Pernambuco, terra de estádios lotados

Fiz uma pesquisa com base em dados da CBF para descobrir qual estado do Brasil tem a melhor média de público nas três divisões do Campeonato Brasileiro. Os nordestinos, para variar, são o destaque.

Até agora, ninguém supera os pernambucanos em termos de média de público. Nada mais normal para um estado que tem os líderes de público nas séries A (Sport) e B (Santa Cruz). Em segundo lugar, vem a Bahia, que tem o Bahia, clube da Série C com maior média de torcedores presentes no estádio mesmo se somarmos as três divisões.

Dos “quatro grandes”, quem se destaca é o Rio de Janeiro, em terceiro lugar na lista. Isso graças ao quarteto Vasco-Botafogo-Flamengo-Fluminense, porque o resto é vergonhoso.

O mesmo vale para São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que têm boas médias entre os clubes grandes e ridículas entre os pequenos. Claro, o fato de os pequenos estarem geralmente em divisões inferiores explica um pouco, mas não justifica. Se os torcedores de Recife (três times e 1,5 milhão de habitantes) têm alto índice de presença no estádio, os de Campinas (dois times e 1,2 milhão de habitantes) também poderiam ter.

São Paulo, aliás, é uma falácia. A Federação Paulista sempre se gabou da “força do interior” e coisas do tipo, mas os números não mentem: o povo só quer saber mesmo de Parmera, Curintia e Sum Paulo. Os estádios das grandes e ricas cidades do interior paulista ficam às moscas quando esses times não jogam por lá. É de se destacar, ainda, a inexistência da torcida do Santos, que tem média (6.756, a segunda pior da Série A) inferior à do Barueri (9.962), que está na Série B e é uma grata surpresa entre os pequenos do estado mais populoso do país.

Vamos à classificação, com comentários.

1) Pernambuco – 15.894 torcedores/jogo.
A grande média pernambucana deve-se ao trio de Recife (Sport, Náutico e Santa Cruz). Nenhum dos três clubes do interior que estão na Série C consegue alcançar mil torcedores por jogo. Destaque positivo para o Santa Cruz, que, mesmo com o time brigando para não cair para a Série C, mantém a segunda melhor média do país, com 26.407 torcedores por partida.

2) Bahia – 14.372
O estado não tem nenhum time na Série A. Mesmo assim, Vitória (B), Bahia (C), Atlético (C) e Poções (C) têm todos médias de público entre 6 mil e 29 mil torcedores por jogo. O Bahia é insuperável, com 29.363.

3) Rio de Janeiro – 12.673
O público carioca está voltando aos estádios, acredito que graças às boas campanhas de Vasco e Botafogo, ao título do Fluminense na Copa do Brasil e à paixão da torcida do Flamengo – só com muita paixão para lotar um estádio com um time ruim daqueles. Os pequenos, porém, são lamentáveis. Destaque negativo para o tradicional América, com seus 664 torcedores por partida.

4) Ceará – 9.627
A paixão dos cearenses pelo futebol já foi tratada aqui no OCD, quando citei uma pesquisa do leitor e também blogueiro Sidis. Vale lembrar que, como a Bahia, o Ceará não tem nenhum time na Série A. Pena que, tirando a dupla da capital (Ceará e Fortaleza), ninguém mais arraste multidões aos estádios. A média do vice-campeão estadual Icasa, por exemplo, é de 1.306 torcedores por jogo, em uma cidade (Juazeiro do Norte) com 240 mil habitantes.

5) Minas Gerais – 8.852
Cruzeiro e Atlético Mineiro vão bem, mas o resto… nem os tradicionais Tupi (886) e Villa nova (828) empolgam suas cidades. Destaque para o Cruzeiro, com 21.261 torcedores por jogo, quase 8 mil a mais que o maior rival.

6) Rio Grande do Sul – 8.782
A dupla de grandes (Grêmio e Internacional) tem boa média, mas o estado paga o preço de ter o time de pior média de público do país (Ulbra, 59) e o da Série A (Juventude, 4.814). O tradicional Caxias (951) também decepcionou.

7) Rio Grande do Norte – 7.905
A presença do América na Série A faz aumentar a média potiguar. Apesar de lanterna disparado, o Mecão tem uma média de público (10.955) que é quase o dobro da do rival ABC (5.978), que é atual campeão estadual e está na Série C.

