Minas Geraes Football Club – São Paulo – SP

 

O Minas Geraes Football Club foi fundado na data de 3 de maio de 1910.

Tinha sua sede localizada no bairro do Brás, na cidade de São Paulo-SP.

Seu nome homenageava o encouraçado Minas Gerais, um dos navios que fazia parte da esquadra da Marinha do Brasil.

Coincidentemente, alguns meses depois da fundação do clube, esse navio fez parte da famosa Revolta da Chibata, rebelião acontecida na cidade do Rio de Janeiro, na data de 22 de novembro de 1910, durante o governo do Marechal Hermes da Fonseca (nesta data completa 105 anos desses acontecimentos).

O Minas Geraes disputou o Campeonato Paulista de Futebol por doze vezes, a primeira delas em 1917 (2ª Divisão).

Em 1924, mudou seu nome para Braz Athletic Club e em 1925 para Auto Sport Club.

O Auto Sport Club sagrou-se vice-campeão paulista de 1926, ano em que o Palestra Italia foi campeão.

Essa foi a melhor colocação em campeonatos paulistas conseguida por essa agremiação.

No ano de 1927, o Auto Sport Club uniu-se ao Club Athletic Audax, tornando-se o Sport Club Americano, mais conhecido como Auto-Audax.

 

A Revolta da Chibata

No início do século 20, a maior parte dos trabalhadores da Marinha brasileira era composta por mulatos e negros, escravos libertos ou filhos de ex-escravos. As condições de trabalho eram precárias: os marinheiros tinham remuneração baixa, recebiam péssima alimentação durante as longas viagens nos navios e, o mais grave,  eram submetidos a punições corporais, caso desobedecessem alguma regra.

Mais de duas décadas após a abolição da escravidão, a prática de castigos físicos ainda era comum na Marinha brasileira. Punições típicas do período colonial haviam sido revogadas com a Proclamação da República, em 1889, e reintroduzidas pelo Decreto 328, de abril de 1890. O rebaixamento de salário, o cativeiro em prisão solitária por um período de três a seis dias, a pão e água, para faltas leves ou reincidentes, e as 25 chibatadas para faltas graves eram penas regulamentadas em plena República.

Esse contexto revoltava centenas de marujos que, durante os anos de 1908 e 1909, passaram a se organizar, buscando, sem sucesso, negociar melhorias trabalhistas com o governo. No dia 21 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes, acusado de embarcar com uma garrafa de cachaça, foi violentamente punido não com 25, mas com 250 chibatadas, na presença de todos os tripulantes.

João Cândido

O castigo exagerado do marujo levou ao início da revolta, no dia 22 de novembro, com a participação de cerca de 2.300 marinheiros que, liderados por João Cândido Felisberto, tomaram o controle dos encouraçados Minas Geraes, São Paulo e do cruzador-ligeiro Bahia (recém-construídos na Inglaterra) e do antigo encouraçado Deodoro.

Uma carta reivindicando melhores condições de trabalho e modificações na legislação penal e disciplinar, com destaque para a extinção das chibatadas, foi enviada ao governo. Com os canhões das embarcações apontados para a cidade do Rio de Janeiro, os marinheiros ameaçavam bombardear a capital do país, caso suas exigências não fossem atendidas.

O governo cedeu às pressões dos marujos e em 27 de novembro de 1910 a chibata foi abolida da Marinha de Guerra brasileira. Oficialmente, a anistia estava garantida aos revoltosos liderados por João Cândido que, a partir desse momento, passou a ser tratado pela imprensa como o “Almirante Negro”.

Quatro dias após o conflito, o então Presidente Hermes da Fonseca decretou  o fim de toda prática violenta e o perdão aos marinheiros. Porém, após a entrega das armas e embarcações, Hermes da Fonseca decidiu que alguns revoltosos fossem expulsos da Marinha. Isso provocou grande insatisfação entre os marinheiros que decidiram fazer outro motim, desta vez na Ilha das cobras.

Mas nem tudo correu tão bem quanto eles imaginavam, já que o governo de Hermes, mesmo descumprindo suas próprias ordens, não perdoou os revoltosos e ordenou a prisão de alguns deles.

O governo agiu fortemente reprimindo os marinheiros. Muitos deles foram presos nas próprias celas subterrâneas da Fortaleza da Ilha das Cobras, o que levou muitos prisioneiros a morte. Outros foram enviados para a Amazônia, onde passaram a prestar trabalho forçado, quase como escravos, na produção de borracha, nos seringais.

João Cândido, o líder da revolução, foi expulso da marinha e internado em um Hospital de alienados, sendo declarado como louco. Um local pior do que qualquer prisão. Em 1912 ele e outros marinheiros foram absolvidos das acusações que haviam sido impostas. E em 1969 João Cândido, vítima de câncer,  morreu pobre e esquecido.

 

Fontes:

Revista “A Cigarra”

Wikipedia

Revista Escola Abril

Estudo Prático

Meu acervo

Escudo e uniforme: Sérgio Mello

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