meus amigos, o torcedor da Portuguesa é um apaixonado pelo seu time. Dizia um radialista ao narrar um gol no campo da lusa: Delírio no Canindé. Pois é, dizem que vinte portugueses na arquibancada fazem mais barulho que cem torcedores de outro time.
Fui testemunha da alegria de dois torcedores da Portuguesa que estavam sentados na fileira abaixo onde me encontrava, nas numeradas do estádio Osvaldo Teixeira Duarte, o Canindé. Era o dia 13 de abril de 1986 e o Corinthians ia jogar contra a Portuguesa. Como as partes das arquibancadas foram tomadas pela torcida do Corinthians, tive de comprar ingresso nas sociais, onde se concentrava parte da torcida da Portuguesa.
Fiz amizade com estes dois torcedores lusos, educados, e conversamos sobre as possibilidades dos times na partida, coisas do tipo.
Aos 16 min. do 2o tempo, a Portuguesa fez o gol que seria o da vitória, de Hamilton Rocha.
Vou resumir a alegria dos dois torcedores num lance corriqueiro do futebol.
Após o gol, a Portuguesa fez uma triangulação na lateral do campo, próximo às sociais, jogada até banal no futebol, e seguiu em frente pela ponta direita. Até aí nada demais.
Mas os dois torcedores, após esta triangulação, viraram para mim com aquele sorriso maroto e um deles me falou: MAS NÃO PARECE UM RELÓGIO?
Eu fiquei com aquele sorriso amarelo, afinal estava triste porque meu time estava perdendo. Mas esta frase e a alegria dos dois torcedores com este lance não me sai da memória.
Abs
Gilberto Maluf
Arquivo do Autor: Gilberto Maluf
Sentado, de pernas cruzadas e controlando uma bolinha de papel com o pé esquerdo.
Meus amigos, Canhoto (ex-meia direita ), formou famosa dupla com Canhotinho no Palmeiras na década de 40. Só estou aqui falando dele porque trabalhei com ele na Siderúrgica Aliperti em São Paulo nos anos 60. Aliás ele foi contratado nos anos 50, perto dos 40 anos de idade, para ajudar o Clube Atlético Siderúrgica Aliperti na segunda divisão de profissionais.
Já em fins dos anos 60 ele continuava no Aliperti trabalhando no setor administrativo. Ele costumava ir ao setor onde eu trabalhava e gostava de conversar sobre futebol, era muito alegre.
Então, sentado e de pernas cruzadas, amassou uma folha de papel e com o pé esquerdo ( de sapato ) começou a controlar a bolinha por várias vezes sem deixá-la cair no chão. Repito, de pernas cruzadas. E rindo.
Será que somente por este exemplo podemos generalizar e afirmar que é por essas e outras que os craques antigos eram bem melhores que os atuais?
Acho que tínhamos uma maior quantidade de melhores jogadores , sem dúvida.
Seu apelido de Canhoto nasceu no Belenzinho, bairro da zona leste de São Paulo, onde nas peladas só chutava de canhota, mesmo jogando pelo lado direito.
Depois de ser campeão paulista em 1940 e em 1945, Canhoto jogou também no América do Rio e no Ypiranga (SP).- Almanaque do Palmeiras.
Abaixo, Canhoto e Durval do Juventus
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COMO ERA TORCER PELO SEU TIME
Não sei se estarei sendo infantil, mas com certeza éramos mais inocentes que a idade entre 9 e 13 anos poderia espelhar.
Em 1960 não se tinha muitas alegrias torcendo pelo Corinthians, mas parece que fui mordido por uma mosca diferente da tsé tsé, que ao invés de transmitir a doença do sono, trazia o exótico sintoma da alegria pelo futebol.
Pois bem, na minha casa não tinha televisão na época, por isso sempre imaginava que meus amigos vizinhos eram mais felizes do que eu, principalmente aqueles que assistiram pela TV o último grande jogo de Garrincha, Botafogo 3 x 0 Flamengo, da decisão de 1962. Este jogo passou para São Paulo.
