Dino Sani gastava o lado externo da chuteira

Meus amigos, vi Dino Sani jogar no Corinthians no Parque São Jorge, Pacaembu e Morumbi. Vi formar dupla de meio de campo, ao longo de três anos, com Luisinho, Rivelino e Nair. Tinha uma categoria acima da média. Quando ele tocava uma bola jamais batia de ” chapa ” , usava o peito do pé. Para quem batia de chapa como eu, comecei tentar imitar o Dino Sani. No começo espirrava bola pra tudo quanto é lado. Mas depois acaba pegando um pouco o jeito e começa a ficar estranho bater de chapa. Mas é muito mais difícil.
Outra coisa que enchia os olhos da gente era quando ele “matava” a bola no peito. A bola morria ali mesmo e quando descia aos pés com certeza seus passes tinham endereço certo. Mas o que dizer de quem recebi a bola? As vezes, quase sempre, quem recebia não tratava a pelota com o mesmo carinho.
A seguir um pequeno relato de sua carreira (GE Net) com algumas relíquias de fotos que ele gentilmente cedeu ao site do Milton Neves.
Gilberto Maluf

Clubes onde Dino jogou
1950-1951: Palmeiras-SP
1951: XV de Jaú-SP
1952-1953: Commercial-SP
1954-1959: São Paulo FC-SP
1959-1961: Boca Juniors – Argentina
1961-1964: Milano AC – Itália
1965-1968: Corinthians-SP

Títulos por equipe Campeonato Paulista: 1957
Copa do Mundo: 1958
Campeonato Italiano: 1963
Liga dos Campeões da Europa: 1963
Torneio Rio – São Paulo: 1966

Exceção feita ao Palmeiras, clube no qual começou a carreira, em 1950, Dino foi um dos jogadores de destaque em todas as equipes por que passou. No time do Parque Antártica, ainda muito jovem, não teve espaço em um elenco recheado de craques, como Humberto Tozzi. “Além dele, havia Valdemar Fiume, Aquiles, Lula, Rodrigues e Jair da Rosa Pinto”, lembra.

Com tantos bons jogadores, o Alviverde decidiu emprestar o atleta de 18 anos ao XV de Jaú.
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Confira Dino em sua época de XV de Jaú. Em pé: Lourenço, Clóvis, Servílio, Grita, Rui e Gengo. Agachados: ponta não identificado, Duílio, Américo Murolo, Dino Sani e Itamar.

Ele voltou no ano seguinte e foi vendido para o saudoso Comercial da Capital, onde passou duas temporadas. Sua classe e toque de bola não passaram despercebidos e, em fevereiro de 1954, era contratado pelo São Paulo.
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Esta foto – do então badalado profissional Viotti – também é sensacional e raríssima: Dino Sani no ataque do saudoso Comercial da capital! O primeiro em pé é Alan, que iria para o Corinthians, e Gino Orlando faz dupla de área com o então topetudo Dino Sani.

A missão no Tricolor era difícil: substituir José Carlos Bauer. Dino Sani, no entanto, a cumpriu com tranqüilidade. Ainda hoje, os torcedores mais velhos lembram do médio-volante como um dos melhores meio-campistas a vestir a camisa do clube do Morumbi. “Em 1957, ganhamos o Campeonato Paulista com um time fantástico”, recorda.
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Dino faz gol em Castilho no Maracanã. O lateral Cacá só olha e lamenta.

Desde a Copa da Suécia, Dino Sani e Milan curtiam um namoro que acabou virando casamento em 1961, quando ele se transferiu para a Europa. Lá, caiu no gosto da metade rubro-negra de Milão e conquistou o Campeonato Italiano de 1962 e o Europeu de 1962/63.

O sucesso do brasileiro foi tanto que, segundo ele, chegou a ser convidado para a disputar a Copa de 1962, no Chile, pela Itália. “Não aceitei. Sempre joguei sério e não conseguiria enfrentar o Brasil. Continuei pela Europa e tenho certeza que sempre consegui elevar o nome do futebol brasileiro em todas as partidas que fiz”, diz, em tom de dever cumprido.

De volta ao Brasil, Dino não hesitou em aceitar o convite para defender o único integrante do Trio de Ferro pelo qual ainda não havia jogado: o Corinthians. Chegou ao clube em um momento difícil, de jejum de títulos. Não conseguiu quebrar a seqüência sem conquistas, mas fez um bom trabalho, que o credenciou a assumir o comando da equipe, em 1969.
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Dino Sani, Olten Ayres de Abreu e Ditão, no Pacaembu, em 1965: quem ganhou o “toss”? E o jogo?
Este jogo foi 1 x 1, realizado em 04/04/65, com gols de Dino para o Corinthians e Ivair para a Portuguesa ( Gilberto Maluf )

Estava iniciada sua carreira de técnico. Na nova função, ele levou o Alvinegro do Parque São Jorge a pequenos títulos, como o da Copa Costa do Sol, disputada em Málaga, em 1969, e do Torneio de Nova York, no mesmo ano, mas não conseguiu tirar o time da fila.
Apesar disso, o trabalho no Corinthians rendeu a Dino Sani um convite para dirigir a seleção brasileira, pouco antes da Copa de 1970. “O João Saldanha era uma pessoa espetacular e muito meu amigo. Por isso, quando ele foi afastado da seleção, achei uma injustiça e não poderia aceitar trabalhar no lugar de um amigo”, explica.
O sucesso como treinador viria no Internacional-RS. Ele chegou ao time em 1971 e o levou à conquista de três Campeonatos Gaúchos seguidos. Como o Colorado já havia levado o título em 1969 e 1970, colaborou para o histórico pentacampeonato. “Foi a melhor experiência pela qual passei como técnico”.
Dino Sani dirigiu ainda clubes como Goiás, Palmeiras, Coritiba, Flamengo e Ponte Preta. Também teve aventuras no exterior com Boca Juniors, da Argentina, Peñarol, do Uruguai, Humiuri, do Japão, e seleção do Catar. Com o Peñarol, conquistou um dos títulos mais importantes da carreira, o uruguaio de 1978.

Tal qual Beckenbauer, Fernando Redondo , Didi, entre outros, tocava de três dedos, de trivela, de “fianco”. O bico de sua chuteira nunca se gastava. ( Gilberto Maluf )

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