Arquivo do Autor: Gilberto Maluf

A vida solitária e os deveres dos técnicos de futebol

A vida solitária do técnico começa quando ele tem que escolher os 11 jogadores que entrarão em campo. Por mais que ele tenha auxiliares, vai chegar um momento na semana em que ele vai ter que ficar só para escolher o time que vai jogar. Ele tem de pensar nos que vão jogar, nas alternativas que estarão no banco e finalmente em como terá de encarar os outros atletas que não foram relacionados. Nessa situação, o técnico tem de ser solitário mesmo, pois precisa escapar de todos os palpites que ouve durante a semana.

No jogo, a solidão só aumenta. Durante os 90 minutos, a decisão de fazer uma alteração, que pode fazer com que sua equipe perca ou ganhe, fica em suas mãos. Ou melhor, nas suas idéias.

Outro momento de profunda solidão para os treinadores está no final das partidas, principalmente após as derrotas. Caem nas costas dos treinadores todas as explicações de um possível fracasso. Se o time vence, o treinador também é esquecido. Nesse caso, a vitória será dos jogadores.

Além disso, se para os jogadores uma partida acaba após o apito do juiz, para um técnico a partida continua por um bom tempo. Solitariamente, ele passa um grande tempo pensando na partida, nas decisões que tomou durante o jogo e o que deverá ser mudado para as próximas partidas.

Por se isolarem, muitos técnicos se tornam pessoas prepotentes. Como vivem solitários, pensam que só existe uma maneira de enxergar o futebol. Tornam-se “donos da verdade”. Talvez seja por isso que todo técnico seja considerado teimoso. Por mais que os fatos indiquem que sua posição esteja errada, ele mantém seu pensamento, na esperança de que se o resultado aparecer ele poderá comemorar sua vitória –mesmo que seja de uma maneira solitária.

Todo treinador de futebol é uma pessoa solitária, pois sabe que não pode nem contar com o apoio dos seus “amigos” de profissão. Todo técnico sabe que a qualquer momento pode ser substituído por um “colega”. Os técnicos são tão desconfiados e acostumados a trabalharem sós que quase todas as tentativas de se formar uma comissão técnica com dois ou mais técnicos acabam não dando certo.

No futebol, ninguém vive tão cercado de pessoas, mas ao mesmo tempo ninguém vive tanto na solidão como os treinadores.

DEVERES DO TREINADOR TÉCNICO DE FUTEBOL

1) Preparar a equipe, dirigindo técnica e taticamente os que estiverem a seu cargo;

2) Traçar a orientação e a planificação a serem obedecidas pela equipe nos jogos, submetendo-se à aprovação do supervisor;

3) Cumprir os horários que forem determinados para o treinamento e jogos;

4) Submeter a relação dos jogadores que deverão ser concentrados para os jogos, e com eles concentrar-se;

5) Responsabilizar-se pela concentração nos dias de jogos, não permitindo a presença de pessoas estranhas ao departamento de futebol, salvo com autorização expressa do vice-presidente;

6) Apresentar, com 48 horas de antecedência, a relação dos jogadores a escalar, com efetivos ou reservas, para os jogos, bem como informar, posteriormente, quais os que disputaram e qual a eficiência que demonstraram;

7) Manter a equipe em perfeita disciplina e dentro das tradições do clube;

8) Convocar os jogadores para os jogos e treinos, fixando horários e demais condições que devam ser observadas;

9) Sugerir, ao supervisar, as penalidades que devam ser aplicadas aos jogadores por não-cumprimento de suas determinações;

10) Comunicar ao supervisor, por escrito, o trabalho que, não sendo de rotina, executar junto aos jogadores;

11) Comunicar ao departamento médico os acidentes que se verificarem com os jogadores nos treinos e jogos;

12) Respeitar a prescrição médica que for determinada para os jogadores;

13) Não permitir que jogadores vinculados a outros clubes participem do treinamento, salvo se tiverem autorização do clube de origem;

14) Quando solicitado, apresentar por escrito sua opinião sobre aquisição ou dispensa de jogadores;

15) Comparecer às reuniões para as quais for convocado;

16) Providenciar para que as equipes do clube se apresentem em campo nas horas determinadas para o inicio e reinício dos jogos, responsabilizando-se por qualquer atraso;

17) Não emitir opinião a respeito das declarações feita por dirigentes.