Mas como o meu negócio tinha que ser o rádio, começava o dia esperando o noticiário esportivo das 11h da manhã, da rádio Difusora. Eu ficava uma hora antes no sofá esperando o noticíário. Mas antes devo confessar que logo pela manhã ia à banca de jornal ver as manchetes da Gazeta Esportiva. Gostava de ver também as 20 Notícias de Antonio Guzman, do Diário da Noite. E fechava a conta com os jornais quando meu pai chegava com o jornal A Gazeta, vespertino da fundação Casper Líbero. Mas o verdadeiro sofrimento vinha durante as transmissões de Edson Leite, Pedro Luis e Fiori Gigliotti nas rádios Panamericana e Bandeirantes. Eu ficava tão nervoso que literalmente batia os dentes, como se tivesse morrendo de frio. Não sei se alguém ficava assim, mas durante boa parte do jogo não conseguia parar de tremer. As tristezas eram muitas, mas parece que pouco me importava a classificação, pois cada jogo era muito importante para mim. O gozado que hoje os sintomas são diferentes, fico com um ligeiro mal estar devido ficar tenso nos grandes jogos.
No mesmo ano de 1960, a TV Tupi passava jogos do Real Madri às 13h do domingo e ia ao bar da rua Domingos de Morais na Vila MAriana , era chique, tinha TV, e com o dinheiro de um Guaraná, instalava-me numa mesa e via Canário, Didi, Di Stefano, Puskas, Gento, Araquistain, Del Sol entre outros do futebol espanhol. As vezes esticava o tempo para ver Ari Silva e Raul Tabajara revezarem-se nas transmissões televisivas do campeonato paulista que começava às 15h15min. E os donos do bar tinham paciência comigo e não me mandavam embora.
Certamente os jovens de hoje tem quase tudo, TV, Internet, Celular, mas não tem a infância que tivemos. Era duro, mas como era gostoso.
Abs
A invasão do Maracanã – A resposta de um amigo torcedor do Bangu
Esta passagem me fez reviver mais uma das inesquecíveis tardes que
vivencieino Maracanã. A imprensa carioca badalou este jogo durante toda a semana,
conclamando a torcida não só do Fluminense, mas a carioca para impedir a
anunciada invasão Corintiana no nosso templo sagrado do futebol. Creio que
não havia muita crença de que o fato acontecesse e, caríssimo amigo,
aconteceu! Foi um dos mais belos e inacreditáveis espetáculos que tive o
privilégio de presenciar.
Grande parte da caravana Corinthiana chegou ao R.J. ainda na parte da manhã
e antes da ida para o Maracanã fizeram um tour pela cidade. O espetáculo
despertou entre toda a imprensa um frenesi pelo ineditismo do acontecimento.
Ainda assim havia certa incredulidade se realmente a torcida ocuparia metade
das arquibancadas, e aconteceu! Um fato histórico deste quilate,
só poderia acontecer no Maracanã. Desculpe-me, mais em nenhum outro lugar,
seria tão apropriado. A alegria da torcida contagiou e emocionou a todos os
presentes. Acredite que talvez tenha sido um dos jogos em que concentrei as
minhas atenções muito mais nas monumentais arquibancadas do que no gramado,
e
olha que o FLU tinha um timaço, conhecido por aqui como a máquina tricolor.
Foi simplesmente deslumbrante! Até hoje não sei como classificaria a
qualidade do jogo, porque o grande espetáculo nos foi proporcionado pela
fiel torcida do Corinthians. Foi a mais bela demonstração a que assisti de
amor de uma torcida pelo seu clube. Metade do Maracanã transformou-se, para
nossa surpresa, em um mar de bandeiras branco e preto. Nos penaltis
realmente o grande herói foi o Tobias.
Comentário a parte do jogo: Mais tarde quando o Bangu anunciou a contratação
do Tobias eu nem acreditava que teríamos entre nós aquela figura mitológica.
