INTER DE LIMEIRA AFUNDA NA 4ª DIVISÃO.

Primeiro time do interior a levantar a taça de campeão estadual em 1986 enfrenta dividas, rebaixamentos e abandono. Recuperação do clube inclui renegociação de divida e prevê volta dos associados, já que não restou nenhum dos 10 mil da década de 90. Há uma pomba morta sobre a base de um troféu quebrado e coberto de pó, numa velha caixa de papelão. O cenário de abandono na sala onde a Internacional de Limeira guarda taças e documentos históricos sintetizam a agonia do clube. Campeã paulista em 1986, a Inter jogou na elite pela última vez em 2005. Desde então, más administrações acompanharam o time em seguidos rebaixamentos. A partir de maio, a tradicional equipe do interior disputará, pela primeira vez, a quarta divisão, o mais baixo degrau do torneio estadual. No ano passado, na Série A-3, o clube caiu com três partidas de antecedência. “Tudo estava abandonado. No auge, em 1990, tínhamos 10 mil sócios. Hoje não temos nenhum”, conta o atual presidente do clube, Ailton de Oliveira, que assumiu o cargo há um mês, mas que comanda o futebol desde 2009. Oliveira faz parte de um grupo gestor criado no inicio de 2008 com outros empresários para administrar o esporte.

“No dia seguinte ao que assumimos, o Limeirão (estádio onde o time manda seus jogos) foi interditado. Depois, veio uma conta de água de R$ 640 mil”, lembra ele. Todos os outros desistiram. Só eu sobrei”. Nessa mesma época, a Inter perdeu um de seus principais patrimônios, o clube de campo, em uma ação trabalhista que corria à revelia. Os dirigentes tinham perdido o prazo para recurso, não sei por qual motivo”, diz Oliveira. A área foi recuperada, porém o processo, movido por 19 ex-atletas, continua na justiça. Aos poucos, o clube tenta se reerguer. A divida, que chegou a R$ 5 milhões, foi renegociada e hoje é de cerca de R$ 1,5 milhão, diz a diretoria. Para ser liberado, o estádio foi reformado, com R$ 140 mil bancados pela prefeitura de Limeira. As categorias de base, esquecidas, foram remontadas. Cenário bem diferente da rotina do clube nos anos 80. Ao bater o Palmeiras na final de 1986, a equipe de Limeira se tornou a primeira equipe campeã paulista do interior – foi repetido por Bragantino, em 1990, e Ituano, em 2002, quando os grandes clubes do Estado disputaram o Torneio Rio-São Paulo – o São Paulo foi supercampeão Paulista naquele ano. Símbolo maior daquela conquista, a taça do campeonato precisou de cuidados. Uma camada de ferrugem cobria boa parte do troféu, e o braço do jogador de futebol que adorna o objeto precisou ser colado para voltar a seu lugar original. Se bem-sucedido, o plano de recuperação do clube planeja a volta do clube à primeira divisão em 2013, ano de seu centenário. Para recuperar as finanças, os gastos do futebol foram reduzidos. “No passado, a folha de pagamento chegou a R$ 129 mil, um absurdo para um time na nossa situação. Neste ano, nosso orçamento mensal é de R$ 60 mil”, declara o presidente – os salários dos atletas variam de R$ 700 a R$ 1.500.

Contratado para recolocar o clube na Série A-3, o técnico Claudemir Peixoto prevê dificuldades para a Inter. “Nesse tipo de campeonato, é preciso misturar habilidade com força. Existem alguns gramados em que não adianta ter só técnica”.

O caminho para a reconstrução deverá ser sinuoso, mas Oliveira acredita que o clube voltará ao papel de um das forças do interior.

RIVAIS SE REENCONTRAM DEPOIS DE 32 ANOS.

O clássico de Limeira, entre Internacional e Independente, voltará a acontecer nesta temporada. O ultimo confronto por uma das divisões do Campeonato Paulista foi realizada em 1978. Durante esse tempo, foram só três partidas, sendo um amistoso, em 1999, e dois jogos pela extinta Copa Energil C, em 2007. O duelo é equilibrado: 13 confrontos, são cinco vitórias da Inter e quatro da Independente.

Fonte: Folha de São Paulo.

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