O BOM TREINADOR

1) É seguro de sua capacidade;

2) Sabe como obter o melhor dos jogadores: psicologia, motivação, maneira, aparência;

3) Explica claramente tanto por palavras como visualmente o que é requerido;

4) Planeja e adapta a tática de acordo com o seu time e com o adversário;

5) Decide suas prioridades, deve ser persistente, paciente, e determinado;

6) Tem boa técnica de treinamento: posiciona-se adequadamente no campo e tem voz de comando;

7) Treina de acordo com as regras de jogo, fairplay, e é honesto;

8) É consistente;

9) Cuida dos jogadores;

10) É sempre entusiasta;

11) É criativo e mantém-se informado sobre modernas tendências em futebol;

12) Procura sempre ser um vencedor e positivo.

Milton de Paula Carvalho
Humberto Peron

47.707 pagantes desafiaram o frio e foram ao Pacaembu.

Lembro como se fosse hoje. Em 26 de junho de 1988 jogaram Corinthians x São Paulo no Pacaembu pelo campeonato paulista, campeonato este que seria vencido pelo próprio Corinthians em final com o Guarani de Campinas, que teve como peculiaridades o gol de bicicleta de Neto e o primeiro gol do Viola.
Mas voltando ao clássico Corinthians x São Paulo, lembro que o mês de junho costuma fazer um frio lascado em São Paulo. Estava me preparando para ir ao jogo quando comecei a ouvir da minha esposa: Você está resfriado e quer ir ao jogo ….você vai piorar da gripe, é melhor não ir, e também o Corinthians vai perder…olha, é melhor ficar quietinho em casa. Fiquei em casa!
Começa o jogo e eu debaixo das cobertas escutando Fiori Giglioti pela Bandeirantes. Eram 19 minutos do primeiro tempo e Miller faz 1 x 0 para o São Paulo. E a bola não pára e aos 35 do primeiro tempo Raí faz 2 x 0. Olhei para minha mulher e falei: Puxa, ainda bem que você não deixou eu ir . Como você foi legal!
E a bola continua a rolar e o tempo de jogo era inexorável, como dizia Fiori, era implacável.
Esta derrota complicaria a vida dos alvinegros e Fiori ia relembrando tal fato quando, aos 35 do segundo tempo Everton diminui, 2 x 1. Sabem como é, esperar o empate nos últimos 10 minutos é difícil. E o tempo de jogo marcava 46 do segundo tempo, eu já desanimado, quando escuto um barulho de torcida no rádio, só o barulho por longos 10 segundos, não sabia o que estava acontecendo e aí ouço Fiori falando…não é possível……Everton de novo! 2 x 2!
Olhei para milha mulher e não deu outra: Peguei o travesseiro e comecei a dar travesseiradas nela falando, tá vendo, você me tirou dessa, nunca mais vou ver igual …e coisa e tal. As vezes me lembro disso.
No dia seguinte um torcedor do São Paulo ainda se saiu bem falando do que adiantaria eu ir , pois com 2 x 0 no lombo, aos 35 do segundo tempo já estaria longe do estádio…..
Resumindo, 47.707 pagantes desafiaram o frio e foram ao Pacaembu.
Jogos e coisas deste tipo julguei interessante escrever.
Gilberto Maluf

Panamericano de 1956

Obs: Realmente o Panamericano foi em 1956, conforme correto comentário do Julio Diogo. Pesquisando mais a fundo vi fotos e chamadas deste campeonato e encaminho.

Bodinho fez parte da delegação Brasileira, formada por um combinado de jogadores gaúchos, que conquistou o título do campeonato panamericano de 1956, disputado no México. Aquele time revelou craques para o futebol “tupiniquim”, como o goleiro Valdir Joaquim de Moraes, o zagueiro Oreco (campeão do Mundo em 1958), o meio-campista Ênio Andrade e o atacante Chinesinho entre outros.