Como na época ainda a TV era muito circunscrita aos jogos locais,
desligamo-nos do desempenho do referido goleiro. Que decepção! Que
goleiro limitado! Ele era realmente fraco ou ocorreu como com tantos
jogadores, o comprometimento da carreira, por fatores extra campo? Teve pelo
Bangu passagem curtíssima e discreta e nem sei que fim levou. Enfim, são os
mistérios do futebol.
Retornando ao tema: Tendo as imagens ainda bem vivas na memória sobre o
belíssimo espetáculo proporcionado pela torcida do seu amado clube, aqui no
R.J, com 32 anos anos de atraso, eu o felicito. Um abraço,
Jairo
Lendas do futebol – A maldição de Pelé
Essa é mais uma daquelas lendas que envolvem o futebol: em 1958, antes de
embarcar para a Copa do Mundo da Suécia, a Seleção Brasileira se despediu
fazendo um amistoso contra o Corinthians. Uma jogada um pouco mais dura de
Ari Clemente, lateral esquerdo, fez com que Pelé se machucasse, deixando de
participar dos primeiros jogos do Mundial. Naquele momento, o Rei teria
prometido que o Corinthians jamais voltaria a ser campeão enquanto ele
jogasse. Pelé parou pelo Cosmos, no dia 1o de Outubro de 1977.
E o Corinthians só reconquistaria o campeonato paulista exatos 12 dias depois.
O jogo foi 5 x 0 para a Seleção Brasileira e conforme o almanaque do Timão,
os gols foram de Mazzola aos 37 do 1o tempo , Pepe aos 11 , 12 e Garrincha
aos 36 e 38 do 2o tempo.
Abs
Gilberto Maluf
O título de mais querido que o São Paulo Futebol Clube recebeu!
Meus amigos, a tempos ouvi no programa “São Paulo de todos os tempos” da
rádio Eldorado, de um historiador, o dia em que o São Paulo Futebol Clube
foi escolhido como o time mais querido da cidade.
Ele contou que Getulio Vargas foi ao Pacaembu na década de 40 para comemorar
o dia do trabalhador, 1o de Maio.
São Paulo na época sentia-se traído desde a época da Revolução
Constitucionalista, movimento deflagrado pelos paulistas contra a ditadura
de Getúlio Vargas, que não queria promulgar nova Constituição para o País.
Então os auto-falantes anunciaram a presença do ditador, que foi recebido
com vaia estrondosa. Mas Getulio não se abalou e falou ao então governador
Ademar de Barros: Puxa, eu não sabia que o senhor era impopular!
Mas na época o povo era muito educado. Passado o momento da vaia, veio o
desfiles das equipes paulistas que participariam do Torneio Início.
Uma a uma, as equipes eram apresentadas pelos auto-falantes. Quando entrou o
time que levava o nome da cidade, São Paulo Futebol Clube, os aplausos foram
demasiados, numa forma de mostrar fidelidade ao estado de São Paulo contra o
então ditador.
Desde então, por ser o time mais aplaudido no Pacaembu, foi escolhido como o
time mais querido da cidade.
Abs
Gilberto Maluf
Não é só botafoguense que é supersticioso
Meus amigos, li muitas histórias de superstição sobre o Botafogo . Vou
contar alguma coisa do que li.
O presidente do Botafogo era o Carlito Rocha, um grande supersticioso. Foi
ele que criou verdadeira pérola para que os jogadores não bebessem.
Distribuia mangas à larga a seus jogadores. Na hora de ir embora,
normalmente no sábado, um dia antes do jogo, desferia o golpe mortal:
– Cuidado, manga com cachaça mata.
Carlito era assim, cheio de artimanhas.
Teve um goleiro que ele não conseguiu intimidar, foi o Vitor, que depois de
tomar uma branquinha, entrava em campo e pegava todas as bolas. Mediante o
que ocorria, o Carlito não atrapalhava a preparação etílica do goleiro.
Mas no que Carlito confiava mesmo era nas santas.
