Foi a audácia do ex-presidente americano Ruy Moreira Paiva, no final dos anos 30 que motivou o clube rubro ir buscar no Recife o primeiro jogador/treinador uruguaio, Emiliano Acosta, para atuar no América/RN. A esse tempo, Acosta estava pensando em abandonar a carreira como jogador, para ser treinador, até como um forma de ganhar mais algum dinheiro. A esse tempo, o futebol no Nordeste era quase todo amadorista, poucos jogadores tinham salários. No caso de Acosta, que era uma das exceções, justificava-se o salário um pouco diferenciado pelo fato de ter vindo do futebol do Uruguai e ter sido reserva da seleção “Celeste” no Mundial de 30, em Montevideu.
Quando chegou para jogar e treinar o clube americano, na metade do mês de junho de 1939, o Brasil atravessava momentos de certa tensão devido o conflito mundial envolvendo as chamadas nações do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Barcos brasileiros já haviam visto sinais de submarinos alemães na costa do Nordeste, e isso fazia tremer a população litorânea. Mas, assim mesmo o brasileiro continuou vivendo o seu dia a dia, e o futebol também.
A má campanha do quadro rubro na temporada de 1937, quando ficou atrás do ABC, Santa Cruz e Paysandu (uma espécie de filial do ABC) animou Ruy Moreira Paiva a viajar, retornando tendo Acosta a “tiracolo”. A apresentação do “gringo” foi uma sensação no estádio Juvenal Lamartine, com presença de quase 500 torcedores, segundo noticiário dos jornais da época. Acosta tinha, na época, 30 anos, havia passado pelo Náutico Capibaribe, porém como seu sonho era se iniciar na atividade de treinador, aceitou atuar como dublê, ou seja, jogar e treinar. Acosta nasceu na cidade de Taquarembó, próxima à fronteira com o Brasil. Seu primeiro clube foi o Fiat Lux, disputando a 2a. divisão uruguaia. Agradando a alguns dirigentes, transferiu-se para o Peñarol, e daí defendeu até a seleção celeste.
Ao vir tentar a sorte no Brasil, assinou com o 14 de Julho em 1933, Grêmio Porto-Alegrense no ano seguinte. Ainda retornaria à Montevideu para defender o Wanders, mas durou pouco, voltando ao Brasil para defender o São Paulo. Seu orgulho foi formar dupla de área com o lendário Friedenreich, uma espécie de Ronaldinho da época. Dizem até que fez mais gols do que Pelé.
Ao ser chamado para jogar na Bahia, assinou com o Vitória de Salvador, depois América do Recife, Santa Cruz e Sport, até ser convidado para atuar em Natal, pelo presidente rubro.
Ter um estrangeiro no time foi o grande orgulho dos americanos natalenses. Dia de treino, muitos torcedores – principalmente garotos, iam ver o craque uruguaio treinar. Acosta, contudo não conseguiu interromper o decacampeonato do ABC, já que o Alvinegro sagrou-se hepta e octa campeão metropolitano em 1938/39, mesmo o América com um bom time. Uma das formações com Acosta foi esta: Rossini, Leônidas e Geléia, Ferreira, Ebenezer e Acosta, Portela, Acioly, Stephenson, Demóstenes e Raimundo Canuto. Emiliano Acosta deixou Natal no começo de 1940, chateado porque não ter conseguido quebrar a sequência de títulos do rival ABC.
O futebol da capital ainda teria mais dois treinadores uruguaios: Luiz Comitante e Danilo Menezes, sendo que DM inicialmente atuou como camisa 10, e foi dos mais famosos do clube. Seu único titulo no ABC como treinador foi em 1995.
fonte: everaldo costa -tribuna do norte
Ricardo,
Parabéns pelas postagens!!
E tenha um excelente retorno!
Grande abraço!