A discutida figura de Morgado sempre chamou a atenção. Fosse pelos trejeitos em campo, numa clara e assumida imitação do ídolo Armando Marques, fosse pela incontestável capacidade como arbitro de futebol. Esse paulista chegou rápido ao quadro de aspirantes da FIFA. Com ele, trouxe um currículo carregado de controvérsias. Por duas vezes foi internado na Clínica Maia, uma casa de tratamento para problemas psicológicos, em São Paulo. Em 1983, depois de expulsar até policiais do campo, num jogo Vasco e Fortaleza, no Ceará, a Cobraf exigiu um exame de sanidade mental para Nunes Morgado. Para complicar a imagem exótica, os parcos 59 kg espalhados na fina silhueta de 1,71 m lhe valeram o apelido de “Pantera Cor-de-Rosa”.
Entre os amigos, porém, Morgado gozava de outra fama. Nos quarteirões formados pelas ruas Rego Freitas e Marques de Itu, em plena Boca do Lixo, no centro de São Paulo, ele era uma espécie de rei. Seu castelo era a Churrascaria Boi na Brasa, aonde chegou a ser relações publicas. Seus súditos, um grupo entre cinco ou dez pessoas, boa parte homossexuais como ele. Na hora das farras, Morgado era quem pagava a conta. O pessoal explorava o Morgado. Depois do diagnóstico de Aids, todos se afastaram do ex-juiz. Nenhum deles doou 1 real sequer quando foi passada uma lista de contribuição para Nunes Morgado. Nenhum deles o visitou no hospital.
Antes de falecer, internado na Clinica Bezerra de Menezes, em São Bernardo do Campo, Numes Morgado pediu um novo exame de Aids. A entrega dos resultados acabou se transformando no pior momento de sua vida. Ele recebeu trêmulo o envelope lacrado com o resultado do exame. Ao ler o que todos já sabiam, começou a chorar e a gritar – “Eu não tenho aids coisa nenhuma! É meningite! É só um problema de pulmão! Quero um terceiro exame. Este aqui é fajuta” – acusa entre lágrimas.
Numes Morgado chegou a voltar para casa, ficar junto com a família. Uma semana depois, mesmo com proibição médica, ele tomou uma garrafa de pinga. Quando voltou para seu apartamento na Praia Grande, bateu na mulher e chutou o filho. Morgado estava completamente embriagado. Foi obrigado a se internar novamente na Clínica Bezerra de Menezes. Desde então seu estado de saúde foi piorando. Com o tempo ele ficava cada vez mais fraco. Sua morte foi inevitável.
Arquivo do Autor: Alexandre Martins
A FESTA QUE VIROU TRAGÉDIA
O Maracanã tem a forma de uma falsa elipse. Sua construção consumiu 500.00 sacos de cimento, correspondentes a três vezes a altura do Corcovado, e ferro em barras de 1/16 de polegadas, suficientes para duas voltas em torno da terra. Oduvaldo Cozzi, locutor dos mais famosos da década de cinqüenta, dizia que “no Maracanã, esse monstro de areia, ferro, pedra e cimento, está a alma do futebol”. Frase bonita, mas sem dúvida, mas profundamente amarga para a geração que nasceu com o estádio.
Um grupo de dez rapazes compraram ingressos no cambio negro e foram direto para o Maracanã. A cidade bebera todo chope da vitória – que não veio. Para Fausto Neto, um dos rapazes, pouco se recorda do jogo, pois no que aconteceu depois do gol de Ghigia ficou gravado de tal forma na sua memória que apagou o resto. Como quase todos que estavam no estádio ele também chorou ao observar a mascara da tragédia no rosto de cada torcedor. Quem viu ou acompanhou pelo rádio o jogo do Brasil contra a Espanha não tinha mais dúvidas: nada impediria que o Brasil fosse o campeão. Além do mais, o Uruguai apenas empatara com a Espanha e vencera com dificuldade a Suécia. Um detalhe foi esquecido por todos: nos dois jogos, os uruguaios estiveram em desvantagem.