A equipe verde-e-amarela teve como principal adversária na competição, a Argentina do técnico Guilhermo Stábile. Stábile, que como jogador fez muito sucesso, pois foi vice-campeão do mundo na Copa do Mundo de 1930, além de ter sido o artilheiro da competição. Como técnico, fez valer sua competência, pois dirigiu o selecionado portenho em oito campeonatos sul-americanos, tendo conquistado seis títulos. O grande destaque dos “hermanos” na competição foi o atacante Sivori, revelado pelo River Plate, que posteriormente foi para a Juventus de Turim e quase virou um “mito”.

A Taça da conquista do campeonato Panamericano de 1956 não faz mais parte do acervo da Confederação Brasileira de Futebol. O troféu foi roubado junto com a taça Jules Rimet, segundo inquérito aberto pela polícia carioca, as “relíquias” foram derretidas.

Abaixo veja a campanha do Brasil no Campeonato Panamericano de futebol de 1956 :

24/1/1956
Brasil 1×4 Chile
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: C. de Nicola (Paraguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro Oliveira e Alfredo Ramos; Zito e Julião; Maurinho (Nestor), Del Vecchio (Baltazar), Álvaro, Jair da Rosa Pinto e Canhoteiro.
Gol: Maurinho.

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29/1/1956
Brasil 0x0 Paraguai
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: S. Bustamante (Chile)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Nestor, Álvaro, Del Vecchio (Baltazar), Jair da Rosa Pinto (Luizinho) e Maurinho.

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1/2/1956
Brasil 2×1 Peru
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: W. Rodriguez (Uruguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Nestor (Maurinho), Álvaro (Zezinho), Baltazar, Luizinho e Canhoteiro.
Gols: Álvaro e Zezinho.

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5/2/1956
Brasil 1×0 Argentina
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: W. Rodriguez (Uruguai)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Maurinho, Luizinho, Del Vecchio (Álvaro), Zezinho e Canhoteiro.
Gol: Luizinho.

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10/2/1956
Brasil 0x0 Uruguai
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Sul-Americano
Local: Estádio Centenário
Cidade: Montevidéu (Uruguai)
Árbitro: J. Brozzi (Argentina)
Técnico: Osvaldo Brandão
Brasil: Gilmar, Djalma Santos, De Sordi e Alfredo Ramos; Formiga e Roberto Belangero; Maurinho, Del Vecchio (Baltazar), Zezinho, Luizinho e Canhoteiro.

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1/3/1956
Brasil 2×1 Chile
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: A. Rossi (Argentina)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues; Luizinho RS, Bodinho, Larry (Juarez), Ênio Andrade e Raul.
Gols: Luizinho RS e Raul.

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6/3/1956
Brasil 1×0 Peru
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: A. Rossi (Argentina)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues (Figueiró); Luizinho RS, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Raul.
Gol: Larry.

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8/3/1956
Brasil 2×1 México
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: C. Vicuña (Chile)
Técnico: Teté
Brasil: Sérgio, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Figueiró; Luizinho RS, Bodinho, Larry (Juarez), Ênio Andrade e Raul (Chinesinho).
Gols: Bodinho e Bravo (contra).

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13/3/1956
Brasil 7×1 Costa Rica
Tipo: Oficial de competição
Competição: Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Olímpico
Cidade: Cidade do México (México)
Árbitro: C. Vicuña (Chile)
Técnico: Teté
Brasil: Valdir, Florindo e Duarte; Odorico, Oreco e Ênio Rodrigues (Figueiró); Luizinho RS, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho.
Gols: Bodinho, Chinesinho (3) e Larry (3).

Brasil 2 x 2 Argentina
Data: 18 de março de 1956
Campeonato Pan-Americano
Local: Estádio Universitário da Cidade do México
Público: 50.000 pagantes
Árbitro: Claudio Vicuña Larrain (Chile)
Gols: Chinesinho 25′, José Yudica 36′, Ênio Andrade 58′ e Enrique Sivori

Brasil: Valdir (Renner); Florindo (Internacional), Figueró (Grêmio)- DUarte (Internacional),Odorico (Internacional) e Oreco (Internacional);Ênio Rodrigues (Grêmio), Ênio Andrade (Renner-RS);Luizinho (Internacional), Bodinho (Internacional), Larry (Internacional) e Chinesinho (Internacional)
Técnico: José Francisco Duarte Júnior, o “Teté”.

