A vida solitária do técnico começa quando ele tem que escolher os 11 jogadores que entrarão em campo. Por mais que ele tenha auxiliares, vai chegar um momento na semana em que ele vai ter que ficar só para escolher o time que vai jogar. Ele tem de pensar nos que vão jogar, nas alternativas que estarão no banco e finalmente em como terá de encarar os outros atletas que não foram relacionados. Nessa situação, o técnico tem de ser solitário mesmo, pois precisa escapar de todos os palpites que ouve durante a semana.
No jogo, a solidão só aumenta. Durante os 90 minutos, a decisão de fazer uma alteração, que pode fazer com que sua equipe perca ou ganhe, fica em suas mãos. Ou melhor, nas suas idéias.
Outro momento de profunda solidão para os treinadores está no final das partidas, principalmente após as derrotas. Caem nas costas dos treinadores todas as explicações de um possível fracasso. Se o time vence, o treinador também é esquecido. Nesse caso, a vitória será dos jogadores.
Além disso, se para os jogadores uma partida acaba após o apito do juiz, para um técnico a partida continua por um bom tempo. Solitariamente, ele passa um grande tempo pensando na partida, nas decisões que tomou durante o jogo e o que deverá ser mudado para as próximas partidas.
Por se isolarem, muitos técnicos se tornam pessoas prepotentes. Como vivem solitários, pensam que só existe uma maneira de enxergar o futebol. Tornam-se “donos da verdade”. Talvez seja por isso que todo técnico seja considerado teimoso. Por mais que os fatos indiquem que sua posição esteja errada, ele mantém seu pensamento, na esperança de que se o resultado aparecer ele poderá comemorar sua vitória –mesmo que seja de uma maneira solitária.
Todo treinador de futebol é uma pessoa solitária, pois sabe que não pode nem contar com o apoio dos seus “amigos” de profissão. Todo técnico sabe que a qualquer momento pode ser substituído por um “colega”. Os técnicos são tão desconfiados e acostumados a trabalharem sós que quase todas as tentativas de se formar uma comissão técnica com dois ou mais técnicos acabam não dando certo.
No futebol, ninguém vive tão cercado de pessoas, mas ao mesmo tempo ninguém vive tanto na solidão como os treinadores.
DEVERES DO TREINADOR TÉCNICO DE FUTEBOL
1) Preparar a equipe, dirigindo técnica e taticamente os que estiverem a seu cargo;
2) Traçar a orientação e a planificação a serem obedecidas pela equipe nos jogos, submetendo-se à aprovação do supervisor;
3) Cumprir os horários que forem determinados para o treinamento e jogos;
4) Submeter a relação dos jogadores que deverão ser concentrados para os jogos, e com eles concentrar-se;
5) Responsabilizar-se pela concentração nos dias de jogos, não permitindo a presença de pessoas estranhas ao departamento de futebol, salvo com autorização expressa do vice-presidente;
6) Apresentar, com 48 horas de antecedência, a relação dos jogadores a escalar, com efetivos ou reservas, para os jogos, bem como informar, posteriormente, quais os que disputaram e qual a eficiência que demonstraram;
7) Manter a equipe em perfeita disciplina e dentro das tradições do clube;
8) Convocar os jogadores para os jogos e treinos, fixando horários e demais condições que devam ser observadas;
9) Sugerir, ao supervisar, as penalidades que devam ser aplicadas aos jogadores por não-cumprimento de suas determinações;
10) Comunicar ao supervisor, por escrito, o trabalho que, não sendo de rotina, executar junto aos jogadores;
11) Comunicar ao departamento médico os acidentes que se verificarem com os jogadores nos treinos e jogos;
12) Respeitar a prescrição médica que for determinada para os jogadores;
13) Não permitir que jogadores vinculados a outros clubes participem do treinamento, salvo se tiverem autorização do clube de origem;
14) Quando solicitado, apresentar por escrito sua opinião sobre aquisição ou dispensa de jogadores;
15) Comparecer às reuniões para as quais for convocado;
16) Providenciar para que as equipes do clube se apresentem em campo nas horas determinadas para o inicio e reinício dos jogos, responsabilizando-se por qualquer atraso;
17) Não emitir opinião a respeito das declarações feita por dirigentes.
O BOM TREINADOR
1) É seguro de sua capacidade;
2) Sabe como obter o melhor dos jogadores: psicologia, motivação, maneira, aparência;
3) Explica claramente tanto por palavras como visualmente o que é requerido;
4) Planeja e adapta a tática de acordo com o seu time e com o adversário;
5) Decide suas prioridades, deve ser persistente, paciente, e determinado;
6) Tem boa técnica de treinamento: posiciona-se adequadamente no campo e tem voz de comando;
7) Treina de acordo com as regras de jogo, fairplay, e é honesto;
8) É consistente;
9) Cuida dos jogadores;
10) É sempre entusiasta;
11) É criativo e mantém-se informado sobre modernas tendências em futebol;
12) Procura sempre ser um vencedor e positivo.
Milton de Paula Carvalho
Humberto Peron