Central e Royal. Uma rivalidade tão forte na década de 60 que ganhou as páginas da Placar

O novo milênio definitivamente está sendo de vacas magras para os clubes de Barra do Piraí. Mas em outros tempos os times profissionais de Royal e Central davam à cidade papel de protagonismo no estado do Rio de Janeiro. Entre os times do interior eram os mais respeitados, e nos confrontos com os times da capital, que na época constituía o Estado da Guanabara, Royal e Central sempre davam trabalho.
“Torcedora do Royal não namora torcedor do Central. Os bares têm mesas separadas para os torcedores dos dois grupos”. Essa rivalidade entre centralinos e royalinos, contada com certo exagero pelo repórter Teixeira Heizer, era o combustível que mantinha o motor do futebol profissional funcionando. No começo da década de 70, a força do futebol barrense chamou a atenção da grande imprensa e a Revista Placar foi até Barra do Piraí para conversar com os torcedores e contar a história da rivalidade para todo o Brasil. Veja a transcrição completa da matéria, publicada na edição de 4 de setembro de 1970:

Barra do Piraí a cidade dividida 

Reportagem de Teixeira Heizer e fotos de Fernando Pimentel, enviados especiais. 

Torcedora do Royal não namora torcedor do Central. Pai que é fã do Central nem em sonho admite ter como genro um torcedor do Royal. Os bares têm mesas separadas para os torcedores dos dois grupos.
Isso tudo acontece em Barra do Piraí, cidade do Estado do Rio, cujos 60.000 habitantes se dividem entre seus dois times de maior fama.

O clímax da inimizade foi atingido há dezesseis anos, quando o Central sentou em campo. Houve quebra-quebra na cidade, os dois lados distribuíram folhetos insultuosos e, afinal, os dois clubes romperam relações, que até hoje não reataram: eles só jogam partidas oficiais. Assim mesmo para não perder os pontos. A explicação do torcedor, de apelido Placar, um homem fanático pelo Royal, define perfeitamente as relações entre os dois clube, que se equivalem em patrimônio e tradições. O Central é mais popular, foi fundado por ferroviários. O Royal orgulha-se de seu berço de ouro, da elite que o fundou.

O Central é presidido por Majeleeh Cukier e seu treinador é o ex-atacante Denis, do Flamengo, que também joga quando é necessário. A estrutura financeira do clube repousa nos 1.500 sócios – Contribuintes, patrimoniais e proprietários -, na sua boa sede e no estádio para 5.000 torcedores. Mas a manutenção do time também se deve ao auxílio dos torcedores, sempre dispostos a dar algum dinheiro para o clube.

Na história dos jogos entre os dois, o Central tem nítida vantagem: 27 vitórias contra catorze derrotas – e mais cinco empates, tem um saldo a seu favor de 22 gols. Sustentado por quatrocentos sócios proprietários e seiscentos contribuintes, o Royal também tem que se valer do auxílio de seus torcedores para a manutenção do time de futebol. Seus dirigentes não discutem a vantagem do Central, certos de que ela se restringe ás disputas entre os dois. Para Rubens Rabello dos Santos, presidente do Royal, o que importa são os resultados obtidos fora da cidade: o Campeonato do Vale do Paraíba, em 1963, 66 e 69. Os dois vice-campeonatos conquistados em 67 e este ano(1970), no Campeonato Estadual. O título de campeão do Torneio Minas-Estado do Rio.

No começo de 1967, o Royal completou 48 jogos invictos, jogando, inclusive, contra clubes cariocas. Chegou a empatar de 2 a 2 com a Seleção Brasileira, em jogo-treino realizado em Teresópolis. No último Torneio Otávio Pinto Guimarães, disputado o ano passado, com os cincos pequenos do Rio e mais alguns clubes do Estado do Rio, o Royal foi campeão da fase de classificação e o vice-campeão do turno final. Apesar de todas as dificuldades, inclusive a de dividir para sobreviver, como é a tônica do futebol de Barra do Piraí, Royal e Central podem orgulhar-se de ser, atualmente, os clubes profissionais mais respeitados do Estado do Rio. E até em jogos com os grandes times do futebol carioca, sem exceção, eles têm levado certa vantagem. A maior prova foi dada pelo Royal, no ano passado.

Fonte: http://www.futebolbarrense.com.br/ 

 

 

3 pensou em “Central e Royal. Uma rivalidade tão forte na década de 60 que ganhou as páginas da Placar

  1. OSCAR MARCHI NORA

    Conheço de perto a rivalidade e já paguei por ela. Sou de Barra do Piraí, jornalista e radialista. Se v. quiser conto a história. Parabéns pelo trabalho. Foi bom ler o texto do Teixeira Heizer, um craque do jornalismo esportivo.
    Abraços
    Oscar Marchi Nora

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