Argentina: Antônio Dominguez; Luis Cardoso, Juan Filgueiras; Nicolas Daponte, Héctor Guidi, Natalio Sivo; Luis Pentrelli, Francisco Loiácono (Oscar Di Stéfano), Benito Cejas, Enrique Sivori e José Yudica. Técnico: Guilhermo Stábile.

Fonte: Milton Neves

GOLS MAIS EMOCIONANTES DA HISTÓRIA DO SPFC:

(Pesquisa realizada com os conselheiros do São Paulo Futebol Clube pela Revista São Paulo Notícias)
COLOCAÇÃO
1º Gol de Raí contra o Barcelona (2×1) Mundial de 92
2º Gol de Muller contra o Milan (3×2) Mundial de 93
3º Gol de Careca contra o Guarani (3×3) Brasileiro de 86
4º Gol de Maurinho contra o Corinthians (3×1) Paulista de 57
5º Gol de Leônidas contra o Juventus (8×0) Paulista de 48
6º Gol de Éverton contra o Botafogo-RJ (3×2) Brasileiro de 81
7º Gol de Renganeschi contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 46
8º Gol de Pita contra o Palmeiras (4×4) Brasileiro de 85
9º Gol de Serginho Chulapa contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 78
10º Gol de Mário Tilico contra o Bragantino (1×0) Brasileiro de 81
11º Gol de Toninho Guerreiro contra o Palmeiras (1×0) Paulista de 71
12º Gol de Lourival contra o Corinthians (1×1) Paulista de 67
13º Gol de Raí contra o Corinthians (3×0) Paulista de 91
14º Gol de Peixinho contra o Sporting (1×0) Inauguração estádio em 1960
15º Gol de Careca contra o Fluminense (2×0) Brasileiro de 86

Escolas de narradores esportivos

Das primeiras transmissões feitas até os tempos atuais, a união do futebol com narração esportiva faz do futebol um espetáculo à parte. Foram surgindo estilos próprios para a descrição do jogo de futebol.

Para ilustrar o imaginário do torcedor e conquistar sua audiência, narradores no rádio e TV inventaram bordões e buscaram expressões que facilitassem o que estavam falando.

Pedro Luis, considerado como um dos maiores de São Paulo, começou na Panamericana e depois foi para a Bandeirantes onde formou a “Cadeia Verde-Amarela” . Gagliano Neto, da primeira copa narrada do exterior, também era da mesma escola e foi quem lançou Jorge Curi, conhecido como “ o locutor padrão” do rádio brasileiro.

No estilo mais lento, Waldir Amaral talvez seja um dos maiores nomes a ser citado. No estilo inconfundível, “ Carlinhos toca a bola na direita para Joel, domina, calcula o centro, executa, Dida sobe de cabeça, é gooool. Dida, “ indivíduo competente “ . Waldir Amaral marcou sua participação nas transmissões e criou estilo e expressões. Entre elas, “ Tem peixe na rede do Flamengo “; “ Está deserto e adormecido o gigante do Maracanã”; “ Rio, capital mundial do futebol”. ( Fiquei imaginando se hoje o Waldir Amaral conseguiria falar domina, calcula o centro, executa…..hoje o futebol é mais veloz.)

Fiori Giglioti em São Paulo e Oduvaldo Cozzi no Rio de Janeiro tinham estilos parecidos. Fiori criou os bordões “ Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo” , “É fogo”, “ Crepúsculo de jogo “.

Oduvaldo Cozzi teve presença marcante na extinta rádio Mayrink Veiga. Foi um verdadeiro fenômeno de audiência, a ponto de criarem um trocadilho, uma autêntica “psi-cozzi”.

Dois nomes importantes do rádio migraram para a TV, Silvio Luis e Rui Viotti. Silvio Luis é dos mais populares na TV com expressões atuais e conhecidas. Rui Viotti trabalhou na cobertura feita na Copa de 50 no Brasil.

