A impessoabilidade com que tratava seus marcadores reforçou o folclore em torno da figura de Mané Garrincha,transformou-se em traço marcante da personalidade do genial ponta alvinegro e virou verbete.
Fosse lateral do São Cristóvão ou da seleção sueca,aqueles que cruzaram seu caminho,invariavelmente,viram-no passar.No anedotário do craque eram todos “joão”.
O argentino Frederico Vairo foi um destes desafortunados ,mas seu calvário ficou como legado.Foi num amistoso Botafogo e River Plate,que voltam a se enfrentar pela Copa Sul-Americana,depois de 40 anos,que pela primeira vez uma multidão gritou “OLÉ’ nun estádio de futebol.De tanto ver Mané Garrincha zombar Vairo.
Expoentes máximos das duas principais escolas sul-americanas na época,Botafogo e River Plate eram as atrações principais do Pentagonal disputado na Cidade do Mexico,em 1958,do qual participavam também Guadalajara,Toluca e Zacatepec todos do Mexico.
No dia 20 de fevereiro,80 mil pessoas lotaram o estádio da Cidade Universitária para assistir ao confronto entre os dois grandes clubes.Além de Garrincha o esquadrão alvinero tinha Servílio,Pampolini,Paulinho Valentim,Quarentinha,Nilton Santos e Didi.O River era a base da seleção argentina que conquistou o Sul-Americano do Peru,em 57,e que fracassaria no ano seguinte,na Copa da Suecia.Vairo era titular de ambas.
Publico e imprensa elegeram Nilton Santos o nome do jogo.Com um chute de longa distância,ele abriu o placar aos 17 minutos do segundo tempo.Sandoli pouco depois e decretou o empate em 1×1.
O “Olé”,tradicionalmente entoado nas touradas e reproduzido nas arquibancadas do estadio Cidade Universitaria a cada vez que Garrincha ignorava a presença de Vairo a sua frente,começava a dar forma ao mito e a idolatria generalizada pelos craques brasileiros.
Reza a lenda que ante de ser substituído,Vairo foi aconselhado por Nestor Rossi,maestro da seleção argentina e do River Plate,a passar as mãos nos pés de Nilton Santos,onde “”estava o futebol de todos os beques do mundo”,para minimizar o vexame que Garrincha lhe impôs.
Ao deixar o campo,Vairo se dirigiu,impassivel,ao tecnico Minela”Não há nada fazer,é impossível marca-lo”.
Fonte:Jornal A Tribuna
Edu, a informação que tenho sobre o jogo do olé diz que Garrincha foi eleito o homem do jogo. Normalmente, a eleição do melhor do torneio todos os anos era feita no dia seguinte, mas naquele ano, após o olé sensacional, Garrincha foi carregado em ombros pelos mexicanos e eleito, ali mesmo, o homem do jogo, atribuindo-se-lhe o tradicional troféu ‘Jarrito de Oro’.
Fonte: Saldanha, João (1994), História do Futebol, Riode Janeiro: Editora Revan, p. 139