Centro Sportivo Canavieiro – Capela (AL): Cinco edições na Elite Alagoana

Centro Sportivo Canavieiro foi uma agremiação da cidade de Capela (AL). O Alviverde capelense foi Fundado em 1972. O Canavieiro mandava os seus jogos no Estádio Municipal Manoel Moreira, com capacidade para 5 mil pessoas. O clube disputou o Campeonato Alagoano da 1ª Divisão de 1974, 1975, 1976, 1977 e 1978, tendo como melhor colocação um 4º lugar em 1976.

Abaixo a reportagem da Revista Placar, em 1977:

‘Na mão do homem o pau quebra a pedra, a água vence o fogo, até o sertão vira mar. Na mão de Zé Cláudio o Canavieiro assombra os irmãos do sertão e amedronta os rivais da capital, prova de que o açúcar pode ser amargo para os que chegam ao pote com muita sede. O Canavieiro é um clube cheio de singularidades, a partir da figura de Zé Cláudio, misto de Dom Quixote e Sancho Pança, mas sempre de pés plantados no chão somente onde brota a cana que faz a riqueza de Capela e garante a sobrevivência do Canavieiro.

Capela é uma cidade com tradição no futebol. Qualquer torcedor do CSA ou CRB lembra os anos de 1959 e 1962 quando o Capelense não fez por menos: foi campeão estadual. Muitos não conseguiram esconder um certo alívio quando o clube encerrou suas atividades em 1968. Alegria que durou pouco.

 Em 1972, Capela ressurgia para o futebol, com o Canavieiro. Naquele mesmo ano foi vice-campeão do Campeonato Matuto, feito que se repetiria em 1973. Finalmente, em 1974, o Canavieiro achou chegada a hora de começar a incomodar os grandes e conseguiu a vaga na divisão principal. Foi o quinto. Nos dois últimos anos foi o quarto, firmando de vez a condição de melhor time do interior.

 Enquanto CSA e CRB se apagavam no campeonato brasileiro de 1976, o Canavieiro fazia das suas no Torneio incentivo. Foi campeão com 16 vitórias e dois empates. Tal feito merece uma explicação sucinta de José Cláudio da Silva, presidente, técnico, preparador físico, médico, massagista e disciplinador do Canavieiro.

 

– Nesse time só joga cabra macho, homem com H maiúsculo.

No Torneio Divaldo Suruagy, cujo titulo o Canavieiro perdeu para o CSA, ao ser derrotado por 1×0, gol de pênalti, nos final do segundo tempo, houve um jogo com o Ferroviário que entrou para a historia. No final do primeiro tempo, o Canavieiro perdia por 2×0. Então Zé Cláudio entrou com sua psicologia sertaneja.

 – Deu para ver que tenho 11 afeminados em campo. Agora vocês têm 45 minutos para provar que são machos. Vão lá e virem o jogo. Eu quero ganhar e vocês vão ganhar.

 No final, o Canavieiro, com menos dois – Cigano e Pistola foram expulsos – virou e venceu por 3×2. Mágoas esquecidas. Zé Cláudio saiu do campo nos braços dos jogadores.

 Para que possa exigir de seus homens-machos, Zé Cláudio providencia para eles cuidados especiais. Assim, todas as manhãs, os jogadores tomam uma dose do Biotônico Fontoura, que revigora e rejuvenesce. À noite não pode falta uma colher de Emulsão de Scott. As duas drogas são necessárias para que os jogadores não sintam as caminhadas diárias de 6km pelos canaviais e morros próximos a Capela.

 Tantos cuidados explicariam o sucesso do time ? Para Zé Cláudio o que movimenta toda a engrenagem é a disciplina sertaneja. Disciplina rígida, de pai para filho, de marido para mulher. Zé Cláudio é quem diz.

 – Indisciplina, pode ser até o Pelé, roda em 24 horas. Comigo é na lei do cão. No futebol brasileiro todo jogador é marginal até ser contratado pelo Canavieiro. Aqui, ele se torna um bom caráter ou vai ser marginal na casa da peste. No clube ele não fica. O lateral Café chegou aqui e se meteu a conquistador de mulher casada. Não tive dúvidas, mandei Café para o xadrez. Não é força de expressão. Mandei mesmo para o xadrez. Cana dura, garantida pelo carcereiro Bernardino, ex-ponta direita do Capelense.

 Aconteceu em Capela mesmo. O goleiro Cícero engoliu um frango e um torcedor começou a xingar a mãe do goleiro. Zé Cláudio ouviu e não gostou. Na segunda vez não teve dúvidas. Pulou o alambrado e expulsou o torcedor de campo depois de lhe dar uns tabefes”.

FONTES: Capela Alagoas – Wikipédia – Revista Placar

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Sobre Sérgio Mello

Sou jornalista, desde 2000, formado pela FACHA. Trabalhei na Rádio Record; Jornal O Fluminense (Niterói-RJ) e Jornal dos Sports (JS), no Rio de Janeiro-RJ. No JS cobri o esporte amador, passando pelo futebol de base, Campeonatos da Terceira e Segunda Divisões, chegando a ser o setorista do América, dos quatro grandes do Rio, Seleção Brasileira. Cobri os Jogos Pan-Americanos do Rio 2007, Eliminatórias, entre outros. Também fui colunista no JS, tinha um Blog no JS. Sou Benemérito do Bonsucesso Futebol Clube. Também sou vetorizador, pesquisador e historiador do futebol brasileiro! E-mail para contato: sergiomellojornalismo@msn.com Facebook: https://www.facebook.com/SergioMello.RJ

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