Árbitros de Futebol: Olten Ayres de Abreu

OLTEN AYRES DE ABREU
[img:Olten_Aires.jpg,resized,vazio] Olten está rodeado dos árbitros Anacleto Pietrobon e Airton Vieira de Moraes.

Olten Ayres de Abreu foi atleta, árbitro, treinador e dirigente de futebol, é advogado, professor de educação física, jornalista, músico e poeta. Ele viveu seus grandes momentos como árbitro de futebol, tendo apitado partidas memoráveis, como o jogo inaugural do Morumbi entre São Paulo e Sporting Lisboa.
Esta partida aconteceu no dia 2 de outubro de 1960. O São Paulo venceu o Sporting Lisboa, por 1×0. O árbitro da partida inaugural foi Olten Aires de Abreu. O primeiro gol do Morumbi foi marcado por Peixinho , aos 12 minutos de jogo, diante de 56.448 pessoas que lotavam o estádio ainda inacabado, pois o objetivo era abrigar 120 mil pessoas, com renda de Cr$7.868.400,00, recorde em amistosos na época.
O São Paulo jogou com: Poy; Ademar, Gildésio e Riberto; Fernando Sátiro e Vítor; Peixinho, Jonas (Paulo), Gino Orlando, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro; técnico Flávio Costa. O Sporting Lisboa formou com: Aníbal; Lino e Hilário; Mendes, Morato e Júlio; Hugo, Faustino, Figueiredo (Fernando), Diego (Geo) e Seminário; Téc. Alfredo Gonzalez.
Olten apitou também o jogo Santos e Fluminense, no Maracanã, partida que foi marcada pelo gol de placa feito por Pelé. Depois do gol o jogo ficou paralisado durante 6 minutos, porque o público de pé aplaudiu o rei do futebol e Olten Aires de Abreu não teve outra alternativa a não ser também bater palmas.

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Olten expulsando de campo Zito contra o São Paulo em 1961.

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Olten conversando com o ponta direita Bataglia do Corinthians.

Ele apitou a Copa do Mundo de Chile em 1962 e também apitou o jogo do século em Nova Iorque, entre Santos e Internazionale de Milão, em 1968.

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Oração do Árbitro

ALGUMAS HISTÓRIAS DO INTERIOR DE SÃO PAULO
Quando estouraram tantos escândalos no futebol braisleiro – envolvendo um empresário piracicabano – há quem me pergunte se era verdade que Rípoli subornava juizes, jogadores. E vou lá, eu, saber? Mas me lembro-me do que aconteceu num domingo. O presidente da Federação Paulista de Futebol – o todo-poderoso e gentleman José Ermírio de Moraes, irmão de Antônio Ermírio – aceitou o convite de Rípoli e veio assistir a um jogo decisivo do XV, que perigava retornar à segunda divisão. Rípoli quase exigiu que um juiz, o Olten Aires de Abreu – que presidia o departamento de árbitros – também viesse, convidado especial. E os dois iriam almoçar na mansão da Cidade Jardim, até hoje penso no nervosismo de Belinha Rípoli, grande dama.
Bobo que sou, eu não aprendera: quando Rípoli me intimava a participar de reunião, viagem, festa, qualquer convite era de se esperar encrenca. Aconteceu. Há pouco tempo, o amigo Antônio Ulisses Micchi – radialista de voz inigualável, à época – lembrou do fato que, parecendo folclórico, foi absolutamente real. Ao almoço, lá estávamos “en petit comité”: José Ermírio, Olten, Rípoli, Luiz Cunha e, feito bobo, eu. Radialistas, repórteres entravam e saíam.
Ao final do almoço, Rípoli anunciou: “Agora, um vinho especial para o Olten, um vinho que eu trouxe da Itália.” José Ermírio sorriu, feliz diante de tanto cavalheirismo. Olten, o chefe dos juizes, sentiu-se glorioso. Mas Rípoli impôs uma condição: “O Olten tem que ir buscá-lo. Está na geladeira.”
Não me lembro se o Olten retornou à mesa com o vinho, sem o vinho, se alguém o experimentou. Sei que, no dia seguinte, os jornais explodiam em manchetes indignadas: “Olten denuncia: Rípoli tentou suborná-lo.” Em vez de vinho, Olten dizia que Rípoli lhe oferecera dinheiro: “Ele deixou embrulhado num pacote, dentro da geladeira”. Deu processo, confusão, Rípoli não se abalou. E juro pelos céus que eu nunca soube a verdade.
Sei, apenas, que – depondo sobre o assunto – Rípoli inverteu a situação: “Eu é que denuncio o Olten: é um larápio. Ele roubou o meu dinheiro. Pois a geladeira é minha, o dinheiro é meu. Se é meu, ponho o dinheiro onde eu quiser.” E tudo morreu ali.

Fontes:
A Província online, autoria: Cecílio Elias Netto
Milton Neves

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