A forma de narrar de Ari Barroso inaugurou um estilo irreverente. O “homem da gaitinha” tem grandes histórias. Seu estilo era completamente diferente , colocando palavras de uso popular em sua narrativa. Na mesma escola de Ari pode ser incluído o nome de Raul Longras, que chamava a bola de Leonor. O chute era “pimba” e no gol dizia, “balançou o véu da noiva”.

Doalcei Bueno de Camargo, foi um dos principais narradores da rádio Globo. Tinha forma sóbria para a narraiva. Na mesma escola e estilo estão Clóvis Filho da rádio Continental e Orlando Batista.

No Rio, José Cabral batizou a bola de “maricota”. Celso Garcia, conhecido como o “garoto do placar” também é um nome marcante do rádio esportivo.

Em São Paulo não podem ser esquecidos Helio Ansaldo, Otavio Muniz, Salim Jr, Nelson Spinelli, Antonio Euclides, Aníbal Fonseca, Aurélio Campos, Wilson Brasil, Haroldo Fernandes, Braga Jr, Flavio Araújo, Darci Reis, Jose Góes, Vanderlei Ribeiro, Edemar Annuseck, Alfredo Orlando, Eder Luis , Nilson César e Jose Silverio.

Também no Rio, Mauricio Menezes ( danadinho ) , Luis Carlos Silva ( o que faz a cabeça da galera ) , Sergio Moraes ( dos pampas aos seringais), Airton Rebelo ( de coração a coração ), Antonio Porto , Luis Penido e Jose Carlos Araújo.

A transmissão tem um marco divisório. Estudiosos dizem que existe uma fase antes e depois de Osmar Santos. O “pai da matéria” falava até 100 palavras por minuto, sem atropelar ou engulir uma letra sequer.

Adaptado do texto de Marcio de Oliveira Guerra.

Brasil bi campeão pan-americano de 1955

Em 1952, em Santiago do Chile, a seleção principal do Brasil conquistou seu primeiro titulo internacional fora do nosso território. Era o primeiro campeonato pan-americano de futebol.

Três anos depois, no México, com os gaúchos representando o Brasil, ganhamos o segundo campeonato pan-americano. Os gaúchos armaram uma grande equipe e conquistaram o titulo com méritos.

Tudo começou no dia 01 de março de 1955. O Brasil venceu o Chile por 2×1 com gols de Luizinho e Raul. A seleção brasileira dirigido pelo treinador Teté, jogou na sua estreia com Sérgio. Florindo e Duarte. Oreco. Odorico e Enio Rodrigues. Luizinho. Bodinho. Larry (Juarez). Enio Andrade e Raul.

No dia 06 vencemos o Perú por 1×0, gol de Larry. No dia 08, enfrentamos os donos da casa, e vencemos o México por 2×1, com dois gols de Bodinho.
O próximo adversário foi a Costa Rica. No dia 13 aplicamos uma tremenda goleada: Brasil 7 x Costa Rica 1. Larry fez três gols, Chinezinho também fez mais três e Bodinho completou o marcador.

O ultimo jogo foi Brasil e Argentina, o clássico sul-americano. Os brasileiros jogavam pelo empate. O resultado de 2×2 deu o titulo de bi campeão para o Brasil representado pelo Rio Grande do Sul. Na partida final, Chinezinho e Enio Andrade fizeram os gols dos brasileiros que jogaram com seu time base. Valdir. Florindo e Figueiró (Duarte). Oreco. Odorico e Enio Rodrigues. Luzinho. Bodinho. Larry. Enio Andrade e Chinezinho.
Obs: O Luizinho ponta direita da seleção gaúcha jogou no Flamengo em 1949. Em 2003 conversamos sobre futebol e ele falou que era um antigo jogador, o Luizinho. Ele mora em Copocabana. Falei do antigo estádio dos Eucaliptos do Internacional de P. Alegre e ele confirmou que começou a jogar ali. Certamente em 1955 já estava de volta ao Sul.

Brasil x Russia em 1958 – 3 minutos arrasadores de Garrincha

Finalmente Garrincha e Vavá entraram no time contra a Russia. O que Garrincha fez nos 3 primeiros minutos do primeiro tempo contra a Russia em 1958, beirou o absurdo.