8) Paraná – 6.436
Quem se destaca é o Coritiba, que, mesmo na Série B, tem a melhor média entre os clubes do estado (9.631). No interior, dá para ver pelos números que eles gostam mesmo é de times gaúchos e paulistas. Menção honrosa à Roma, de Apucarana, com seus “extraordinários” 1.442 pagantes por jogo. Pouco, mas bem melhor que o atual campeão Paranavaí (512).

9) Goiás – 5.954
O carro-chefe é o Goiás (12.814), que está na Série A. Dizem que o último jogo do Vila Nova na Série C deu mais de 20 mil pessoas no Serra Dourada, mas ele ainda não entrou nas contas da CBF – o Tigre tem média de 4.565. O atual campeão estadual Atlético Goianiense é o pior dos cinco times do estado nas três divisões do Campeonato Brasileiro (Crac e Itumbiara são os outros dois), com 1.976 torcedores por jogo.

10) São Paulo – 5.872
Foi por pouco, mas o estado mais rico e mais populoso do país entrou entre os dez maiores. Como disse antes, os times grandes da capital, mesmo com todos os problemas de violência, têm boas médias. No interior é que o negócio vai mal. Destaque mesmo é o Barueri, mas como já falei dele, ressalto também a média do Guarani (3.427) na Série C, que, se não é nada de outro mundo, pelo menos é maior que a da rival Ponte Preta (2.706) na Série B.

11) Santa Catarina – 5.573
Ah, o estadinho mais belo dessa federação… se não fosse a média vergonhosa do Avaí (2.280), poderíamos ter ficado à frente de São Paulo. O Joinville, na Série C, teve a maior média: 8.744, um pouco melhor que o Figueirense (8.477), da Série A.

12) Alagoas – 4.699
O CRB (7.206) tem a melhor média.

13) Pará – 3.696
É fácil dizer-se apaixonado pelo clube quando ele está na Série A. Com o Remo caindo pelas tabelas na Série B e o Paysandu escondido na Série C, os paraenses sumiram dos estádios. A tradicional Tuna Luso, na C, tem média de 615 torcedores por jogo, a pior entre os times do estado.

14) Sergipe – 2.872
Entre os estados que só possuem times na Série C, Sergipe é o de maior média de público. Isso graças ao Confiança (3.948). O outro, o América (719), colabora pouco.

15) Acre – 2.841
Uma média um pouco falsa, já que é a média de um clube só – apenas o Rio Branco representa o estado na Série C.

16) Maranhão – 2.398
O tradicional Sampaio Correa (2.888) e o Imperatriz (1.810) são os representantes maranhenses na Série C.

17) Distrito Federal – 1.844
Com 45% dos jogos, o Brasiliense (3.197) é responsável por 80% do público do Distrito Federal no Campeonato Brasileiro.

18) Piauí – 1.685
Só dois times: River (2.125) e Barras (1.510).

19) Amazonas – 1.352
Os três times que representam o estado na Série C são tradicionais – Fast (853), Nacional (1.841) e São Raimundo (1.370) -, mas nem isso parece empolgar o torcedor local.

20) Tocantins – 1.207
Apenas um time, o Araguaína.

21) Espírito Santo – 894
O Jaguaré (1.344) é razoável. O Linhares (668) é um fracasso.

22) Paraíba – 874
Sem os tradicionais Treze, Botafogo e Campinense, coube a Nacional (1.045) e Atlético (731) representarem o estado.

23) Mato Grosso – 741
Cacerense (971) e Jaciara (510). Realmente, não empolga.

24) Mato Grosso do Sul – 661
Cene (411) e Águia Negra (810).

25) Roraima – 263
Só um time, o São Raimundo.

26) Amapá – 227
O Amapá é o representante solitário.

27) Rondônia – 225
Parabéns, Jaruense, único clube rondoniense na Série C. Tua torcida colocou o estado em último lugar no ranking.

Sou Felipe Silva , um apaixonado pelo futebol desde os oito anos, acompanho jogos de tudo que é canto e em 90% das vezes que ligo a TV ou rádio é pra ver futebol. Minha formação é em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Informações contidas no “ondeacorujadorme.blogspot.com” de 03.09.2007.

4 pensou em “Pernambuco, terra de estádios lotados

  1. Gilberto Maluf

    Rodolfo, esses nomes realmente fazem parte de um linguajar vulgar . Tenho por norma utilizar nos artigos uma forma de comunicação adequada. Faltou maior atenção, é verdade. E como corintiano jamais utilizaria este nome jocoso.

  2. Gilberto Maluf

    Exatamente, 2007. A média do Rio de Janeiro em 2008 aumentou muito, aliás, começou com a arrancada do Flamengo no segundo semestre de 2007.

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