FERENC PUSKAS-O ESQUERDA DE OURO

Era gorducho e barrigudo como um anãozinho de jardim. Untava de brilhantina os cabelos negros e os penteava para trás como um cantor de tango. Vestia-se com a deselegância de um balconista de subúrbio. E tinha os olhos gelados de um carteador de cassino.
Foi um dos craques mais deslumbrantes que o futebol já criou. Na quase impartível Seleção Húngara, tratavam-no de Major Galopante. Na fulgurante equipe do Honved de Budapest, conheciam-no como O Esquerda de Ouro. Chamava-se na verdade, Ferenc Puskas. Quem o conheceu, quem o viu jogar, à simples menção do nome, treme de saudade.
Os húngaros foram campeões olímpicos em 1952 jogando um futebol do outro mundo. Foi uma campanha assombrosa. Em cinco jogos, cinco vitórias com vinte gols marcados contra apenas um. Tocavam a bola com classe, rapidez e uma rara determinação de vencer a qualquer custo. Pareciam todos jogadores foras de série. Um, porém, se destacava acima dos demais. Era Puskas, o gordinho de aparência inofensiva. Sua genialidade pairava sobre o altíssimo nível dos próprios companheiros. Jogando pela seleção húngara chegou a uma média incrível de marcar 85 gols em 84 jogos.
A guerra acabou com a seleção húngara e o Honved. Mas, Puskas sobreviveu. Foi jogar no Real Madri onde começou uma vida nova. Ao lado de astros de primeira grandeza como Di Stéfano, Kopa e Gento, ele voltou a brilhou com toda intensidade. Ganhou nove títulos nacionais e internacionais, os quais vieram a somar com os cinco que havia conquistado na Hungria. Foi quatro vezes artilheiro dos campeonatos espanhóis. Naturalizado, vestiu a camisa da seleção espanhola na Copa do Mundo de 1962. Em 1954, pela seleção húngara, perdeu a final do mundial para a Alemanha, em um dos resultados mais incríveis da história do futebol.
Quando afinal parou aos 40 anos, tornou-se um treinador de sucesso, levando o misterioso Parathinaikos, da Grécia, a disputar a ambicionada finalisssima da Copa da Europa. Depois parou.

Fonte: Revista Placar

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