Dizia um cronista soviético que nunca viu na vida um jogador sozinho enlouquecer todo o time em apenas 3 minutos.

A narração de Edson Leite está gravada a partir do segundo minuto de jogo, desta forma:

…….Escala Garrincha pela direita, vê Pelé colocado, vai ser encurralado por trás, passa para Pelé, entrou na área, chutou para o arrrrrrco….a bola bate na trave outra vez e vai a córner. ( Garrincha já tinha chutado uma bola na trave no primeiro minuto). Numa magistral jogada de Pelé, quando o meu cronômetro marca 2 minutos de jogo no primeiro tempo.

……Vai Zagalo bater o córner para o Brasil, levantando para dentro da área, sobe Vavá, recupera o central russo e despeja para o meio de campo. Sobe na bola Belini e ganha do adversário, lança para Didi, que pôs a bola no terreno, tem Garrincha pela direita e Zagalo pela esquerda, demora demais, tenta o drible, deu para Vavá, entrou na área, pode marcar, atira e é goooool. Vavá, em início irresistível do Brasil, em apenas 3 minutos, 2 bolas na trave e 1 no fundo do gol.

…..Placaaaaar na Suécia……..1 a 0………..o Brasil vence!

(a narração do primeiro gol dá conta que o lançamento foi do Didi, mas eu tenho quase certeza que a bola foi lançada para o Garrincha, que levou a bola para linha de fundo e cruzou para Vavá marcar).

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Yustrich, de goleiro a técnico durão

Dorival Knipel começou no futebol aos 18 anos como goleiro do Flamengo, onde jogou até 1944. Ganhou o apelido de Yustrich por sua semelhança física com Juan Elias Yustrich, famoso goleiro argentino, do Boca Juniors. Neste período conquistou os títulos cariocas de 1939 e o tricampeonato de 1942 a 1944. Em 1944 foi para o Vasco da Gama, transferindo-se depois para o América, também do Rio de Janeiro.
Na década de 1950, já era técnico de futebol, com fama de disciplinador e durão: não permitia que atletas sob seu comando fumassem, deixassem a barba por fazer e usassem cabelo comprido. Não tolerava atrasos e falta de empenho nos treinamentos.
Arrogante e de temperamento explosivo, gostava de exibir sua valentia. Era chamado de Homão por causa de sua alardeada macheza e pelos seus quase 1,90 m de altura e seu físico avantajado ou, segundo um cronista esportivo, paquidérmico. Envolvia-se em constantes atritos com jogadores, colegas, dirigentes e a imprensa.

Em Portugal

Em 1953, foi expulso do Atlético Mineiro pelos próprios jogadores, descontentes de verem alguns colegas preteridos pelo técnico. Em 1955, estava no Futebol Clube do Porto, de Portugal , para fazê-lo campeão em 1956, após um jejum de 16 anos. No mesmo ano, o Porto venceu a Taça Portugal e pela primeira vez fazia a chamada dobradinha, ao conquistar no mesmo ano os dois maiores títulos daquele país.
Mesmo com essas conquistas, Yustrich era antipatizado por alguns de seus jogadores, entre eles Hernani Silva, o ídolo do time. Em 1958, o Porto goleou o Oriental por 5 a 0 e Yustrich mandou os seus jogadores agradecerem ao público o apoio que lhes tinha sido dado. Hernani foi o único a não cumprir a ordem porque não estava para «alimentar as palhaçadas do treinador», Foi o suficiente para se iniciar uma discussão áspera que culminou com um troca de socos. No final da temporada, Yustrich foi dispensado.
Suspeita-se que a saída de Yustrich tenha sido exigida pela PIDE, a temida polícia secreta do então ditador Oliveira Salazar. O regime salarazista tinha seu clube preferido, o Sporting, de Lisboa, e não via com bons olhos o sucesso do Porto, conduzido por um brasileiro.

