O Santos Futebol Clube estreou no Campeonato Paulista em 1913, mas devido às viagens para São Paulo, já que não pôde mandar os jogos em Santos, desistiu da competição devido aos altos custos de transporte. Ficou mais de um ano jogando amistosos pela Baixada Santista e, na tentativa de voltar a disputar o Campeonato Paulista se filiou, no final de 1914, à Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea).
Ao ver que a Apea não iria liberar nenhum dos campos da cidade praiana para jogos do certame em 1915, os dirigentes do alvinegro não disputaram o estadual e contataram a Associação para a verificar a possibilidade de liberação do clube para a disputa do campeonato municipal, o que foi prontamente negado. Para burlar a norma e não sofrer sanções da entidade estadual, os membros do clube santista decidiram fundar uma outra agremiação para apenas entrar na competição citadina.
Com isso, em 25 de março de 1915, os dirigentes do Santos Futebol Clube se reuniram em sua sede para fundar outro clube. Entre as sugestões União e Associação Santista, o primeiro nome ganhou por 17 votos a oito. E assim, os jogadores do Santos foram para a disputa do campeonato local com a camisa do União.
No dia 16 de maio, no Campo da Avenida Conselheiro Nébias (o campo mais conhecido da cidade na época, da Ana Costa, já estava cedido para a construção da Igreja Imaculado Coração de Maria), Ciro Werneck; Américo e Artur; Pereira, Oscar e Ricardo; Adolfo Millon, Suplicy, Anacleto Ferramenta, Marba e Arnaldo Silveira entraram em campo com a camisa branca com faixa preta na altura da cintura para defender o União na estreia contra o Chantecler, equipe de São Vicente. Ao final da partida, um sonoro 5 a 1, com dois gols de Arnaldo Silveira e Marba, além de um de Adolfo Millon.
E o União continuou bem na competição. No dia 13 de junho, outro 5 a 1, agora contra o Atlético Santista. Em julho, foram dois jogos: 4 a 0 no Americana, no dia 4, e 3 a 0 no Brasil FC, no dia 18. O União encerrou o primeiro turno emplacando uma goleada no SPR de Santos por 5 a 1, no dia 8 de agosto.
No segundo turno, a campanha continuou irretocável. Sempre jogando no campo da Conselheiro Nébias, o União venceu o Chantecler e Atlético Santista por 4 a 0, em 5 e 26 de setembro, respectivamente. Em outubro, aconteceram os dois jogos mais difíceis da campanha, no dia 17, contra o Americana de Santos, e no dia 31, contra o Brasil. Em ambos os jogos, o União venceu por 2 a 1.
O último jogo foi no dia 21 de novembro. O União enfrentou o SPR de Santos e foi a campo com Ciro Werneck; Américo e Urbano Caldeira; Pereira, Oscar e Ricardo; Marba, Aranha, Ary Patusca, Anacleto Ferramenta e Arnaldo Silveira. O adversário entrou no campo da Conselheiro Nébias com Ascânio Bueno; Adriano e Sebastião; Satório, Picurú e Carabôbo; Rabica, Neto, Abílio, Rocha, Pedrinho e Renato.
Esta foi a melhor partida do União em toda competição. Sacramentando o título, foi um belo 8 a 0, com seis gols de Ary Patusca. Marba e Arnaldo Silveira completaram o marcador. estudou na Suíça, onde também jogou no FC Bruhl e chegou a vestir a camisa da seleção helvética. Ele voltou da Europa no dia 9 de junho e, quatro dias depois, já defendia o União, no jogo contra o Atlético Santista e jogou pelo Santos por muitos anos.
Seu irmão mais novo, Araken, se tornaria um dos grandes ídolos do alvinegro na década de 20 e ainda fez parte da equipe campeã paulista de 1935. A campanha do União foi irretocável, com 10 vitórias em 10 jogos, 42 gols a favor e apenas cinco contra. Porém, a partida contra o SPR de Santos foi a última da equipe com este nome.
Nos amistosos seguintes, já voltaram a usar o Santos Foot-Ball Club e, em 1916, o time ingressou novamente no Campeonato Paulista, agora de forma ininterrupta. Oficialmente, o União deixou de existir apenas no dia 14 de novembro de 1916, quando os dirigentes deram baixa na papelada. Mas o nome ficou marcado para sempre por sua curiosa história no futebol santista.
FONTES: Site Curioso do Futebol – Vitor de Andrade