A partir da noite de 13 de julho, o Rio de Janeiro se transformou numa festa. O técnico Flavio Costa lembra que o “ar estava impregnado de futebol e ninguém acreditava um fiasco na final. Gigantesco e monumental quando na planta, apenas grande já nos jogo da fase eliminatória, apertado nas partidas contra Suécia e Espanha, o Maracanã parecia diminuir à proporção que o futebol do Brasil crescia. Os bares da cidade reforçaram seus estoques de chope.Os ingressos da decisão ficaram a cargo da Delegacia de Costumes e Diversões. Eles logo se esgotaram. As reclamações eram gerais. Por mais que a policia planejasse, era impossível controlar as multidões atrás de um ingresso.
Sem exagero, quem mais trabalhou naquele final de semana foram os garções e copeiros dos bares. Todo mundo era campeão do mundo e comemorava. Na concentração dos uruguaios, Obdulio Varella colecionava jornais que mostravam fotos com o Brasil campeão do mundo. Mira. Mira – repetia o capitão para os companheiros, apontando as manchetes do jornais. Na concentração dos brasileiros, em São Januário tudo era otimismo delirante. Os jogadores não tinham um minuto de calma. Políticos e cartolas disputavam, os jogadores para tirar a foto histórica. A situação chegou a tal ponto que o técnico Flavio Costa chegou a pensar em voltar com os jogadores para o Joá. Os cartolas, interessados em faturar o prestígio dos jogadores, deram o contra. E o assunto acabou esquecido. O barulho infernal da torcida aumentou gradativamente até o gol de Friaça aos 4 minutos do segundo tempo quando explodiu. Para diminuir quando Schiafino empatou e parou de vez quando Gighia fez o segundo gol. Ninguém entendia nada e o resto foi silêncio. Córner contra os uruguaios. Friaça levanta para a área. Jair salta e Maspoli segura firme. O juiz inglês George Reader apitou o final do jogo.
Dentro e fora do campo, lágrimas. Dentro e fora do campo, sorrisos de uns poucos uruguaios, dos jogadores da celeste, logo transformados em super-herói. Flavio Costa e os jogadores brasileiros eram acusados de um crime que não cometeram: o crime de perder a última batalha.
A Copa se fora como um sonho, o mesmo sonho que levou à construção do Maracanã. Desolado e mudo, o prefeito Mendes de Moraes, o construtor do estádio, assistia imóvel à tragédia do mesmo local onde, antes do jogo, em discurso no próprio estádio, saudou os jogadores como campeões do mundo. De repente, a dura realidade. Como encará-la ? Mas era impossível esconder a verdade. E dizer a verdade, naquele momento, era partir para a manchete cruel – Uruguai campeão do mundo. E foi isso que fez a maioria dos jornais no dia seguinte.
Cada jogador procurou a sua casa ou o hotel pelos próprios meios. Em algumas salas do Maracanã, jaziam caixas e mais caixas de serpentina e sacos de confetes preparados para o carnaval da vitória. O Maracanã, palco por excelência do futebol, já viveu tragédias, farsas e comédias. Mas, aquele 16 de julho de 1950, está marcado para sempre como um dia de finado do futebol brasileiro.
Fonte : revista Placa 1975
FERENC PUSKAS-O ESQUERDA DE OURO
Era gorducho e barrigudo como um anãozinho de jardim. Untava de brilhantina os cabelos negros e os penteava para trás como um cantor de tango. Vestia-se com a deselegância de um balconista de subúrbio. E tinha os olhos gelados de um carteador de cassino.
Foi um dos craques mais deslumbrantes que o futebol já criou. Na quase impartível Seleção Húngara, tratavam-no de Major Galopante. Na fulgurante equipe do Honved de Budapest, conheciam-no como O Esquerda de Ouro. Chamava-se na verdade, Ferenc Puskas. Quem o conheceu, quem o viu jogar, à simples menção do nome, treme de saudade.
