Até hoje o “ninho de cobras” do Aimoré de 1959 é considerado um dos maiores times da história do futebol brasileiro com uma campanha única de 62 partidas e apenas 3 derrotas na temporada.
Além das equipes índias que orientou, ele, que começou sua carreira treinando o Grêmio Esportivo Leopoldense, em 1947, atuou, com destaque, treinando os times do Grêmio, Inter, Caxias, Juventude, Esportivo, Cruzeiro (Porto Alegre), Floriano (agora, Novo Hamburgo), Joinville, Chapecoense, Atlético Paranaense, Farroviário, Matsubara, Pato Branco Flamengo, Vasco, Bahia, Vitória (Salvador, Bahia), Santa Cruz (Pernambuco), Ceará, Clube do Remo, e, em 1966, dirigiu a Seleção do resto do mundo, em 1975.
São frases suas, sobre o Aimoré, que revelam, em seudepoimento, todo amor que possui ao Clube, na entrevista concedida em 12/6/1992.
Clube já perdeu muito tempo trazendo jogadores emprestados de clubes maiores e em fim de carreira, sem conseguir boas colocações nas competições que toma parte. Estou aqui para ajudar, para transmitir uma ova filosofia, mais apropriada aos tempos.
Carlos Froner: Durante 11 períodos, treinador do C.E. Aimoré. Uma legenda na história de 57 anos do Clube. Foto menor: recebendo, em 16-12-1985 das mãos do vereador Leoni Flores, autor do projeto de lei, o título de Cidadão Leopoldense, outorgado em sessão solene pelo Governo Municipal, por relevantes serviços prestados ao esporte gaúcho e brasileiro.
É filosofia de trabalhar o jogador que é de casa, formá-lo sem gastar muito com ele para que depois, ele possa ter sucesso em um Clube maior e, assim, proporcionar recursos ao Aimoré.
Dói-me muito ouvir e ler notícias de que o Clube não faz boa campanha. Acho que faz, pois quando aceitei voltar ao Clube, não pretendia só ganhar as partidas, mas, sim, criar jogadores aqui dentro, formando novamente uma Academia de futebol, um celeiro de craques. Acredito que a torcida já está sentindo uma evolução para melhor, pois se esses jogadores forem mantidos, amanhã serão astros do futebol gaúcho.
Comecei, agora, meu trabalho, do marco zero. O Clube atavessa muitas dificuldades e eu preciso entende-las.Mas, formar jogadores é o ideal, pois, para dar um exemplo, em 1966, quando estive também aqui, promovi onze jogadores da equipe juvenil (hoje, chamados juniores) e obtivemos a quarta colocação no campeonato gaúcho e o vice-campeonato no interior.
Nos períodos em que trabalhei no Aimoré, tive a felicidade de formar muitos craques. Relembro, alguns: Mengálvio, que foi para o Santos, em 60, jogar ao lado de Pelé, e depois jogou na Seleção; Abílio, foi para o Palmeiras, o Suli para o Grêmio e depois para o São Paulo. Marino e Fernando, para o Grêmio . Gilberto Andrade, Soligo, Kim e Alfeu, que jogaram no Inter, entre tantos outros nomes que, mais tarde, tiveram projeção estadual.
A maior alegria que vivi no Aimoré aconteceu em meados de 1962, quando fui dispensado do Internacional e vim treinar o Aimoré. O Aimoré era o lanterna do primeiro turno, A equipe saiu campeã do returno, mas, lástima, nada valeu para classificar pois o campeonato era por pontos corridos. Mas, no último jogo, justamente contra o Inter, ainda no antigo estádio dos Eucaliptos, a equipe colorada precisava apenas um empate para ser campeã. O Aimoré deu um banho de bola, chegou a estar vencendo por 3×0 e nossos jogadores chegaram ao ponto de ir tabelando área a dentro do Inter, voltando para nossa defesa, para não fazerem mais gols. No final, ganhamos por 3×1 e o Inter perdeu o campeonato. Foi minha redenção, pois estava muito magoado com minha dispensa que achei precipitada, que poderia ter encerrado minha carreira antecipadamente. Mas, essa vitória, confesso, foi preparada desde o dia em que voltei ao Aimoré. E foi conquistada lá dentro da casa do Inter, diante da torcida deles.
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FONTES: Marlon Krüger Compassi – Site Oficial do Clube