Flamengo em Natal, pela primeira vez, à 68 anos!

 Manchete: “A visita do Clube de Regatas do Flamengo a nossa terra honra os esportes do Rio Grande do Norte”, este o título do jornal católico “A Ordem” edição de 15 de julho de 1947, dia do esperado jogo contra um combinado natalense formado à base do América. Abaixo, o subtítulo: “o público aguarda, pressurôso, a marcante exibição da turma do tri-campeão carioca de futebol”.

Era a primeira vez que o torcedor norte-rio-grandense ia ver o Flamengo. Em 47 o Flamengo chegava a Natal já tri em 43/44/45, além do detalhe da presença do mossoroense Dequinha nesse segundo tri rubro-negro, estimulando mais ainda a festa daquele tri.

Para enfrentar o Flamengo o promotor da temporada achou melhor convidar o América por ser a partida no dia seguinte aos 32 anos do clube rubro (fundado a 14/07/1915) sugerindo que convidasse dois ou três jogadores do Santa Cruz e Alecrim, já que o ABC negou-se ceder qualquer jogador do alvinegro. O treinador americano era o uruguaio Emiliano Acosta, que indicou o empréstimo do goleiro alecrinense Caçula, dos zagueiros Zeno e Piancó. Realizado um único coletivo para enfrentar os craques cariocas, Acosta escalou a equipe, reconhecendo que a falta de grandes jogadores seria fatal no confronto contra astros famosos do futebol brasileiro.   O grande dia – Finalmente, sorriso aberto, o torcedor flamenguista foi ver seu clube jogar, o que acontecia pela primeira vez, pois não havia ainda televisão no Brasil e o que conheciam do rubro-negro era através publicações do tipo “Revista do Esporte”, “Globo Sportivo” e jornais do Rio. Na véspera os jornais forneceram a escalação do Flemengo, confirmando a presença dos principais astros, como o meio de campo Biguá, Bria e Jaime e os atacantes Zizinho, Pirilo e Jair, todos jogadores de seleção.

Do outro lado, a provável “vítima” – o América sem qualquer grande craque. A ficha técnica da partida: Juiz, Francisco Lamas, da FND, bandeiras João Aciolly e Eugênio Silva, sendo cobrados os seguintes preços dos ingressos: cadeiras numeradas Cr100,00, arquibancada Cr$40,00, “sombra” Cr$ 20,00 e geral Cr$ 10,00, com a arrecadação final de Cr$ 48.650,00, com 5.732 pagantes.

Os times:

Flamengo – Luiz Borracha, Newton Canegal, Norival, Bria e Jaime, Biguá e Perácio (Jair Rosa Pinto), Adilson, Zizinho, Pirilo e Vevé (Tião). Técnico, Flávio Costa.

América – Caçula, Zeno, Artêmio, Piancó e Zeaugusto, Renato Magalhães e Ademar, Salles, Tatu, Raulino e Vavá. Técnico, Acosta.

Na véspera, os jornais forneceram uma pequena biografia dos jogadores rubro-negros. Luiz Borracha (mineiro, 25 anos), Newton (carioca, 30 anos), Norival (carioca, 30), Bria (paraguaio, 25), Jaime (carioca, 27), Biguá (paranaense, 25), Perácio ( 24, carioca), Zizinho (carioca, 26), Vevé (paraense, 29), Silvio Pirillo (gaúcho, 30 anos).

No final dos 90 minutos, Flamengo 6×1, com três gols de Pirilo, Zizinho, Perácio e Tião, descontando Renato para o América. O detalhe curioso nesse jogo é que o goleiro Caçula, militar da Marinha que jogava no Alecrim FC, em duas ocasiões rebateu, de cabeça, chutes de Perácio, dono de um verdadeiro canhão na perna esquerda. Ainda como curiosidade, é que não havia em Natal loja de artigo esportivo vendendo camisetas dos clubes do Rio e São Paulo e, por isso, de uniforme rubro-negro no estádio “Juvenal Lamartine” só mesmo os jogadores do Flamengo.

fonte: TN ( Everaldo Lopes , 2000)

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