Os húngaros foram campeões olímpicos em 1952 jogando um futebol do outro mundo. Foi uma campanha assombrosa. Em cinco jogos, cinco vitórias com vinte gols marcados contra apenas um. Tocavam a bola com classe, rapidez e uma rara determinação de vencer a qualquer custo. Pareciam todos jogadores foras de série. Um, porém, se destacava acima dos demais. Era Puskas, o gordinho de aparência inofensiva. Sua genialidade pairava sobre o altíssimo nível dos próprios companheiros. Jogando pela seleção húngara chegou a uma média incrível de marcar 85 gols em 84 jogos.
A guerra acabou com a seleção húngara e o Honved. Mas, Puskas sobreviveu. Foi jogar no Real Madri onde começou uma vida nova. Ao lado de astros de primeira grandeza como Di Stéfano, Kopa e Gento, ele voltou a brilhou com toda intensidade. Ganhou nove títulos nacionais e internacionais, os quais vieram a somar com os cinco que havia conquistado na Hungria. Foi quatro vezes artilheiro dos campeonatos espanhóis. Naturalizado, vestiu a camisa da seleção espanhola na Copa do Mundo de 1962. Em 1954, pela seleção húngara, perdeu a final do mundial para a Alemanha, em um dos resultados mais incríveis da história do futebol.
Quando afinal parou aos 40 anos, tornou-se um treinador de sucesso, levando o misterioso Parathinaikos, da Grécia, a disputar a ambicionada finalisssima da Copa da Europa. Depois parou.
Fonte: Revista Placar
ATLÉTICO CAMPEÃO DO GELO
Em determinada parte do hino do Clube Atlético Mineiro diz – “Nós somos campeões do gelo “. A composição aconteceu depois da temporada do clube por gramados gelados da europa.
“O Clube Atlético Mineiro realizou uma temporada pela Europa jogando em campos cobertos de gêlo. Foram dez jogos com seis vitórias, dois empates e duas derrotas. Foram 35 dias que começou em 02 de novembro na Alemanha. Além do gêlo, dos adversários, das viagens, sempre de trem, os brasileiros também jogaram com intervalos até de vinte e quatro horas.
Os jogos realizados foram os seguintes:
Em Munich – Atlético 3 x Munchem 1860 2.
– Gols de Lucas. Lauro e Vaguinho.
Em Hamburgo – Atlético 4 x Hamburguer Sport 0.
– Gols de Nivio 2. Alvinho e Lucas.
Em Bremer – Atlético 1 x Werder Bremem 3.
– Gol de Lucas.
Em Gelsen Kirchen – Atlético 3 x Schalke 1.
– Gols de Vaguinho 2 e Lucas.
Em Viena – Atlético 0 x Rapid 3
Em Viena – Atlético 2 x Sarrebruck 0.
– Gols de Nivio dois.
Em Bruxelas – Atlético 2 x Anderletch 1.
– Gols de Vaguinho 2
Em Brunswick – Atlético 3 x Brunswick 3.
– Gols de Vaguinho. Alvinho e Murilinho.
Em Luxemburgo – Atlético 3 x Seleção local 3.
Gols de Vaguinho. Nivio e Lauro.
Em Paris – Atlético 2 x Red Star 1.
– Gols de Lucas e Nivio.
O Atlético Mineiro marcou 23 gols e sofre 17. Seu artilheiro foi Vaguinho com sete gols. Marcaram ainda: Nivio 6. Lucas 5. Lauro e Alvinho 2. Murilinho 1 gol.
Em determinada parte do hino do Clube Atlético Mineiro diz – “Nós somos campeões do gelo “. A composição aconteceu depois da temporada do clube por gramados gelados da europa.
