Entre 1949 a 2016: História do futebol internacional é marcada por tragédias aéreas

Local da queda do avião que levava os jogadores do Manchester United em fevereiro de 1958Image copyrightPA Image caption O time do Manchester United viajava em um avião da British European Airways que caiu em fevereiro de 1958

Na madrugada da terça-feira, de 29 de novembro de 2016,  o avião que transportava o time de futebol da Associação  Chapecoense de Futebol, da cidade de Chapecó (SC) caiu próximo a Medellín, no Departamento (Estado) de Antióquia, Colômbia, uma região montanhosa e de difícil acesso. A equipe iria disputar a final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional de Medellín.

Esta não foi a primeira vez que uma equipe de futebol sofre um acidente a caminho ou voltando de um jogo. Veja abaixo a história de acidentes com times de futebol.

Torino, 1949

Jogadores do Torino em 1948Image copyrightWIKIMEDIA COMMONS
Image captionO time era chamado ‘Il Grande Torino’ e era a equipe mais forte da Itália na época, inclusive com vários jogadores da Seleção Italiana

 

Em maio de 1949 um avião Fiat G.212 levava o time do Torino de Lisboa para Turim depois de um amistoso contra o Benfica.

Mas o avião sofreu um acidente durante a aproximação e a aeronave se chocou contra a Basílica de Superga.

Ao todo 31 pessoas morreram, entre elas 18 jogadores e cinco membros da comissão técnica do Torino. Entre os jogadores mortos estavam vários titulares da Seleção Italiana.

Na época a equipe, apelidada de “Il Grande Torino”, era a mais forte da Itália e da Europa, tinha vencido cinco títulos italianos.

Após o acidente que matou quase todos os seus jogadores, o clube nunca mais conseguiu formar uma equipe tão forte.

Manchester United, 1958

O jogador Albert Scanlon fotogrado em um hospital de Munique depois do acidente que matou seus companheiros do Manchester UnitedImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionO jogador Albert Scanlon fotogrado em um hospital de Munique depois do acidente que matou seus companheiros do Manchester United

 

Em fevereiro de 1958 a equipe do Manchester United voltava de um jogo da Copa dos Campeões Europeus contra o Estrela Vermelha de Belgrado quando o avião onde estava caiu no Aeroporto de Munique, na Alemanha, no que ficou conhecido como o Desastre de Munique.

O desastre ocorreu quando o avião tentava decolar. Nevava muito em Munique e o piloto tentou a decolagem várias vezes até que uma asa do avião bateu em uma casa e em seguida acertou outra construção, se incendiando em seguida.

O acidente matou 23 pessoas incluindo oito jogadores do Manchester United que na época, eram conhecidos na Inglaterra como os “Busby Babes”, por causa do então técnico Matt Busby.

O avião levava 44 pessoas. Além dos jogadores também morreram oito jornalistas, sete funcionários e tripulantes.

Bobby Charlton, um dos jogadores mais famosos do Reino Unido, foi um dos sobreviventes e acabou sendo campeão mundial pela Inglaterra em 1966.

Seleção Olímpica da Dinamarca, 1960

Em julho de 1960, após decolar do Aeroporto de Copenhague, na Dinamarca, o avião fretado pela Associação Dinamarquesa de Futebol caiu em Oresund.

Só o piloto sobreviveu. Oito pessoas morreram, todos eram jogadores da seleção olímpica da Dinamarca que ia disputar os Jogos na Itália.

Green Cross, do Chile, 1961

Em abril de 1961 o avião que transportava 24 pessoas, incluindo treinadores e jogadores de uma das equipes de futebol mais famosas do Chile, o Green Cross, caiu nos Andes.

Não houve sobreviventes.

Eles voltavam para Santiago depois de uma partida fora de casa contra o Osorno, uma equipe do sul do país. A equipe, na época um dos principais times da primeira divisão chilena, foi dividida em dois aviões.

O avião que caiu, um Douglas DC3, levava oito jogadores e o Green Cross não conseguiu se recuperar. O time foi dissolvido em 1984.

 

A equipe do Green Cross/ArquivoImage copyrightHERMAN JARA
Image captionA equipe do Green Cross era uma das mais famosas do Chile na época do acidente, no início da década de 1960

 

Uma temporada mais tarde ele foi rebaixado para a segunda divisão e depois a equipe se mudou para a cidade de Temuco, onde foi absorvido pelo time local. O Deportes Temuco encerrou as atividades em 1984.

Os destroços do avião só foram encontrados em 2015, 53 anos depois, por uma equipe de alpinistas a mais de 300 quilômetros da capital, Santiago.

The Strongest, da Bolívia, 1969

Em setembro de 1969 o The Strongest, da Bolívia, tinha sido convidado para um amistoso em Santa Cruz de La Sierra, onde foi derrotado pelo Cerro Porteño, do Paraguai.

Na volta para La Paz o avião que levava a equipe caiu em La Concha, uma região montanhosa a cerca de cem quilômetros da capital boliviana.

Todos os 69 passageiros e nove tripulantes morreram. Entre eles estavam 16 jogadores do The Strongest e três integrantes da comissão técnica do clube.

Pakhatakor Tashkent, 1979

Em agosto de 1979 a equipe uzbeque do Pakhtakor Tashkent ia para Minsk, em Belarus, onde enfrentaria o Dinamo Minsk.