De volta ao Brasil e ao Atlético

Em 1959, dirigiu o Vasco da Gama. Em 1964, estava no modesto Siderúrgica, da cidade mineira de Sabará e conquistou o título estadual, quebrando a hegemonia dos grandes clubes. O Siderúrgica havia arrebatado um título estadual pela última vez em 1937. Do Siderúrgica, foi para outro time do interior, o Villa Nova, de Nova Lima.
Em seguida, foi dirigir novamente o Atlético Mineiro e foi responsável por uma das melhores fases do Galo, várias vezes campeão mineiro sob sua direção.
Yustrich se tornou técnico da seleção brasileira por uma única partida e de uma maneira peculiar. Em dezembro de 1968, o Atlético foi convidado a representar o Brasil num amistoso contra a antiga Iugoslávia. Vestindo a camiseta canarinho, o Atlético venceu por 3×2.
Em 1969, na preparação da seleção brasileira para a copa de 1970, então dirigida por João Saldanha, foi programada uma partida contra a seleção mineira., no Estádio do Mineirão. Mas quem entrou em campo, vestindo a camiseta vermelha da Federação Mineira, foi o Atlético, que venceu a seleção que se tornaria campeã do mundo por 2 a 1. Ao final da partida,. Yustrich obrigou seus jogadores a darem a volta olímpica no gramado, usando a camisa alvinegra do Atlético que vestiam por baixo da vermelha da Seleção de Minas. O Mineirão quase veio abaixo. Isto lhe valeu a inimizade de João Saldanha.
No Atlético Mineiro, Yustrich deu uma atenção especial a um jovem jogador vindo do Rio, de nome Dario, que se consagraria com o maior artilheiro do Galo até então. Com treinamentos especiais, Yustrich deu ao jovem Dario as condições técnicas e a autoconfiança que lhe faltavam, fato que o próprio jogador reconhece publicamente.
No entanto, com o jogador uruguaio Cincunegui, Yustrich teve desentendimentos que culminaram com seu afastamento do Atlético. Criticado pelo treinador por haver retardado por uma semana seu retorno de férias, o uruguaio e Yustrich passaram a ter discussões cada vez mais fortes. A certa altura, Cincunegui teria apontado um revólver para Yustrich.

No Flamengo: incidente com Saldanha

Em 1970, Yustrich foi para o Flamengo cercado de grandes expectativas e começou o ano arrasador. Em fevereiro, pelo Torneio de Verão, a vitória de 6×1 sobre o Independiente da Argentina, com cinco gols no primeiro tempo, deixou a torcida empolgada com o novo treinador. Mas os resultados seguintes decepcionaram. Com apenas oito vitórias em 25 partidas no primeiro semestre de 1971, a diretoria rubro-negra atribuiu a má fase do clube aos métodos rígidos de Yustrich e optou por demiti-lo.
Mas o fato mais marcante de sua passagem pelo Flamengo foi vivido fora de campo. Convencido de que seria convocado para comandar a seleção brasileira, caso João Saldanha, que estava em baixa, fosse demitido, Yustrich começou a carregar nas críticas ao treinador.
Saldanha, que andava irritado com Yustrich desde o jogo-treino no Mineirão, entrou armado de revólver na concentração do Flamengo, mas Yustrich não estava no local. Este gesto colocou Saldanha na berlinda e bastou um empate da seleção com o modesto time do Bangu, para que fosse demitido. Foi substituído por Zagallo.