“O Clube Atlético Mineiro realizou uma temporada pela Europa jogando em campos cobertos de gêlo. Foram dez jogos com seis vitórias, dois empates e duas derrotas. Foram 35 dias que começou em 02 de novembro na Alemanha. Além do gêlo, dos adversários, das viagens, sempre de trem, os brasileiros também jogaram com intervalos até de vinte e quatro horas.
Os jogos realizados foram os seguintes:
Em Munich – Atlético 3 x Munchem 1860 2.
– Gols de Lucas. Lauro e Vaguinho.
Em Hamburgo – Atlético 4 x Hamburguer Sport 0.
– Gols de Nivio 2. Alvinho e Lucas.
Em Bremer – Atlético 1 x Werder Bremem 3.
– Gol de Lucas.
Em Gelsen Kirchen – Atlético 3 x Schalke 1.
– Gols de Vaguinho 2 e Lucas.
Em Viena – Atlético 0 x Rapid 3
Em Viena – Atlético 2 x Sarrebruck 0.
– Gols de Nivio dois.
Em Bruxelas – Atlético 2 x Anderletch 1.
– Gols de Vaguinho 2
Em Brunswick – Atlético 3 x Brunswick 3.
– Gols de Vaguinho. Alvinho e Murilinho.
Em Luxemburgo – Atlético 3 x Seleção local 3.
Gols de Vaguinho. Nivio e Lauro.
Em Paris – Atlético 2 x Red Star 1.
– Gols de Lucas e Nivio.
O Atlético Mineiro marcou 23 gols e sofre 17. Seu artilheiro foi Vaguinho com sete gols. Marcaram ainda: Nivio 6. Lucas 5. Lauro e Alvinho 2. Murilinho 1 gol.
ADEMIR PIMENTA-TÉCNICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1938
Para a seleção brasileira, a Copa do Mundo de 1938 foi cheia de problemas que impediram um melhor rendimento da equipe. O técnico foi Ademar Pimenta que, em entrevista a Manchete Esportiva, contou os grandes problemas que enfrentou.
“Escolhi o que de melhor tinha no futebol brasileiro. Na época, dirigentes, clubes e imprensa insinuavam quem deveria ser convocado. Venci essa etapa. Na véspera do embarque, fiz uma reunião com o pessoal e disse que não admitiria mulheres na delegação. Quando, já no cais, o chefe da delegação veio me explicar que as mulheres de Nariz e Luizinho viajariam com a delegação. O que eu podia fazer naquela altura ? A determinação partiu das autoridades. E com aquele contratempo rumamos para a Europa”.
“A escala determinava uma parada em Salvador. Nessa cidade, Tim e Patesko usaram e abusaram de bebidas alcóolicas. Pedi o desligamento dos dois e não fui atendido. Seguimos nossa viajem e quando chegamos a França fomos para o Hotel. Os quartos destinados aos jogadores ficavam nos fundos do Hotel. Nariz, Luizinho e suas mulheres, mais os dirigentes, ficaram na ala central do Hotel, fora portanto, do nosso controle. Eles tomavam vinho às refeições, não tinham horário nem regime. Os outros jogadores não gostaram desse privilégio e o clima não ficou bom. Minha intenção era colocar para o jogo de estréia a ala Tim e Patesko. Quando fui procurá-los encontrei os dois bebendo chope. Chamei Castelo Branco, chefe da delegação, fomos ao restaurante e os jogadores continuavam com uma pilha de chopes. O dirigentes não disse nada nem tomou nenhuma providência”.