Contam que ele mandou fazer um alfinte de fralda de ouro. Era enorme, uns
quinze centímetros. Nele o Carlito enfiava as medalhinhas de todas as santas
eleitas. Na hora de um ataque ao Botafogo, ele segurava o alfinetão com as
duas mãos e beijava as medalhinhas e ia beijando-as até terminar o ataque
adversário. Já pensaram na cena?
Tempos de um futebol apaixonante e inocente.
Mas eu vivi uma superstição a meu modo. Em 12 de novembro de 1978 o
Corinthians iria jogar contra o Palmeiras, jogo dificílimo. Em frente à
minha casa tinha um comerciante meio poderoso e palmeirense. Falou assim
para mim no sábado: Gilberto, me dê dois gols de lambuja e pago 10 para 1.
Ele gostava de fanfarronar. Foi tentador, mas enfiei o rabo entre as pernas
e declinei.
Fui ao Morumbi no dia seguinte e antes de chegar às bilheterias, resolvi
entrar por uma rua que dava uma volta imensa, a título de sacrifício,
entendem? Para dar sorte.
E deu! O Corinthians ganhou de 3 x 0, com atuação memorável do time todo e
em especial do Sócrates. Dois gols dele e um do Vaguinho.
E a aposta que não apostei? É assim mesmo.
Mas esta superstição ficou comigo e depois sempre entrava por esta rua
quando um jogo era muito difícil. Desde que fiz este propósito de dar a
volta por tal rua , não me consta de lembrar de uma derrota . Tempos depois
me esqueci da tal rua.
Abs
Gilberto Maluf
E Wadhi Helu levou o clássico Santos x Corinthians para o P.S.Jorge
Meus amigos, o Corinthians tentava de tudo para vencer o Santos em jogos do
campeonato Paulista. Resolveu seu presidente levar o jogo para o Parque São
Jorge. O jogo aconteceu em 04 de novembro de 1962. Eu tinha quase 12 anos de
idade. Meus pais deixavam eu ir ao Parque São Jorge porque os filhos do dono
da padaria Record na rua Carneiro da Cunha iam comigo. Pois bem, fomos neste
jogo.
Pegamos o ônibus Parque São Jorge da Viação Tupi, que tinha o ponto final no
final da rua São Jorge. Os ônibus daquela época eram menores, do tipo 28
sentados e 32 em pé. Se for ver, no máximo 60 passageiros. Lembro-me que ao
chegar no ponto final o trocador/cobrador falou ao motorista: Você acredita
que trouxemos nesta viagem 105 passageiros? Gente, ninguém desceu pelo
caminho. Estas coisas ficam gravadas na memória tão somente porque por trás
disso estava o grande clássico.
O público presente no campo do Corinthians foi de 33.000 pessoas, não sei
como. O jogo começou e eu no alambrado, vendo aqueles jogadores tão perto,
em especial os inimigos Pelé e Coutinho, com aquele uniforme branquinho. Aos
16 do primeiro tempo, Cássio bateu uma falta no ângulo de Gilmar, 1 x 0 para
o Corinthians, Só que aos 21 Coutinho empatou e aos 35 do mesmo primeiro
tempo Pelé virou para o Santos, placar final de 2 x 1 para o Santos.
Não tinha jeito mesmo. Resolvi contar esta passagem porque encontrei nosso
centroavante da época aqui no Rio por estes dias , o Silva, que veio jogar
no Rio de Janeiro. Ele não me conhecia e falei assim que o vi: Marcos,
Silva, Nei e Lima ( era um ataque conhecido do Corinthians ) . O Silva ficou
surpreso e falou: Não brinca, que saudades. Realmente ele ficou surpreso e
feliz. Eu também ficaria se depois de 36 anos alguém se lembrasse desta
forma.
O olhar de alegria de um antigo jogador de futebol é muito gratificante. Eu
também fiquei muito contente.
Para registro, informo o ataque do Corinthians do jogo de 04/11/62:
Bataglia, Silva, Nei e Lima. Técnico Fleitas Solich. Pelo Santos todo
sabemos o famoso ataque e seu técnico.
Abs
Gilberto Maluf