O avião Tupolev sobrevoava a Ucrânia quando se chocou contra outro Tupolev.

Todas as 178 pessoas a bordo dos dois aviões morreram e, entre elas, estavam os 14 jogadores e três membros da comissão técnica do Pakhtakor Tashkent.

Outros times da União Soviética fizeram doações para que o clube conseguisse terminar a temporada.

Alianza Lima, 1987

Em dezembro de 1987, o time peruano do Alianza, de Lima, viajava em um Fokker F27, voltando de Pucallpa para a capital.

Na aproximação do aeroporto Jorge Chávez, minutos antes do pouso, o avião caiu no Oceano Pacífico e apenas o piloto sobreviveu.

No total 43 pessoas morreram. Todos os 16 jogadores do então líder do campeonato peruano estavam entre os mortos além de dez membros da comissão técnica, oito diretores e um trio de arbitragem.

Colorful, 1989

Um grupo de jogadores de origem surinamesa que atuavam na Holanda formaram um time, o Colorful 11 que deveria participar de um amistoso no Suriname em junho de 1989 contra o SV Robinhood.

Eles viajavam em um DC-8 da Surinam Airways, vindos de Amsterdã, mas a aeronave caiu durante a aproximação para o aeroporto de Paramaribo.

Dos 178 a bordo apenas 11 sobreviveram, incluindo três jogadores. Outros 15 atletas morreram.

Jogadores famosos como Ruud Gullit e Frank Rijkaard escaparam pois não obtiveram autorização de seus clubes para a viagem.

Seleção da Zâmbia, 1993

Em 1993 o então capitão da Seleção da Zâmbia, Kalusha Bwalya, visitou os túmulos dos companheiros de equipe mortos no acidente no Gabão, perto do Estádio de LusakaImage copyrightGETTY IMAGES
Image captionEm 1993 o então capitão da Seleção da Zâmbia, Kalusha Bwalya, visitou os túmulos dos companheiros de equipe mortos no acidente no Gabão, perto do Estádio de Lusaka

 

A Seleção da Zâmbia iria participar de uma partida das eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994 em abril de 1993 e iria para o Senegal.

No entanto o avião da Força Aérea da Zâmbia explodiu logo após decolar de um aeroporto em Libreville, no Gabão, onde tinha parado para reabastecer.

No total 30 pessoas morreram. Entre as vítimas estavam 18 jogadores, três dirigentes da Associação de Futebol da Zâmbia e cinco militares morreram.

Os jogadores foram sepultados perto do Estádio da Independência na capital, Lusaka.

O melhor jogador do time, Kalusha Bwalya não estava no avião e comandou a nova equipe que chegou à Final da Copa Africana de Nações em 1994.

 

FONTES & FOTOS: Wikipédia – Arquivo Pessoal – Sites do Torino e Manchester – BBC Brasil

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Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

2 pensou em “Entre 1949 a 2016: História do futebol internacional é marcada por tragédias aéreas

  1. Sergio Mello Autor do post

    Ielo,

    Eu perdi três grandes amigos nesta tragédia: Vitu, Clement e o Guilherme Van Der Laars, além de boa parte da imprensa que conhecia e também o Caio Júnior quando cobria o Botafogo. Ainda não consigo acreditar que perdi tanta gente boa! Profissionais talentosos, amigos sinceros!
    Mas o que o povo colombiano fez e segue fazendo é algo de pessoas extremamente evoluídas!
    A reação que está vindo de todos os cantos do planeta reascendeu em mim, a esperança de que este mundo pode melhorar! O investimento na educação é o começo de tudo!
    Espero que essa tragédia se torne um divisor de águas neste país!

    Sem mais…

    Abraços!

  2. Antonio Mario Ielo

    Amigos,

    É importante relembrarmos os momentos trágicos nos deslocamentos de atletas para realizar as partidas de futebol entre cidades, estados, países e continentes, que marcaram a época e revelavam ao mundo os possíveis erros que causam todas as mortes e perdas e a necessidade de reflexão, na tentativa de evitar novas tragédias e mortes a qualquer cidadão.

    Nesta atual tragédia que estamos vivenciando, a maior da história, deixa-nos mais tristes e perplexos com as causas, que nos trás a reflexão da segurança e o controle das autoridades aeronauticas para evitar por completo a absurda “pane seca”, que poderia ter vitimado a seleção argentina e outros. Por exemplo, obrigatoriedade de tanque reserva sempre cheio, só podendo ser utilizado com rompimento de lacre vistoriado a cada vôo, como temos na obrigatoriedade de caixas dagua reservas nos edifícios para contensão de incêndio.

    Ne momento de dor, uma aula de solidariedade, na linda homenagem da cidade de Medelin e do Atlético Nacional que prestou a “Chape”, ao Brasil e ao mundo. Mostrando ao mundo o valor de uma vida e um jogo, e ao mesmo tempo, o quanto o jogo/futebol pode nos ensinar de como devemos nos amar uns aos outros.

    O carinho e as homenagens dos 160 mil cidadãos de chapecó com seu clube de futebol, mostram outras reflexões do imenso país que temos e sua rica identidade e diversidade, repercutido e homenageado por todo o mundo, levado pelo sentimento de perda e dor através do jogo/futebol/clube na identidade de um povo representado no escudo do clube, na bandeira, no uniforme e suas cores verde e branco.

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