“O zagueiro Nariz, acadêmico de medicina, era o médico da delegação. Ele dispensava jogadores dos treinamentos, principalmente o companheiro Luizinho e a dupla Tim e Patesko. Às vésperas do segundo jogo fiquei sabendo que não poderia contar com o centro avante reserva Niginho. Ele estava impedido de atuar pela Federação Italiana, pois ele ainda estava vinculado ao futebol da Itália. Ai perdemos a copa. Fizemos dois jogos contra a Techecolováquia em dois dias. Um empate e uma vitória. No segundo jogo lancei todo o time reserva, menos Leonidas que não tinha substituto. E Leonidas se contundiu. Até chegar o jogo com a Itália eu tinha esperanças de contar com Leonidas. Ele ficou horas e horas numa banheira de água salgada tentante se recuperar. É mentirosa a versão de que ele não quis jogar. Não jogou porque não podia. Quando a noticia chegou aos jogadores foi um grande decepção. Leonidas era a nossa bússola. Perdemos por 2×1 e ficamos em terceiro lugar depois de vencer a Suécia no jogo seguinte. Com relação ao pênalti de Domingos da Guia, que muitos afirmam que o juiz errou, posso dizer que realmente houve a penalidade máxima. Piola provocou o nosso zagueiro que perdeu a cabeça e, numa bola dividida, chutou o artilheiro italiano. Poderíamos ter ganho a copa de 1938, mas a desorganização e os privilégios de certas pessoas da delegação, nos tirou todas nossas chances de vencer”.
POR QUÊ COXA-BRANCA
O drama de Breyer, o zagueiro alemão que deu origem ao apelido do Coritiba e que teve sua carreira abreviada pelo preconceito. O apelido nasceu em 1941. Foi na decisão do campeonato paranaense daquele ano, na primeira vez que a dupla Atletiba disputou uma final.
O Mundo vivia Segunda Grande Guerra Mundial e o cartola Jofre Cabral e Silva decidiu agitar o clássico, com uma provocação: “Quem for brasileiro deve torcer pelo Atlético. O Coritiba tem até um alemão no elenco, o Breyer, aquele COXA BRANCA” – teria vociferado o dirigente atleticano. Hans Hergon Breyer, teve sua carreira abreviada no futebol por causa por causa do rótulo que lhe impuseram. Torcedores do Atlético o chamavam de quinta coluna e coxa-branca. Aquilo foi aborrecendo Breyer que terminou decidindo encerrar sua carreira aos 24 anos de idade. O zagueiro alemão se despediu da bola no dia 12 de dezembro de 1943, ironicamente num clássico contra o Atlético.
Breyer, radicado em Curitiba, deixou de ir aos estádios assistir os jogos do Coritiba. O trauma somente acabou em 1969 com a torcida alvi-verde comemorando o titulo aos gritos de “Coxa, Coxa, Coxa….”. O retorno de Breyer aos jogos parece ter dado sorte ao clube que, a partir daquele ano ganharia seis títulos consecutivos. E o alemão dizia feliz – “Quando vi a torcida gritar coxa tirei um peso das minhas costas e fiquei muito orgulhoso”. Em 1939, era velocista, especialista nos 200 metros rasos. Sem um ponta direita, o Coritiba convidou Breyer para ocupar a posição. Usando sua velocidade, ele deu conta do recado, mas, com 1,86 m, logo foi deslocado para a zaga. Aquele alemão que nasceu em Düsseldorf e chegou ao Brasil com seis anos de idade fugindo da Primeira Guerra Mundial, se tornou ídolo da torcida do Coritiba. Entre 1939 e 1943, Breyer foi apontado como o melhor zagueiro do Paraná. É por sua causa que hoje há uma legião de Coxas-brancas.
JUIZ ABANDONA O JOGO NO PRIMEIRO MINUTO
No inicio do ano de 1949, Barroso e Santa Cruz disputaram uma partida ainda valida pelo campeonato do ano anterior. Um jogo que, pode-se dizer, começou duas vezes. Foi, sem duvida, uma das partidas mais tumultuadas do futebol alagoano. O juiz foi Mário Santa Rita. O bandeirinha Adávio Camelo.