Final de carreira

Depois do Flamengo, treinou o Corinthians e o Coritiba. Em 1977, estava novamente no futebol mineiro, desta feita no Cruzeiro, onde, já de início, tomou uma medida que desagradou aos jogadores: proibiu o jogo de sinuca na concentração. Mas naquele ano o Cruzeiro sagrou-se campeão mineiro.
Do Cruzeiro, Yustrich foi dispensado por conta de uma discussão em torno de um fato banal. Após um jogo em Araxá, um jogador deu a camisa para um garoto que invadira o gramado. Yustrich mandou o roupeiro buscar a peça. O presidente do clube não permitiu. Armou-se o bate-boca e o treinador foi demitido ali mesmo à vista de todos.
Este incidente teria sido apenas o pretexto para dispensar um treinador já desgastado. Yustrich tentara tirar o zagueiro Brito, campeão mundial em 1970, da equipe titular, por ter o hábito de fumar. Não conseguiu, porém, vencer a oposição dos outros jogadores e da diretoria. Daí, como forma de mostrar seu descontentamento, substituía Brito durante as partidas sempre que tinha oportunidade. O craque se irritou a tal ponto que, ao ser substituído pela enésima vez, jogou a camiseta suada no rosto do treinador diante do público.
Yustrich encerrou no Cruzeiro sua carreira de treinador. Retirou-se para o mais completo anonimato e só foi notícia novamente com sua morte, em 1990. Este isolamento é a razão de serem hoje incompletas e distorcidas as informações sobre ele, aliado ao fato de nutrir antipatia pela imprensa, a ponto de proibir repórteres de entrevistar seus jogadores e até de ficar nas proximidades dos vestiários. Alguns cronistas esportivos chegam a atribuir a ele a nacionalidade argentina, numa evidente confusão com seu homônimo do Boca Juniors, também já falecido.

Dorival Knipel nasceu em Corumbá a 28 de Setembro de 1917 e ganhou o apelido de Yustrich pelas semelhanças físicas com Juan Elias Yustrich, famoso guarda redes argentino do Boca Juniors. Dorival Yustrich notabilizou-se por ser um técnico exigente, disciplinador e arrogante. Na década de 1950, já como treinador com fama de disciplinador, não permitia que os seus atletas fumassem, deixassem a barba por fazer e usassem cabelo comprido. Não tolerava atrasos e falta de empenho nos treinos. No Brasil, ganhou a alcunha de “Durão” porque, além da arrogância que exibia, tinha uma compleição física que impunha respeito. Envolvia-se em constantes atritos com jogadores, colegas, dirigentes e até com a imprensa. Ainda no Brasil, em 1953, foi expulso do Atlético Mineiro pelos próprios jogadores, descontentes pela forma como Yustrich tratava alguns atletas.
Completamente surrealista a foto em cima, publicada no jornal A BOLA em 1958, em que Yustrich, já como treinador do FC Porto, salta do banco para insultar um árbitro acabando por espezinhar Hernâni (um ídolo do FC Porto na altura) que tinha acabado de ser expulso. Mas os atritos entre Yustrich e Hernâni já vinham de longe. Em 1958, o FC Porto goleou o Oriental por 5-0 e Yustrich mandou os jogadores agradecerem ao público o apoio que lhes tinha sido dado. Hernâni foi o único a não cumprir a ordem porque não estava para “alimentar as palhaçadas do treinador”, foi o suficiente para se iniciar uma discussão que culminou com um troca de socos. No final da temporada Yustrich foi dispensado.
Apesar do mau feitio, foi Dorival Yustrich que levou o FC Porto ao título nacional (1955/56) após um jejum de 16 anos.”O FC Porto é um elefante adormecido que não sabe a força que tem” comentou Yustrich depois de ser campeão.
Yustrich terminou no Cruzeiro a sua carreira de treinador. Retirou-se para o mais completo anonimato e só foi notícia novamente em 1990, ano do seu falecimento.
A verdade é que para o FC Porto voltar aos êxitos, depois de um jejum de 16 anos, foi necessário contratar…um louco!!!

Depois deste artigo sobre o “homão”, apelido dado ao forte técnico Yustrich, segue uma leve ilustração pinçada em um Blog sobre as características do referido técnico. Logicamente faz parte do folclore e não teria nunca aplicação na vida real.

– Um gerente de criação de uma agência de propaganda que era muito amigo e pouco chefe, não trazia para a empresa um resultado muito bom.. Pensou-se que o oposto também poderia ser complicado, mas resolveram arriscar. Foi sugerido um novo gerente de criação do tipo do Yustrich. Como seria a coisa?

E vem aquela menininha recém-formada apresentando o layout….. e o chefe Yustrich responde aos berros: “ Você tem coragem de me trazer esta m….? Precisa suar a camisa, minha filha! Você não está mais na casinha da mamãe não! Ou aprende a trabalhar, ou vai pra rua, porra!” E tome bofetão.

Pensando bem, sabe que poderia funcionar? rs

Fontes : Wikipédia e Blogs