Santos: 45 anos do primeiro abraço à América
Há 45 anos o Santos dava o primeiro passo para tornar-se sinônimo de futebol brasileiro no exterior. No dia 30 de agosto de 1962, Pelé e seus companheiros foram à Argentina para levantar a primeira das duas Taças Libertadores da América do Alvinegro praiano. A irrepreensível vitória por 3 a 0 sobre os uruguaios do Peñarol iniciou o maior período de glórias conquistadas por um time de futebol.
A finalíssima foi cercada de muita polêmica. Alguns dias antes, as duas equipes protagonizaram uma batalha campal na segunda partida. O valente Peñarol não se inibiu com a Vila Belmiro e ganhou na bola (3 a 2) e na mão. Como o Santos havia vencido o primeiro jogo, em Montevidéu, a Confederação Sul-americana marcou a decisão para um país supostamente neutro: a Argentina.
No entanto, neutralidade foi tudo o que não se viu no campo do River Plate. Os craques santistas tiveram de superar as vaias dos argentinos, solidários aos “hermanos” de língua espanhola, e o péssimo estado do gramado – só havia grama nas proximidades das duas áreas. Cenário perfeito para um filme que o Brasil já se acostumara a assistir: a habilidade contra a catimba.
Mas quem vestia os uniformes brancos era uma elenco de artistas disposto a mudar o enredo. Caçados em campo, os santistas revidavam com fantasia. Como um rolo compressor, o time abriu placar aos onze minutos de jogo, quando Coutinho desceu pela direita e chutou em direção ao gol; o lateral-esquerdo Caetano tentou cortar e acabou colocando a bola dentro das redes.
O segundo tempo serviu para ratificar a supremacia brasileira. Logo aos quatro minutos, Pelé fez o que mais gostava: tabela com Coutinho, drible de corpo no zagueiro e bola no canto do goleiro. A um minuto do fim, Maidana não segurou escanteio de Pepe e soltou a bola nos pés do Rei, que só empurrou para as redes.
Mas o 10 não teve tempo para comemorar. Mal havia chutado a bola, foi abraçado pelos argentinos que, conquistados por sua magia, invadiram o gramado para festejá-la. Toda a adversidade do início transformou-se em festa – com o toque portenho, como não poderia deixar de ser. As camisas de Pelé, Durval e Lima viraram motivos de briga e obrigaram a intervenção da polícia. Era a prova cabal de que o Santos subira o litoral para abraçar a América.
Ficha técnica da decisão:
Santos 3 x 0 Peñarol
Santos: Gilmar; Lima, Mauro e Dalmo; Zito e Calvet; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
Peñarol: Maidana; Gonzalez, Lescano, Cano e Caetano; Gonçalves e Sasia; Rocha, Matosa, Spencer e Joia.
Data: 30/08/1962
Horário: 15h15 (de Brasília)
Local: Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires (Argentina)
Árbitro: Léo Horn (Holanda)
Gols: Caetano (contra) aos 11 minutos do 1° tempo; Pelé aos 3 e aos 45 do 2°.
Campanha:
1ª fase:
Deportivo Municipal (Bolívia) 3 x 4 Santos
Santos 6 x 1 Deportivo Municipal (Bolívia)
Cerro Porteño (Paraguai) 1 x 1 Santos
Santos 9 x 1 Cerro Porteño (Paraguai)
Semifinais:
Universidad Católica (Chile) 1 x 1 Santos
Santos 1 x 0 Universidad Católica (Chile)
Santos 2 x 1 Universidad Católica (Chile)
Finais:
Peñarol 1 x 2 Santos
Santos 2 x 3 Peñarol
Santos 3 x 0 Peñarol
Fonte : Gazeta Esportiva
Natanael, na época todos reverenciaram. Quando meu time perdia para o Santos eu ficava nervoso só uns minutos. Depois lembrava que eles tinha o Pelé e aí ficava calmo.
Quem diria, os argentinos reverenciando Pelé. Hoje, eles dizem que Maradona é melhor do que Pelé.