A saida foi dada pelo Santa Cruz que foi ao ataque com uma bola lançada para o centro avante, Seu Zé, que estava na ponta direita. Ele foi a linha de fundo e centrou para Tião fazer o primeiro gol. O relógio ainda não tinha marcado um minuto de jogo. O juiz que tinha confirmado o gol, foi alertado pelos jogadores do Barroso de que o bandeirinha tinha marcado que a bola saiu antes do centro para a área. O juiz aceitou a marcação do auxiliar e anulou o gol. A coisa se complicou porque os jogadores de Santa Cruz cercaram Mário Santa Rita alegando que ele já tinha marcado o gol e não poderia voltar atrás. O juiz também aceitou as alegações do Santa Cruz e, mais uma vez mudou seu comportamento mantendo o gol. A turma do Barroso não se conformou, queriam agredir o juiz e terminou sentados em campo até que os dirigentes resolvessem o problema.
A torcida também começou a reclamar. Sentindo que a situação não era boa, Mário Santa Rita entregou o apito na mesa de representação da Federação e foi embora. Depois de trinta e dois minutos de paralisação e muita discussão, Dr. Carlos Miranda, presidente do América, aceitou apitar o jogo com uma condição: a partida começaria de novo. Naturalmente apagando o gol e o marcador ficando em zero a zero.
E o jogo começou novamente com a saída do Santa Cruz. Quando placar era de 3×2 para o Barroso, o juiz, Dr. Carlos Miranda, suspendeu a partida por falta de visibilidade. Na pajuçara, na época, não havia iluminação artificial. O jogo não tinha como prosseguir. Foi a partida ser suspenso e Tião do Santa Cruz agrediu o goleiro Fontan do Barroso. Biquara correu em socorro do companheiro e brigou todo mundo. Uma luta campal que envergonhou o futebol alagoano. Zé Grilo e Fontan, do Barroso, saíram direto para o Hospital.
São fatos como esses que acontecem no futebol e poucos entendem. Jogadores selvagens e despreparados que fazem de um campo de futebol um ringue de luta livre. O pior, é que, muitas vezes, os dirigentes acobertam seus jogadores e, até lutam por eles. Mas, tudo fica registrado no livro da história do futebol.
GOL DO MEU IRMÃO
Helio Miranda foi um bom jogador de futebol e um grande treinador. Como atleta jogou nos aspirantes do CRB, passando depois para o primeiro time do Auto Esporte e Esporte Clube Alagoas. Também vestiu a camisa da seleção alagoana em 1954. Depois foi para o Sport Clube do Recife e chegou a treinar no Bangú, quando sofreu uma séria contusão e foi obrigado a parar de jogar. Na Universidade sentiu que poderia ser técnico de futebol e começou pelo Guarani do Poço.
Mas, houve uma passagem interessante na vida do jogador Helio Miranda. O assunto foi muito comentado na imprensa e entre as torcidas. Helio tinha um irmão chamado Haroldo Miranda que era radialista e narrava futebol pela Rádio Difusora de Alagoas. E muitos comentavam que no torneio inicio, quando Helio Miranda estreiou no Auto Esporte, a cada gol que ele marcava, o Haroldo gritava no microfone da sua emissora – GOL DO MEU IRMÃO.
Entretanto, a coisa não foi bem assim. Tudo aconteceu em um amistoso do Auto Esporte contra a equipe do ABC de Natal. Helio Miranda havia se consagrado no torneio inicio assinalando todos os gols do seu time e se sagrando campeão. Como o amistoso aconteceu logo depois do torneio inicio e os comentários corriam pela cidade, o grande locutor Haroldo Miranda foi a forra.
O jogo foi noturno e no campo do mutange. Em determinado momento da partida, Helio driblou vários adversários e entrou com bola e tudo no gol do ABC. Era tudo que Haroldo queria. Entusiasmado, ele gritou para seus ouvintes e os torcedores que estavam perto da cabine da Difusora – GOL DO MEU IRMÃO !!!! E concluiu – Agora sim, é gol do meu irmão.